terça-feira, julho 07, 2015

PICHON RIVIÈRE, MAHLER, LASAR SEGALL, ARTUR AZEVEDO, LAURENTINO, DE SICA, ALOISE, KIKI, EKATERINA & LAGOA MANGUABA!!!



VAMOS APRUMAR A CONVERSA - LAGOA MANGUABA – Quando aportei no estado alagoano em 1994, fui contemplado com uma calorosa recepção do amigo Marcos Alexandre Martins Palmeira que me apresentou, de primeira, a Lagoa Manguaba. Foi do alto do cruzeiro na Chã do Pilar que de lá fitei a maravilha do cenário: toda sua extensão até a foz no Oceano Atlântico. Fiquei, deveras, enfeitiçado com a cena a ponto de, ao chegar às margens daquela belíssima paragem, não me furtei de molhar os pés e senti-la corpalma. Ali mesmo fiquei por horas contemplando aquele encanto da natureza. E como forma de gratidão ali mesmo compus os primeiros acordes e versos do frevo, saboreando deliciosos pratos com bagres robustos, lavados a uma boa cervejada. Papos e causos da comunidade limítrofe foram debulhados e contados nos mínimos detalhes pelo anfitrião. De lá saí empanzinado, tanto pelas gostosuras, como pela ambiente que me lavou a alma. Dias depois concluí o frevo e gravamos para nos esbaldar sempre por ali. Outras canções nasceram, mas o frevo é a minha homenagem e meu gesto de gratidão: Manguaba lagoa, banhei-me lá / De cetro e coroa só pra reinar / No jugo momesco / Com meu parentesco / Das águas do mar / Manguaba nascente, vou navegar / Até o poente do carnaval / Com vinco, adereço / Sem ter endereço nem onde acabar / Vai ser o batismo / Do bagre decente / De são e doente / Sem cor ou rival / Manguaba da gente / Banha docemente o povo de cá / Manguaba que banha a terra, a semente / Que faz diferente outro dia igual / Manguaba é que sente as dores da gente / Da Chã e do Pilar. Veja mais aqui e aqui.

Imagem: Nu no sofá - aquarela e guache sobre papel (1945), do pintor do Modernismo brasileiro Lasar Segall (1890-1957).

Curtindo Das Lied von der Erde - Symphonies nº 1-10, (Denon/Nippon Columbia, 1994), do compositor austríaco Gustav Mahler (1860-1911), com o maestro israelita Eliahu Inbal à frente da Frankfurt Radio Symphony Orchestra.Veja mais aqui.
 
TEORIA DO VÍNCULO – O livro Teoria do Vínculo (Martins Fontes, 1998), do psiquiatra e psicanalista suíço naturalizado argentino Enrique Pichon Rivière (1907-1977), aborda a necessidade de complementação da investigação psicanalítica sob o enfoque social, com orientação voltada para tríplice direção, quais sejam a psicossocial, a sociodinâmica e a institucional, abordando o ser humano numa só dimensão e concebendo-o como uma totalidade integradas pelas dimensões da mente, do corpo e do mundo exterior. Essa teoria traz em consideração o homem como resultante do interjogo entre o sujeito e os objetos internos e externos, numa relação interativa dialética expressada pelas condutas. Sob este ponto de vista, o vinculo é concebido como sendo uma estrutura dinâmica em contínuo movimento, englobando o sujeito e o objeto. Da obra destaco os trechos: [...] Vínculo pode ser definido como uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto, e sua mútua interelação com processos de comunicação e aprendizagem [...] a maneira particular pela qual cada indivíduo se relaciona com outro ou outros, criando uma estrutura particular a cada caso e a cada momento, que chamamos de vínculo [...] Em nenhum paciente apresenta um tipo único de vínculo: todas as relações de objeto e todas as relações estabelecidas com o mundo são mistas. Existe uma divisão que é mais ou menos universal, no sentido de que por um lado se estabelecem relações deum tipo, e por outro, de um tipo diverso [...] Veja mais aqui.

HISTÓRIA DO BRASIL – Uma nova história começou a ser contada e escrita sobre a verdadeira História do Brasil. Tem-se realizado uma diversidade de estudos em que se verifica que a história contada nas escolas, não corresponde à verdade. Neste sentido, o premiado escritor e jornalista paranaense Laurentino Gomes tem contribuído com a publicação dos seus premiados livros 1808 – Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil, sobre a fuga da corte portuguesa de D. João VI para o Rio de Janeiro; 1822, sobre a Independência do Brasil; e 1889, sobre a Proclamação da República – ou como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e instituição da República no Brasil, fechando a trilogia das obras. O autor é pós-graduado em Administração pela USP, membro titular do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e da Academia Paranaense de Letras, sendo ganhador de quatro prêmios Jabuti. Veja mais aqui e aqui.

PAVIOS CURTOS – O livro Pavios Curtos (Anone, 2004), do poeta e jornalista mineiro José Aloise Bahia reúne poemas do autor que também escreve ensaios, críticas, artigos, crônicas e resenhas em diversos veículos de comunicação brasileiros, além de ser um pesquisador no campo da comunicação social e interfaces com a literatura, estética, política, imagem e cultura de massa, estudioso em História das Artes e colecionador de artes plásticas. Também é sócio fundador de jornalismo cultural da Associação Internacional de Literatura de Língua Portuguesa e Outras Linguagens (Alipol) e foi incluído na antologia poética O achamento de Portugal. Da obra destaco Nada é concreto: Na poesia, as palavras não são apenas lirismos. Às vezes observamos ou nunca queremos espreitar, nos desdobramentos, a melodia da investi da. O som da ousadia que tenta ligar coisas inimagináveis e impossíveis. Um enigma, que faz abrir a porta, pelo sopro do verbo, um imenso quarto escuro: o pomo de partida, nada. Também o Noturno azul e vermelho: Foi assim no vosso convívio / um hóspede passageiro, / obscuro como uma casa / sem portas e janelas, / escravo do passado / atados a nós amargos. / Tão longe, uma agonia / num adorno de aparências, / e no seu mundo invisível / asas pela metade em azul / cobalto, um medo / incompreendido. / Dividido e fugidio, / não morto, evasivo, / sem se deixar ser observado, / escondido nuns óculos escuros, / desertor de alguma guerra / ou de alguma luta. / Não se sabe o motivo / deste outro ser, / que suspira um ar, / que busca na superfície / onde permeia a latência, / um desejo vermelho sangue. / Que está convosco / numa vontade de viver / e sentir na realidade / este sonho inconsciente, / que procura sem cessar, / uma satisfação jamais vista. Por fim, o seu belíssimo Soneto: Eu, olho-me no espelho oval da parede, / Procuro detalhes desta minha presença. / Tento achar em minha verdadeira aparência / Ainda atraente, sentir algum contentamento / No limiar da idade estampada no rosto: / Sutilezas, algum sulco ao redor dos olhos, / Que faz·o corpo pedir azul kleiniano e branco, / Deixando-me satisfeito, na expectativa, entregue. / Mas não pensem que é uma mudança radical / O que se passa em minha proposta pessoal, / Esta tentativa de ficar mais jovem e refeito, / Bonito pra mim mesmo. Prestem bem atenção: / A razão suficiente da minha imagem refletida / Demonstra o prazer em vestir as cores do céu. Veja mais aqui e aqui.

AMOR POR ANEXINS – A comédia de costumes em um único ato Amor por anexins (1872), do dramaturgo, escritor e jornalista Artur Azevedo (1855-1908), conta a história de conquistas e interesses a partir do desejo de um senhor em se casar com uma jovem e bela viúva, envolvendo três personagens: um carteiro, um solteirão e uma viúva, tratando com humor as questões do amor e trazendo um inusitado jogo de linguagem e saberes coletivos dos anexins que são evocados na construção da história e expondo catástrofes e desenlace na maior sensibilidade e divertimento. Da obra destaco o trecho inicial: ATO ÚNICO (Sala simples, janela à esquerda, portas ao fundo e à direita. Mesa à esquerda com preparos de costura. Num dos cantos da sala uma talha d’água. Cadeiras.) CENA I INÊS (Cose sentada à mesa, e olha para a rua, pela janela.) — Lá está parado à esquina o homem dos anexins! Não há meio de ver-me livre de semelhante cáustico! Ora, eu, uma viúva, e, de mais a mais com promessa de casamento, havia de aceitar para marido aquele velho! Não vê! E ninguém o tira dali! Isto até dá que falar à vizinhança... (Desce à boca de cena). Eu que, por gosto, perdido tenho casamentos mil, com mais de um belo marido, garboso, rico e gentil, de um velho agora a proposta, Meu Deus! Devia aceitar? Demais um velho que gosta de assim tão jarreta andar! Nada! Nada! Não me agrada! Quero um marido melhor! É bem mau não ser casada, mas mal casada é pior. Ainda hoje escreveu-me uma cartinha, a terceira em que me fala de amor, e a segunda em que me pede em casamento. (Tira uma carta da algibeira) Ela aqui está. (Lê) “Minha bela senhora. Estimo que estas duas regras vão encontrá-la no gozo da mais perfeita saúde. Eu vou indo como Deus é servido. Antes assim que amortalhado. Venho pedi-la em casamento pela segunda vez. Ruim é quem em ruim conta se tem, e eu não me tenho nessa conta. Jamais senti por outra o que sinto pela senhora; mas uma vez é a primeira.” (Declamando) Que enfiada de anexins! Pois é o mesmo homem a falar! (Continua a ler) “Tenho uns cobres a render; são poucos, é verdade, mas de hora em hora Deus melhora, e mais tem Deus para dar do que o diabo para levar. Não devo nada a ninguém, e quem não deve não teme. Tenho boa casa e boa mesa, e onde come um comem dois. Irei saber da resposta hoje mesmo. Todo seu, Isaías.” (Guardando a carta) Está bem aviado, senhor Isaías! Vou às cinco compras; é um excelente meio de me ver livre de vossamecê e de seus anexins. Vou preparar-me. (Sai pela porta da direita. Pausa). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

LA CIOCIARA – O drama La ciociara (Duas mulheres, 1960), do cineasta italiano Vittorio De Sica (1901-1974), é uma adaptação do romance homônimo do escritor e jornalista italiano Alberto Moravia (1907-1990), contando a história ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial, quando a capital italiana foi intensamente bombardeada pelos aliados, destacando a vida de uma viúva dona de uma loja em Roma e sua filha adolescente muito devota do catolicismo, que resolve abandonar a cidade para uma montanhosa região do país. Lá elas conhecem um jovem intelectual com ideais comunistas que se torna prisioneiro e depois assassinado pelos soldados alemães, enquanto elas ficam esperando a chegada das tropas aliadas e, quando ocorre, a libertação traz uma tragédia inesperada: ambas são estupradas pelos soldados aliados, o que acarretou o sofrimento de um colapso mental pela filha. O destaque do filme vai para a premiadíssima e cultuada atriz Sophia Loren. Veja mais aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
 Imagem: fotos da cantora, atriz, memorialista, pintora e modelo francesa Kiki, Rainha de Montparnasse (Alice Ernestine Prin – 1901-1953), que revolucionou Paris na década de 1920.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira mais aqui.


Veja mais sobre:
A lenda do açúcar e do álcool, Educação não é privilégio de Anísio Teixeira, História da Filosofia de Wil Durant, a música de Yasushi Akutagawa, Não há estrelas no céu de João Clímaco Bezerra, Cumade Fulosinha & Menelau Júnior, a pintura de Madison Moore, João Pirahy & Pulsarte aqui.

E mais:
Sorria, Canto geral de Pablo Neruda, A desobediência civil de Henry David Thoreau, O feijão e o sonho de Orígenes Lessa, Revolução na América do Sul de Monteiro Lobato & Brincarte do Nitolino, a pintura de Amedeo Modigliani, a música de Sebastião Tapajós, Marcelo Soares aqui.
Psicologia social e educação, a poesia de Pablo Neruda, a pintura de Amedeo Modigliani, a música de Yasushi Akutagawa, a arte de Regina Espósito & Ju Mota aqui.
Recitando Castro Alves: Navio Negreiro aqui.
Devagar e sempre, A monadologia de Leibniz, Estudo do poema de Antônio Cândido, Meu país de Dorothea Mackellar, A arte da comédia de Lope de Vega, o ativismo de Emma Goldman, a arte de Gilvan Samico, a música de Alceu Valença, a xilogravura de Amaro Francisco Borges, Brincarte do Nitolino & a pintura de Nina Kozoriz aqui.
A vida dupla de Carolyne & sua cheba beiçuda, Psicologia da arte de Lev Vygotsky, a poesia de William Butler Yeats, A República de Platão, a pintura de Raphael Sanzio & Boleslaw von Szankowski, a música de Leonard Cohen, o cinema de Paolo Sorrentino & World Erotic Art Museum - WEAM aqui.
Divagando na bicicleta, Onde andará Dulce Veiga de Caio Fernando Abreu, Os elementos de Euclides de Alexandria, O teatro e seu duplo de Peter Brook, a música de Billie Myers, a fotografia de Alberto Henschel, a pintura de Jörg Immendorff & Oda Jaune aqui.
A conversa das plantas, Memória da guerra de Duarte Coelho, a poesia de Cruz e Sousa, Arquimedes de Siracusa, a música de Natalie Imbruglia, a arte de Hugo Pratt & Tom 14 aqui.
Leitoras de James leituras de Joyce, a fotografia de Humberto Finatti, a arte de Henri Matisse & Wayne Thiebaud aqui.
Incipit vita nuova, As raízes árabes da arte nordestina de Luís Soler, A divina comédia de Dante Alighieri, a música de Galina Ustvolskaya, a pintura de Jack Vetriano & Paul Sieffert, as gravuras de Gustave Doré & a arte de Luciah Lopez aqui.
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