segunda-feira, janeiro 08, 2018

AMARTYA SEN, ZILDA ARNS, ARNALDO ANTUNES, DORINA COSTRAS, KLEDIR RAMIL, ROBERTA SÁ, ELIZABETH PERKINS & JUSTINITA

JUSTINITA & A CABRITA BRABA – Imagem da artista plástica romena Dorina Costras - Justinita amanheceu toda empiriquitada, cabelo alisado pela chapinha, maquiagem de sombra nos olhos e bochechas róseas, beiços de batom encarnado vivo, blusa acochada com decote realçando o rego dos peitos salientes, calça justa pronunciando o ventre acuscuzado e os glúteos reboladores e sorridentes, as toras das coxas volumosas, panturrilhas roliças, salto altíssimo de quase um palmo, pressa andadeira para não perder a hora e, atrás dela, só fiu-fiu e hum ah u-ru eita! – Vais pra onde, mulher, assim toda reboculosa? Vou pruma entrevista de trabalho. Só acredito por que tais dizendo, pra mim tu vai mesmo é pra sem-vergonheza, mulher! A-há! Danada de jeitosa como tu tá, só pode, né? Tomara, mulher, tomara. Mas não, vou atrás de emprego mesmo que a vida está difícil. E fiu-fiu, olhares marmanjos acompanhando a sua passada altaneira. Quando dobrou a esquina, ouviu-se um estrondo! Que é que houve? Danou-se! Um caminhão desgovernado subiu pela calçada e invadiu uma casa porta adentro. Teibei! O maior rebuliço. Alguém gritou: - Lascaram a Justinita! Valha-me Deus! Deu-se a maior correria. Foi-se ver, por pouco, ela não fora realmente recolhida pelo desenfreado veículo. Antes disso, parece que mandado dos céus ou ação do anjo da guarda dela, uma cabrita braba e odienta que abusava dumas chifradas pra cima e pra baixo nos transeuntes desavisados, sapecou-lhe uma cornada dela cair estendida numa poça de lama, emputecida! Isso é uma cabra chata da porra! Que foi que houve, mulher? Essa desgraçada dessa amolestada que me deu uma cabeçada de me deixar estendida aqui, desarrumando meu penteado e me melando toda! Vixe! E agora? Como vou arranjar trabalho lascada desse jeito, hem? Calma, mulher, deixe de aperreio. Isso é coisa que se faça? Ninguém mata essa cabrita intrometida não, é? Como é que pode? Juntou gente, ninguém sabia se olhava pro estrupício do autocarga com o povo gritando por socorro dentro de casa ou pra Justinita toda sensualmente enlameada e desajeitada aos berros. Os afoitos socorriam-na com aquela gentileza de aproveitadores que só queriam mesmo era ganhar a simpatia dela. Isso é uma ingresia dos diabos, ainda mais essa amaldiaçoada cabra me derrubou e me deixou nesse estado! Pode? Cala boca, mulher, tu findasse salva pela malvada, não fosse ela, tu tinha sido rebocada pelo caminhão e se espragatado toda no meio do maior salseiro naquela casa, espia, veja só o desmantelo! Valha-me meu Jesuisinho, que eu não tinha reparado nisso, que coisa! Pois foi, a cabra branca salvou sua vida! Não fosse ela, tu tinha morrido, reclamona. É mesmo. Que será que houve, hem? Está lá, caminhão e o povo gritando dentro da casa, não tais ouvindo, mulher? E ninguém vai socorrer não? Arreda cabrueira, vão salvar o povo e deixem ela que está recuperada, arreda! Ah, mulher, vou voltar pra casa pra me arrumar de novo, acho que hoje não é o meu dia de arrumar emprego mesmo. Tanto trabalho pra espichar o cabelo, tanto capricho na maquiagem, na escolha da roupa, tudo, veja só o que restou de mim: toda fedendo a lama e imprestável, ixce, maior catinga. Olha não, mulher, bota as mãos pro céu que a tua salvação veio antes do dia. Foi a santa Cabra Branca que todo mundo odeia, Taís vendo só? Tô. Amém. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com a música do poeta, músico e compositor Arnaldo Antunes: Saiba & ao vivo em estúdio; a cantora Roberta Sá: Que belo estranho dia pra se ter alegria & Segunda pele & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA[...] Estou convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, a promoção da justiça social, o acesso à saúde e à educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações para a preservação e restauração do meio ambiente. [...] Ao fortalecer os laços que ligam a comunidade, podemos encontrar soluções para os graves problemas sociais que afetam as famílias pobres. A sociedade organizada pode ser protagonista de sua transformação. [...]. Extraído de O último discurso (Folha de São Paulo, 2010), da médica pediatra e sanitarista brasileira Zilda Arns (1934-2010).

A RIQUEZA & O QUE FAZER COM ELA - [...] Se temos razões para querer mais riqueza, precisamos indagar: quais são extamente essas razões, como elas funcionam ou de que elas dependem, e que coisas podemos “fazer” com mais riqueza? Geralmente temos excelentes razões para desejar mais renda ou riqueza. Isso não acontece porque elas sejam desejáveis por si mesmas, mas porque são meios admiráveis para termos mais liberdade para levar o tipo de vida que temos razão para valorizar. [...] Os indivíduos vivem e atuam em um mundo de instituições. Nossas oportunidades e perspectivas dependem crucialmente de que instituições exitem e do modo como elas funcionam. [...]. Trecho da obra Desenvolvimento como liberdade (Companhia das Letras, 2000), do filósofo, escritor e economista indiano, Prêmio Nobel de Economia de 1998, Amartya Sen. Veja mais aqui e aqui.

REGRESSÃO A VIDAS PASSADASTenho várias amigas que fizeram um trabalho de regressão a vidas passadas e coincidentemente todas foram Cleópatra em alguma de suas encarnações anteriores. O que mais me intriga nessa história de gente que começa a remexer no passado metafísico é que ninguém quer ser o Zé-povinho. Todo mundo foi um grande rei, uma diquesa, um artista genial.e se atualmente está levando uma vida de dificuldades e sofrimentos, é apenas a lei do karma, está pagando pelas maldades que cometeu quando respondia pela identidade Napoleão Bonaparte. Liam Gallager, o encrenqueiro cantor do Oasis, declarou que é a nova encarnação de John Lennon. Só que o imitador do ex-beatle esqueceu de fazer as contas, pois nasceu em 1972 e John morreu em 1980. A contabilidade não fecha. A não ser que ele tenha nascido sem alma e tenha ficado esperando na fila, enquanto o ídolo terminava de usar a sua. Corroído por dúvidas e curiosidades, resolvi conjugar meu pretérito para ver se também era mais que perfeito. Descobri que fui Noel Rosa uns anos atrás, ao mesmo tempo em que acumulava as funções de Charles Chaplin e Greta Garbo. O fato de eu ter tido três encarnações simultâneas é explicável, pois certas almas são tão grandes que às vezes precisam de mais de uma embalagem. Conforme se viu no filme sobre a vida, ou melhor, uma das vidas do Dalai Lama. Não fui Cleópatra, como vocês poderiam imaginar, fui Júlio Cesar e comi todas elas. E eram várias. Lá pelos idos do sec. XV voltei Leonardo Da Vinci, mas só fiz consciência disso durante uma recente visita ao Museu do Louvre. Fou um insight, uma revelação. No momento em que exerguei o quadro da Mona Lisa, me lembrei exatamente por que ela estava sorrindo enquanto posava. Coisa que não revelo nem morto. Tive minha fase de navegador na pele de Cristóvão Colombo, mas depois pedi para não me darem mais essa atividade de homem do mar. Peguei um tal enjôo de navio que hoje em dia só viajo de avião, aliás, veiculo que inventei quando encarnei Santos Dumont. Houve uma época em que estive faraó e reinei sobre o Egito com o nome de Queops. Durante esse período acumulei uma fortuna considerável e, respeitando a sabedoria popular, segundo a qual “da vida nada se leva”, arquitetei um plano para burlar a alfândega celeste e poder usufruir desse patrimônio nas encarnações seguintes. Mandei construir a enorme pirâmide de Gizé (modéstia à parte, a maior obra de engenharia da história da humanidade) e ordenei que, junto com meu corpo mumificado, fosse enterrada boa parte de meu tesouro. A ideia era voltar na próxima etapa, tomar posse dos bens a que tinha direito e gozar de uma aposentadoria digna. Até hoje não consegui convencer ninguém de que tudo aquilo me pertence. Ocupei a presidência dos Estados Unidos em mais de uma oportunidade e, apesar de haver sido assassinado duas vezes, não desisto, eu sempre volto. Inclusive existe um grupo de médios norte-americanos insistindo para que eu programe minha próxima vinda como filho de uma família texana. Não sei, ando cansado de política, tô pensando em viver novas emoções. Talvez um cantore de rap ou um piloto de F´romula-1. Tenho provas consistentes dessa minha trajetória existencial aqui na Terra, mas não quero me estender em mais detalhes para não lhe aborrecer. Só gostaria de encerrar dizendo que viajar pelo meu passado foi uma experiência fascinante. Voltar no tempo, através de uma regressão, é muito bom porque a gente vai revendo os velhos amigos, despertando antigas paixões, mas infelizmente chega uma hora em que bate um cansaço e a memória começa a ficar embaçada. A última coisa que consegui enxergar foi o momento de uma das minhas mortes, há mais ou menos uns 2 mil anos, quando eu estava de braços abertos numa cruz gritando por meu pau. E não vou nem dizer o nome do velho pra vocês não pensarem que eu tô querendo me exibir. Extraído da obra Tipo assim: Crônicas (RBS. 2003), do escritor, compositor e cantor Kledir Ramil.

QUERO SER GRANDE
O file Quero ser grande (Big, 1988), dirigido por Penny Marshall, trata da história de uma criança que, para conseguir ter todos os prazeres da vida de adulto, pede a uma máquina mágina que o faça ficar grande. Ele consegue dinheiro, carros, mulheres, mas, como criança em um corpo de adulto, passando por diversos conflitos. Isso acontece depois de ter sido humilhado por ter altura suficiente para entrar em uma montanha-russa de um parque de diversões, tornando-se em um adulto de trinta anos, e ao tentar contar a verdade pra sua mãe, ela o expulsa de casa achando se tratar de um invasor. Ao iniciar um relacionamento com uma colega de trabalho, teve de escolher entre viver como adulto com ela ou retornar à sua família como uma criança. O destaque do filme fica por conta da lindíssima atriz estadunidense Elizabeth Perkins.

Veja mais:
Gato escaldado pra se enturmar é um pé na frente e outro atrás, a música de Sonia Bach, a fotografia de Mariana Beltrame & a pintura de Umberto Boccioni aqui.
Quando te vi na Crônica de amor por ela, Marques Rebelo, Eduardo Giannetti, Luzilá Gonçalves, Francis Poulenc, William Shakespeare, Patrícia Petibon, Anatol Rosenfeld, Anésia Pinheiro Machado, Marcela Rafea, Franz von Bayros, Asztalos Gyula & Magda Zallio aqui.
Marguerite Duras & Todo dia é dia da mulher aqui.
Pagu – Patrícia Galvão & Todo dia é dia da mulher aqui.
Serenar na Crônica de amor por ela, Dinah Silveira de Queiroz, Jacques Prévert, Validivar, Paulo Santoro, Arieta Corrêa, Wong Kar-Wai, Manuel Puig, Peter Greenaway, Elisete Retter, Shirley Kwan, Agi Strauss, A educação e seus problemas & Lilian Pimentel aqui.
A árvore de Humberto Maturana & Francisco Varela, Darel Valença Lins, Luiz Melodia, Terra Oca & Lady Francisco aqui.
Debussy, Pierre Bonnard, Laurindo Almeida, Carl Rogers, Emily Greene Balch & Pós-Modernidade aqui.
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ARTE DE DORINA COSTRAS
A arte da artista plástica romena Dorina Costras.

MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...