HORROR VACUI – A vida é uma viagem para longe ou perto,
quantos passageiros e eu lá perante o brasileto arrancado da mata, exterminado.
Já não sei nada, tudo virou de ponta cabeça, porque o Sol sorriu na floração do
lótus que brotou das águas turvas e paradas, enquanto fazem da manhã seguinte
uma eterna noite de ontem. A casa cheia, o auditório lotado, espaços
preenchidos, lacunas, hiatos, nenhum silêncio, ninguém morreu, ora, nenhum
obirapiranga para remédio, porquanto achacados com a dor de muitos e nem sabem
ou sentem. O caos salta aos olhos com os remorsos do vazio: a solidão. Todos me
parecem como se usassem um ornamento facial da mulher Maori, do ramo sinuoso às
espirais, e me avisavam: não se deve calar, é preciso dizer. A mim, a inquietação
me faz falar sozinho com as paredes, coisas e invisíveis. Acho que enlouqueci
no meu horror vacui, como se tivesse apenas uma Caesalpinia echinata para fazer um país. Estou só e me tomam por um
louco: esquecer quem sou a deslizar na pele do outro, mas não há ninguém. Sonho
sonhos que o criador esqueceu de sonhar e os mistérios nunca revelados, só tinha
o pé de ibirapitanga, uma efígie de barba numa jarra belarmina, uma cerâmina
shibui e bricabraques aos montes. Cá entre nós: as coisas já passaram do ponto
e ninguém se deu conta, muito menos fazem o que precisa ser feito: só o olhar
da morte, mãos e pés da morte, tudo para matar, a extinção do orabutã. Nesse
pesadelo escatológico, ouço O Corvo de Poe, a loucura de Lovercraft, os
delírios de Stephen King, as fantasias de Clive Baker, tudo é o Inferno de
Dante. Não são demônios nem bruxas, vampiros ou lobisomens, nenhum desses seres
horripilantes: são gentes como eu, de carne e osso, fanatismo e desencantos. Nada
tão amedrontador: o pânico do terror diante da destruição. Ah, o meu horror não,
não apenas, de todos: fabricar mortes, vender mortes, excretar mortes. Nenhum ibirapita
para sombra no ermo e eu vivo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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DITOS & DESDITOS:
[...] O desafio que o terceiro milênio reserva
para o nordeste é convencer as elites econômicas e dirigentes do país de que é
possível se integrar na economia mundial sem abandonar seus pobres e
miseráveis. E que o principal ativo de uma nação é seu povo e suas tradições
culturais. Países sem política de desenvolvimento regional e social e sem
identidade estão destinados a ser meras plataformas de exportação para o mundo,
sem cidadãos, direitos e identidade cultural [...] Vislumbram-se o nascimento de uma civilização planetária, bem como o de
um novo setor público supranacional. Com o revivescimento da “comunidade”, em
um registro planetário, animado por outros atores, outras solidariedades e
outras políticas. É a reconstrução da ética em outros termos: não mais fabril,
nem estatal; nem pública, nem privada. Local e global ao mesmo tempo. Ligada à
comunidade, ao mundo da vida ou à cotidianidade. Um mundo de interação
simbolicamente mediada, em que a linguagem e a significação passam a ter
importância fundamental.
Trechos
extraídos da obra O fim do nordeste e
outros mitos (Cortez, 2001), do professor e filósofo Michel Zaidan Filho. Veja mais aqui e aqui
COMO É QUE ALGUÉM VAI DEFENDER O QUE NÃO
CONHECE?
[...] Pela sua riqueza e por toda a diversidade
que contém, a Mata Atlântica foi também considerada Patrimônio da Humanidade
pela UNESCO.
[...] Condomínios de luxo se instalam nas matas de
restinga (que é como é chamada a Mata Atlântica na região das planícies, perto
do mar); famílias de migrantes pobres erguem barracos e cortam árvores em áreas
de preservação permanente e/ou de risco. E, assim, a nossa Mata Atlântica vai
desaparecendo. Devemos desanimar? Nunca! Conhecer o problema é meio caminho
andado. Repetimos: a gente só ama e preserva aquilo que conhece. Só se exerce a
cidadania quando se tem conhecimento dos temas que devem ser objeto de luta.
[...].
Trechos
extraídos da obra Mata Atlântica: vinte
razões para amá-la (Musa, 2005), da jornalista e fotógrafa Regina Helena de Paiva Ramos. Veja mais
aqui, aqui, aqui e aqui.
MAIDENTRIP
O meu sonho é ser a pessoa mais jovem do mundo a navegar sozinha.
O documentário Maidentrip
(2013),
dirigido por Jillian Schlesinger, conta a história da adolescente holandesa
nascida na Nova Zelândia, Laura Decker
que, com apenas 14 anos de idade, se tornou a mais jovem a velejar ao redor do
mundo sozinha por 518 dias, depois de um ruidoso processo que tramitou no
tribunal holandês. Veja mais aqui.
A ESCULTURA DE PAUL LANDOWSKI
A arte
do escultor francês Paul Landowski (1875-1961). Veja mais aqui.
A DANÇA
DE MARTHA GRAHAM
A dança é a linguagem escondida da alma. Ninguém
se importa se você não sabe dançar bem. Apenas se levante e dance. Bons
dançarinos são bons por causa de sua paixão.
A arte
da dançarina e coreógrafa estadunidense Martha Graham (1894-1991). Veja mais
aqui, aqui e aqui.
A OBRA DE FEDERICO GARCIA LORCA
A Terra é o provável paraíso perdido.