PAIXÃO (Imagem: Love, by Leonid Afremov)– Falar
em química da paixão e do amor em nossos dias, confronta a dicotomia da
racionalidade com a emotividade. Principalmente pela atitude experimentalista e
pelo sucesso tecnológico que propiciaram um desigual conforto humano. Contudo,
enquanto o conforto passa a ser a razão da saga humana hoje, engendrou-se o
desconforto para o conhecimento, que impôs a si mesmo limites metodológicos e
restrições de incidência, que o paralisaram em campos onde o experimento não
pode operar. Nesses campos do amor e da paixão, a ciência cotidiana não entra e
os considera o limbo da metafísica, o exagero da imaginação artística e a
perfumaria opressora dos mitos superados. Dessa forma, falar de amor e de
paixão em tempos de banalização e vulgarização das relações afetivas e sexuais,
requer um exercício ético sem preconceitos. Se no interior da própria ciência, a razão se
autotematiza, no cotidiano, a opacidade continua. Há um mundo operatório que dá
conta dos interesses e racionaliza as correlações de força vigentes, mantendo e
justificando as disparidades, aquietando as consciências, criando virtualidades
consoladoras e simulacros generosos, galvanizando as atenções e os esforços.
Para um mundo limpo, tão limpo como as máquinas, cuja sujeira é permitida por
não ter o odor e a organicidade dos seres vivos, uma razão limpa, sem as
instabilidades do afeto e os riscos da paixão. Enquanto isso, uma corrente
inglória e contumaz, insiste na afetividade em detrimento do mecanicismo
desumano. Para que essa razão analítico-instrumental sobreviva, será sempre
preciso separá-la do afeto. A inteligência mais alta é aquela que tem a
eqüidistância dos eunucos e a limpidez da água destilada. Isto significa uma
muralha construída entre a razão e a paixão, entre a cognição e a afetividade,
a se tomar a terminologia piagetiana. O mundo do dado, como se insurgindo, não
cansou, na história, de mostrar que onde a razão brilha, há uma coexistência
com a paixão, onde ela desvela, ali está morando o afeto. Isso pode ser
observado, tanto individual, quanto coletivamente. A paixão, em Nietzsche, martela e fragmenta,
atingindo a transmutação de todos os valores. Em Marx, subverte, denunciando a
injustiça das estruturas econômicas e sociais. Em Freud, revela o inconsciente;
e, no feminismo, desprivatiza o privado para denunciar a desigualdade entre os
sexos. E isso quer dizer que não há Einstein sem a paixão pelo Universo, nem
Mozart, sem a paixão pela Música, nem Marx, sem a paixão pelos desvalidos, nem
Picasso, sem a paixão pela forma, cor e textura, nem movimentos sociais, sem a
paixão pela transformação. Daí, conforme Gutiérrez (1998:80), "(...)
paixão é criatividade: sem paixão não há poema, quadro, catedral, transformação
social ou literatura. E é da paixão amorosa que trata a literatura,
especialmente a romântica". Em Goethe, com Werther, é a mais alta
representação do amor impossível, do amor infinito e da morte. Onde a paixão é
excesso, transgressão. E que as transgressoras, adúlteras, ou não, como as
heroínas na história da ópera, sofrem sempre algum tipo de punição. A paixão
sem qual o mundo é insípido, a paixão que alimenta e fecunda e sem a qual se
perde a própria flor da vida, tendo as características do que, para Kant, é o
sublime, pois em termos kantianos o sublime é noturno, tempestuoso, misterioso.
Mas afastar a razão da paixão é útil para efetivar uma dominação sutil: a dominação
que estimula a produção com a diminuição de angústias e tensões, a dominação
dos controles mais fáceis, dada a previsibilidade dos seres com sentimentos
pequenos e pouco intensos, a dominação da criação de necessidades para
amortecer dúvidas e tecer existências lineares, que procuram se apropriar de
mercadorias, em si, desnecessárias. Além disso, nessa teia de poderes
estabeleceu-se uma outra dualidade: a do amor, de um lado, e o da paixão, de
outro. Para o amor foram carreadas todas as qualidades superiores: o amor é
construtivo, o amor é solidário, o amor é doação, o amor é o sentimento da
união serena e estável. À paixão foram reservados os estigmas do
descontrole, da traição, da agressividade, da infelicidade, da imprevisão e da
destruição. Assim, a paixão se tornou fonte de atos perigosos, como, no âmbito
penal, o homicídio passional. O amor-paixão que move o ser humano para
pontos cruciais, que o lança para os abismos, ou que o abre para iluminações, é
entrega plenificadora ou destruidora. Seu sentido plenificador ou destruidor
está dependente do valor, está ligado aos projetos, está demarcado por
trajetórias individuais, sociais ou culturais. Ele é demasiadamente humano. Por
isso, é perigoso para a sociedade de controle. Somente humano. No entanto, é
preciso entender que o amor e a paixão fazem parte da vida humana porque estão
sempre presentes nos sentimentos humanos. Para os poetas arrebatados a paixão não é,
sente-se! E sente-se a cada momento, a cada beijo, a cada carinho, a cada
sofrimento. Paixão é o que se cria fechados no mundo onde se balbucia palavras
divinas que os beijos inocentemente interrompem! Paixão é a contemplação
mística de olhar os olhos enobrecidos de prazer, de vida. Por isso e muito
mais, a química do amor e da paixão é muito estudada hoje, pois o corpo produz
substâncias que são como drogas que agem na pessoa quando está apaixonada. Numa primeira tentativa conceitual empírica,
a paixão pode ser entendida como um sentimento que desestrutura o indivíduo,
pois ele deixa de lado o seu próprio eu para satisfazer as vontades e desejos
do outro. Isso porque o apaixonado se anula, esquece de si mesmo para viver a
vida do outro. Afasta-se dos amigos, da família e as vezes da própria
sociedade. Ou seja, a paixão é a forma de amor que recusa o imediato e foge do
próximo: aspira à distância e a inventa na medida de sua necessidade, para
melhor se renovar e se exaltar. Esta definição está conforme com os preceitos do
filosofo francês Denis de Rougemont, autor de "Os mitos do amor". A paixão, por outro lado, é uma projeção
narcisística: ama-se, no outro, a projeção de si mesmos, enquanto o casamento,
por seu lado, elimina o aspecto nascisístico da relação (Bolsanello, 1979). O
apaixonado projeta e enxerga no outro tudo que ele deseja ter ou ser. A paixão
não dura a vida toda. Ela chega numa encruzilhada onde encontra dois caminhos a
seguir: acabar ou transformar-se num grande amor. Por outro lado, Jung (1980), observa que o
encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas:
se houver alguma reação, ambas serão transformadas. Por isso, entende-se que a
paixão é aquela euforia, aquele tormento, as noites insones e os dias
inquietos. Em êxtase ou tomados pela apreensão, sonhando acordados durante os
afazeres, esquecendo as coisas, perdendo a noção do espaço, ficando sentados ao
lado do telefone ou planejando o que vamos falar, obcecados, ansiando pelo
próximo encontro com a pessoa amada. Sob esse entorpecimento, o riso deixa
tonto, enfrenta-se riscos absurdos, diz-se tolices, ri-se demais, revela-se
segredos bem guardados, conversa-se a noite inteira, anda-se pela madrugada e,
o tempo todo, abraçam-se e beijam-se, esquecidos do mundo inteiro enquanto
estão tomados pela febre e sem fôlego, plenos de êxtase (Fisher, 1995). Numa outra visão, Freud considerou a paixão
como um desejo sexual bloqueado ou postergado. Daí, muitos consideraram a
paixão uma experiência mística, intangível, inexplicável e até sagrada, que
desafia as leis da natureza e a investigação científica. Há toda uma mística, desde Iansã, que é o
orixá de um rio conhecido como Níger, cujo nome original em iorubá é Oyá. Deusa
da espada do fogo, dona da paixão, Iansã é a rainha dos raios, dos ciclones,
furacões, tufões, vendavais. Orixá do fogo, guerreira e poderosa. Mãe dos
eguns, guia dos espíritos desencarnados, senhora do cemitério. Orixá da
provocação e do ciúme. Paixão violenta, que corrói, que cria sentimentos de
loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo sexual. É a volúpia, o clímax.
Ela é o desejo incontido, o sentimento mais forte que a razão. A frase
"estou apaixonado" tem a presença e a regência de Iansã, que é o
orixá que faz com que os corações batam com mais força e cria nas mentes os
sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados. É o ciúme
doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a paixão propriamente dita.
É a falta de medo das conseqüências de um ato impensado no campo amoroso. Iansã
rege o amor forte, violento. Oyá é também a senhora dos espíritos dos mortos,
dos eguns. É a deusa dos cemitérios. É ela que servirá de guia, ao lado de
Obaluaiê, para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o
caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda a falange dos Boiadeiros.
Embora tenha sido esposa de Xangô, Iansã percorreu vários reinos. Foi paixão de
Ogum, Oxaguian, Exu. Conviveu e seduziu Oxóssi, Logun-Edé e tentou, em vão,
relacionar-se com Obaluaiê. Em Ifé, terra de Ogum, foi a grande paixão do
guerreiro. Aprendeu com ele e ganhou o direito do manuseio da espada. Em
Oxogbo, terra de Oxaguian, aprendeu e recebeu o direito de usar o escudo.
Deparou-se com Exu nas estradas, com ele se relacionou e aprendeu os mistérios
do fogo e da magia. No reino de Oxóssi, seduziu o deus da caça, aprendendo a
caçar, tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da
magia aprendida com Exu. Seduziu o jovem Logun-Edé e com ele aprendeu a pescar.
Iansã partiu, então, para o reino de Obaluaiê, pois queria descobrir seus
mistérios e até mesmo conhecer seu rosto, mas nada conseguiu pela sedução.
Porém, Obaluaiê resolveu ensinar-lhe a tratar dos mortos. De início, Iansã
relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte aprendeu a conviver com os
eguns e controlá-los. Partiu, então, para Oió, reino de Xangô, e lá acreditava
que teria o mais vaidoso dos reis, e aprenderia a viver ricamente. Mas, ao
chegar ao reino do deus do trovão, Iansã aprendeu muito mais. Aprendeu a amar
verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Xangô dividiu com ela os
poderes do raio e deu a ela o seu coração. O fogo é o elemento básico de Iansã.
O fogo das paixões, da alegria, o fogo que queima. E aqueles que dão uma
conotação de vulgaridade a essa belíssima e importantíssima divindade africana,
são dignos de pena e mais dignos ainda, do perdão de Iansã. Doroty Tennov, em 1960, identificou uma
constelação de características comuns à condição de se estar apaixonado, um
estado que ela chama de envolvimento, alguns psiquiatras chamam de atração e
outros de paixão (Fisher, 1995). O primeiro aspecto dramático dessa condição é
seu início, o momento em que outra pessoa começa a assumir um significado
especial. Depois, a paixão vai se desenvolvendo segundo um padrão
característico, que começa com o pensamento invasivo. No começo, esses
pensamentos invasivos ocorrem de maneira irregular. Mas se detém nos aspectos
mais triviais da pessoa amada e a aumentar desproporcionalmente sua importância
em um processo que Tennov denomina de cristalização (Fisher, 1995). A
cristalização é distinta da idealização, pois a pessoa apaixonada na verdade
percebe os pontos fracos da pessoa a quem idolatra. As duas características mais importantes que
aparecem nas divagações dos informantes apaixonados de Tennov são duas
sensações esmagadoras: a esperança e a dúvida (Fisher, 1995). A timidez, o medo
da rejeição, a ansiedade e o desejo de reciprocidade, são outras sensações
importantes da paixão. Acima de tudo, há um sentimento de desamparo, uma
sensação de que essa paixão é irracional, involuntária, não-planejada e
incontrolável. Dessa forma, a paixão passa a ser um conjunto de intensas
emoções que se desencadeiam sobre as pessoas e as inundam, deixando-as à mercê
dos caprichos da outra pessoa, em detrimento de tudo o que os rodeia, incluindo
o trabalho, a família e os amigos. E este mosaico de sensações involuntárias só
está parcialmente relacionada ao sexo (Fisher, 1995). A paixão, ainda, pode ser desencadeada, em
parte, por um dos traços mais primitivos - o olfato. Cada pessoa tem um cheiro
diferente. Todos têm um odor pessoal, tão característico como a voz, as mãos, o
intelecto (Fisher, 1995). O corpo humano pode produzir os mais poderosos
afrodisíacos olfativos. Tanto os homens quanto as mulheres têm glândulas
apócrinas nas axilas, em volta dos mamilos e na virilha, que se tornam ativas
na puberdade. A secreção dessas glândulas difere daquela das glândulas ecrinas,
que se encontram na maior parte do corpo e produzem um líquido inodoro, porque
seu exudato, junto com as bactérias existentes na pele, produz o cheiro acre e
azedo da transpiração (Fisher, 1995). Os odores masculino ou feminino podem
provocar fortes reações físicas e psicológicas. O cheiro de um homem ou de uma
mulher podem trazer à tona muitas lembranças. Despertada a paixão, o cheiro da
pessoa amada, torna-se um afrodisíaco, um estímulo contínuo ao relacionamento
amoroso. Certo distanciamento é essencial para a paixão. Em geral, as pessoas
não se apaixonam por alguém que conhece bem. O mistério é muito importante para
o amor romântico. As dificuldades também parecem despertar essa loucura. É a
caçada. Se uma pessoa é difícil de ser conquistada, isso desperta o interesse
das outras. A ocasião também desempenha um papel importante na paixão. Via de
regra, sente-se atraído por pessoas similares, tendendo a procurar pessoas
semelhantes, o que os antropólogos chamam de união positiva entre iguais
(Fisher, 1995). É a constelação de fatores que aparecem de uma vez, incluindo o
momento oportuno, os obstáculos, o mistério, as semelhanças, um mapa amoroso
coincidente, e até os cheiros certos, que torna a pessoa suscetível a se
apaixonar. Esse violento distúrbio emocional que se chama paixão ou atração
pode começar com uma pequena molécula chamada feniletilamina, ou FEA. Conhecida
como a amina da excitação. A FEA é uma substancia existente no cérebro que
provoca as sensações de exaltação, alegria e euforia. No aspecto biológico, os impulsos são os
mesmos, com manifestações orgânicas concretas. A falta de controle desses
impulsos faz a diferença, influenciando os aspectos psicológico e social, muito
ligados. Na raça humana centros cerebrais superiores
dominam sobre os centros sexuais e o sexo reprodução muitas vezes se curva
perante a complexidade do sexo prazer e o do sexo amor. Os feromônios, certos odores nas fêmeas de
animais, começam a ser estudados na espécie humana e já se conhece um pouco
sobre uma detecção inconsciente dessas substâncias que estimulam a produção de
outras substâncias cerebrais como a ocitocina, na hipófise, responsável pela
produção de leite, contrações do parto e uma espécie de fome epidérmica: uma
agradável sensação desencadeada pelas carícias em qualquer região do corpo. A ocitocina facilita a ação dos feromônios
durante o contato mãe-bebê logo após a parto estabelecendo a memória olfativa.
Estas lembranças precoces ficam registradas de modo indelével na mente e vão
influenciar todos os relacionamentos futuros, funcionamento na sociedade e
capacidade de receber e dar carinho. Este argumento é reforçado pela psicologia
da evolução. Não há dúvidas que processos complexos como
as fantasias e palácios são mais relevantes no estabelecimento dos encontros e,
acima de tudo, o amor ágape é o grande amálgama divino indissolúvel pelo
imperfeito homem, mas uma reflexão é para que os casais redescubram as
agradáveis e inebriantes sensações proporcionadas pelos seus hormônios. O
excesso de aromas oriundos dos banhos aromáticos, óleos, perfumes podem
mascarar os feromônios. Portanto, não se deve subestimar ação hormonal: muitos
casais enfrentam desgastes relacionais profundos durante a gestação ou
menopausa por desconhecerem as alterações físicas provocadas pelos hormônios.
Jovens maridos, que tinham um relacionamento prazeroso, muitas vezes, sentem-se
desprezados durante a gestação pois as esposas já não parecem tão interessadas
neles. O casal se distancia e surgem mágoas. O problema é facilmente
superado quando informamos que a gestante fica com o desejo sexual diminuído
principalmente devido a elevação passageira da prolactina, um hormônio que
estimula a lactação. A resposta sexual é normal desde que o marido continue a
procurar a intimidade. Por isso, para o terapeuta familiar Robert Neuburger, a
paixão altera a percepção da realidade por causa do o abandono da vigilância.
Segundo ele, a paixão invade, pode fazer com que a pessoa negligencie os
filhos, o trabalho, tudo. A paixão se organiza dentro da ansiedade e da
urgência. O sentimento primordial é a necessidade absoluta do outro. E
esse estado precede o encontro com a pessoa que vai se transformar no objeto da
paixão. Corresponde à necessidade de se sentir vivo. Geralmente, as pessoas se
apaixonam quando estão se sentindo mal, insatisfeitas consigo mesmas e com os outros.
Nessas situações, uma paixão faz a pessoa sentir que está vivendo intensamente.
Claro que não se pode negligenciar a escolha da pessoa por quem se vai ficar
apaixonado, mas o mecanismo passional vem antes. É acionado quando se começa a
desejar algo que traga uma nova energia vital. A paixão toca no que existe de mais profundo
na existência de cada um. É uma autoterapia excelente e um antidepressivo muito
eficaz, vez que ela está ligada à vida e à morte. Ter amado passionalmente
permite aceitar a morte. Mas não se deve ultrapassar a dose. Há um aspecto
mortífero na paixão. Os apaixonados tendem a ir além de suas forças, com uma
percepção alterada da realidade. O resto do mundo não existe mais, e isso não
pode durar para sempre. Depois, tudo vai depender da maneira como a pessoa
aterrissa: devagarinho, com lembranças maravilhosas, ou com amargor e
arrependimento. A menos que a paixão se transforme em amor duradouro. O namoro, por exemplo, é um dos modos que o
ser humano encontrou no decorrer de sua existência para descobrir-se como ser
sensível, capaz de trocar emoções, sentimentos, carícias, em relação a si mesmo
e ao outro. É um fenômeno conhecido por todos, podendo ser
"rapidinho" descompromissado, como o "ficar", ou duradouro,
envolvendo compromissos até de fidelidade. A adolescência materializa e demarca
o seu aparecimento. E a morte, o seu fim. Com isso, diz-se que o ato de
cativar, inspirar amor, atrair, namorar, só cessa com a finitude: a morte.
Ocorre por infinitas razões: atração sexual, afinidades, paixão, curiosidades,
carência afetiva, medo de ficar só entre tantos outros motivos, até buscando
vivenciar essa forte emoção. O enamoramento é um estado de ser, que lança a uma
experiência extraordinária, transgressora. Graças à transgressão desencadeada
pela força de Eros, o deus do amor e do movimento para a mitologia grega, a
libido para a psicanálise, encontra-se o fenômeno da mestiçagem entre os mais
variados tipos étnicos. Nesses momentos de enamoramento, os envolvidos se
percebem possuídos por uma emoção, uma força nascente, uma revelação diante do
objeto de desejo, que os mobilizam a um renascimento, a uma redescoberta
física, sexual, emocional e psíquica. É que a paixão tende a superar a
diversidade existente entre as duas pessoa, razão de ser do próprio desejo. O
interesse pelo outro está focado no que o apaixonado atribui ao outro de
diferente. Assim, passa-se a atribuir ao eleito do desejo uma qualidade
singular, o que é revelado pela intensidade e intimidade erótica que adquirem o
seu gesto, seu toque, seu cheiro e suas carícias. Carícias erotizam para sempre
o corpo. Nesses momentos, o desejo de estar no corpo do outro permite mergulhar
no fantástico mundo da criatividade, liberar os horizontes do imaginário e,
numa viagem sem fronteiras, possibilitar à pessoa amada o seu desvelar. Essa
viagem de descoberta é vivida a dois, pois, ao permitir o desvelar-se da pessoa
amada, desvelam-se também diante dela. Nessa fusão se completam e, por
instantes, experimentam a eternidade. São momentos de beleza incontestável . O
êxtase, a magia se presentificam. Outro aspecto interessante do enamoramento é
a percepção alterada da duração do tempo: as horas passam em minutos e os
minutos estendem-se como se fossem horas. O encontro ocorre quando os dois
conseguem operacionalizar o tempo. Há, portanto, uma preparação criativa, uma
predisposição para viver o extraordinário, as festas, os espetáculos não
ocorrem todos os dias. Nessa fantástica e instável caminhada existencial, Eros
mostra-se sempre paradoxal: não oferece certezas e tampouco garantia de
estabilidade, e continuidade. Ao se permitir viver o processo de enamoramento,
portanto, estão-se expostos a serem invadidos por fortes ventos que, por certo,
irão desestabilizar a fusão , e a tão sonhada completude , que se atribui ao
outro o poder de possibilitar-se a viver. Afinal, sonhos são estados de ser dos
mortais. Com certeza: um consolo, um prêmio pela nossa condição de mortais. A
sedução é o ponto de partida para se atingir a paixão. O outro completa, atrai e,
a partir daí inicia a paixão. A palavra sedução é muitas vezes, utilizada
com uma conotação negativa. No entanto, dentro de certos limites, a sedução é
um processo normal e desejável nos relacionamentos humanos. A sedução é um jogo
que tem como principal característica a formação de um sentimento diferente de
todos os outros, que vai prendendo o seduzido sem que ele perceba. Existem,
pois, diferentes maneiras de se praticar a sedução, como: fingir que não está
percebendo a intenção do outro ou fingir preferências comuns. Na realidade o
apaixonado não busca o outro, busca a si mesmo. O olhar sedutor transcende os
limites do simples olhar, é um olhar colorido, cheio de promessas. Todo
ser humano de uma maneira ou de outra se sente incompleto e deseja buscar em
outra pessoa o que lhe falta. A paixão, a sedução, não se liga a matemática,
não tem idade. A intensidade da emoção sentida durante a fase da paixão, por si
só justifica qualquer conseqüência negativa sofrida mais tarde. A paixão da
qual nasce o ciúme é o desejo de posse. É fato estranho que a emoção mais
sublime conhecida pelo homem, e, bem asism, pelo animais, é o amor. As maiores
coisas realizadas pelo homem, são feitas devido aos impulsos do amor. Contudo,
o própiro amor pode criar expressões de duas paixões muito opostas, a saber, a
paixão de dar e partilhar aquilo que se ama, e a paixão de possuir e controlar
a coisa amada. O amor é uma experiência consumptiva.
Mergulha-se euforicamente nesta deliciosa tortura onde freqüentemente é difícil
manter a concentração. Outros estudiosos identificaram algumas
substâncias responsáveis pelo amor: dopamina, feniletilamina e ocitocina. Estes
produtos químicos são todos relativamente comuns no corpo humano, mas são
encontrados juntos apenas durante as fases iniciais do flerte. Ainda assim, com
o tempo, o organismo vai se tornando resistente aos seus efeitos e toda a
loucura da paixão desvanece gradualmente, quando a fase de atração não dura
para sempre. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de educação sexual. Curitiba: Educacional Brasileira, 1979
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Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979
WATTS, Alan. O homem, a mulher e a natureza.
Rio de Janeiro: Record, 1958.
PENSAMENTO DO DIA - É
no coração do homem que residem o fim e o princípio de todas as coisas. Pensamento
do escritor russo Liev Tolstói (1828-1910). Veja mais
aqui.
MISCIGENAÇÃO - [...] da miscigenação resultou a configuração do quadro étnico, do
patriarcalismo como extensivo e neste, da preferente escolha do homem, de
mulher mais clara do que ele, assim resultando um progressivo “branqueamento”
da nossa população [...]. Trecho extraído da obra Religião e relações raciais (MC, 1956), do médico, antropólogo e
professor René Ribeiro (1914-1990).
ESCOLA & TRABALHO - [...] O trabalho na escola, enquanto base de educação deve estar ligado ao trabalho
social à produção, a uma atividade concreta socialmente útil, sem o que
perderia seu valor essencial, seu aspecto social, reduzindo-se de um lado, à
aquisição de algumas normas técnicas, e, de outro a procedimentos metodológicos
capazes de ilustrar esse ou aquele detalhe de um curso sistemático. Assim, o
trabalho tornaria anêmico, perderia sua base ideológica. [...]. Trecho da
obra Fundamento da escola do trabalho
(Expressão Popular, 2003), do educador russo Moisey Mikhaylovich Pistrak
(1888-1940), propondo a transformação da escola burguesa em uma escola
revolucionária, para tanto torna-se importante desconstruir a escola de então e
recomeçar uma escola nova, considerando que os homens que não cultuem o
passado, para que desalienados possam criar o futuro.
JECA TATU – Jeca
Tatu é um piraquara do Paraiba, maravilhoso epítome de carne onde se resumem
todas as características da espécie. Ei-lo que vem falar ao patrão. Entrou,
saudou. Seu primeiro movimento após prende3r entre os lábios a palha de milho,
sacar o rolete de fumo e disparar a cusparada d’esguicho, é sentar-se jeitosamente
sobre os calcanhares. Só então destrava a língua e a inteligência. – Não vê
que... De pé ou sentado as ideias se lhe entramam, a língua emperra e não há de
dizer coisa com coisa. De noite, na choça de palha, acocora-se em frente ao
fogo para “aquentá-lo”, imitado da mulher e da prole. Para comer, negociar uma
barganha, ingerir café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posição será
desastre infalível. Há de ser de cócoras. Nos mercados, para onde leva a
quitanda dominguera, é de cócoras, como um faquir do Bramaputra, que vigia os
cachimbos de brejaúva ou o feixe de três palmitos. Pode Jeca Tatu! Como és
bonito no romance e feio na realidade! Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca
filósofo... Quando comaprece às feiras, todo mundo logo adivinha o que ele traz
sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de
espichar a mão e colher – cocos de tucum ou jissara, guabirobas, bacuparis,
maracujás, jataís, pinhões, samburás, tipitis, pios de caçador; ou utensílios
de madeira mole – gamelas, pilõezinhos, colheres de pau. Nada mais. [...]. Trecho
extraído da obra Jeca Tatu
(Brasiliense, 1972), do escritor Monteiro Lobato (1882-1948). Veja mais
aqui.
LINGUA & LIBERDADE – [...] Naturalmente, há variantes de gramática, conforme o grau de cultura ou
nivel sociocultural do falante; mas todas elas, mesmo de nível mais baixo, são
completas em si, dispoem de todos os elementos de que as pessoas necessitam
para fazer frases e comunicar-se. Trecho extraído de Lingua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu
ensino (L&PM, 1985), do professor, gramtico, filólogo, linguista e
dicionarista Celso Pedro Luft
(1921-1995).
REFLEXÃO Nº 1 – Ninguém
sonha duas vezes o mesmo sonho / ninguém se banha duas vezes no mesmo rio / nem
ama duas vezes a mesma mulher / Deus de onde tudo deriva / é a circulação e o
movimento infinito, / ainda não estamos habituados com o mundo. / Nascer é muito
comprido. Poema extraído da obra Antologia
poética (Fontana, 1976), do poeta e prosador do Surrealismo brasileiro, Murilo
Mendes (1901-1975). Veja mais aqui, aqui e aqui.
VEJA MAIS
Padre
Bidião, Edmund Husserl, Carl Sandburg, Dalton
Trevisan, Caio Fernando Abreu, Zé Barbeiro, Obviedades cínicas, Ignacio
Zuloaga Zabaleta, Pauline Réage, Corinne Cléry, Pilar Quintana & Ísis
Nefelibata aqui.
Juana de
Ibarbourou, Camille Claudel, Ornette Coleman, Otto Maria Carpeaux, Iacyr
Anderson Freitas, Johann Kaspar Füssli & Juliette Binoche aqui.
&
AS PREVISÕES DO DORO:
GEMEOS (21 de maio – 20 de junho) -Considerações iniciais: para você mercuriana amiga mutante mutável de ar nascida no terceiro signo astrológico do zodíaco e que é inteligente, comunicativa, flexível, generosa e imaginativa e que está careca de saber que uma hora está no céu, outra hora no inferno – escolha, minha filha: ou o papeiro da Cinderela ou o cafôfo da Esmeralda, ou uma ou outra, viu? -, este ano, segundo o apedeuta haríolo Doro, será mais um ano de aprendizado e superação – mais superação que aprendizado se você conseguir chegar ao podium. E vice e versa. Ou não. Inicialmente este sacripanta enrolão chama atenção para o fato de você, amiga, em si mesma, na mesma hora e o tempo todo reunir em sua natureza interior as duas babilônicas irmãs inimigas, Inanna e Ereshklgal. Você, como para os zoroastristas, é ao mesmo instante também Ahura-Mazdâ, o Ormuzd que é o princípio da luz, como Angra Mainyu, o Ahriman que é o espírito da escuridão. Ou mesmo ainda como os romanos Remo e Rômulo que se atacam mutuamente. Eita, boba-torreiro, hem! Por causa desse mitologema, você ora é positiva, ora negativa, se auto-enlouquece, reapruma e se infinca nos embates de sua própria doidice, dilema e anátema. Além do mais, lembre-se que Mercúrio, segundo Carl Jung, é aquele misterioso que uma hora é destrutivo, noutra é hábil e quando menos se espera é terrível, e sempre é ambíguo e fértil. Uma droga, né? Em resumo: você é uma porralouca mesmo, hem! E tataritaritatá. Por outro lado, o seu anjo da guarda é o arcanjo dedicado e abnegado Rafael, aquele que extrai a sagrada essência dos deuses-pais Hélios e Vesta e que dedicou sua vida ao serviço de curas nos templos de luz. Ele protege as emanações de vida insuflando amor, constância e sabedoria na sua missão. Por isso e outras mais, durante este ano não vá fazer papagaiada à toa. Não adianta dar uma de Nicole Kidman, nem você é o beatle Paul Mc Cartney. Não se engane, aterrize e mãos à obra. Como durante o ano passado você se enterrou à la Rubens Barrichello, este ano prevalecerá a força do orixá Exu, o deus mensageiro que é o seu Ori, ou seja, sua cabeça espiritual. Por isso, evite sair com a sirene ligada no maior desatino como condição de vida ou morte. Lembre-se mais: está tomando banho de bica; escorregou, alguém passou a pica, ora, seja um exemplo de simpatia e bota a bola pra rolar na vida, minha filha! Em junho, você sai da lona. Depois do mais aperrioso inferno astral, você vai respirar aliviada. Lembre-se de lavar todas as calcinhas com saponáceo porreta para desinfetar as cagadas todas, viu? Em julho a coisa vai se alinhar para você. Use de sua simpatia, de seu prestígio e suas artimanhas. Aponte pro alvo e diga: quero lá. E vá. Em agosto administre as vitórias e conquistas. Todo cuidado é pouco: o que leva um ano para construir, leva menos de um segundo para se destruir. A vida passa. Em outubro é a hora de você começar a pagar os tributos das conquistas. Será o mês que você deverá compartilhar com todos, de dragões a ogros, tudo que conseguiu na vida. Um detalhe: não vá dar tudo de si, afinal, você pode não sobrar nem o palito, viu? Em novembro chega a hora de você se preparar para o ano vindouro. Dois meses é muito pouco para se preparar para o que vem em 2013. Dedique-se e não vacile: quem avisa, amigo é.
AMOR – Já dizia Djavan “O amor é um grande laço, um passo pruma armadilha”... como Djavan não é geminiano, use o Chico Buarque: “O meu amor tem um jeito manso que é só seu...”. E para você que entende que a distância entre amar e desamar é um fiapinho de nada, um cabelinho de sapo, cuidado! Ouça as lições de Marquês de Sade: você pode se estrepar! É que podem infiar tudo sem dó nem compaixão: empurrando sem cuspe no aro melado de areia. Então, você que é uma Marilyn Monroe por essência, mas que é acometida de conflitos pela sua dualidade – afinal, é ou não é? -, nunca desabe quando algo não der certo. Saia por cima e cante Dolores Duran: “A gente briga diz tanta coisa que não quer dizer...” e assuma o seu castigo. Enfim, se você quer um homem pra chamar de seu, que esse homem seja eu. E como você é chama acesa, lembre-se que sua carta no Tarô da Deusa em 2016 é a Druantia. Sabe o que significa? Loucura a dois e muito sexo, sexo, sexo. Para isso, toda segunda-feira Júpiter vai influenciar e você deve estar vestida num roupãozinho sensual de seda lilás, pronta para realizar a simpatia do amor arrombante. Conhece? Essa simpatia é na medida para os que têm a libido acesa e que pratica deliciosamente a todo instante e com as mãos na cabeça. Se for o seu caso – ou não -, é o seguinte: pegue uma ferradura e junte com 1 pedra de Ágata e 1 Hematita. Ajunte tudo e comece rezando a reza da Santa Rameira da Lua Grande. Depois se ajoelhe e reze a oração da Santíssima Meretriz do Ar de Tataritaritatá. Quando terminar, reze 10 pais-nossos, 20 ave-marias e 50 creio-em-deus-pai dedicado aos santos Cosme e Damião. Ao findar, junte a tranqueira toda numa flanela verde e ponha tudo no cós da saia. Esta simpatia vai garantir a realização de todas as suas fantasias sexuais com o homem de sua vida. Garanto, não tem enrolada. Você não vai sonhar com William Bonner e se acordar com um Brucutu, nada disso! È tiro e queda! E se chegar a passar 3 dias sem molhar o biscoito, tenha cuidado: o queijo quando sobe, o quengo não funciona bem de jeito nenhum porque o juízo fica dando curto-circuito.
Imagem: Marte e Vênus, de Agostino Carracci. TRABALHO - Como você precisa de mudanças constantes e de muita movimentação, não pense que a vida é uma moleza como se parece ser numa expedição de Jacques Cousteau o tempo todo. Tudo é a maior moedeira. Seja determinada e, à guisa de ilustração, uma historinha dos Polideuces: Castor e Pólux. Um era guerreiro, forte e impositivo, enquanto o outro era músico, delicado e sensível. Ambos brigavam muito por suas diferenças. Quando Castor morreu numa batalha, seu irmão Pólux pediu ao pai Júpiter que desse a vida novamente ao morto. Tocado pelos laços de união que ligavam os irmãos, o deus fez com a imortalidade de um fosse compartilhada pelo outro. E assim alternou diariamente entre eles a vida e a morte. Moral da história: o alcagüete nunca é bem visto por ninguém, mas todo mundo comete. Por isso não vá fazer dos outros lata de lixo nem vá despejar suas incoerências e derrotas na cacunda dos outros, saiba que o seu principal inimigo está dentro de você mesma. E como você que é metida às Havaianas, recuse imitações. Inclusive as suas, pois, isto serve para você.
SAÚDE – a sua saúde vai muito bem, obrigado. Convém tomar alguns cuidados. Não vá fazer merda feito Fernando Henrique Cardoso e achar que o que é dos outros é seu, viu? Dar o que é dos outros é muito perigoso, um dia vão querer o seu também. Controle suas emoções, os seus componentes intrapsíquicos e a sua oscilação de humor: não vá da depressão à euforia ou vice-e-versa ciclicamente, ora. Dê uma de Che Guevara e vá curtindo Miles Davis. Afinal, sorrir ainda é o melhor remédio. E faça sexo sempre.
VIDA - Sua vida não é uma tragédia como a de Anne Frank. E pra descer, minha filha, todo santo ajuda. Então, pegue um bigú e não se autoenlouqueça feito a Britney Spears e nem vá seguir as recomendações evangélicas do missionário R. R. Soares. Se a coisa ficar preta, ora, uma saída com o cachimbo do Pererê: um peidinho e fim de festa. Levanta a moral, sacode a poeira, dar uma rabissaca e parte para outra. Fé em deus e pé na taboa. Quando a dificuldade apertar, dê uma de Robinho: saia pedalando. Um recado: fuja de gente falsa e invejosa. Toda quarta-feira é conveniente que chame por Rafael: nas orações, no megafone, no microfone, qualquer trombone, onde puder! Então, toda quarta pegue 1 turmalina verde, 1 vela verde, 1 incenso de lavanda verde, 1 talismã chinês – de preferência, verde! -, 1 borboleta (verde!) e comece rezando pro seu Erê: o Ibeji. Depois que ficar verde de reza, agradeça a deus antecipadamente. Outra coisa: mentira tem pernas curtas. Não vá se achar a rainha da cocada preta, você não é Alanis Morissete, nem Angelina Jolie Tudo se esclarecerá quando você descobrir que a porteira do mundo é um quadro de Gustav Courbet. Isto acenderá a porralouquice inspirada no Jean Paul Sartre em você e, para amenizar, recite um poema de Fernando Pessoa ou de Federico Garcia Lorca, curta Richard Wagner ou Robert Schumann, afinal, você também é filha de deus. O que? Ah, deixa pra lá, não é conveniente ficar perguntando por tudo, né? E não se esqueça de fazer a simpatia da virada do ano. E também de votar em mim nas próximas eleições, senão eu faço um despacho para você de você ficar encangada de cabeça pra baixo nos quintos dos infernos, viu? Assinado, Doro.
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