POLÍTICAS EM DEBATE - A semana
que passou, posso dizer agora com convicção, foi pra lá de agradabilíssima,
graças ao reencontro com o amigo Manoca
Leão, ocorrido na Biblioteca Pública Municipal Fenelon Barreto. Era terça
ou quarta, sei lá, ele chegou lá, conversamos, rememoramos coisas e fatos,
rimos à beça com as nossas presepadas juvenis e, depois de horas de
parcialmente nos atualizarmos com as novidades de mais de trintanos perdidos
nas quebradas, convidou-me para participar do seu programa Políticas em debate, na
Rádio Farol, na vizinha cidade de Catende, Pernambuco. Por um momento me vi
mais importante que tudo na vida! Como desaprendi dizer não, nunca soube mesmo,
sei mesmo meu lugar e cônscio de que recebia ali um presente maior que o meu
merecimento. Mas, destá. Tudo acertado, fiquei repassando às gaitadas todas as nossas
estripulias colegiais: aprontamos, viu? E muito. Pois bem, no sábado, ele me
apanhou na farmácia do poeta Genésio Cavalcanti que já não aguentava mais o
expediente das minhas pacutias três vezes ao dia lá no batente a semana toda lá,
e despachado por ele, no meio do caminho, eu e Manoca renovávamos o papo com
outras tantas que havíamos esquecido no tempo, afora outras quantas passadas
durante a minha ausência na terrinha. Chegando na emissora, programa no ar,
bate papo agradável, desenterro de presepadas, barrunfos, experiências,
ocorridos e blábláblá, falei, como sempre, mais que o homem da cobra, cantei,
me emocionei, desafinei, trastejei, enfim, pra mim, tudo uma maravilha, não
antes, evidentemente, eu pedir desculpas aos presentes no estúdio e aos
ouvintes da emissora por meus arroubos emotivos. Findo o programa, o melhor
ainda estava por vir. Eu todo coração e riso no quarador dum canto a outro
beirando as orelhas. Fomos confraternizar ao sabor duma tapioca com café, na
praça onde, há anos, eu me esbaldara com a Árvore da Vida. Os amigos todos
daquele tempo rondando as ideias da cabeça, revivendo ali anos da segunda
metade dos 1980, quando eu simpatizante catendense de sempre, cobria eventos da
localidade para apresentar no noticiário da Quilombo FM, na qual eu
desempenhava a função de chefe da redação, afora a de produtor e apresentador
de programas e noticiários. Enquanto revivia esta época, Manoca - língua afiada
de sempre, daquelas que possuem a capacidade de perder amizade, mas nunca a
piada -, desfilou um rosário de arrepiados ocorridos, quando, à certa altura,
virou-se pra mim e perguntou: - Se lembra de Nig? Quem? Vixe, lá vem coisa! E
veio mesmo. Ora, quem não lembraria! Afinal o cara ainda está vivinho da silva.
Trata-se de um sujeito de nossa remota amizade, que não gozava lá muito bem de
sanidade nas catracas do quengo, achegado a uns desatinos próximos das loucuras
mais estabanadas. Verdade seja dita, Nig sempre foi devorador de livros e da
paciência alheia com suas estrambólicas ideias e extravagantes opiniões,
provocador das mais inusitadas situações embaraçosas e risíveis, avalie. Ah,
mas vamos ao fato. Um dia lá Nig mordeu-se com o cachorro do vizinho e preparou
ardil vingativo: foi até um canil de respeito e adquiriu, depois de tantos
arrodeios e ajustamentos, um vira-lata tido por arraceado com a besta-fera do
último caderno! Coisa que ele mesmo examinou demoradamente antes da escolha
acertada, depois de checar um a um entre tantos ferozes que ele mesmo fez
questão de minuciosamente averiguar. Feliz da vida, foi pra casa ainda não muito
satisfeito com o adquirido, condicionando ainda mais o cão com treinos e
promoções de ruindades repisadas. Ao cabo de dias, reconferia o adestramento ao
contrário, coisa que o fez findar com ronchas e mordidas até no retrato! Oxe,
estava ele marcado de todo tipo de dentadas nas orelhas, dedos, bunda, pernas,
braços, enfim, o bicho só faltou comê-lo todo. Depois de refeito
disciplinadamente o treinamento maligno diário, concluiu: - Esse é dos bons,
quero ver agora! Tratando, a partir de então, com maiores requintes de crueldade,
verificava sob medidas científicas, três vezes ao dia, o nível da selvageria do
guenzo: - Tá chegando no ponto! Quando se viu diante de uma fera indomável e
faminta, sacudiu o enraivecido sobre o muro para liquidar o do vizinho e
resolver a parada duma vez. Com ar sinistro entre dedos e mãos, ficou
esperando: - Agora quero ver. Soou o gongo imaginário e a coisa deu no
imprevisto. Ouviu latidos e roncos brabos, imaginava acirrado confronto,
apostando, claro, com o desfecho favorável pra sua banda, evidentemente. Lá
pras tantas foi conferir, tudo uma lástima: o do vizinho não só enrabou,
tripudiou, lambeu os beiços, avacalhou e estraçalhou o seu prestígio, deixando
o que era seu insepulto e provocando o dono que era ele mesmo pro repasto. Vem!
Cuma? Vem! Eita! Como é mesmo? Pois é, desapontado, restou ao Nig a grande
decepção: - Isso é lá cachorro que se apresente, porra! Vou cobrar perdas e
danos do canil! E saiu mais arretado que nunca prum litígio dos brabos que nem
o tempo esqueceu. Por essa e muitas outras, vou de Juarez Correya: - Melhor que
Palmares, só Paris e de noite, porque de dia, a gente ganha de lambuja! Vamos
aprumar a conversa! © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
MEDITAÇÃO
REDUZ CRIMINALIDADE EM WASHINGTON
Em Washington, nos Estados
Unidos, em 1993, um grupo de 4 mil meditadores reuniu-se, alcançando uma
queda de 25% nos índices de criminalidade. O evento foi
acompanhado pelo físico quântico John Hagelin, presidente da Universidade Central Maharishi, em
Fairfield (Estado de Iowa), em parceria com a polícia de Washington, o FBI e 24
cientistas sociais e criminologistas ligados a instituições como as
universidades Temple, do Texas e de Maryland. Conforme registrado pelo New York
Times, Journal of Conflict Resolution da Universidade Yale & World Peace
Group, entre outros veículos de comunicação, já existem inúmeras experiências
que utilizam as técnicas de meditação com resultados na queda
de índices da criminalidade e outras formas de conflito.
SOMOS
TODOS CIDADÃOS DO MESMO MUNDO - [...] Somos
todos cidadãos do mesmo mundo; temos todos o mesmo sangue. Odiar pessoas pelo
fato de terem nascido em outro país, por falarem uma língua diferente ou ainda
porque pensam diferente de nós sobre um determinado assunto é uma grave
loucura. Desistam, eu lhes imploro, pois todos somos igualmente humanos
[...] Tenhamos um único objetivo em
vista: o bem-estar da humanidade – e abandonemos todo o egoísmo relativo a
língua, nacionalidade ou religião. [...]. Palavras educador, cientista e escritor checo Comenius - Jan Amos Komenský
(1592-1670). Veja mais aqui.
HOMO
LUDENS
- [...] a verdadeira civilização não pode
existir sem um certo elemento lúdico, porque a civilização implica a limitação
e o domínio de si próprio, a capacidade de não tomar suas próprias tendências
pelo fim último da humanidade, compreendendo que se está encerrado dentro de
certos limites aceites. De certo modo, a civilização sempre será um jogo
governado por certas regras, e a verdadeira civilização sempre exigirá o
espírito esportivo, a capacidade de fair play. O fair play é simplesmente a boa
fé expressa em termos lúdicos. Para ser uma vigorosa força criadora de cultura,
é necessário que este elemento lúdico seja puro, que ele não consista na
confusão e no esquecimento das normas prescritas pela razão, pela humanidade ou
pela fé. É preciso que ele não seja uma máscara, servindo para esconder
objetivos políticos por trás da ilusão de formas lúdicas autênticas. A
propaganda é incompatível com o verdadeiro jogo, que tem seu fim em si mesmo, e
só numa feliz inspiração encontra seu espírito próprio. [...]. Trechos
extraídos da obra Homo ludens
(Perspectiva, 2000), do professor e historiador neerlandês Johan Huizinga (1872-1945). Veja mais aqui & aqui.
DE
FILOSOFIA & CULTURA
- [...] criar uma nova cultura não
significa apenas fazer individualmente descobertas “originais”; significa
também, e sobretudo, difundir criticamente verdades já descobertas,
socializá-las por assim dizer, transformá-las, portanto, em base de ações
vitais, em elemento de coordenação e de ordem intelectual e moral. O fato de
que uma multidão de homens seja conduzida a pensar coerentemente e de maneira
unitária a realidade presente é um fato “filosófico” bem mais importante e
“original” do que a descoberta, por parte de um “gênio filosófico”, de uma nova
verdade que permaneça como patrimônio de pequenos grupos intelectuais.
[...] pela própria concepção de mundo,
pertencemos sempre a um determinado grupo, precisamente o de todos os elementos
sociais que partilham de um mesmo modo de pensar e agir. Somos conformistas de
algum conformismo, somos sempre homem-massa ou homens-coletivos [...] Quando a concepção do mundo não é critica e
coerente, mas ocasional e desagregada, pertencemos simultaneamente a uma
multiplicidade de homens-massa, nossa própria personalidade é composta de uma
maneira bizarra: nela se encontram elementos dos homens das cavernas e
princípios da ciência mais moderna e progressista; preconceitos de histórias
passadas e intuições de uma futura filosofia que será própria do gênero humano,
mundialmente unificado. Criticar a própria concepção de mundo, portanto,
significa torná-la unitária e coerente e elevá-la até o ponto atingido pelo
pensamento mundial mais desenvolvido. [...] o início da elaboração crítica é a consciência do que somos realmente
[...] como um produto do processo
histórico até hoje desenvolvido. [...] a
partir da linguagem de cada um é possível julgar a maior ou menor complexidade
da sua concepção de mundo. Quem fala somente o dialeto e compreende a língua
nacional em graus diversos participa necessariamente de uma intuição do mundo
mais ou menos restrita ou provinciana, fossilizada, anacrônica em relação às
grandes correntes de pensamento que dominam a história mundial. Seus interesses
são restritos, mais ou menos corporativos ou economicistas, não universais. Uma
grande cultura pode traduzir-se na língua de outra grande cultura, isto é, uma
grande língua nacional historicamente rica e complexa pode traduzir qualquer
outra grande cultura, ou seja, ser uma expressão mundial. Mas, com um dialeto,
não é possível fazer a mesma coisa. Trechos extraídos da obra Concepção dialética da história
(Civilização Brasileira, 1978), do filósofo,
cientista político e comunista italiano, Antonio Gramsci (1891-1937). Veja mais aqui, aqui e aqui.
SABERES
GLOBAIS E LOCAIS
- [...] nos instalamos de maneira segura
em nossas teorias e ideias, as quais não têm estrutura para acolher o novo
[...] a incerteza, que mata o
conhecimento simplista, é o desintoxicante do conhecimento complexo [...] -
Trechos da obra Saberes globais e saberes
locais: o olhar transdisciplinar (Garamond, 2000), do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar
Morin. Veja mais
aqui, aqui e aqui.
A VIDA E
A LONGEVIDADE
ENTRE A SABEDORIA E A MEDIOCRIDADE- [...] Os malefícios são maiores quando o telespectador é criança e
adolescente. Certo dia, esteve no meu consultório uma senhora idosa que estava
com cento e cinco anos de idade – continuou o Dr. Amaury Mendes - o meu desejo
era saber os motivos da longevidade daquela simpática senhora. Nasceu na zona
rural do agreste. Desde cedo trabalhou na agricultura, nunca aprendeu a ler e,
disse que nunca teve saúde. Lembra bem, quando criança, ouvia a sua mãe dizer
que ela não se criaria, por conta das doenças que lhes afligiam. Passou boa
parte da vida fumando cachimbo e sempre estava em hospital, para tratamento das
doenças que sempre eclodiam. A sua alimentação não teve nada de especial que
pudesse levar a uma boa saúde. Eu fiquei inquieto em saber que uma mulher que
não primava tanto em ser saudável alcançou aquela idade. Mas existiam outros
fatores que mereceram atenção. O que fez diferença em sua vida era que não
desejava mal a ninguém, não guardava rancor, era muito religiosa e rezava três
vezes ao dia, se tornando benzedeira. Rezava pedindo pela saúde das pessoas,
incluindo as que lhe faziam algum tipo de injustiça. Ou seja, sempre estava
conectada ao sagrado e praticando o bem, e abominava o mal. A lei universal de
causa e efeito é infalível. Todo aquele que dedicar cotidianamente um pequeno
espaço de tempo, um minuto ao menos, a desejar sincera e profundamente
pensamentos de bondade para as pessoas, atrairá certamente para si a benéfica
corrente espiritual formada por todos os pensamentos de idêntica natureza.
[...]. Trecho extraído da obra Sabedoria
ou mediocridade? Diálogos no reino encantado das águias (Bagaço, 2013), do
filósofo e historiador Reginaldo Oliveira.
POLÍTICAS
EM DEBATE
Fotos da edição deste sábado,
19/08, do programa Políticas em Debate, na rádio Farol FM, Catende –
PE, comandado por Manoca Leão. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
&
PAZ NA TERRA
Arte do artista
plástico colombiano Nicomedes Gómez
(1903-1983).