PONTO DE PARTIDA - Imagem: Composition Z VIII, do pintor,
fotógrafo, designer e professor húngaro László
Moholy-Nagy (1895-1946). - Tudo começa com
um ponto, dele toda unidade – de vista no Reino Encantado de Todas as Coisas -,
princípio da manifestação e emanação, de onde tudo deriva. De partida, coração
de açucena, escolhi a regra áurea para tudo, da abóbada pro fundo, do estreito
ao largo, de longe pra perto, vou voo, assim me mantenho acrobata por condução,
aclives e declives, até o de chegada. Minhas portas todas abertas abraços pro
acesso, dois: de um pro outro – o que de mim sou para quem é e estou pra vida: a
intersecção quando antes equidistante, a vírgula pra continuar no de inflexão,
se complicado de Fermat, vou buscar o de equilíbrio na balança; se duvido, interrogação;
se me admiro, exclamação; ou navego.com até o de ancoragem. Ideal fixo no
instável, nunca no crítico e valho-me do rotativo ou de arraste, com meu
caduceu entre zircônias e cruzes, renovo de vista porque, na verdade, nada sei
e aprendo na comunhão. De um em um, palmo a palmo, passo a passo, meço e perco as
medidas porque sou além do oito a oitenta, estouro de boiada, transbordando limítrofes
de mim, daqui, dacolá, dalém, do triângulo pro quadrado, deste pro losango e me
faço círculo e ouroboro. Sou martelo na bigorna até o de Gräfenberg,
quando ergo o cálice do yoni guardado no dólmen dela, que me leva ao grau oculto de Moses
de León: emana do mistério do éter puro. Dela o início e daí toda origem e das mandalas
o centro, até a ponte: eu e outra. E se carece de extensão, a virtude criadora;
se com a mínima extensão pensável, pra Ramom Llull, o princípio manifestado, alfa
e ômega, final. (Inspirado na música Ponto
de Zé Linaldo & Tonho José Ferreira: Um cartão de ponto, um trabalho / dia e noite trabalhador saiu / deixou
sua casa, foi pro ponto / ônibus, trem, calor e frio. / Vai movimentar o país /
veio no ponto a meretriz / o serviço foi informatizado / o Ponto G globalizado
/ sindicato, mobilização / aumenta os pontos de audiência na televisão / e
quando lia enfrentamento / quantos pontos se pregou pelo aumento? / Olêlê oba,
só o ordenado não passa do ponto / marchem velhos marginais / do ponto de vista
socialista / viva Creuzelí, salve Arraes / fazem ponto na liberdade / clunis,
coreanos, japonês / e onde são bem recebidos / o índio e o afronordestês? / A
foice, a caneta, o martelo e o verso / diante do sistema perverso / Brasil o
ponto Arquimedes / da mão-de-obra do universo / criem pontos de cultura / sobre
a luz de quem constrói / a cláusula, a causa, o caput e nós / versos o relógio
de ponto algoz / o Brasil tá no ponto / trabalhador no ponto / só não marca ponto
/ quem não dorme no ponto / geralmente aumenta um ponto / só quem tá no ponto). © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do cantor Pedro Mariano: Voz no ouvido, Sangrando de Gonzaguinha e Piano & Voz
com César Camargo Mariano; a atriz, cantora, compositora e instrumentista Letícia Novaes – Letrux: Em noite de climão, Show Mambembe & Noite estranha,
geral sumiu; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog &
nos 35 Anos de Arte
Cidadã. Para conferir é só ligar o
som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Quando
da ponte de comando do seu barco o navegador marca na bússola o rumo de um
ponto avistado no litoral, conceitualmente ele não está mais no barco. Está na
superfície do mar olhando para a posição do navio numa representação do espaço
real, naquele local [...] Na nossa
tradição, as operações de observar, calcular e interpretar são, cada uma delas,
um tipo distinto de atividade, e devem ser executadas em sequencia. A caixa de
instrumentos do navegador polinésio está na sua cabeça [...] A interpretação do resultado (o rumo da ilha
tomada como referência, por exemplo) está embutida no cálculo (a construção da
imagem do horizonte), que por sua vez está embutida na observação (a hora do
dia). Trecho extraído da obra Undestanding
Micronesian navigation (Hilsdale, 1983), do professor de ciência cognitiva,
distribuída e interação Edwin Hutchins.
VER & COMPREENDER - [...] a
verdade é revelada não nas palavras de Deus, mas na sua obra; não se fundamente
no testemunho da Escritura e da tradição, mas é visÍvel para nós o tempo todo.
No entanto, ela só é compreensível para os que conhecem a grafia da natureza e
sabem decifrar seu texto. A verdade não pode ser expressa em meras palavras
[...] em construções matemáticas, figuras
e números. E nesses símbolos a natureza se apresenta em forma clara e perfeita.
A revelação por meio da palavra sagrada nunca poderá alcançar [...] tal precisão, pois as palavras são sempre
[...] ambíguas. Seu sentido precisa
sempre ser-lhes atribuído pelo homem [...] Na verdade, [...] todo o
plano do universo jaz diante de nós [...]. Trecho extraído da obra A filosofia do iluminismo (Unicamp,
1994), do filósofo alemão Ernst Cassirer
(1874-1945). Veja mais aqui.
BARRABÁS - [...] A mulher gorda acreditava a princípio que
fosse por sua causa, mas cedo verificou o engano. Ficou um pouco magoada mas,
meu Deus, os homens sempre são ingratos quando obtêm com facilidade tudo o que
desejam. Em todo caso, ela o tinha a seu lado, aquele que lhe fazia um grande
bem. Era tão bom ter um guapo rapagão, ter alguem a quem se gostava de afagar
[...] Às vezes ela se sentia triste, e
choramingava baixinho quando estava só. Isso, porém, não lhe era desagradável;
o pranto tinha o seu lado bom. Ela possuía grande experiência no amor, e não o
desdenhava em qualquer de suas formas. [...]. Extraído da obra Barrabás (Delta, 1966), do escritor
sueco e Prêmio Nobel de 1951, Pär Lagerkvist (1891-1974). Veja mais aqui e aqui.
QUEM ESTARÁ LENDO ISTO AGORA? - Talvez alguém que está lendo isto agora / Seja uma
pessoa bem a par de alguma fraqueza / Que cometi no passado. / Ou, quem sabe? /
Um estranho que há muito me vem / Devotando seu amor em segredo / Ou alguém que
moteja todas as vezes que ouve / Falar das minhas arrogâncias e do meu egoísmo
/ Ou talvez, alguém que fica aturdido, quando me vê. / Como se eu não ficasse aturdido diante de mim
mesmo! / Ou, como se nunca motejasse de mim. / (Oh! Sobressaltos de
consciência! Oh! Réu-confesso!) / Ou como se eu nunca tivesse amado estranhos
em segredo / (Oh! Com toda a ternura, anos a fio, / Sem jamais o ter revelado a
ninguém) / Ou, como se eu não percebesse no meu íntimo, / Claro como o cristal,
a substância mesma das fraquezas / Ou, como se, enquanto em mim existirem, / Me
fosse possível deixar de transpirá-las. Poema do
poeta, ensaísta e jornalista estadunidense Walt Whitman (1819-1892).
Veja mais aqui.
A ARTE DE LÁSZLÓ MOHOLY-NAGY
A arte do
pintor, fotógrafo, designer e professor húngaro László Moholy-Nagy (1895-1946).
&
Repenteando
até com um olho só!, a poesia de Azulão, a arte de
Ciro
Fernandes, Samico & Joacir aqui.