quarta-feira, outubro 10, 2012

DIANE DI PRIMA, CHARLOTTE MARY YONGE, GARY SNYDER, VERONICA FRANCO, RUBIÃO, BOVARY & LITERÓTICA

 Quem ama persegue o alcandor e segue adiante o alvo da paixão...

 

[...] O coração de Ema palpitou, quando o seu cavalheiro lhe pegou a mão, pela ponta dos dedos, e colocou-se em linha, esperando o sinal de partida [...] logo, desapareceu a comoção e balouçando-se ao ritmo da orquestra, deslizou para frente com ligeiros movimentos de pescoço. O sorriso assomava-se aos lábios... [...] Entretanto, como a luz das velas o ofuscava ele se voltava para a parede e adormecia, ela escapulia então retendo o fôlego, sorridente, palpitante, nua [...] E voltaram para se beijar ainda, foi então que ela lhe prometeu a achar um pretexto qualquer, a ocasião permanente de se verem em liberdade, ao menos uma vez por semana [...] atraída para o homem pela ilusão da personagem, ela tentou imaginar a sua vida, essa vida retumbante, extraordinária, esplêndida, e que poderia ter sido a sua se a sorte o tivesse querido. Eles ter-se-iam conhecido, ter-se-iam amado! Com ele, por todos os reinos da Europa, ela teria viajado de capital em capital, partilhando-lhe as fadigas e os triunfos, colhendo as flores que lhe arremessavam, bordando-lhe ela própria os seus fatos de cena; depois, todas as noites, no fundo de um camarote, atrás da grade com a sua rede de ouro, teria recolhido, boquiaberta, as expansões dessa alma que cantaria só para ela; da cena, enquanto representava, ele olharia para ela. Mas uma alucinação apoderou-se de Emma; o cantor estava realmente com os olhos postos nela. Sentiu ânsias de correr para os seus braços e refugiar-se na sua força, como na própria encarnação do amor, e de lhe dizer, de lhe gritar: «Arrebata-me, leva-me, partamos! Para ti, para ti todos os meus ardores e todos os meus sonhos [...] Ema trinchava, servia-o, fazendo toda espécie de pieguices, e ria-se com riso sonoro e libertino quando a espuma do champanhe lhe transbordava do copo para os anéis que lhe enfeitavam os dedos. Estavam tão completamente perdidos na posse de si mesmos, que se julgavam já na sua própria casa, onde deveriam viver até a morte, como dois eternos noivos. Diziam “o nosso quarto, o nosso tapete, as nossas poltronas” e Ema chegava mesmo a dizer “os meus chinelos”, uma prenda de Léon, uma fantasia que ela tivera. [...] Quando ela sentava nos joelhos dele, a perna ficava-lhe batendo e o chinelinho se sustinha apenas nos dedos do pezinho nu. Léon saboreava pela primeira vez a inexprimível delicadeza das elegâncias femininas. Nunca encontrara aquela graça de expressões, aquela reserva de vestuário, aquelas atitudes de pomba meio adormecida. Admirava-lhe a exaltação da alma e as rendas do vestido. Além disso, não era ela uma mulher da sociedade, uma mulher casada, uma verdadeira amante, enfim? Pela diversidade de seu caráter, alternativamente mística ou alegre, faladora, taciturna, arrebatada, indolente, despertava-lhe mil desejos, evocando instintos ou reminiscências. Ema era apaixonada de todos os romances, a heroína de todos os dramas, a vaga ela de todos os volumes de versos. Achava-lhe nos ombros a cor de âmbar da odalisca no banho; tinha colete pontiagudo das castelãs feudais; assemelhava-se também à mulher pálida de Barcelona, mas era sobretudo anjo! [...] Ela se prometia continuamente, na próxima viagem, uma felicidade profunda; depois se confessava não sentir nada de extraordinário. Esta decepção voltava para ele – mais inflamada, mais ávida. Despia-se brutalmente, desatava o fino cordão do colete, que lhe sibilava como uma cobra rastejando em volta dos quadris. Ia no bico dos pés nus ver mais uma vez se a porta estava fechada, depois, com um só gesto, deixava cair ao chão toda a roupa; e, pálida, sem falar, séria, cingia-o ao peito, com um prolongado estremecimento... [...]

MADAME BOVARY – Na tradução de Araújo Nabuco, a obra foi inspirada em um caso de adultério seguido do suicídio da mulher, começando a sair em 1856 na Revue de Paris e foi publicado em livro em 1857. A obra acarretou ao autor um processo por ofensa à moral pública e religiosa. No julgamento perguntaram-lhe quem teria sido o modelo, tal a veracidade da personagem. Sua resposta foi histórica: “Madame Bovary sou eu”. O romance é considerado o mais importante da literatura francesa. Também se tornou o primeiro romance realista da história universal. O livro nos conta a história de Emma, uma jovem simples do interior da França, casada com o Dr. Carlos Bovary. No casamento, ela se queixava de não sair a lugar algum e também de nunca ter ido a um baile. Um dia ela conhece o Sr. Leon Dupuis, escrevente da cidade, que logo no jantar de boas vindas já dava sinais de flerte com ela. Depois, Rudolfo Boulauger, dono de uma grande propriedade denominada de La Fouchantte, que era jovem e ostentava uma riqueza e um patrimônio gigantesco. Após animada conversa, ambos subiram até o primeiro andar da prefeitura, lá passaram a dialogar e nesse cenário se deu o primeiro beijo. Ema enfim trairia Carlos. A história prossegue e muitos acontecimentos ocorrem.

GUSTAVE FLAUBERT – Nascido em Rouen, França, a 12 de dezembro de 1821, faleceu em Croisset, perto de Rouen, a 8 de maio de 1880. Filho de um cirurgião, Flaubert cresceu entre todas as misérias humanas, delas só se afastando ao ingressar no colégio Real, onde foi tomado de entusiasmo e encantamento pela poesia, pelas reconstituições históricas e pelos romances. Aos 15 anos apaixonou-se por Elisa Schlésinger, casada, com um filho e 15 anos mais velha que ele. A paixão acompanhou-o toda a vida, inspirando, anos depois, uma literatura romântica, entremeada de confissões melancólicas. Publicou vários livros, entre eles Salambô, romance histórico sobre a queda de Cartago, seguindo-se de Educação Sentimental, A Tentação de Santo Antonio, A Lenda de São Julião Hospitaleiro, Heródias, Um Coração Simples, entre outros.  FONTE: FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. São Paulo: Abril Cultural, 1979. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 

A CHEGADA DELA, ELERÓTICA - Naquela noite ela chegou com seu vestido curto colado à pele, expondo a gostosura de sua geografia exaltada: seios fartos, coxas expansivas, bico do sexo à mostra, nada por baixo das vestes. E logo se aproximou com suas mãos pedintes como se eu fosse Rogério para sua salvação Angélica de Ingres no Orlando de Ariosto. Tão inquietante quanto sedenta descobriu meu sexo potente e espalmado sob suas carícias. Aproximou-se e mais chegou ofegante, ajoelhando-se vestal impudica com carícias no meu membro já exposto aos seus meneios. Alisados manuais mais dilatavam minha tesão com seus beijos à glande e a dizer que se parecia um coração, para mais friccioná-lo às lambidas insinuadas como se fosse o morango mais apetecido. E mais abocanhou com a língua inquieta a chamuscar todo meu engrandecimento e mais sobejou até quase ápice, a se deixar desmaiar com zis ereções arriando ao chão, lindeza estirada quase nua e tudo à mostra, como se fosse repasto ofertado em minha comemoração. Levantei-me, alisei os seus pés, deitei minha face entre suas pernas e rocei meus lábios por toda sua pele, pernas, coxas, até sentir o cheiro da sua intimidade majestosa servida. Acariciei seu púbis, beijei seu ventre e invadi sua reclusa língua solta para alcançar a sua profundidade corporal, até vê-la totalmente entregue animicamente. Aos gritos de prazer da sua plena volúpia, revirou-se deitada ao chão e, de bruços, ofereceu-me seus glúteos, a maçã cobiçada que saboreei penetrando-a em riste e dela murmúrios obscenos jamais ditos a clamar que a cavalgasse égua louca e mais se escancarava seu ser num remexido galopante exposta e pronta para o domínio por inteiro da minha posse ali efetivada. E se permitiu invadida enquanto mordia seus ombros arrepiados e mais ultrajada para que roçasse a nuca e a fizesse minha completamente desvairada. Mais fizesse, mais admitia que a torturasse com o látego do meu prazer pecaminoso, a se fazer escrava consentida para que eu lhe desse todas as estocadas do pleno poder e que a fizesse prostituída por minha sanha selvagem e priápica, mais pedia e rogava por Deus e todas as crenças que dali jamais saísse nem me afastasse, a se sentir atravessada pela minha gula e crucificada por meu gozo estabanado, realizando-nos na odisseia de nossa sofreguidão mais que resoluta, mais que desejada. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Precisamos mudar nossa sociedade, nosso estilo de vida, e para isso precisamos de novos valores e normas que acompanham e orientam-nos dessa maneira... Pense como uma montanha... Pensamento do filósofo e ecologista norueguês Arne Næss (1912-2000). Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: A fêmea é fértil, e a disciplina (contra naturam) só a confunde... Pensamento do poeta, tradutor, linguista, mitólogo e antropólogo estadunidense Gary Snyder, autor do poema O que você devia saber para ser poeta: tudo que puder sobre animais como pessoas. / nomes de árvores e flores e ervas daninhas. / nomes de estrelas, e o movimento dos planetas / e da lua. / seus próprios seis sentidos, com uma mente atenta e elegante. / pelo menos um tipo de mágica tradicional: / adivinhação, astrologia, o livro das mudanças, o tarô; / sonhos. / os demônios ilusórios e os deuses reluzentes e ilusórios; / beijar o cu do demo e comer merda; / foder seu pau farpado e tarado, / foder a bruxa, / e todos os anjos celestiais / e donzelas perfumadas e douradas — / & então amar o humano: esposas maridos / e amigos. / brincadeiras infantis, quadrinhos, chiclete, / a maluquice da propaganda e da TV. / trabalho, longas horas de trabalho chato engolido e aceito / e vivido e enfim amado. / cansaço, fome, descanso. / a liberdade selvagem da dança, êxtase / silente e solitária iluminação, ênstase / perigo real. apostas. e o gume da morte.

 

OUTRA QUE FALOU: O sucesso só pode ser medido em termos de distância percorrida. Pensamento da escritora canadense Mavis Gallant (1922-2014). Veja mais aqui e aqui.

 

PIROTÉCNICO ZACARIAS – [...] Uma coisa ninguém discute: se Zacarias morreu, o seu corpo não foi enterrado. A única pessoa que poderia dar informações certas sobre o assunto sou eu. Porém estou impedido de fazê-lo porque os meus companheiros fogem de mim, tão logo me avistam pela frente. Quando apanhados de surpresa, ficam estarrecidos e não conseguem articular uma palavra. Em verdade morri, o que vem ao encontro da versão dos que creem na minha morte. Por outro lado, também não estou morto, pois faço tudo o que antes fazia e, devo dizer, com mais agrado do que anteriormente. [...]. Trecho extraído da obra Pirotécnico Zacarias (Companhia das Letras, 2006), do escritor, advogado, professor e jornalista Murilo Rubião (1916-1991). Veja mais aqui e aqui

 

CADEIA DE MARGARIDAS, ASPIRAÇÕES – [...] E, para seu pai, parecia que era um pensamento caseiro e confortável para ele, que sua mãe tinha um de seus filhos com ela. Ele a chamou de o primeiro elo de sua Daisy Chain desenhado fora de vista; e, durante os dias tranquilos que se seguiram, ele parecia estar acima da dor, permanecendo na esperança. [...] Os desastre desse dia desanimaram e desconcertaram Etheldred. Fazer mal onde ela mais desejava fazer o bem, lamentar onde desejava confortar, parecia ser seu destino; era inútil tentar qualquer coisa para o bem de alguém, enquanto todos os seus sentimentos calorosos e altas aspirações eram frustrados pelas mãos desajeitadas e desajeitadas e olhos desatentos que a Natureza lhe dera. Nem o dia seguinte, sábado, fez muito pelo seu conforto, dando-lhe a companhia de seus irmãos. O fato de ser o aniversário de dezesseis anos de Norman parecia apenas piorar as coisas. O pai deles aparentemente tinha esquecido, e Norman parou Blanche quando ela ia lembrar dele; deteve-a com um olhar que a criança jamais esqueceria, embora não houvesse raiva nele. […]. Trechos extraídos da obra The Daisy chain, or Aspirations (Nabu, 2011), da novelista britânica Charlotte Mary Yonge (1823-1901).

 

A PRÁTICA DA EVOCAÇÃO MÁGICA - eu sou uma mulher e meus poemas / são de mulher: fácil dizer / assim. / a fêmea é dúctil / e / (golpe após golpe) / criada para uma calma / masoquista. / O nervo amortecido / faz parte dela: / sexo acordado, retina morta / olhos de peixe; / na raiz do cabelo / abalo mínimo / e a arquitetura funcional pélvica / por dentro & por fora atacada / (dá à luz) a boceta se alarga / e meio molhada / só dá à luz filhos homens / a fêmea / é dúctil / mulher, um véu pelo qual a Vontade dedada é / duas vezes rasgada / duas vezes rasgada / por dentro & por fora / o fluxo / qual ritmo dar à inércia / qual elogio? 2 DE NOVEMBRO DE 1972 (para Ezra Pound) - lembro que te visitei / em “St. Liz” / sua fala civilizada; os delírios dos loucos ao seu redor / você me deu comida roubada quando eu partia / dizendo “forrem esses estômagos” / dizendo “poetas têm que comer” / e me levou gentilmente à sua porta / e esperou que o vigia a destrancasse. Poemas da poeta estadunidense Diane di Prima (1934-2020). Veja mais aqui.

 

Imagem: La chanson de Chérubin, do pintor, desenhista, litógrafo e gravurista belga Felicien Rops (1833-1898), Veja mais aqui e aqui.

 

EM LUTA PELO AMOR, BELEZA PERIGOSA – O drama biográfico Dangerous Beauty (1998), dirigido pelo cineasta estadunidense Marshall Herskovitz é baseado na obra The Honest Courtesan: Veronica Franco, Citizen and Writer in Sixteenth-Century Venice ( University of Chicago Press, 1993), da escritora italiana Margaret F. Rosenthal, conta a história da vida da poeta e cortesã italiana Veronica Franco (1546-1591), que era conhecida por sua notável clientes, sua advocacia feminista, afora contribuições literárias e filantropia. Entre as obras da poeta estão Terze rime e sonetti (1575), contendo 18 epístolas em versos por ela e 7 por homens escrevendo em seu louvor. Outra obra sua é Lettere familiari a diversi (1580), que incluía 50 cartas, bem como dois sonetos dirigidos ao rei Henrique III, da França. Ela se tornou uma heroína para sua cidade, mas depois se torna alvo de uma inquisição da Igreja por bruxaria. Literariamente ela havia desenvolvido sua obra em formato de desafios, mas ela acredita que o seu amado lhe oferecerá paz depois de um duelo que vai lutar com armas tradicionais. Segundo o artigo Veronica Franco Y su Tenzone con Maffio Venier (Mujeres En La Literatura, 2009), de Isabel Parga, a respeito deste duelo: Veronica se diverte propondo tenzone, exasperando a crueldade dramática em descrever o seu desenvolvimento imaginário, mostrando agressividade. A tenzone é um jogo de amor que termina sem vitória para qualquer um dos dois amantes. Pois a poeta foi ofendida pelo amante: Não há mais palavras! Às ações, ao campo de batalha, às armas! / Pois, resolvido a morrer, quero me libertar / de tão impiedosos maus tratos. / Devo chamar isso de desafio? Eu não sei, / já que estou respondendo a uma provocação; / Mas por que devemos duelar com palavras? / Se quiser, digo que você me desafiou; / se não, eu desafio você; Eu tomarei qualquer rota, / e qualquer oportunidade me convém igualmente bem. / A sua escolha é a escolha do lugar ou das armas, / e farei a escolha escolhida; / Em vez disso, que ambos sejam sua decisão. / Ao mesmo tempo, tenho certeza, você vai perceber / quão ingrato e sem fé você foi / e com que injustiças você me traiu. / E a menos que minha fúria cai em amor esmagador, / com essas mesmas mãos, com toda a ousadia, / rasgue seu coração vivo do seu peito. Várias de suas frases tornaram-se imortalizadas ao longo do tempo: Vira mais uma página da sua vida e não se incomoda. Isso só quer dizer que seu livro será mais grosso do que de muita gente. Mais páginas, mais conteúdo, mais experiências, mais vida. Isso não é ruim se for olhado do ponto de vista certo. Crescimento, amadurecimento, você está sendo preparada para a vida que Deus tem pra você. Todos os seus sonhos só podem ser vividos por uma pessoa forte, determinada, inteligente, sábia... Tudo isso e muito mais está sendo escrito nessas muitas páginas, muita das vezes com lágrimas, eu sei. Sei também que esse livro vai ter um fim, um lindo e maravilhoso fim como você merece... Tão doce e deliciosa eu me torno, quando estou na cama com um homem que, eu sinto, ama e me aprovei, que o prazer que trago desse lugar, então o nó de Amor, por mais apertado, parecia antes, está amarrado ainda... O filme foi estrelado pela atriz britânica Catherine McCormack.

 

Imagem: Amantes, jarra de vinho em cerâmica, pintor de Shuvalov, sec. V aC.

 

SERMÃO CONTRA USURÁRIOS - Talvez dês esmolas. Mas, de onde as tiras, senão de tuas rapinas cruéis, do sofrimento, das lágrimas, dos suspiros? Se o pobre soubesse de onde vem o teu óbulo, ele o recusaria porque teria a impressão de morder a carne de seus irmãos e de sugar o sangue de seu próximo. Ele te diria estas palavras corajosas: não sacies a minha sede com as lágrimas de meus irmãos. Não dês ao pobre o pão endurecido com os soluços de meus companheiros de miséria. Devolve a teu semelhante aquilo que reclamaste e eu te serei muito grato. De que vale consolar um pobre, se tu fazes outros cem? Sermão atribuído ao teólogo e escritor capadócio Gregório de Nissa (330-395).

 

AS MOIRAS & AS HORAS - As moiras na mitologia grega eram as três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos. Eram três mulheres lúgubres, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. Durante o trabalho, as moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os fios. As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos. As três deusas decidiam o destino individual dos antigos gregos, e criaram Têmis, Nêmesis e as erínias. Elas pertenciam à primeira geração divina (os deuses primordiais), e assim como Nix, eram domadoras de deusas e homens. As Moiras eram: Cloto, fiar, que segurava o fuso e tecia o fio da vida, deusas dos nascimentos e partos. Láquesis, sortear, puxava e enrolava o fio tecido e sorteando o quinhão de atribuições que se ganhava em vida. Por fim, Átropos, afastar, ela cortava o fio da vida, determinando o seu fim. As Horas era um grupo de deusas que presidiam sobre as estações do ano e originalmente eram três: Eunomia, representa a legalidade, a boa ordem, as leis cívicas; Irene representa a paz e Dice representa a justiça. Posteriormente, o número de Horas passou de três a nove, dez ou doze deusas guardiãs da ordem natural, do ciclo anual de crescimento da vegetação e das estações climáticas anuais.

 

LIBER TACUINA SANITATIS – O liber Tacuina Sanitatis é um livro medieval sobre o bem-estar, baseado nas Tábuas da Saúde, um tratado médico árabe de Ibn Butlan, com várias versões latinas e manuscritos profusamente ilustrados, tornando-se mais que um herbário que inclui amplas seções sobre respiração, exercício, descanso e saúde mental.

 

ORLANDO FURIOSO (fragmento)– [...] Damas e paladis, armas e amores, / As cortesias e façanhas canto / Do tempo em que o mar d’Africa os rigores / Dos mouros trouxe, e França esteve em pranto, / Ira os movia e juvenis furores / De Agramante seu rei, disposto a tanto / Que ousou vingar a morte de Troiano / Em Carlos, rei e imperador romano / De Orlando, ao mesmo tempo, direi eu / O que nunca se disse, em prosa ou rima, / Que o amor o pôs em fúrias de sandeu / E lhe tirou de homem cordato a estima; / Isto, se a que igual fim quase me deu / E o pouco engenho me corrói qual lima, / Assentir em poupar-me em tal medida, / Que eu possa dar a obra prometida. [...]. Trechos extraídos da obra Orlando Furioso, que é um poema épico de cavalaria escrito pelo poeta Ludovico Ariosto em oitavas (estrofe de oito versos decassílabos usada pela primeira vez por Boccaccio, em Teseida, de 1340). A primeira edição da obra com 40 cantos é de 1516, enquanto a segunda e terceira edições foram publicadas respectivamente em 1521 e 1536, sendo que a última edição contém 46 cantos. O poema é dedicado ao cardeal Ippolito d'Este (1479–1520) e tem um caráter encomiástico. Veja mais aqui

 

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