A SOLIDÃO DE ASPÁSIA - Seu
nome a fazia desejada desde que nasceu na cidade jônica de Mileto, uma meteca. Após
a morte do seu pai, Axíoco, na revolta de Mileto e depois da secessão da Liga
de Delos, ela seguiu para o casamento da irmã. A cerimônia promovida incentivava
Alcebíade de Escambônidas, que se encontrava exilado após seu ostracismo, fazendo-a
acompanhar o cunhado para Atenas. Depois disso toda sua vida tornou-se um
mosaico de acontecimentos. Há quem diga que ela foi uma escrava prisioneira da
guerra cária e ao se libertar tornou-se tornou hetaira, dirigindo um bordel. Por
sua independência participou da vida pública da pólis, contrariando outras
mulheres e alimentando as más línguas. Foi lá que conheceu Péricles, que se
divorciou para conviver com ela. Ele, por sua vez, tornou-se o seu guardião,
quando o seu filho mais velho Clímias morreu na Batalha de Coroneia. O casal
teve um filho. Porém, durante a praga o poderoso morreu, juntamente com sua
irmã e seus dois filhos, tornando-se o seu filho herdeiro legítimo. Durante a
vida conjugal com o guerreiro, ela foi acusada de ser a responsável pela guerra
da Sâmia, conduzindo ataques a Samos para gratifica-la, segundo Plutarco. Daí
foi julgada por impiedade, com o poeta cômico Hermipo atuando como promotor,
sendo absolvida por intervenção de Péricles. O julgamento também envolveu
acusações de Fídias e Anaxágoras, seus amigos. Além disso, ela foi acusada de responsável
pela guerra do Peleponeso, n’Os Acarnânios de Aristófanes, batalha esta por
retaliação ao sequestro das suas prostitutas pelos megarianos. E também pela
guerra com Esparta, afora tantas intrigas e incidentes que davam-na como
dedicada em corromper as mulheres de Atenas para satisfazer as perversões de
Péricles, razão pela qual era tratada como pivô de grandes desentendimentos, retratados
pelos poeta cômicos Eupólide e Crástinos, reiterados por Plutarco. E que por
ela Péricles soltou raios, provocou trovões, perturbou a Grécia e aprovou
decreto condenando os megarianos ao banimento. Por causa de tudo isso ela foi comparada
por Plutarco com a famosa Targélia, renomada hetaira jônica; pros poetas cômicos,
uma prostituta – ela abriu uma academia para mulheres formando um salão popular
para influentes homens. Possuía a reputação de poderosa e independente,
comparada à Frinéia – aquela que foi acusada pela realização de celebrar o deus
inusual Isodaítas - Dioniso, realizar reuniões devassas e sair em procissão
iconoclasta, levadas ao tribunal pelas acusações de Euthias e Harpocration, defendida
por Hisperides. Na Quíron de Cratino, ela é descrita como
"Hera-Aspásia, uma concubina com olhos de cachorro". Eupólide
mencionava em Proslapatianos, que ela é comparada a Helena de Troia,
culpada por iniciar uma guerra. E em Philoi era considera Ônfale, que
possuía seu homem escravo – comparando-se Péricles a Hércules. Eupólide também
aludiu que ao ressuscitar Péricles procura saber pelo filho vivo, tomando
ciência de que estava escondido por ter vergonha de se envolver com a mãe. Tudo
levou Ateneu acusá-la de Nova Ônfale, de Dejanira, de Hera e de Helena, entre
outras comparações difamantes, reforçando outras tantas maledicências de
Xantipo, também filho de Péricles. Que depois ela casou-se com um general
político, Lísicles, que se tornou o homem de cargo mais alto em Atenas. Veio o
filho Poristes. Lísicles foi morto em ação em uma expedição para cobrar
subsídios de aliados. E seu filho foi eleito general para ser executado após a
Batalha das Arginusas. Por fim, dizem que ela morreu antes da execução de
Sócrates, conforme Ésquines de Esfeto, além de vítima das calúnias e como a
personificação da vida de indulgência sexual. No meio do opróbrio geral,
algumas posturas apologéticas embelezaram sua expressão. Para Diodoro Periegeta
e discípulos socráticos era a professora e retórica, exceto para Antístenes,
que a retratava de forma negativa. Ésquines Socrático e Xenofonte,
positivamente. Nos diálogos é apresentada como uma retórica educada e
habilidosa, além de uma fonte de conselhos para questões conjugais. Alguns
consideravam por isso que influenciou Péricles em suas retóricas públicas e que
inventou o método socrático. Foi exaltada por Dídimo Calcêntero, Cícero e
Quintiliano, figurando na Erotika, de Clearco de Soles. Está nas
passagens do diálogo platônico Menêxeno, como professora de Sócrates, de
Péricles e muitos outros. Luciano a tratava como modelo de sabedoria. Sua fama
atravessou gerações e séculos: ela está nas cartas de Heloisa de Argentueuil a
Abelardo; no Promptuarium Iconum, de Guillaume Rouille; na Iconografia
de Giovanni Angelo Canini; em Tirannia Paterna, de Arcangela Tarabotti;
na Historia Mulierum Philosopharum, de Gilles Ménage; nas pinturas de
Marie Bouliard, Henry Holiday, Jean-Léon Gérôme, Lawrence Alma-Tadema e Nicolas-André
Monsiau; na litografia de Honoré Daumier; na Histoire de deux Aspasies,
de Jean Leconte de Bièvre; na representação da personagem Corinne do romance de
Germaine de Stael; em romances de Walter Savage Landor, Robert Hamerling e
Elizabeth Lynn Linton; nas páginas de Philothea de Lydia Maria Child, de
Gertrude Atherton; ; nos poemas de Giacomo Leopardi; no teatro de George Cram
Cook; no pseudônimo de Elza Rozenberga, imagem de Judy Chicago; bem como nas
obras de Peter Green; de Madelon Dimont; e de Taylor Caldwell. Apurou-se,
então, tratar-se de uma mulher de renome intelectual, tornando-se a mais
atestada e mais importante da história, mencionada por Platão, Antístenes e
Sócrates. Era uma feminista sexualmente liberada que ensinou a arte do amor e
passou a integrar as lendas posteriores como uma mulher sábia. Veja mais aqui,
aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - Só porque você
cometeu sua própria mortalidade, isso não a torna menos assustadora.
Quando tive câncer, as pessoas ficaram surpresas com o
quão alegre e otimista eu era, mas eu não podia me deixar entrar em depressão –
para chegar lá, essa derrota permitiria que tudo entrasse. sair novamente. Você
pode ficar no abismo e espiar, mas não ceder à tristeza. Tomei muitas decisões
importantes em minha vida que chocaram as pessoas. Acho
que tive sorte de ter entrado na faculdade de artes. Foi isso que me
salvou. Se olharmos para a história
da arte, para Goya ou Gainsborough, trata-se sempre de reconhecer as pessoas do
seu tempo que têm influência. Pensamento da cineasta e fotógrafa britânica Sam
Taylor-Johnson.
ALGUÉM FALOU: O amor é uma
pedra dura entre duas pessoas e não pode ser separado... O que você ganha é o
sustento – o que você dá é uma vida... Enquanto você estiver curioso, nunca
ficará entediado. É um mundo difícil para pequenas coisas. Pensamento da pioneira
atriz estadunidense Lillian Diana Gish (1892-1993), que atuou no cinema
e teatro, além de diretora e escritora. É considerada a maior atriz do cinema
mudo.
O ANTI-ÉDIPO, DE DELEUZE & GUATTARI - [...] na formação de soberania capitalista (corpo
pleno do capital-dinheiro como socius)
a grande axiomática social tem substituído os códigos territoriais e as
sobrecodificações despóticas que caracterizam as formações precedentes; assim
se formou um conjunto gregário, molar, cujo poder de sujeição não tem igual.
Vimos sobre que bases funciona esse conjunto: todo um campo de imanência que se
reproduz numa escala cada vez maior, que não para de multiplicar seus axiomas à
medida das suas necessidades, que se enche de imagens e de imagens de imagens,
através das quais o desejo é determinado a desejar a sua própria repressão (imperialismo) — uma descodificação e
uma desterritorialização sem precedentes, que instauram uma conjugação como
sistema de relações diferenciais entre os fluxos descodificados e
desterritorializados, de tal maneira que a inscrição e a repressão sociais já
não têm necessidade de incidir diretamente sobre os corpos e as pessoas, mas,
ao contrário, os precedem (axiomática,
regulação e aplicação) — uma mais-valia determinada como mais-valia de fluxo,
cuja extorsão não ocorre por simples diferença aritmética entre duas
quantidades homogêneas e de mesmo código, mas precisamente por relações
diferenciais entre grandezas heterogêneas que não são de mesma potência: fluxo
de capital e fluxo de trabalho como mais-valia humana na essência industrial do
capitalismo, fluxo de financiamento e fluxo de pagamento ou de rendas na
inscrição monetária do capitalismo, fluxo de mercado e fluxo de inovação como
mais-valia maquínica no funcionamento comercial e bancário do capitalismo (mais-valia como primeiro aspecto da
imanência) — uma classe dominante tanto mais impiedosa quanto menos põe a
máquina a seu serviço, pois é a serva da máquina capitalista: classe única,
neste sentido, que se contenta em tirar rendimentos que, por enormes que sejam,
têm apenas uma diferença aritmética em relação às rendas-salários dos
trabalhadores, ao passo que ela funciona mais profundamente como criadora,
reguladora e guardiã do grande fluxo não apropriado, não possuído,
incomensurável relativamente aos salários e aos lucros, que marca a cada
instante os limites interiores do capitalismo, seu deslocamento perpétuo e sua reprodução numa escala ampliada (jogo dos limites interiores como
segundo aspecto do campo de imanência capitalista, definido pela relação
circular “grande fluxo de financiamento-refluxo das rendas salariais-afluxo do
lucro bruto”) — e difusão da antiprodução na produção, como realização ou
absorção da mais-valia, de tal maneira que o aparelho militar, burocrático e
policial se acha fundado na própria economia, que produz diretamente
investimentos libidinais da repressão de desejo (antiprodução como terceiro aspecto da imanência, exprimindo a
dupla natureza do capitalismo, produzir por produzir, mas nas condições do
capital). Não há um só desses aspectos, nem a mínima operação, nem o menor
mecanismo industrial ou financeiro que deixe de manifestar a demência da
máquina capitalista e o caráter patológico de sua racionalidade (não falsa
racionalidade, mas verdadeira racionalidade desse patológico, dessa
demência, “porque a máquina funciona, estejam certos disso”). Ela não
corre o risco de devir louca, pois já é louca de uma ponta a outra desde o
início,e é disto que sai sua racionalidade. O humor negro de Marx, a fonte do Capital, é sua fascinação por uma tal
máquina: como isso pôde montar-se, sobre
que fundo de descodificação e de desterritorialização, como isso funciona, cada
vez mais descodificada, cada vez mais desterritorializada, como isso funciona
tão solidamente através da axiomática, através da conjugação de fluxos, como
isso produz a terrível classe única dos homens cinzentos que mantêm a máquina,
como isso não corre o risco de morrer sozinho, mas, antes, o que faz é nos
levar a morrer, suscitando até o fim investimentos de desejo que nem sequer
passam por uma ideologia enganadora e subjetiva e que nos fazem gritar até o
fim Viva o capital na sua realidade,
na sua dissimulação objetiva! Nunca houve, a não ser na ideologia,
capitalismo humano, liberal, paternal etc. O capital define-se por uma
crueldade sem igualquando comparada com o sistema primitivo da crueldade,
define-se por um terror sem igual quando comparado com regime despótico do
terror. Os aumentos de salário, a melhoria do nível de vida são realidades, mas
realidades que decorrem de tal ou qual axioma suplementar que o capitalismo é
sempre capaz de acrescentar à sua axiomática em função de uma ampliação dos seus
limites (façamos o New Deal,
defendamos e reconheçamos sindicatos mais fortes, promovamos a participação, a
classe única, venhamos a dar umpasso em direção à Rússia que faz o mesmo em
nossa direção etc.). Mas, na realidade ampliada que condicionaessas ilhotas, a
exploração não para de endurecer, a falta é arranjada da maneira mais hábil, as
soluções finais do tipo “problema judeu” são preparadas muito minuciosamente, o
terceiro Mundo é organizado como parte integrante do capitalismo. A reprodução
dos limites interiores do capitalismo numa escala cada vez mais ampliada tem
várias consequências: permitir no centro os aumentos e melhorias de nível,
deslocar do centro para a periferia as formas mais duras de exploração, mas
também multiplicar no próprio centro os enclaves de sobre-exploração, suportar
facilmente as formações ditas socialistas (não é o socialismo à maneira dos kibutz que incomoda o Estado sionista
e nem é o socialismo russo que incomoda o capitalismo mundial). Não é or
metáfora que se constata isso: as fábricas são prisões, elas não se assemelham
a prisões, elas o são. tudo está demente no sistema: é que a máquina
capitalista se nutre de fluxos descodificados e desterritorializados; ela os
descodifica e os desterritorializa ainda mais, mas fazendo-os passar para um aparelho axiomático que os conjuga e que,
nos pontos de conjugações, produz pseudocódigos e reterritorializações
artificiais.
[...]. O ANTI-ÉDIPO
– O livro O Anti-Édipo: capitalismo e
esquizofrenia, dos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari, trata sobre
as máquinas
desejantes, a produção desejante, o orpo sem órgãos, o sujeito e o gozo,
psiquiatria materialista, as máquinas, o todo e as partes, psicanálise e
familismo: a santa família, o imperialismo de Édipo, três textos de Freud, a
síntese conectiva de produção, a síntese disjuntiva de registro, a síntese
conjuntiva de consumo, recapitulação das três sínteses, repressão e
recalcamento, neurose e psicose, o processo, selvagens, bárbaros, civilizados,
socius inscritor, a máquina territorial primitiva, problema de Édipo,
psicanálise e etnologia, a representação territorial, a máquina despótica
bárbara, a representação bárbara ou imperial, o Urstaat, a máquina
capitalista civilizada, a representação capitalista; introdução à esquizoanálise,
o campo social, o inconsciente molecular, psicanálise e capitalismo, primeira
tarefa positiva da esquizoanálise, segunda tarefa positiva da esquizoanálise e
balanço-programa para máquinas desejantes. Veja mais aqui e aqui.
REFERÊNCIA
DELEUZE,
Gilles; GUATTARI, Félix. O Anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo:
34, 2010.
POEMAS DE ARTHUR RIMBAUD
TERCEIRO SONETO
DE "LES STUPRA"
Franzida e obscura como um ilhós
Violeta,
Ela respira, humilde,entre a relva
Rociada
Ainda do amor que desce a branda
Rampa das
Brancas nádegas até o coração da
Greta.
Filamentos iguais a lágrimas de leite
Choraram sob o vento atroz que os
Arrecada
E os impele através de marnas
Arruivadas
Até perderem-se na fenda dos
Deleites.
Beijando-lhe a ventosa, o meu sonho o fequentam
A minha alma, do coito natural ciumenta
Qual lacrimal e ninho de soluços usa-a.
É a oliva esvaída e é a flauta agreste
O tubo pelo qual desce a amêndoa celeste
Feminal Canaã em seios rocios reclusa.
(trad. José Paulo Paes)
PRIMEIRA TARDE
Era bem leve a roupa dela
E um grande ramo muito esperto
Lançava as folhas na janela
Maldosamente, perto, perto.
Quase desnuda, na cadeira,
Cruzavas as mãos, e os pequeninos
Pés esfregava na madeira
Do chão, libertos finos, finos.
— Eu via pálido, indeciso,
Um raiozinho em seu gazeio
Borboletear em seu sorriso
— Mosca na rosa — e no seu seio.
— Beijei-lhe então os tornozelos.
Deu ela um riso inatural
Que se esfolhou em ritornelos,
Um belo riso de cristal.
Depressa, os pés na camisola
Logo escondeu: "Queres parar!"
Primeira audácia que se implora
E o riso finge castigar!
Sinto-lhe os olhos palpitantes
Sob os meus lábios. Sem demora,
Num de seus gestos petulantes,
Volta a cabeça: "Ora, esta agora!..."
"Escuta aqui que vou dizer-te..."
Mas eu lhe aplico junto ao seio
Um beijo enorme, que a diverte
Fazendo-a rir agora em cheio...
— Era bem leve a roupa dela
E um grande ramo muito esperto
Lançava as folhas na janela
Maldosamente, perto, perto.
(Tradução: Ivo Barroso_
ADORMECIDO NO VALE
É um vão de verdura onde um riacho canta
A espalhar pelas ervas farrapos de prata
Como se delirasse, e o sol da montanha
Num espumar de raios seu clarão desata.
Jovem soldado, boca aberta, a testa nua,
Banhando a nuca em frescas águas azuis,
Dorme estendido e ali sobre a relva flutua,
Frágil, no leito verde onde chove luz.
Com os pés entre os lírios, sorri mansamente
Como sorri no sono um menino doente.
Embala-o, natureza, aquece-o, ele tem frio.
E já não sente o odor das flores, o macio
Da relva. Adormecido, a mão sobre o peito,
Tem dois furos vermelhos do lado direito.
(Trad.: Ferreira Gullar)
SENSAÇÃO
Pelas noites azuis de verão, irei nos caminhos,
Picoté pelos trigos, pisar a erva pequena:
Rêveur, sentirei o frescor tenho os meus pés.
Deixarei o vento banhar a minha cabeça nua.
Não falarei, não pensarei nada:
Mas o amor infinito montar-me -á na alma,
E irei adiante, bem distante, como um bohémien,
Pela natureza, felizes como uma mulher.
PRIMEIRA NOITE
Extremamente era despida
E grandes árvores indiscretas
Às vidraças lançavam eles feuillée
Malinement, muito perto, muito perto.
Sentado sobre a minha grande cadeira,
Seminua, juntava-se às mãos.
Sobre o pavimento frissonnaient de vontade
Os seus pequenos pés tão finos, tão finos.
Olhei, cor de cera,
Um pequeno raio buissonnier
Cintilar no seu sorriso
E sobre o seu seio, mosca rosier.
Beijei as suas finas cavilhas.
Teve suave rire brutal
Quem cortava-se cachos em claros trilles,
Bonito rire de cristal.
Os pequenos pés sob a camisa
Salvaram-se: <>>
A primeira audácia autorizada,
Rire fingia ao punir!
Pauvrets palpitante sob o meu lábio,
Beijei devagar os seus olhos:
Lançou a sua cabeça mièvre
De trás: <>
O Sr., tenho duas palavras a dizer-lhe… >>
Lancei-lhe o resto ao seio
Num beijo, que fez-o rir
Bom rire que bem queria…
Extremamente era despida
E grandes árvores indiscretas
Às vidraças lançavam eles feuillée
Malinement, muito perto, muito perto.
VÉNUS ANADYOMÈNE
Como um caixão verde estanhar, uma cabeça
De mulher à cabelos morenos fortemente pommadés
De uma velha banheira emerge, lento e bête,
Com défices bastante mal emendados;
Seguidamente o colo gordo e cinzento, as largas omoplatas
Quem sobressaem; a costas correm que retorna e que surge;
Seguidamente as redondezas dos rins parecem tomar I' desenvolvimento
A gordura sob a pele parece em folhas planos;
A espinha dorsal é ligeiramente vermelha, e o todo sente um gosto
Horrível étrangement; observa-se sobretudo
Singularités que é necessário ver! a lupa…
Os rins levam duas palavras gravadas: Clara Vir;
- E qualquer este corpo remue e estica seu largo croupe
Bonito hediondamente de um úlcera ao ânus.
O BARCO ÉBRIO
Como descesse ao léu nos Rios impassíveis,
Não me sentia mais atado aos sirgadores;
Tomaram-nos por alvo os Índios irascíveis,
Depois de atá-los nus em postes multicores.
Estava indiferente às minhas equipagens,
Fossem trigo flamengo ou algodão inglês.
Quando morreu com a gente a grita dos selvagens,
Pelos Rios segui, liberto desta vez.
...................................
Mais doce que ao menino os frutos não maduros,
A água verde entranhou-se em meu madeiro, e então
De azuis manchas de vinho e vômitos escuros
Lavou-me, dispersando a fateixa e o timão.
Eis que a partir daí eu me banhei no Poema
Do Mar que, latescente e infuso de astros, traga
O verde-azul, por onde, aparição extrema
E lívida, um cadáver pensativo vaga;
...................................
Se há na Europa uma água a que eu aspire, é a mansa,
Fria e escura poça, ao crepúsculo em desmaio,
A que um menino chega e tristemente lança
Um barco frágil como a borboleta em maio.
Não posso mais, banhado em teu langor, ó vagas,
A esteira perseguir dos barcos de algodões,
Nem fender a altivez das flâmulas pressagas,
Nem vogar sob a vista horrível dos pontões."
SONETO DO OLHO DO CU
De Artur Rimbaud & Paul Verlaine
Obscuro e franzido como um cravo roxo,
Humilde ele respira escondido na espuma,
Úmido ainda do amor que pelas curvas suaves
Dos glúteos brancos desce à orla de sua auréola.
Uns filamentos como lágrimas de leite,
Choraram ao vento inclemente que os expulsa,
Passando por calhaus de uma argila vermelha,
Para escorrer por fim ao longo das encostas.
Muita vez minha boca uniu-se a esta ventosa,
Sem poder ter o coito material, minha alma
Fez dele um lacrimário, um ninho de soluços.
Ele é a tonta azeitona, a flauta carinhosa,
Tubo por onde desce a divina pralina,
Canaã feminino que eclode na umidade.
(Trad. José Miguel Wisnik)
ARTHUR RIMBAUD – Jean-Nicolas
Arthur Rimbaud nasceu em 20 de outubro de 1854, em Charleville, nas Ardenas.
Sua precocidade revelou-se no Colégio de Charleville, onde surpreendeu mestres
e colegas com sua inteligência excepcional que o levava a traduzir poesias
latinas. Com 15 anos publicou seu primeiro poema. Com o fim da guerra cresce
seu desejo de viver em Paris para onde vai em setembro de 1871. Às vésperas de
sua partida escreve Le bateau Ivre, uma de suas obras-primas. Na capital
francesa conhece Paul Verlaine com quem teria uma conturbada relação. A
agressividade em seus contatos com os meios literários, a vida boêmia e o uso de
drogas caracterizam sua conduta em Paris. Lá viveu menos de seis meses,
voltando em fevereiro de 1872 para Charleville. Retorna a Paris a pedido de
Verlaine e seguem juntos para a Bélgica, permanecendo algumas semanas em
Bruxelas. Depois de sucessivas brigas separam-se. No final de 1872 Rimbaud
termina Un saison en enfer e dois anos depois Illuminations, encerrando, aos 20
anos, sua carreira literária. Começa a viver uma nova existência, entre
mistérios sucessivos. Nos anos seguintes percorre toda a Europa. Em 1880 vai
para a Abissínia trabalhar no comércio de marfim, café e peles. No início de
1891 nasce um tumor em seu joelho direito que provoca dores terríveis. Volta a
França para se operar e é diagnosticado que ele está com câncer. Sua perna é
amputada. Internado pela segunda vez morre em novembro de 1891, aos 37 anos.
Veja mais aqui e aqui.
INFÂNCIA, IMAGEM E LITERATURA – O projeto de extensão
Infância, imagem e literatura: uma experiência psicossocial na comunidade do
Jacaré-AL, orientado pelo professor Ms Cláudio Jorge Gomes de Morais e
realizado pelos granduandos dos cursos de Psicologia e Jornalismo do Centro
Universitário Cesmac, Luiz Alberto Machado, Williane dos Santos Sotero, Grinauria Franciele
Miranda, Alessandra de Matos Pinto, Luis Gustavo Barbosa Temório e Gustavo
Santos da Silva, resultou no relatório que foi apresentado no auditório do
Cesmac. Veja mais aqui.
Segundo
nenhum especialista (porque qualquer bocó que não é besta demais e já está
careca de saber), que a gastança só serviu mesmo para escorrer azeitando os
propinodutos dos gatunildos e ladronaldos. Aí, os revoltados resolvem votar no
Aécio, eu, heim?
Dá pra fazer
um rol de significados com o resultado da copa pro Brasil:
Felipão
parecia mais aquele chefe de polícia do desenho South Park: tem que dar o cu pra
ter prova no processo. Idem a equipe técnica: aqueles viados barulhentos de Harley-Davidson;
A defesa da
seleção podia ser simbolizada como uma quenga catraia curvada de quatro e mostrando
a bunda nua atrás de moeda no chão: entrou um, entra uma boiada com capado,
rancolho, de deixar até eunuco de pau duro.
O meio de
campo da esquadra canarinha é que nem usineiro (ou mamoeiro, como preferia
Gregório Bezerra): não produz nada, não paga imposto, dá uma de Vampeta no
balanço e fode todo mundo com sua mão de figa.
Já o ataque: aonde? Eu não sei, mas a prima da cunhada da empregada lá de casa
disse que viu não sei onde que parece que foi.
Moral da
história: tirando a prova dos nove só se comeu camarão porque precisou de
Mandrake pra se salvar com a Croácia, se espremeu pro México, passou fino
apertado contra o Chile e deu a maior cagada da paróquia pra cima da Colômbia
que tinha um assassino que fodeu a morte anunciada que não contava com 7
alemães e 3 holandeses. Babau, vergonha nacional.
Agora, de
resto mesmo, só faltava a Argentina ser campeã, o que seria a urucubaca do
enterro voltando prum banquete suntuoso feito aquele do Charme Discreto da
Burguesia, do Luis Buñuel. A gente merece? Era uma vez o esporte, só fica de
mesmo a espórtula. Era uma vez uma seleção....
O que o Brasil chama de Fim de Mundo, pra Alemanha são 7 bolas dentro com uma Argentina nua dançando tango no Maracanã!
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Cátia Rodrigues aqui.
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Fried & Carolyn Weltman & Jane Graverol, a fotografia de Wang Huaxiang,
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O alvo do pódice, Cervantes, Márcia Tiburi, Giovanni
Sartori, a literatura de Rick Moody, o teatro de Mário Prata & Fernando
Rojas, o cinema de István Szabó, a música de Ferruccio
Busoni & Gertrud Schilde, a pintura de Omar Ortiz & Emerico Imre
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Valença, Helena Cristina & Programa Tataritaritatá aqui.
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Szymborska, a literatura de Evelyn Lau, a música de Christoph
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