ORGANIZAÇÕES
MECÂNICAS VERSUS ORGÂNICAS - Após
haver efetuado leitura sobre os capítulos "Mecanização
assume o comando: as organizações vistas como máquinas" e "A natureza entra em cena: as
organizações vistas como organismos", do livro "Imagens da Organização", de Gareth Morgan, efetuo as
seguintes considerações a respeito. Inicialmente o autor aborda sobre o
mecanicismo, alegando que a máquina assumiu, ao longo dos anos, importante
papel quando sua utilização aumentou o limiar das habilidades produtivas e
moldaram quase todos os aspectos da vida humana. Com a máquina, o trabalho
tornou-se rotinizado, eficiente, confiável e previsível, passando-se a esperar
que as pessoas reproduzissem suas atividades em determinada hora e
desempenhassemm um conjunto predeterminado de serviços de forma repetitiva,
ocorrendo, então, a introdução de uniformidade, de extensão e de padronização
dos regulamentos, com especialização crescente das tarefas; o uso de
equipamento padronizado; a criação de linguagem de comando e o treinamento
sistemático que envolvia exercício de guerra e disciplina. Considerando a
organização como um processo racional e técnico, a imagem mecanicista tende a
subvalorizar os aspectos humanos da organização, como também a ver
superficialmente o fato de que as tarefas enfrentadas pelas organizações são,
muito freqüentemente, mais complexas, imprevisíveis e difíceis do que aquelas
que podem ser desempenhadas pela maioria das máquinas. As forças mecanicistas
da organização funcionam quando: existe uma tarefa contínua a ser desempenhada;
o ambiente é suficientemente estável para assegurar que os produtos oferecidos
sejam os apropriados; se quer produzir sempre exatamente o mesmo produto; a
precisão é uma meta; e as partes humanas da máquina são submissas e comportam-se como foi planejado que façam. As organizações
estruturadas de forma mecanicista têm maior dificuldade de se adaptar a
situações de mudança porque são planejadas para atingir objetivos
predeterminados; não são planejadas para a inovação. A organização mecanicista
da organização tende a limitar, em lugar de ativar o desenvolvimento das
capacidades humanas, modelando os seres humanos para servirem aos requisitos da
organização mecanicista em lugar de construir a organização em torno dos seus
pontos fortes e potenciais. Os enfoques mecanicistas da organização tem se
comprovado incrivelmente populares, em parte devido à sua eficiência no
desempenho de certas tarefas, mas também devido à habilidade que têm de
reforçar s sustentar padrões particulares de poder e controle. Com o
mecanicismo vem a teoria da administração clássica e da administração
científica. Postulantes dessas idéias advogam
firmemente a burocratização, devotando as suas energias à identificação de
princípios pormenorizados e métodos através dos quais esse tipo de
administração poderia ser atingido. Enquanto os teóricos clássicos em
administração focalizavam a sua atenção ao planejamento da organização total,
os científicos visavam o planejamento e à administração de cargos individualizados.
A teoria clássica trata do planejamento das organizações burocráticas. Henry
Fayol, F. W. Mooney e Cel. Lyndall Urwick, interessavam-se por problemas
práticos de administração e procuravam sistematizar as suas experiências a
respeito das organizações de sucesso para que fossem seguidas por outros. Para
eles a administração é um processo de planejamento, direção, coordenação e
controle. Utilizavam por base uma combinação de princípios militares e de
engenharia. Possuía um padrão de cargos precisamente definidos e organizados de
maneira hierárquica através de linhas de comando ou de comunicação. Projetavam
organizações como se projetassem máquinas. Visavam uma operação tão precisa
quanto possível dentro de padrões de autoridade, procurando assegurar que,
quando os comandos fossem expedidos de cima da organização, deveriam fluir
através da organização de forma precisamente determinada, para também criar um
efeito precisamente determinado. Esses princípios são básicos tanto à
burocracia centralizada, como à forma modificada, encontrada na organização
departamentalizada e na qual as várias unidades são autorizadas a operar de
maneira semi-autônoma, sob uma supervisão e controle mais gerais do que
específicos por parte daqueles que, em última análise, detêm a autoridade
final. Reconheceram a necessidade de conciliar os requisitos contraditórios da
centralização e da descentralização para preservar uma flexibilidade apropriada
nos diferentes setores de grandes organizações. Sugerem que as organizações
podem ou devem ser sistemas racionais que operam de maneira tão eficiente
quanto possível. Reconheceram que era importante atingir um equilíbrio ou
harmonia entre os aspectos humanos e técnicos da organização, especialmente
através dos procedimentos apropriados de seleção e treinamento, mas a sua
principal orientação foi fazer com que os seres humanos se adequassem às
exigências da organização mecanicista, utilizando-se de técnicas
administrativas do tipo: APO, PPBS e SIG's. A administração científica teve em Frederick Taylor o seu maior expoente e maior
inimigo do trabalhador. Os princípios de sua administração científica
ofereceram a base para o modo de trabalhar por toda a primeira metade do século
passado, predominando até hoje. Os seus princípios básicos são: 1. Transfira
toda a responsabilidade da organização do trabalho do trabalhador para o
gerente; os gerentes devem pensar a respeito de tudo o que se relaciona com o
planejamento e a organização do trabalho, deixando aos trabalhadores a tarefa
de implementar isso na prática; 2. Use métodos científicos para determinar a
forma mais eficiente de fazer o trabalho; planeje a tarefa do trabalhador de
maneira correta, especificando com precisão a forma pela qual o trabalho deva
ser feito; 3. Selecione a melhor pessoa para desempenhar o cargo, assim
especificado; 4. treine o trabalhador para fazer o trabalho eficientemente; 5.
fiscalize o desempenho do trabalhador para assegurar que os procedimentos
apropriados de trabalho sejam seguidos e que os resultados adequados sejam
atingidos. Ao aplicar esses princípios, Taylor defendeu o uso de estudos de
tempos e movimentos como meio de analisar e padronizar as atividades de
trabalho. Tornando os trabalhadores servidores ou acessórios das maquinas,
completamente controlados pela organização e pelo ritmo de trabalho. Os cinco
princípios de Taylor levam ao desenvolvimento de
"escritórios-fábrica" nos quais as pessoas desempenham
responsabilidades fragmentadas e altamente especializadas, de acordo com um
sistema complexo de planejamento de trabalho e avaliação de desempenho.
Enquanto acelera a substituição de habilidades especializadas por trabalhadores
não qualificados. O sistema de Taylor racionalizava o ambiente de trabalho para
que este pudesse ser tocado por trabalhadores substituíveis. A teoria da
administração clássica e a administração científica foram, cada uma delas,
lançadas e vendidas aos administradores como a melhor maneira de organizar.
Exemplos de modelos tayloristas atuais são as franquias, principalmente a
McDonald's, centralizando o planejamento e o desenvolvimento de produtos ou
serviços e descentralizando a implementação de maneira altamente controlada. Por
outro lado, as empresas que se modelam orgânicas são concebidas como sistemas
vivos, que existem em um ambiente mais amplo do qual dependem em termos da
satisfação das suas várias necessidades, atuando em áreas mais competitivas e
turbulentas, tais como empresas de alta tecnologia, nos campos aeroespacial e
microeletrônica. Ela emergiu nos últimos 50 anos, inspirada na biologia, na
qual as distinções são colocadas entre moléculas, células, organismos
complexos, espécies e ecologia são colocadas em paralelo com aquelas entre
indivíduos, grupos, organizações, populações de organizações e a sua ecologia
social. Surgiam as organizações enquanto sistemas abertos com: objetivos,
estruturas e eficiência ficam em segundo plano em relação aos problemas da
sobrevivência e outras preocupações mais biológicas. A teoria emergiu apoiada
na idéia de que indivíduos e grupos, da mesma forma como os organismos
biológicos, atuam mais eficazmente somente quando as suas necessidades são
satisfeitas. A idéia de integrar as necessidades individuais e organizacionais
transformou-se numa poderosa força, e psicólogos organizacionais como Chris
Argyris, Frederick Herzberg e Douglas McGregor, começaram a mostrar como as
estruturas burocráticas, os estilos de liderança e a organização do trabalho de
maneira geral poderiam ser modificados para criar cargos enriquecidos e
motivadores que encorajariam, as pessoas no exercício de suas capacidades, de
autocontrole e criatividade. Foi feito com que os empregados se sentissem mais
úteis e importantes, dando a eles cargos significativos, bem como autonomia,
responsabilidade e reconhecimento tanto quanto possível; o enriquecimento do
trabalho combinado com um estilo de liderança mais participativo, democrático e
centrado no empregado. Ao se planejar ou administrar qualquer tipo de sistema
social, deve-se ter em mente a interdependência entre a parte técnica e as
necessidades humanas. Quando se reconhece que os indivíduos, os grupos e as
organizações têm necessidades que devem ser satisfeitas, a atenção volta-se
para o fato de que isto depende de um ambiente mais amplo a fim de garantir
várias formas de sobrevivência. Este é o enfoque sistêmico de Ludwig von
Bertalanffy, fundamentando-se no princípio de que as organizações, como os
organismos estão abertos ao seu meio ambiente e devem atingir uma relação
apropriada com este ambiente caso queiram sobreviver. Bertalanffy concebeu os
princípios da Teoria Geral dos Sistemas como um meio de interligar diferentes
disciplinas científicas. Diversos conceitos foram desenvolvidos a partir da
visão orgânica da organização, tais como o conceito de homeostase, que diz respeito
à auto-regulação e à capacidade de conservar um estudo equilibrado, regulando e
controlando o funcionamento do sistema e tomando por base a retro-alimentação
negativa, segundo a qual um desvio da norma engendra ações destinadas a
corrigi-lo; o princípio da eqüifinalidade, parte da idéia de que num sistema
aberto podem existir numerosos meios diferentes de se atingir um estado final;
o enfoque sociotécnico do trabalho, que enfatiza a importância de balancear os
requisitos humanos e técnicos; a teoria dos sistemas abertos, encorajando mais
genericamente o balanceamento de subsistemas; a teoria da contingência e da
prática do desenvolvimento organizacional, definindo os sistemas abertos que
necessitam de cuidadosa administração para satisfazer e equilibrar necessidades
internas, assim como adaptar-se a circunstâncias ambientais, além de advogar
que não existe a melhor forma de organizar. A forma adequada, portanto, depende
do tipo de tarefa ou do ambiente dentro do qual se está lidando; a utilização
da adhocracia, termo cunhado por Warren Bennis para caraterização organizações
que são por definição temporárias, aproximando-se da forma de organização
orgânica de Burns e Stalker, como uma forma altamente adequada para o
desempenho de atividades complexas e incertas em ambientes turbulentos; a visão
da população-ecologia da organização, colocando a teoria da evolução de Darwin
exatamente no centro da análise organizacional. Assim, esclarece o autor, que
as organizações como organismos da natureza, dependem, para sobreviver, da sua
habilidade de adquirir adequado suprimento de recursos necessários aos
sustentos da existência. Como a evolução ocorre através da modificação de
membros individuais de uma espécie, os ecologistas populacionais argumentam que
é mais importante compreender a dinâmica evolutiva no nível da população. Ambas
as visões da população-ecologia e contigencial concebem as organizações como
existindo num estado de tensão ou de luta com os seus ambientes. Ambas presumem
que as organizações e os ambientes sejam fenômenos separados. Concluindo a
perspectiva de Garreth Morgan, uma organização eficaz depende de se encontrar o
equilíbrio ou a compatibilidade entre estratégia, estrutura, tecnologia,
envolvimento e necessidades das pessoas, bem como do ambiente externo, seja ela
mecanicista ou orgânica. A forma adequada, portanto, depende do tipo de tarefa
ou do ambiente dentro do qual se está lidando. A administração deve estar
preocupada acima de tido em atingir boas medidas. Resumidamente, estas são as
principais ideias que se encontram articuladas e subjacentes ao enfoque
contingencial da organização. Veja
mais aqui e aqui.
Imagem: Female nude, do pintor suíço Émile
Chambon (1905-1993).
Curtindo o álbum Padre Antonio Soler: Fandangos & Sonates (Transart,
2010), da pianista argentina Marcela
Roggeri. Veja mais aqui.
EPÍGRAFE – Quando
um só homem atinge a plenitude do amor, neutraliza o ódio de milhões, frase
atribuída a Mohandas Karamchand Gandhi (1869-1948), o grande Mahatma Gandhi que foi o idealizador e
fundador do moderno Estado indiano atuou como advogado na África do Sul
defendendo a minoria hindu e liderando a luta de seu povo por seus direitos.
Veja mais aqui, aqui e aqui.
PROBIDADE
ADMINISTRATIVA – A Lei
Federal n.º 8.429, de 02/06/1992, a Lei de Improbidade Administrativa,
apelidada também de "Lei do Colarinho Branco", é o diploma de
normação das diversas formas de improbidade administrativa. A improbidade
administrativa é o designativo técnico e jurídico para a chamada corrupção e má
gestão administrativa, que, sob diversos tipos de ação e omissão dos agentes
públicos, promove o desvirtuamento da condução das coisas públicas, afrontando
os princípios constitucionais que regulam a atuação da administração pública,
em especial aqueles previstos no art. 37 da CF. A probidade administrativa na
gestão do patrimônio público, que abrange, não só os bens e direitos de valor
econômico (erário) mas também de valor estético, histórico ou turístico,
espécie de interesse difuso, pois bem de todos indivisível, cuja violação afeta
a sociedade em geral. A probidade administrativa, princípio constitucional,
intimamente relacionado com os princípios fundamentais da legalidade e da
moralidade, significa, pois, a honestidade, a decência, a honradez no trato do
patrimônio público. Veja detalhes aqui e aqui.
ARTISTA
DO CORPO – No livro A artista do corpo (Companhia das
Letras, 2001), do escritor, dramaturgo e ensaísta estadunidense Don DeLillo, trata sobre uma praticante
de body art que se refugia num casarão distante, onde encontra um homem
misterioso capaz de imitar seu marido que é cineasta e que havia se suicidado.
Da obra destaco o trecho: [...] À noite
ela ia até a porta do quarto dele e ficava vendo-o dormir. Ficava ali uma hroa
e depois se conectava com a internet para ver os carros começando a surgir na
estrada de duas pistas por onde se entrava e saída de Kotka, na Finlândia,
ficava olhando até que ela própria conseguisse dormir, finalmente, com o nascer
do dia nórdico. [...]. Veja mais aqui.
MEU
AMOR – Entre os poemas
da poeta e editora do blog Meus Poemas, Gena
Maria, destaco o seu belíssimo Meu amor: Meu amor, sei que pensa em me deixar / mas,um dia vai voltar
arrependido do que me fez / e pedindo perdão por sua ingratidão / Mas, agora
que me quer distante / e pensando em me deixar... / Vejo, que já chorei um mar
de lágrimas / E deixei de lado minhas mágoas / só por que te amo demais! / Saiba
amor, que não sei viver sem você / Nada serei se me deixar... / E depois de
tudo que vivemos / Do imenso amor que tivemos / Não desejo que se arrependa / Pois,
fiz da minha vida a sua / E antes que seja tarde, volte / e entenda que de tudo
farei / para que sejas feliz! Veja mais aqui.
MEMÓRIA
DA ÁGUA – Em 2002, tive
a oportunidade de assistir no Teatro Alfa, em São Paulo, à montagem do
espetáculo Memória da Água, de Shelagh Stephenson, dirigido por Felipe Hirsch,
contando a história de três irmãs que lembram seus laços durante o funeral da
mãe, quando o reencontro, com evocações e cobranças, ambientado em uma pequena
cidade do litoral inglês, possui o mesmo poder da água que sempre retem e
depois dissolve as substancias nela colocadas. O destaque do espetáculo ficou
por conta das atrizes Andrea Beltrão,
Eliane Giardini e Ana Beatriz. Veja mais aqui e aqui.
QUEM
SABE? – A comédia
dramática Quem sabe? (2001), do do cineasta francês Jacques Rivette,
conta a história que envolve um diretor de teatro e sua amante e estrela que se
veem enredados numa complexa trama de amores novos e antigos, enquanto a peça
na qual trabalham – Como me queres, de Pirandello – faz uma carreira
desastrosa. O destaque do filme fica por conta da atuação da atriz e cantora
francesa Jeanne Balibar. Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Todo dia é
dia da atriz e cantora
francesa Jeanne Balibar.
VEJA MAIS:
Pietro Ubaldi, Eça de Queiroz, Joni Mitchell, Molière, Publílio Siro, Bernardo
Bertolucci, Thandie Newton, Giovanni Battista Tiepolo & Meimei Corrêa aqui.
João Guimarães Rosa, Mstislav Rostropovich, Maria
Helena Kühner, Affonso Romano de Sant´Anna, Marilda Vilela Yamamoto, Roberto Farias, Albert Marquet & Gloria Swanson aqui.
Lição pra ser feliz, Brincarte do
Nitolino, Rajneesh, Graciliano Ramos, Fernando
Pessoa, Adriana Calcanhoto, Aristófanes,
Buster Keaton, Victor Gabriel Gilbert & Mikalojus Konstantinas Ciurlionis
aqui.
CRÔNICA
DE AMOR POR ELA