VAMOS APRUMAR A CONVERSA - LAGOA MANGUABA
– Quando aportei no estado alagoano em 1994, fui contemplado com uma calorosa
recepção do amigo Marcos Alexandre Martins Palmeira que me apresentou, de
primeira, a Lagoa Manguaba. Foi do alto do cruzeiro na Chã do Pilar que de lá
fitei a maravilha do cenário: toda sua extensão até a foz no Oceano Atlântico.
Fiquei, deveras, enfeitiçado com a cena a ponto de, ao chegar às margens
daquela belíssima paragem, não me furtei de molhar os pés e senti-la corpalma.
Ali mesmo fiquei por horas contemplando aquele encanto da natureza. E como
forma de gratidão ali mesmo compus os primeiros acordes e versos do frevo,
saboreando deliciosos pratos com bagres robustos, lavados a uma boa cervejada.
Papos e causos da comunidade limítrofe foram debulhados e contados nos mínimos
detalhes pelo anfitrião. De lá saí empanzinado, tanto pelas gostosuras, como
pela ambiente que me lavou a alma. Dias depois concluí o frevo e gravamos para
nos esbaldar sempre por ali. Outras canções nasceram, mas o frevo é a minha
homenagem e meu gesto de gratidão: Manguaba lagoa, banhei-me lá / De cetro e
coroa só pra reinar / No jugo momesco / Com meu parentesco / Das águas do mar /
Manguaba nascente, vou navegar / Até o poente do carnaval / Com vinco, adereço
/ Sem ter endereço nem onde acabar / Vai ser o batismo / Do bagre decente / De
são e doente / Sem cor ou rival / Manguaba da gente / Banha docemente o povo de
cá / Manguaba que banha a terra, a semente / Que faz diferente outro dia igual
/ Manguaba é que sente as dores da gente / Da Chã e do Pilar. Veja mais aqui e
aqui.
Imagem: Nu no sofá - aquarela e guache sobre papel (1945), do pintor do
Modernismo brasileiro Lasar Segall
(1890-1957).
TEORIA DO VÍNCULO – O livro Teoria do Vínculo (Martins Fontes, 1998), do
psiquiatra e psicanalista suíço naturalizado argentino Enrique Pichon Rivière (1907-1977), aborda a necessidade de
complementação da investigação psicanalítica sob o enfoque social, com
orientação voltada para tríplice direção, quais sejam a psicossocial, a
sociodinâmica e a institucional, abordando o ser humano numa só dimensão e
concebendo-o como uma totalidade integradas pelas dimensões da mente, do corpo
e do mundo exterior. Essa teoria traz em consideração o homem como resultante
do interjogo entre o sujeito e os objetos internos e externos, numa relação
interativa dialética expressada pelas condutas. Sob este ponto de vista, o
vinculo é concebido como sendo uma estrutura dinâmica em contínuo movimento,
englobando o sujeito e o objeto. Da obra destaco os trechos: [...] Vínculo pode ser definido como uma
estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto, e sua mútua interelação
com processos de comunicação e aprendizagem [...] a maneira particular pela
qual cada indivíduo se relaciona com outro ou outros, criando uma estrutura
particular a cada caso e a cada momento, que chamamos de vínculo [...] Em
nenhum paciente apresenta um tipo único de vínculo: todas as relações de objeto
e todas as relações estabelecidas com o mundo são mistas. Existe uma divisão
que é mais ou menos universal, no sentido de que por um lado se estabelecem
relações deum tipo, e por outro, de um tipo diverso [...] Veja mais aqui.
HISTÓRIA DO BRASIL – Uma nova história começou a ser contada e escrita sobre a verdadeira
História do Brasil. Tem-se realizado uma diversidade de estudos em que se
verifica que a história contada nas escolas, não corresponde à verdade. Neste
sentido, o premiado escritor e jornalista paranaense Laurentino Gomes tem contribuído com a publicação dos seus
premiados livros 1808 – Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma
corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil,
sobre a fuga da corte portuguesa de D. João VI para o Rio de Janeiro; 1822,
sobre a Independência do Brasil; e 1889, sobre a Proclamação da
República – ou como um
imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram
para o fim da Monarquia e instituição da República no Brasil, fechando a
trilogia das obras. O autor é pós-graduado em Administração pela USP, membro titular do Instituto Histórico e
Geográfico de São Paulo e da Academia Paranaense de Letras, sendo ganhador de
quatro prêmios Jabuti. Veja mais aqui e aqui.
PAVIOS
CURTOS – O livro Pavios Curtos (Anone, 2004), do poeta e
jornalista mineiro José Aloise Bahia
reúne poemas do autor que também escreve ensaios, críticas, artigos, crônicas e
resenhas em diversos veículos de comunicação brasileiros, além de ser um
pesquisador no campo da comunicação social e interfaces com a literatura,
estética, política, imagem e cultura de massa, estudioso em História das Artes
e colecionador de artes plásticas. Também é sócio fundador de jornalismo
cultural da Associação Internacional de Literatura de Língua Portuguesa e
Outras Linguagens (Alipol) e foi incluído na antologia poética O achamento de
Portugal. Da obra destaco Nada é concreto: Na
poesia, as palavras não são apenas lirismos. Às vezes observamos ou nunca
queremos espreitar, nos desdobramentos, a melodia da investi da. O som da
ousadia que tenta ligar coisas inimagináveis e impossíveis. Um enigma, que faz
abrir a porta, pelo sopro do verbo, um imenso quarto escuro: o pomo de partida,
nada. Também o Noturno azul e vermelho: Foi
assim no vosso convívio / um hóspede passageiro, / obscuro como uma casa / sem
portas e janelas, / escravo do passado / atados a nós amargos. / Tão longe, uma
agonia / num adorno de aparências, / e no seu mundo invisível / asas pela
metade em azul / cobalto, um medo / incompreendido. / Dividido e fugidio, / não
morto, evasivo, / sem se deixar ser observado, / escondido nuns óculos escuros,
/ desertor de alguma guerra / ou de alguma luta. / Não se sabe o motivo / deste
outro ser, / que suspira um ar, / que busca na superfície / onde permeia a
latência, / um desejo vermelho sangue. / Que está convosco / numa vontade de
viver / e sentir na realidade / este sonho inconsciente, / que procura sem
cessar, / uma satisfação jamais vista. Por fim, o seu belíssimo Soneto: Eu, olho-me no espelho oval da parede, / Procuro
detalhes desta minha presença. / Tento achar em minha verdadeira aparência / Ainda
atraente, sentir algum contentamento / No limiar da idade estampada no rosto: /
Sutilezas, algum sulco ao redor dos olhos, / Que faz·o corpo pedir azul
kleiniano e branco, / Deixando-me satisfeito, na expectativa, entregue. / Mas
não pensem que é uma mudança radical / O que se passa em minha proposta
pessoal, / Esta tentativa de ficar mais jovem e refeito, / Bonito pra mim
mesmo. Prestem bem atenção: / A razão suficiente da minha imagem refletida / Demonstra
o prazer em vestir as cores do céu. Veja mais aqui e aqui.
AMOR
POR ANEXINS – A comédia
de costumes em um único ato Amor por
anexins (1872), do dramaturgo, escritor e jornalista Artur Azevedo (1855-1908), conta a história de conquistas e
interesses a partir do desejo de um senhor em se casar com uma jovem e bela
viúva, envolvendo três personagens: um carteiro, um solteirão e uma viúva,
tratando com humor as questões do amor e trazendo um inusitado jogo de
linguagem e saberes coletivos dos anexins que são evocados na construção da
história e expondo catástrofes e desenlace na maior sensibilidade e
divertimento. Da obra destaco o trecho inicial: ATO ÚNICO (Sala simples, janela à esquerda, portas ao fundo e
à direita. Mesa à esquerda com preparos de costura. Num dos cantos da sala uma
talha d’água. Cadeiras.) CENA I INÊS (Cose sentada à mesa, e olha para a rua,
pela janela.) — Lá está parado à esquina o homem dos anexins! Não
há meio de ver-me livre de semelhante cáustico! Ora, eu, uma viúva, e, de mais
a mais com promessa de casamento, havia de aceitar para marido aquele velho!
Não vê! E ninguém o tira dali! Isto até dá que falar à vizinhança... (Desce à boca de cena). Eu que, por gosto, perdido tenho
casamentos mil, com mais de um belo marido, garboso, rico e gentil, de um velho
agora a proposta, Meu Deus! Devia aceitar? Demais um velho que gosta de assim
tão jarreta andar! Nada! Nada! Não me agrada! Quero um marido melhor! É bem mau
não ser casada, mas mal casada é pior. Ainda hoje escreveu-me uma cartinha, a
terceira em que me fala de amor, e a segunda em que me pede em casamento. (Tira uma carta da algibeira) Ela aqui está. (Lê) “Minha bela senhora. Estimo que estas duas regras
vão encontrá-la no gozo da mais perfeita saúde. Eu vou indo como Deus é
servido. Antes assim que amortalhado. Venho pedi-la em casamento pela segunda
vez. Ruim é quem em ruim conta se tem, e eu não me tenho nessa conta. Jamais
senti por outra o que sinto pela senhora; mas uma vez é a primeira.” (Declamando) Que enfiada de anexins! Pois é o mesmo homem a
falar! (Continua a ler) “Tenho uns cobres a render; são poucos, é verdade,
mas de hora em hora Deus melhora, e mais tem Deus para dar do que o diabo para
levar. Não devo nada a ninguém, e quem não deve não teme. Tenho boa casa e boa mesa,
e onde come um comem dois. Irei saber da resposta hoje mesmo. Todo seu, Isaías.”
(Guardando a carta) Está bem aviado, senhor Isaías! Vou às cinco
compras; é um excelente meio de me ver livre de vossamecê e de seus anexins.
Vou preparar-me. (Sai pela porta da direita.
Pausa). Veja mais aqui, aqui,
aqui e aqui.
LA CIOCIARA – O drama La
ciociara (Duas mulheres, 1960), do cineasta italiano Vittorio De Sica (1901-1974), é uma adaptação do romance homônimo
do escritor e jornalista italiano Alberto Moravia (1907-1990), contando a
história ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial, quando a capital italiana
foi intensamente bombardeada pelos aliados, destacando a vida de uma viúva dona
de uma loja em Roma e sua filha adolescente muito devota do catolicismo, que
resolve abandonar a cidade para uma montanhosa região do país. Lá elas conhecem
um jovem intelectual com ideais comunistas que se torna prisioneiro e depois
assassinado pelos soldados alemães, enquanto elas ficam esperando a chegada das
tropas aliadas e, quando ocorre, a libertação traz uma tragédia inesperada:
ambas são estupradas pelos soldados aliados, o que acarretou o sofrimento de um
colapso mental pela filha. O destaque do filme vai para a premiadíssima e
cultuada atriz Sophia Loren. Veja
mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Imagem: fotos da cantora, atriz,
memorialista, pintora e modelo francesa Kiki,
Rainha de Montparnasse (Alice
Ernestine Prin – 1901-1953), que revolucionou Paris na década de 1920.
PROGRAMA
TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá
que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado
pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira mais aqui.
Veja mais sobre:
A lenda do açúcar e do álcool, Educação não é privilégio de Anísio Teixeira,
História da Filosofia de Wil Durant, a música de Yasushi Akutagawa, Não há
estrelas no céu de João Clímaco Bezerra, Cumade Fulosinha & Menelau Júnior,
a pintura de Madison Moore, João Pirahy &
Pulsarte aqui.
E mais:
Sorria, Canto geral de Pablo Neruda, A desobediência civil de Henry David Thoreau, O
feijão e o sonho de Orígenes Lessa, Revolução na América do Sul de Augusto Boal, Monteiro
Lobato & Brincarte do Nitolino, a
pintura de Amedeo Modigliani, a música de Sebastião Tapajós, Mestre Vitalino & Marcelo Soares aqui.
Psicologia social e educação, a poesia de Pablo
Neruda, a pintura de Amedeo Modigliani, a
música de Yasushi Akutagawa, a arte de Regina
Espósito & Ju Mota aqui.
Devagar e sempre, A monadologia de Leibniz, Estudo do poema de Antônio
Cândido, Meu país de Dorothea Mackellar, A arte da comédia de Lope de Vega, o
ativismo de Emma Goldman, a arte de Gilvan
Samico, a música de Alceu Valença, a xilogravura de Amaro Francisco Borges,
Brincarte do Nitolino & a pintura de Nina
Kozoriz aqui.
A vida dupla de Carolyne & sua cheba
beiçuda, Psicologia da arte de Lev Vygotsky, a poesia de
William Butler Yeats, A República de Platão, a
pintura de Raphael Sanzio & Boleslaw von Szankowski, a música de Leonard Cohen, o cinema de Paolo Sorrentino & World
Erotic Art Museum - WEAM aqui.
Divagando na bicicleta, Onde
andará Dulce Veiga de Caio Fernando Abreu, Os elementos de Euclides de Alexandria, O
teatro e seu duplo de Peter Brook, a
música de Billie Myers, a fotografia de Alberto Henschel, a pintura de Jörg Immendorff & Oda Jaune aqui.
A conversa das plantas, Memória
da guerra de Duarte Coelho, a poesia de Cruz e
Sousa, Arquimedes de Siracusa, a música de Natalie
Imbruglia, a arte de Hugo Pratt & Tom
14 aqui.
Leitoras de James leituras de Joyce, a fotografia de Humberto Finatti, a arte de Henri Matisse & Wayne Thiebaud aqui.
Incipit vita nuova, As
raízes árabes da arte nordestina de Luís Soler, A divina comédia de
Dante Alighieri, a música de Galina Ustvolskaya, a pintura de Jack Vetriano & Paul Sieffert, as
gravuras de Gustave Doré & a arte de
Luciah Lopez aqui.
Faça seu
TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Fecamepa –
quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
Cordel
Tataritaritatá &
livros infantis aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Nude
Reading (2005), da
artista plástica russa Ekaterina
Mortensen.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.