Quem ama persegue o alcandor e segue adiante o alvo da paixão...
A CHEGADA DELA, ELERÓTICA - Naquela noite ela chegou com seu vestido curto colado à
pele, expondo a gostosura de sua geografia exaltada: seios fartos, coxas
expansivas, bico do sexo à mostra, nada por baixo das vestes. E logo se aproximou
com suas mãos pedintes como se eu fosse Rogério
para sua salvação Angélica de Ingres no Orlando de Ariosto. Tão inquietante
quanto sedenta descobriu meu sexo potente e espalmado sob suas carícias. Aproximou-se
e mais chegou ofegante, ajoelhando-se vestal impudica com carícias no meu
membro já exposto aos seus meneios. Alisados manuais mais dilatavam minha tesão
com seus beijos à glande e a dizer que se parecia um coração, para mais friccioná-lo
às lambidas insinuadas como se fosse o morango mais apetecido. E mais abocanhou
com a língua inquieta a chamuscar todo meu engrandecimento e mais sobejou até
quase ápice, a se deixar desmaiar com zis ereções arriando ao chão, lindeza
estirada quase nua e tudo à mostra, como se fosse repasto ofertado em minha
comemoração. Levantei-me, alisei os seus pés, deitei minha face entre suas
pernas e rocei meus lábios por toda sua pele, pernas, coxas, até sentir o
cheiro da sua intimidade majestosa servida. Acariciei seu púbis, beijei seu
ventre e invadi sua reclusa língua solta para alcançar a sua profundidade
corporal, até vê-la totalmente entregue animicamente. Aos gritos de prazer da
sua plena volúpia, revirou-se deitada ao chão e, de bruços, ofereceu-me seus
glúteos, a maçã cobiçada que saboreei penetrando-a em riste e dela murmúrios
obscenos jamais ditos a clamar que a cavalgasse égua louca e mais se
escancarava seu ser num remexido galopante exposta e pronta para o domínio por
inteiro da minha posse ali efetivada. E se permitiu invadida enquanto mordia
seus ombros arrepiados e mais ultrajada para que roçasse a nuca e a fizesse
minha completamente desvairada. Mais fizesse, mais admitia que a torturasse com
o látego do meu prazer pecaminoso, a se fazer escrava consentida para que eu
lhe desse todas as estocadas do pleno poder e que a fizesse prostituída por
minha sanha selvagem e priápica, mais pedia e rogava por Deus e todas as
crenças que dali jamais saísse nem me afastasse, a se sentir atravessada pela
minha gula e crucificada por meu gozo estabanado, realizando-nos na odisseia de
nossa sofreguidão mais que resoluta, mais que desejada. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais abaixo, aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS - Precisamos mudar nossa sociedade, nosso estilo
de vida, e para isso precisamos de novos valores e normas que acompanham e
orientam-nos dessa maneira... Pense como uma montanha... Pensamento do filósofo
e ecologista norueguês Arne Næss
(1912-2000). Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: A fêmea é fértil, e a disciplina (contra
naturam) só a confunde... Pensamento
do poeta, tradutor, linguista, mitólogo e antropólogo estadunidense Gary Snyder, autor do poema O
que você devia saber para ser poeta: tudo que puder sobre
animais como pessoas. / nomes de árvores e flores e ervas daninhas. / nomes de
estrelas, e o movimento dos planetas / e da lua. / seus próprios seis sentidos,
com uma mente atenta e elegante. / pelo menos um tipo de mágica tradicional: / adivinhação,
astrologia, o livro das mudanças, o tarô; / sonhos. / os demônios ilusórios e
os deuses reluzentes e ilusórios; / beijar o cu do demo e comer merda; / foder
seu pau farpado e tarado, / foder a bruxa, / e todos os anjos celestiais / e
donzelas perfumadas e douradas — / & então amar o humano: esposas maridos /
e amigos. / brincadeiras infantis, quadrinhos, chiclete, / a maluquice da
propaganda e da TV. / trabalho, longas horas de trabalho chato engolido e
aceito / e vivido e enfim amado. / cansaço, fome, descanso. / a liberdade
selvagem da dança, êxtase / silente e solitária iluminação, ênstase / perigo
real. apostas. e o gume da morte.
OUTRA QUE FALOU: O sucesso só pode
ser medido em termos de distância percorrida. Pensamento da escritora
canadense Mavis Gallant (1922-2014).
Veja mais aqui e aqui.
PIROTÉCNICO ZACARIAS – [...] Uma coisa ninguém
discute: se Zacarias morreu, o seu corpo não foi enterrado. A única pessoa que
poderia dar informações certas sobre o assunto sou eu. Porém estou impedido de
fazê-lo porque os meus companheiros fogem de mim, tão logo me avistam pela
frente. Quando apanhados de surpresa, ficam estarrecidos e não conseguem
articular uma palavra. Em verdade morri, o que vem ao encontro da versão dos
que creem na minha morte. Por outro lado, também não estou morto, pois faço
tudo o que antes fazia e, devo dizer, com mais agrado do que anteriormente. [...]. Trecho
extraído da obra Pirotécnico Zacarias (Companhia das Letras, 2006), do escritor, advogado,
professor e jornalista Murilo Rubião (1916-1991). Veja mais aqui e aqui
CADEIA DE MARGARIDAS, ASPIRAÇÕES – [...] E, para seu pai, parecia que era um pensamento caseiro e
confortável para ele, que sua mãe tinha um de seus filhos com ela. Ele a chamou de o primeiro elo de sua Daisy Chain
desenhado fora de vista; e, durante os dias tranquilos que se seguiram, ele
parecia estar acima da dor, permanecendo na esperança. [...] Os desastre desse dia desanimaram e
desconcertaram Etheldred. Fazer mal onde ela mais desejava fazer o bem, lamentar
onde desejava confortar, parecia ser seu destino; era inútil tentar qualquer coisa para o bem de alguém,
enquanto todos os seus sentimentos calorosos e altas aspirações eram frustrados
pelas mãos desajeitadas e desajeitadas e olhos desatentos que a Natureza lhe
dera. Nem o dia seguinte, sábado, fez muito pelo seu conforto,
dando-lhe a companhia de seus irmãos. O fato de ser o aniversário de dezesseis anos de Norman
parecia apenas piorar as coisas. O pai deles aparentemente tinha esquecido, e Norman parou
Blanche quando ela ia lembrar dele; deteve-a com um olhar que a criança jamais esqueceria,
embora não houvesse raiva nele. […].
Trechos extraídos da obra The Daisy
chain, or Aspirations (Nabu, 2011), da novelista britânica Charlotte Mary Yonge (1823-1901).
A PRÁTICA DA EVOCAÇÃO MÁGICA - eu sou uma mulher e meus poemas / são de mulher: fácil
dizer / assim. / a fêmea é dúctil / e / (golpe após golpe) / criada para uma
calma / masoquista. / O nervo amortecido / faz parte dela: / sexo acordado,
retina morta / olhos de peixe; / na raiz do cabelo / abalo mínimo / e a
arquitetura funcional pélvica / por dentro & por fora atacada / (dá à luz)
a boceta se alarga / e meio molhada / só dá à luz filhos homens / a fêmea / é dúctil
/ mulher, um véu pelo qual a Vontade dedada é / duas vezes rasgada / duas vezes
rasgada / por dentro & por fora / o fluxo / qual ritmo dar à inércia / qual
elogio? 2 DE NOVEMBRO DE 1972 (para Ezra
Pound) - lembro que te visitei / em “St. Liz” / sua fala civilizada; os
delírios dos loucos ao seu redor / você me deu comida roubada quando eu partia
/ dizendo “forrem esses estômagos” / dizendo “poetas têm que comer” / e me
levou gentilmente à sua porta / e esperou que o vigia a destrancasse. Poemas da
poeta estadunidense Diane di Prima
(1934-2020). Veja mais aqui.
Imagem: La chanson de Chérubin, do
pintor, desenhista, litógrafo e gravurista belga Felicien Rops (1833-1898),
Veja mais aqui e aqui.
EM LUTA PELO AMOR, BELEZA
PERIGOSA – O drama biográfico Dangerous Beauty (1998), dirigido pelo
cineasta estadunidense Marshall Herskovitz é baseado na obra The
Honest Courtesan: Veronica Franco, Citizen and Writer in Sixteenth-Century
Venice ( University
of Chicago Press, 1993), da escritora italiana Margaret F. Rosenthal, conta a
história da vida da poeta e cortesã italiana Veronica
Franco (1546-1591), que era conhecida por sua notável clientes,
sua advocacia feminista, afora contribuições literárias e filantropia. Entre as
obras da poeta estão Terze rime e sonetti
(1575), contendo 18 epístolas em versos por ela e 7 por homens escrevendo em
seu louvor. Outra obra sua é Lettere familiari a diversi (1580), que
incluía 50 cartas, bem como dois sonetos dirigidos ao rei Henrique III, da
França. Ela se tornou uma heroína para sua cidade, mas depois se torna alvo de
uma inquisição da Igreja por bruxaria. Literariamente ela havia desenvolvido sua obra em formato
de desafios, mas ela acredita que o seu amado lhe oferecerá paz depois de um
duelo que vai lutar com armas tradicionais. Segundo o artigo Veronica Franco Y su Tenzone con Maffio
Venier (Mujeres En La Literatura, 2009), de Isabel Parga, a respeito deste
duelo: Veronica se diverte propondo
tenzone, exasperando a crueldade dramática em descrever o seu desenvolvimento
imaginário, mostrando agressividade. A tenzone é um jogo de amor que termina
sem vitória para qualquer um dos dois amantes. Pois a poeta foi ofendida
pelo amante: Não há mais palavras! Às
ações, ao campo de batalha, às armas! / Pois, resolvido a morrer, quero me
libertar / de tão impiedosos maus tratos. / Devo chamar isso de desafio? Eu não
sei, / já que estou respondendo a uma provocação; / Mas por que devemos duelar
com palavras? / Se quiser, digo que você me desafiou; / se não, eu desafio
você; Eu tomarei qualquer rota, / e qualquer oportunidade me convém igualmente
bem. / A sua escolha é a escolha do lugar ou das armas, / e farei a escolha
escolhida; / Em vez disso, que ambos sejam sua decisão. / Ao mesmo tempo, tenho
certeza, você vai perceber / quão ingrato e sem fé você foi / e com que
injustiças você me traiu. / E a menos que minha fúria cai em amor esmagador, / com
essas mesmas mãos, com toda a ousadia, / rasgue seu coração vivo do seu peito.
Várias de suas frases tornaram-se imortalizadas ao longo do tempo: Vira mais uma página da sua vida e não se
incomoda. Isso só quer dizer que seu livro será mais grosso do que de muita
gente. Mais páginas, mais conteúdo, mais experiências, mais vida. Isso não é
ruim se for olhado do ponto de vista certo. Crescimento, amadurecimento, você
está sendo preparada para a vida que Deus tem pra você. Todos os seus sonhos só
podem ser vividos por uma pessoa forte, determinada, inteligente, sábia... Tudo
isso e muito mais está sendo escrito nessas muitas páginas, muita das vezes com
lágrimas, eu sei. Sei também que esse livro vai ter um fim, um lindo e
maravilhoso fim como você merece... Tão
doce e deliciosa eu me torno, quando estou na cama com um homem que, eu sinto,
ama e me aprovei, que o prazer que trago desse lugar, então o nó de Amor, por
mais apertado, parecia antes, está amarrado ainda... O filme foi estrelado
pela atriz britânica Catherine McCormack.
Imagem: Amantes, jarra de vinho em cerâmica,
pintor de Shuvalov, sec. V aC.
SERMÃO CONTRA USURÁRIOS - Talvez
dês esmolas. Mas, de onde as tiras, senão de tuas rapinas cruéis, do
sofrimento, das lágrimas, dos suspiros? Se o pobre soubesse de onde vem o teu
óbulo, ele o recusaria porque teria a impressão de morder a carne de seus
irmãos e de sugar o sangue de seu próximo. Ele te diria estas palavras
corajosas: não sacies a minha sede com as lágrimas de meus irmãos. Não dês ao
pobre o pão endurecido com os soluços de meus companheiros de miséria. Devolve
a teu semelhante aquilo que reclamaste e eu te serei muito grato. De que vale
consolar um pobre, se tu fazes outros cem? Sermão atribuído ao teólogo e
escritor capadócio Gregório de Nissa
(330-395).
AS MOIRAS & AS HORAS - As moiras na mitologia grega eram
as três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres
humanos. Eram três mulheres lúgubres, responsáveis por fabricar, tecer e cortar
aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. Durante o trabalho, as
moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os
fios. As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais
privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se
assim os períodos de boa ou má sorte de todos. As três deusas decidiam o
destino individual dos antigos gregos, e criaram Têmis, Nêmesis e as erínias. Elas
pertenciam à primeira geração divina (os deuses primordiais), e assim como Nix,
eram domadoras de deusas e homens. As Moiras eram: Cloto, fiar, que segurava o
fuso e tecia o fio da vida, deusas dos nascimentos e partos. Láquesis, sortear,
puxava e enrolava o fio tecido e sorteando o quinhão de atribuições que se
ganhava em vida. Por fim, Átropos, afastar, ela cortava o fio da vida,
determinando o seu fim. As Horas era um grupo de deusas que presidiam
sobre as estações do ano e originalmente eram três: Eunomia, representa a
legalidade, a boa ordem, as leis cívicas;
Irene representa a paz e Dice representa a justiça. Posteriormente, o número de
Horas passou de três a nove, dez ou doze deusas guardiãs da ordem natural, do
ciclo anual de crescimento da vegetação e das estações climáticas anuais.
LIBER TACUINA SANITATIS – O liber Tacuina Sanitatis é um livro medieval
sobre o bem-estar, baseado nas Tábuas da Saúde, um tratado médico árabe de Ibn
Butlan, com várias versões latinas e manuscritos profusamente ilustrados,
tornando-se mais que um herbário que inclui amplas seções sobre respiração,
exercício, descanso e saúde mental.
ORLANDO FURIOSO (fragmento)– [...] Damas e
paladis, armas e amores, / As cortesias e façanhas canto / Do tempo em que o
mar d’Africa os rigores / Dos mouros trouxe, e França esteve em pranto, / Ira
os movia e juvenis furores / De Agramante seu rei, disposto a tanto / Que ousou
vingar a morte de Troiano / Em Carlos, rei e imperador romano / De Orlando, ao
mesmo tempo, direi eu / O que nunca se disse, em prosa ou rima, / Que o amor o
pôs em fúrias de sandeu / E lhe tirou de homem cordato a estima; / Isto, se a
que igual fim quase me deu / E o pouco engenho me corrói qual lima, / Assentir
em poupar-me em tal medida, / Que eu possa dar a obra prometida. [...].
Trechos extraídos da obra Orlando
Furioso, que é um poema épico de cavalaria escrito pelo poeta Ludovico Ariosto em oitavas (estrofe de
oito versos decassílabos usada pela primeira vez por Boccaccio, em Teseida,
de 1340). A primeira edição da obra com 40 cantos é de 1516, enquanto a segunda
e terceira edições foram publicadas respectivamente em 1521 e 1536, sendo que a
última edição contém 46 cantos. O poema é dedicado ao cardeal Ippolito d'Este
(1479–1520) e tem um caráter encomiástico. Veja mais aqui.