VAMOS
APRUMAR A CONVERSA? DEVAGAR E SEMPRE!
(Imagem: The Letter, da artista
plástica Nina Kozoriz) - Sempre fui
muito avexado, tanto que parecia mais que eu tinha um cotoco de não parar
quieto. Era mesmo inheto e para quem já viu bem de perto cipó de boi zunindo no
toitiço, eu era o que se convencionava chamar de os pés da doida – o nome
popular do que hoje, com certeza, diagnosticam de TDAH. Galhos de urtiga? Da
muita. A-há, era cada lamborada de esquentar o esqueleto. E não me emendava,
sempre reincidente a maluvido: o casmurro das trelas. Tanto que fui criado na
base de meizinhas e xarope brabo. Assim fui menino até adulto e, por isso
mesmo, errei demasiadamente, mas o que acertei – certo que pouco – teve
primazia. Afinal, quem anda apressado não acha o que procura. E o que achei não
estava perdido, nem era de ninguém. Era o merecido. Por bem ou por mal. Tinha
comigo que sapo não pulava por gosto, mas por precisão. E que precisão eu
tinha? Sei lá, vexames da idade, urgência de viver. Hoje estou, como se diz no
popular, tuxelando. Cinquentão, mais pra poeta de arrumação com meus versos de
obra de carregação: só no balanço do navio. Já paguei todos os patos, os meus e
até os dos outros. O que me resta? Feito xexéu, vou cantarolando Tocando em frente, dos poetas Almir
Sater e Renato Teixeira: Ando devagar
porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais... e vou
arremedando com os versos da minha canção Cantador: ...vou com meu canto em
cada canto, lado a lado, vou com cuidado e afinando o meu gogó, sem ter espanto
todo só de luz armado, tino aceso e aprumado, evitando um quiproquó... Hoje
estou mais para repetir o poeta romano clássico Virgílio: Omnia vincit Amor! Ou seja, o amor tudo vence. E o também escritor
romano Publílio Siro: Nec mortem effugere
quisquam, nec amorem potest. Ou melhor: Ninguém pode fugir nem ao amor, nem
à morte. Sabedor disso, vou agora devagar e sempre! E vamos aprumar a conversa.
Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
Imagem: xilogravura do pintor, desenhista
e gravurista Gilvan Samico
(1928-2013).
Curtindo o álbum ao vivo Oropa, França e Bahia (BMG Ariola, 1989)
do cantor e compositor Alceu Valença.
Veja mais aqui.
BRINCARTE
DO NITOLINO – O projeto Brincarte do Nitolino compreende uma
série de atividades voltadas para o público infanto-juvenil. Nasceu na segunda metade
da década dos anos 1990, com o Prêmio Nascente de Arte Infanto-Juvenil que
culminou com a publicação de duas antologias Brincarte, editadas pelas Edições
Nascente, nos anos de 1998 e 1999. A partir de então foi transformado em blog,
peças teatrais, recreações educativas, livros, músicas e estudos que envolvem
as áreas de Educação Infantil, Psicologia Infantil e Direito da Criança e dos
Adolescentes. A partir de 2008 foi transformado em programa radiofônico e que,
nos últimos anos, é apresentado pela garota Isis Corrêa Naves, no Projeto MCLAM, todos os domingos, a partir
das 10hs e com reprise todas as quartas, nos horários das 10hs e das 15hs.
Confira detalhes aqui e aqui.
MONADOLOGIA – A obra Os princípios da filosofia ditos a monadologia (1714), do
cientista, filósofo, matemático, diplomata e bibliotecário alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716),
foi publicado postumamente em 1720, apresentando a sustentação de uma
metafísica das substâncias simples e expondo globalmente o seu sistema das
mônadas – elementos máximos do universo: eternos, indecompostos, individuais,
sujeitos às suas próprias leis, refletindo o universo dentro de uma harmonia
preestabelecida. As mônadas estão fundamentadas na matemática pelo cáculo
infinitesimal e suas conclusões antiatomistas; na física pelas teorias das
forças vivas; na metafisica pelo principio da razão suficiente; na psicologia
pelo postulado das ideias inatas dos Novos ensaios sobre o entendimento humano;
e na biologia pela pré-formação seminal dos corpos e a subdivisão de funções em
seu desenvolvimento orgânico. Da obra destaco os trechos: [...] Ora, onde não há partes, não há extensão,
nem figura, nem divisibilidade possíveis. E tais Mônadas são os verdadeiros
Átomos da Natureza e, em uma palavra, os Elementos das coisas. [...] Tampouco há dissolução a temer e não há como
se conceber um modo pelo qual uma substância simples possa perecer
naturalmente. Pela mesma razão, não há modo pelo qual uma substância simples
possa começar naturalmente, já que não pode ser formada por composição.
Portanto, pode dizer-se que as Mônadas só podem começar e acabar
instantaneamente, isto é, que só podem começar por criação e acabar por aniquilamento,
ao passo que o composto começa e acaba por partes. Tampouco há meios de
explicar como uma Mônada possa ser alterada ou modificada internamente por
qualquer outra criatura, pois nada se lhe pode transpor, nem se pode conceber
nela qualquer movimento interno que possa ser excitado, dirigido, aumentado ou
diminuído lá dentro, tal como ocorre nos compostos, onde há mudança entre as
partes. As Mônadas não possuem janelas através das quais algo possa entrar ou
sair. Os acidentes não podem destacar-se, nem passear fora das substâncias,
como faziam outrora as espécies sensíveis dos Escolásticos. Assim, nem
substância, nem acidente podem entrar em uma Mônada a partir do exterior.
Todavia, as Mônadas precisam ter algumas qualidades, do contrário nem mesmo
seriam entes. E se as substâncias simples não diferissem por suas qualidades,
não haveria modo de apercebermos qualquer modificação nas coisas, já que aquilo
que está no composto só pode vir de seus ingredientes simples, e se as Mônadas
carecessem de qualidades, seriam indistinguíveis umas das outras, já que também
não diferem em quantidade; e, conseqüentemente, suposto o pleno, cada lugar
receberia sempre, no movimento, só o Equivalente do que antes havia tido, e um
estado de coisas seria indiscernível de outro. É mesmo necessário que cada
Mônada seja diferente de qualquer outra. Pois nunca há, na natureza, dois seres
que sejam perfeitamente idênticos e nos quais não seja possível encontrar uma
diferença interna, ou fundada em uma denominação intrínseca. Dou também por
aceito que todo ser criado está sujeito à mudança, e, consequentemente, também
a Mônada criada e inclusive que tal mudança é contínua em cada uma delas
[...]. Veja mais aqui ,aqui e aqui.
ESTUDO
DO POEMA – O livro O
estudo analítico do poema (Humanitas/USP, 1996), do ensaísta e escritor Antônio Cândido, realiza comentários e
interpretações literárias acerca do poema, da teoria de Grammont, rima, o
destino das palavras no poemas, as modalidades de palavras figuradas, a
retórica tradicional, a natureza da metáfora, estudo analítico do poema, os
fundamentos, a sonoridade, ritmo, metro, figura, unidades expressivas, imagem,
tema, alegoria, símbolo, estrutura, princípios estruturais e organizadores, os
significados, sistemas de integração, sentido ostensivo e latência, tradução
ideológica, poesia direta e oblíqua, clareza e obscuridade, unidade, entre
outros temas. Da obra destaco o trecho Os fundamentos do poema / Sonoridade: [...]
Todo poema é basicamente uma estrutura sonora. Antes de qualquer aspecto
significativo mais profundo, tem esta realidade liminar, que é um dos níveis ou
camadas da sua realidade total. A sonoridade do poema, ou seu "substrato
fônico" como diz Roman Ingarden, pode ser altamente regular, muito
perceptível, determinando uma melodia própria na ordenação dos sons, ou pode ser
de tal maneira discreta que praticamente não se distingue da prosa. Mas também
a prosa tem uma camada sonora constitutiva, que faz parte do seu valor
expressivo total [...] Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
MY
COUNTRY – A escritora
australiana Dorothea Mackellar
(1885-1968) possui um dos poemas mais belos e dedicados a um país de
nascimento, denominado My Country (Meu País) do qual destaco os versos a
seguir: O amor pelo campo e moitas, / Pelo verde e pelas veredas sombreadas,
/ Pelas madeiras ordenadas e jardins, / Está correndo em suas veias. / Amor
forte pela distância azul-acinzentada, / Córregos marrons e macios céus turvos,
/ Eu conheço mas não posso compartilhar, / Meu amor é diferente. / Amo um país bronzeado,
/ Uma terra de planícies vastas, / De uma cordilheira escarpada, / De secas e
chuvas inundantes. / Amo seus horizontes distantes, / Amo a jóia de seu oceano,
/ Sua beleza e seu terror, / Esta vasta terra marrom pra mim. / As florestas de
áspera cobertura branca, / Todas trágicas para a Lua, / As montanhas de névoa
safira, / A tranquilidade dourada do meio-dia, / A bagunça verde das moitas, / Onde
as flexíveis trepadeiras se enrolam, / E orquídeas vestem as copas das árvores,
/ E samambaias aquecem o solo quente. / Essência do meu coração, meu país! / Seu
incansável céu azul, / Quando doente no coração ao nosso redor / Vemos o gado
morrer – / Mas as nuvens cinzas se ajuntam, / E podemos dar graças outra vez, /
O rufar de um exército, / A constante chuva que encharca. / Essência do meu
coração, meu país! / Terra do ouro arco-íris, / Por inundação e fogo e penúria
/ Ela nos retribui três vezes. / Sobre os pastos sedentos / Assiste, depois de
muitos dias, / O indistinto véu de verdura / Que engrossa enquanto encaramos. /
Um país de coração opala, / Uma terra teimosa, pródiga – / Todos vocês que não
a amaram, / Não irão entender – / Mesmo a terra tendo muitos esplendores, / Aonde
quer que eu morra, / Sei pra qual país marrom / Meus pensamentos patriotas irão
voar. Veja mais aqui.
ARTE
DE FAZER COMÉDIAS – A
obra A arte nova de fazer comédias neste
tempo (1609), do poeta e dramaturgo espanhol Lope de Vega (1562-1635), realizou uma nova concepção do teatro por
meio de uma ruptura com os preceitos do teatro classicista, misturando o
trágico e o cômico, versos e estrofes, intercalação de elementos líricos e
variedade de estilo: Quando tenho de
escrever uma comédia, / encerro os preceitos com seis chaves; / saco a Terencio
e Plauto de meu estudo, / para que não me dêem vozes: que costuma / dar gritos
a verdade em livros mudos; / e escrevo pela arte que inventaram / os que o vulgar
aplauso pretenderam; [...] Mas contra nenhum deles me
permito / levantar minha voz, porque me atrevo / a dar preceitos de arte e na
corrente / vulgar me deixo ir... Já ignorante / me chamam França e Itália! Que
fazer?!? / Que poderei fazer, se tenho escritas, / com uma que acabei esta
semana, / quatrocentas e oitenta e três comédias, / e, fora seis, todas as mais
pecaram, / pecaram gravemente contra a arte? / Sustento, enfim, o que escrevi e
eu sei / que, embora bem melhor de outra maneira, / não teriam o gosto que
tiveram, / que, às vezes, o que está contra o que é justo / por essa razão
mesma apraz ao gosto. / porque, como as paga o vulgo, é justo
/ falar-lhe em néscio para dar-lhe gosto. Ele é autor de mais de mil e quinhentas obras teatrais, em
sua maioria perdidas no tempo. Veja mais aqui.
LOPE – O drama espanhol brasileiro Lope
(2011), do cineasta brasileiro Andrucha Waddington com roteiro de Jordi Gasull
e Ignácio del Moral, e música de Fernando Velázquez, é baseado na vida do poeta
e dramaturgo espanhol Lope de Vega
(1562-1635), contando a história de um jovem poeta ambicioso e eterno
apaixonado que vive mais o presente que pensar no futuro, entregando-se ao amor
de duas mulheres para desafiar as regras que podem transformá-lo de herói a
vilão, trazendo ao mesmo tempo glória e desgraça para sua vida. Diante desses
conflitos, surgem centenas de peças teatrais, poemas, romances, comédias,
lirismo, tragicidade e força dramática do autor. Como apresentado mais acima, o autor teve uma atividade artística bastante criativa e envolvendo os mais diversos gêneros, desde teatro, poesias, romances e outras modalidades literárias para expressão do seu talento. Destaque para atuação das
atrizes Leonor Watling e Pilar López de Ayala. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Foto em homenagem à
anarquista e ativista libertária lituana Emma
Goldman (1869-1940), o livro da sua autobiografia Living my life (1931), cartaz da IWW (1911) ilustrando a pirâmide
de exploração do capitalismo e uma faixa sustentada por jovens anarcofeminista
com citação do seu pensamento: Aos que
ousam o futuro pertence.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Imagem: Ciranda, Cirandinha, do artista
popular e xilogravador Amaro Francisco
Borges.
Veja mais sobre:
Lagoa da Prata, O folclore no Brasil de Basílio de
Magalhães, Chão de mínimos amantes de Moacir da Costa Lopes, Culturas e artes
do pós-humano de Lucia Santaella, a música de Belchior, a fotografia de Tatiana
Mikhina, a arte de Joseph Mallord William Turner & Wesley Duke Lee aqui.
E mais:
Folia Caeté, O trabalho do antropólogo de Roberto Cardoso de Oliveira, Monções de
Sérgio Buarque de Holanda, a poesia de Luis
de Góngora y Argote, O poeta dramático e a história de Karl Georg Büchner, a música de Antônio Carlos Gomes,
o cinema de Alfred E. Green & Carmen Miranda, a arte de William Orpen, a pintura de Ivan
Gregorewitch Olinsky & Charles-Antoine
Coypel aqui.
Raízes do
Brasil de Sérgio Buarque de
Holanda, a música de Antonio
Carlos Gomes & Quinteto Violado, Joana Ramos & Givaldo
Kleber aqui.
Recontando
Caetano Veloso & Podres poderes
aqui.
História
dos hebreus de Flávio
Josefo, Vidas paralelas de Plutarco, A civilização hispano-moura de Philipe
Aziz, Cronologia pernambucana de Nelson Barbalho, Violência: crimes de trãnsito
& arma de fogo aqui.
Umas do Doro & o jabá, Multimidiação
do processo artístico de Augusto de Campos, Vila dos confins de Mário Palmério, Artêmis, a música de Rossini & Olga
Peretyatko, o cinema de Jacques Rivette, a arte de Mademoiselle Rachel & Marie
McDonald, a fotografia de Greg Williams & a poesia de Dalinha Catunda aqui.
Paixão
Legendária & Santanna O Cantador, A patente de Luigi
Pirandello, A história do mundo de Mel Brooks, As
ciências e as artes de Jean-Jacques Rousseau, Guilhermina Suggia, a
xilogravura de Nena Borges, Brincarte do Nitolino, a crônica de Aldemar Paiva,
a poesia de Marly de Oliveira,
a música de Felipe
Radicetti & pintura de Maria
Luisa Persson aqui.
A culpa é
da Dilma, O Projeto Atman de Ken Wilber, a música de Heitor Villa-Lobos, O sermão do
bom ladrão de Padre Antônio Vieira, a pintura
de Peter Paul Rubens, a poesia de Henriqueta Lisboa, Prometeu acorrentado de Ésquilo,
o cinema de Abbas Kiarostami & Juliette Binoche, a arte de Alex Toth &
Ekaterina Mortensen aqui.
Preciso de um culpado, Platónov
de Anton
Tchékov, Peri Physeos de Anaxímenes de
Mileto, A arte de furtar de Padre Antônio Vieira, As odes píticas de Píndaro, o
cinema de Walter Lang &
Susan Hayward, a arte de Dave Saint-Pierre, a música de Stanley Clarke, a pintura de Horace Vernet & Malcolm Liepke aqui.
Lugome, sua familia, seu infortúnio, A poesia erótica de José Paulo Paes, a música de Gina Biver, Fundamentos da História do
Direito, O combate à corrupção nas prefeituras do Brasil, a pintura de Sofan Chan, a
fotografia de Luiza Machado, a arte de Eiko Ojala & Rudson Costa aqui.
A arte de
Tunga, Estética teatral de Redondo
Junior, a poesia de César Vallejo, a
música de Ná Ozzetti, a fotografia de Ruy Carvalho, a arte de Sônia
Braga, Fecamepa & Os sapos na
política de Edson Moura aqui.
Semáforos de sempre, vida adiante, Amor em tempos sombrios de Colm Tóibín, O serviço social de Marilda
Villela Iamamoto, Ética &
Marketing Social, a fotografia de Spencer Tunick & Esdras Rebouças
Nobre, a arte de Vik Muniz
& a música de Claudio Nucci aqui.
A sexta é dia da deusa, da musa, rainha,
poeta, mulher, A história de Goethe, a
literatura de Machado de Assis, Gozo fabuloso de Paulo Leminski, a música de Alexandra Stan, a
fotografia de Marcos Guerra &
a arte de Luciah Lopez aqui.
Na Volta da Jurema, Semiologia & comunicação lingüística de Eric Buyssen,
Arrowsmith de Sinclair Lewis, O pensamento de Confúcio, a música de Guinga, a arte de Ida
Zam & Laerte Coutinho aqui.
O amor dos namorados, A arte de amar de Erich Fromm, Sonetos de amor de Pablo Neruda, Cânticos
dos Cânticos, A música de Edith
Piaf, o cinema de Derek Cianfrance & Michelle Williams, a pintura de Julia Watkin & Cornelis
le Mair, a arte de Henry
Asencio & Grupo Femen aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Art by
Ísis Nefelibata
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.