
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje
na Rádio Tataritaritatá especiais com a música do
compositor japonês Tōru
Takemitsu (1930-1996): Archipelago, Nostalghia & Qotation of dream
– Say sea, take me; da pianista, solista e camerista Maria Helena de Andrade: Piano, A seguida de Francisco Mignoni,
Concerto nº2 de Beethoven & do Clássico ao Choro; do violonista,
compositor, cantor e professor Paulinho
Nogueira (1927-2003): Antologia do Violão, Violão & Samba, O Fino do
Violão & A nova bossa é violão; e da cantora e compositora Isabella Taviani: Eu Raio X ao vivo
& outras músicas. Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...]
O lirismo
encontrado nas canções pop, na ficção escapista e nas estórias das revistas
para adolescentes é muito esclarecedor a esse respeito. Não é o conteúdo de tal
lirismo que conta, mas o seu significante. O que está sendo dito não é tão
importante, desde que seja algo que possa dar estrutura à comunidade, uma forma
de estruturação para o qual o "discreto" nicho uterino da pequena
comunidade local ou da aldeia é particularmente propício. Assim, pode-se
perceber que o recurso à privacidade é extremamente comum e representa a
renovação dos vínculos com a comunidade que pode ser assinalada ao longo de
toda história humana e sem a qual não poderia ocorrer nenhuma das cristalizações
específicas da vida social (tais como as civilizações, os costumes, as
instituições e os governos). Mas enquanto que essas cristalizações deram origem
a uma historiografia capaz de as articular, a privacidade que as alicerça não
tem outra garantia de sobrevivência além de sua própria persistência. [...]. Trecho de Privacidade, do sociólogo francês Michel Maffesoli, extraído da obra Dicionário do pensamento social do século XX (Zahar, 1996), organizado por William Outhwaite
e Tom Bottomore. Veja mais aqui e aqui.
O CÍNICO
E O CINISMO - [...] O cínico percebe o
nexo entre as dores mais numerosas e mais fortes do homem superiormente
cultivado e a profusão de suas necessidades; ele compreende, portanto, que a
pletora de opiniões sobre o belo, o conveniente, decoroso, prazeroso, deveria
fazer brotarem ricas fontes de gozo, mas também de desprazer. Em conformidade
com tal percepção ele regride no desenvolvimento, ao renunciar a muitas dessas
opiniões e furtar-se a determinadas exigências da cultura; com isso, ganha um
sentimento de liberdade e de fortalecimento; e aos poucos, quando o hábito lhe
torna suportável o modo de vida, passa realmente a ter sensações de desprazer
mais raras e mais fracas que os homens cultivados, e se aproxima da condição do
animal doméstico; além do mais, sente tudo com o fascínio do contraste – e pode
igualmente xingar a seu bel-prazer: de modo a novamente se erguer muito acima
do mundo de sensações do animal. – O epicúrio tem o mesmo ponto de vista do
cínico; entre os dois existe, em geral, apenas uma diferença de temperamento. O epicúrio
utiliza sua cultura superior para se tornar independente das opiniões dominantes;
eleva-se acima destas, enquanto o cínico fica apenas na negação. Aquele anda,
digamos assim, por caminhos sem vento, bem protegidos, penumbrosos, enquanto
acima dele as copas das árvores bramem ao vento, denunciando-lhe a veemência
com que o mundo lá fora se move. O cínico, por outro lado, vagueia nu na
ventania, por assim dizer, e se endurece até perder a sensibilidade. [...]. Trechos extraídos da obra Humano,
demasiado humano (Abril Cultural, 1978), do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Veja
mais aqui e aqui.
SOLITÁRIOS
ANÔNIMOS – [...] Pela
instabilidade cromática da aura dele, de qualquer modo indicadora analógica da
possível recuperabilidade do sujeito, a curto ou a longo prazo, mas
recuperabilidade, eu lhe diria o seguinte: meu prezado, peço-lhe perdão por não
ser como você é. Se o ilustre fosse como eu, quem eu seria? Não direi que eu
esteja satisfeito como que sou, por ser o que sou: em outras palavras, insisto
que sentimento e razão não rimam. [...] Vivemos
dizendo que só há responsabilidade dentro da liberdade. Mas será o homem
realmente livre de todos os seus pensamentos, palavras e atos, se tudo o que
ele pensa, diz e faz, ontologicamente já é um condicionado de infinitesimais
condicionados? [...] Pigarreou: – Não
é um discurso: é uma advertência dos bons espíritos, que recebo e transmito, na condição
de amigo e colega de tarefa. Compreende? – Não. – De conformidade com os
postulados da filosofia oriental do que corre... porque ocorre (percebe?),
realmente não é fácil. Os ventos e as chuvas modelam as pedras, dando-lhes
formas animais. As águas fabricam os seixos, seios e nádegas, redemoinhos dos
rios, onde os peixes proliferam sem pecar na carne, pela carne. No intervalo,
os homens esbanjam os dias na disputa de títulos honoríficos, cargos e posições,
digerem o fígado, o baço, os rins... perfuram os pulmões e os intestinos,
alimentam o câncer geral, esclerosam as veias, engrossam o sangue, que entope o
coração e o cérebro, ao mesmo tempo em que, devagarinho, vão enforcando as
almas nos pênis que a idade reduz a uma polegada, sendo, por isso, muitas vezes
obrigados a recorrer ao suicídio pra apressar o fim de seus tormentos.
Compreende, afinal, a indigente parábola? – Ainda não. – Nesse caso, vamos
mudar de conversa: e cuidar de coisa mais compatível com o tempo de duração de
nossa estada nesse rolante depósito de sorridentes e auto-satisfeitos imbecis.
Trechos de A.S.A – Associação dos
Solitários Anônimos (Ateliê, 2003), do escritor, dramaturgo, jornalista,
advogado e critico literário Rosário
Fusco (1910-1977).
TECENDO A MANHÃ – Um galo sozinho não tece
uma manhã: / ele precisará sempre de outros galos. / De um que apanhe esse
grito que ele / e o lance a outro; de um outro galo / que apanhe o grito de um
galo antes / e o lance a outro; e de outros galos / que com muitos outros galos
se cruzem / os fios de sol de seus gritos de galo, / para que a manhã, desde
uma teia tênue, / se vá tecendo, entre todos os galos. / E se encorpando em
tela, entre todos, / se erguendo tenda, onde entrem todos, / se entretendo para
todos, no toldo / (a manhã) que plana livre de armação. / A manhã, toldo de um
tecido tão aéreo / que, tecido, se eleva por si: luz balão. Poema
extraído da obra A educação pela pedra
(Nova Fronteira, 1996), do poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Veja mais aqui e aqui.
PROJETO PINTANDO NA PRAÇA
Acontecerá neste mês
de outubro, a quarta educação do projeto Pintando
na Praça, realizado pelo Instituto Belas Artes Vale do Una, que terá exposições na Biblioteca
Fenelon Barreto e culminará com artistas do Recife, alunos da UFPE e artistas
locais pintando na Praça Paulo Paranhos. Veja mais aqui e aqui.
Veja mais:
Faça seu
TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
A ARTE DE BARBARA MARCZEWSKA