terça-feira, agosto 22, 2017

GRAMSCI, MORIN, COMENIUS, HUIZINGA, REGINALDO OLIVEIRA, MANOCA LEÃO & POLÍTICAS EM DEBATE

Livros, teatro & música infantis aqui.

POLÍTICAS EM DEBATE - A semana que passou, posso dizer agora com convicção, foi pra lá de agradabilíssima, graças ao reencontro com o amigo Manoca Leão, ocorrido na Biblioteca Pública Municipal Fenelon Barreto. Era terça ou quarta, sei lá, ele chegou lá, conversamos, rememoramos coisas e fatos, rimos à beça com as nossas presepadas juvenis e, depois de horas de parcialmente nos atualizarmos com as novidades de mais de trintanos perdidos nas quebradas, convidou-me para participar do seu programa Políticas em debate, na Rádio Farol, na vizinha cidade de Catende, Pernambuco. Por um momento me vi mais importante que tudo na vida! Como desaprendi dizer não, nunca soube mesmo, sei mesmo meu lugar e cônscio de que recebia ali um presente maior que o meu merecimento. Mas, destá. Tudo acertado, fiquei repassando às gaitadas todas as nossas estripulias colegiais: aprontamos, viu? E muito. Pois bem, no sábado, ele me apanhou na farmácia do poeta Genésio Cavalcanti que já não aguentava mais o expediente das minhas pacutias três vezes ao dia lá no batente a semana toda lá, e despachado por ele, no meio do caminho, eu e Manoca renovávamos o papo com outras tantas que havíamos esquecido no tempo, afora outras quantas passadas durante a minha ausência na terrinha. Chegando na emissora, programa no ar, bate papo agradável, desenterro de presepadas, barrunfos, experiências, ocorridos e blábláblá, falei, como sempre, mais que o homem da cobra, cantei, me emocionei, desafinei, trastejei, enfim, pra mim, tudo uma maravilha, não antes, evidentemente, eu pedir desculpas aos presentes no estúdio e aos ouvintes da emissora por meus arroubos emotivos. Findo o programa, o melhor ainda estava por vir. Eu todo coração e riso no quarador dum canto a outro beirando as orelhas. Fomos confraternizar ao sabor duma tapioca com café, na praça onde, há anos, eu me esbaldara com a Árvore da Vida. Os amigos todos daquele tempo rondando as ideias da cabeça, revivendo ali anos da segunda metade dos 1980, quando eu simpatizante catendense de sempre, cobria eventos da localidade para apresentar no noticiário da Quilombo FM, na qual eu desempenhava a função de chefe da redação, afora a de produtor e apresentador de programas e noticiários. Enquanto revivia esta época, Manoca - língua afiada de sempre, daquelas que possuem a capacidade de perder amizade, mas nunca a piada -, desfilou um rosário de arrepiados ocorridos, quando, à certa altura, virou-se pra mim e perguntou: - Se lembra de Nig? Quem? Vixe, lá vem coisa! E veio mesmo. Ora, quem não lembraria! Afinal o cara ainda está vivinho da silva. Trata-se de um sujeito de nossa remota amizade, que não gozava lá muito bem de sanidade nas catracas do quengo, achegado a uns desatinos próximos das loucuras mais estabanadas. Verdade seja dita, Nig sempre foi devorador de livros e da paciência alheia com suas estrambólicas ideias e extravagantes opiniões, provocador das mais inusitadas situações embaraçosas e risíveis, avalie. Ah, mas vamos ao fato. Um dia lá Nig mordeu-se com o cachorro do vizinho e preparou ardil vingativo: foi até um canil de respeito e adquiriu, depois de tantos arrodeios e ajustamentos, um vira-lata tido por arraceado com a besta-fera do último caderno! Coisa que ele mesmo examinou demoradamente antes da escolha acertada, depois de checar um a um entre tantos ferozes que ele mesmo fez questão de minuciosamente averiguar. Feliz da vida, foi pra casa ainda não muito satisfeito com o adquirido, condicionando ainda mais o cão com treinos e promoções de ruindades repisadas. Ao cabo de dias, reconferia o adestramento ao contrário, coisa que o fez findar com ronchas e mordidas até no retrato! Oxe, estava ele marcado de todo tipo de dentadas nas orelhas, dedos, bunda, pernas, braços, enfim, o bicho só faltou comê-lo todo. Depois de refeito disciplinadamente o treinamento maligno diário, concluiu: - Esse é dos bons, quero ver agora! Tratando, a partir de então, com maiores requintes de crueldade, verificava sob medidas científicas, três vezes ao dia, o nível da selvageria do guenzo: - Tá chegando no ponto! Quando se viu diante de uma fera indomável e faminta, sacudiu o enraivecido sobre o muro para liquidar o do vizinho e resolver a parada duma vez. Com ar sinistro entre dedos e mãos, ficou esperando: - Agora quero ver. Soou o gongo imaginário e a coisa deu no imprevisto. Ouviu latidos e roncos brabos, imaginava acirrado confronto, apostando, claro, com o desfecho favorável pra sua banda, evidentemente. Lá pras tantas foi conferir, tudo uma lástima: o do vizinho não só enrabou, tripudiou, lambeu os beiços, avacalhou e estraçalhou o seu prestígio, deixando o que era seu insepulto e provocando o dono que era ele mesmo pro repasto. Vem! Cuma? Vem! Eita! Como é mesmo? Pois é, desapontado, restou ao Nig a grande decepção: - Isso é lá cachorro que se apresente, porra! Vou cobrar perdas e danos do canil! E saiu mais arretado que nunca prum litígio dos brabos que nem o tempo esqueceu. Por essa e muitas outras, vou de Juarez Correya: - Melhor que Palmares, só Paris e de noite, porque de dia, a gente ganha de lambuja! Vamos aprumar a conversa! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

MEDITAÇÃO REDUZ CRIMINALIDADE EM WASHINGTON
Em Washington, nos Estados Unidos, em 1993, um grupo de 4 mil meditadores reuniu-se, alcançando uma queda de 25% nos índices de criminalidade. O evento foi acompanhado pelo físico quântico John Hagelin, presidente da Universidade Central Maharishi, em Fairfield (Estado de Iowa), em parceria com a polícia de Washington, o FBI e 24 cientistas sociais e criminologistas ligados a instituições como as universidades Temple, do Texas e de Maryland. Conforme registrado pelo New York Times, Journal of Conflict Resolution da Universidade Yale & World Peace Group, entre outros veículos de comunicação, já existem inúmeras experiências que utilizam as técnicas de meditação com resultados na queda de índices da criminalidade e outras formas de conflito.

SOMOS TODOS CIDADÃOS DO MESMO MUNDO - [...] Somos todos cidadãos do mesmo mundo; temos todos o mesmo sangue. Odiar pessoas pelo fato de terem nascido em outro país, por falarem uma língua diferente ou ainda porque pensam diferente de nós sobre um determinado assunto é uma grave loucura. Desistam, eu lhes imploro, pois todos somos igualmente humanos [...] Tenhamos um único objetivo em vista: o bem-estar da humanidade – e abandonemos todo o egoísmo relativo a língua, nacionalidade ou religião. [...]. Palavras educador, cientista e escritor checo Comenius - Jan Amos Komenský (1592-1670). Veja mais aqui.

HOMO LUDENS - [...] a verdadeira civilização não pode existir sem um certo elemento lúdico, porque a civilização implica a limitação e o domínio de si próprio, a capacidade de não tomar suas próprias tendências pelo fim último da humanidade, compreendendo que se está encerrado dentro de certos limites aceites. De certo modo, a civilização sempre será um jogo governado por certas regras, e a verdadeira civilização sempre exigirá o espírito esportivo, a capacidade de fair play. O fair play é simplesmente a boa fé expressa em termos lúdicos. Para ser uma vigorosa força criadora de cultura, é necessário que este elemento lúdico seja puro, que ele não consista na confusão e no esquecimento das normas prescritas pela razão, pela humanidade ou pela fé. É preciso que ele não seja uma máscara, servindo para esconder objetivos políticos por trás da ilusão de formas lúdicas autênticas. A propaganda é incompatível com o verdadeiro jogo, que tem seu fim em si mesmo, e só numa feliz inspiração encontra seu espírito próprio. [...]. Trechos extraídos da obra Homo ludens (Perspectiva, 2000), do professor e historiador neerlandês Johan Huizinga (1872-1945). Veja mais aqui & aqui.

DE FILOSOFIA & CULTURA - [...] criar uma nova cultura não significa apenas fazer individualmente descobertas “originais”; significa também, e sobretudo, difundir criticamente verdades já descobertas, socializá-las por assim dizer, transformá-las, portanto, em base de ações vitais, em elemento de coordenação e de ordem intelectual e moral. O fato de que uma multidão de homens seja conduzida a pensar coerentemente e de maneira unitária a realidade presente é um fato “filosófico” bem mais importante e “original” do que a descoberta, por parte de um “gênio filosófico”, de uma nova verdade que permaneça como patrimônio de pequenos grupos intelectuais. [...] pela própria concepção de mundo, pertencemos sempre a um determinado grupo, precisamente o de todos os elementos sociais que partilham de um mesmo modo de pensar e agir. Somos conformistas de algum conformismo, somos sempre homem-massa ou homens-coletivos [...] Quando a concepção do mundo não é critica e coerente, mas ocasional e desagregada, pertencemos simultaneamente a uma multiplicidade de homens-massa, nossa própria personalidade é composta de uma maneira bizarra: nela se encontram elementos dos homens das cavernas e princípios da ciência mais moderna e progressista; preconceitos de histórias passadas e intuições de uma futura filosofia que será própria do gênero humano, mundialmente unificado. Criticar a própria concepção de mundo, portanto, significa torná-la unitária e coerente e elevá-la até o ponto atingido pelo pensamento mundial mais desenvolvido. [...] o início da elaboração crítica é a consciência do que somos realmente [...] como um produto do processo histórico até hoje desenvolvido. [...] a partir da linguagem de cada um é possível julgar a maior ou menor complexidade da sua concepção de mundo. Quem fala somente o dialeto e compreende a língua nacional em graus diversos participa necessariamente de uma intuição do mundo mais ou menos restrita ou provinciana, fossilizada, anacrônica em relação às grandes correntes de pensamento que dominam a história mundial. Seus interesses são restritos, mais ou menos corporativos ou economicistas, não universais. Uma grande cultura pode traduzir-se na língua de outra grande cultura, isto é, uma grande língua nacional historicamente rica e complexa pode traduzir qualquer outra grande cultura, ou seja, ser uma expressão mundial. Mas, com um dialeto, não é possível fazer a mesma coisa. Trechos extraídos da obra Concepção dialética da história (Civilização Brasileira, 1978), do filósofo, cientista político e comunista italiano, Antonio Gramsci (1891-1937). Veja mais aqui, aqui e aqui.

SABERES GLOBAIS E LOCAIS - [...] nos instalamos de maneira segura em nossas teorias e ideias, as quais não têm estrutura para acolher o novo [...] a incerteza, que mata o conhecimento simplista, é o desintoxicante do conhecimento complexo [...] - Trechos da obra Saberes globais e saberes locais: o olhar transdisciplinar (Garamond, 2000), do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A VIDA E A LONGEVIDADE ENTRE A SABEDORIA E A MEDIOCRIDADE- [...] Os malefícios são maiores quando o telespectador é criança e adolescente. Certo dia, esteve no meu consultório uma senhora idosa que estava com cento e cinco anos de idade – continuou o Dr. Amaury Mendes - o meu desejo era saber os motivos da longevidade daquela simpática senhora. Nasceu na zona rural do agreste. Desde cedo trabalhou na agricultura, nunca aprendeu a ler e, disse que nunca teve saúde. Lembra bem, quando criança, ouvia a sua mãe dizer que ela não se criaria, por conta das doenças que lhes afligiam. Passou boa parte da vida fumando cachimbo e sempre estava em hospital, para tratamento das doenças que sempre eclodiam. A sua alimentação não teve nada de especial que pudesse levar a uma boa saúde. Eu fiquei inquieto em saber que uma mulher que não primava tanto em ser saudável alcançou aquela idade. Mas existiam outros fatores que mereceram atenção. O que fez diferença em sua vida era que não desejava mal a ninguém, não guardava rancor, era muito religiosa e rezava três vezes ao dia, se tornando benzedeira. Rezava pedindo pela saúde das pessoas, incluindo as que lhe faziam algum tipo de injustiça. Ou seja, sempre estava conectada ao sagrado e praticando o bem, e abominava o mal. A lei universal de causa e efeito é infalível. Todo aquele que dedicar cotidianamente um pequeno espaço de tempo, um minuto ao menos, a desejar sincera e profundamente pensamentos de bondade para as pessoas, atrairá certamente para si a benéfica corrente espiritual formada por todos os pensamentos de idêntica natureza. [...]. Trecho extraído da obra Sabedoria ou mediocridade? Diálogos no reino encantado das águias (Bagaço, 2013), do filósofo e historiador Reginaldo Oliveira.

POLÍTICAS EM DEBATE
Fotos da edição deste sábado, 19/08, do programa Políticas em Debate, na rádio Farol FM, Catende – PE, comandado por Manoca Leão. Veja mais aqui.

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PAZ NA TERRA
Arte do artista plástico colombiano Nicomedes Gómez (1903-1983).