domingo, setembro 02, 2012

MÁRIO FAUSTINO, ÍTALO CALVINO, MARINA ABRAMOVIĆ, JORGE LARROSA, JULIETTE BINOCHE & LITERÓTICA - PORTIER DES CHARTREUX


QUANDO O AMOR É AZUL - Imagem: art. by Lana Moes - Quando o céu se reflete no seu olhar estrelado de imensa ternura, eu já tomado de amores, flor miosótis, sou cada vez mais o escravo que não pode viver longe do encanto que me prende a todo desvario e vertigem dos impulsos do coração abrasado de amor. E esse amor é você. Quando o mar se aprofunda no seu ser onde corre o sangue ardente de irresistível encanto, excepcional beleza e suas íngremes e deliciosas dunas, cada vez mais, beija-flor, sou servo inteiro ao seu dispor. E meu beija-flor é você. Quando o sol se reflete no seu riso cheio de surpresa e furor com cintilações azuladas onde você, tostada pelo fogo ardente do coração na febre do amor, trazendo meu gosto na boca, minha posse no corpo e meu desejo na alma, mais me vejo grato sangue ardente a me jogar onde quem manda é o amor. E o amor, beija-flor, está em você. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui, aqui, aquiaqui.
 


DITOS & DESDITOS - O amor, às vezes, toma formas que transcendem o ato de vivenciá-lo. O amor, ele mesmo, pode, de repente, se transformar, mudar de cara, nome e endereço. Pode até mesmo virar arte. O amor não tem espaço. O amor não tem tempo. O tempo é uma ilusão. O tempo só existe quando pensamos no passado e no futuro. O tempo não existe no presente, aqui e agora. A vida é feita de fases, e mudanças fazem parte disso. Nem sempre são fáceis, mas já que são inevitáveis, por que não levar com a gente o melhor de cada um desses ciclos? No final, a conta é simples: organizar os pontos positivos para que eles se sobressaiam aos negativos. Associar pessoas e lugares também é uma forma de simbolizar a importância que essas experiências tiveram para nós. O mais difícil é fazer algo que é quase nada, porque exige tudo de você. Se você pode mudar a mente das pessoas, você pode mudar o mundo. Quanto mais você pensa em morte e mortalidade, mais gosta da vida. Porque então você não perde tempo. Você apenas se concentra. Porque no final você está realmente sozinho, independentemente do que fizer. A mulher sempre tem que desempenhar esse papel de ser frágil e dependente. E se você não é assim, eles ficam fascinados por você, mas só por um tempo. E depois eles querem mudar você e te destruir. E depois partem. Então, serão muitos os quartos de hotel solitários, minha querida. Desde muito cedo, entendi que só aprendo com coisas que não gosto. Se você faz coisas que gosta, você faz sempre o mesmo. Você sempre se apaixona pelo cara errado. Porque não há mudança. É tão fácil fazer as coisas que gosta. Então, quando você tem medo de alguma coisa, enfrente, avance. Você vai se tornar um ser humano melhor. Pensamento da artista performativa sérvia Marina Abramović. Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Eu me pergunto como eles encontrarão tempo para desfrutar dos maiores prazeres da vida: silêncio, calma, solidão. Sem nunca os ter conhecido eles não poderão sentir falta deles. Como eu os conheço, Sinto pena deles. Pensamento do ilustrador, litógrafo, caricaturista e escritor francês Albert Robida (1848-1926).

 

LUGAR DA MEMÓRIA - [...] Lugares de memória são antes de tudo sobras. A forma extrema em que subsiste uma consciência comemorativa numa história que a pede, porque a ignora. […] Museus, arquivos, cemitérios e colecções, festas, aniversários, tratados, atas, monumentos, santuários, associações, são montículos que testemunham outra época, ilusões de eternidade. [...]. Trechos extraídos da obra Les lieux de Mémoire (7 vols. Gallimard, 1984), do historiador francês Pierre Nora, estabelecendo o conceito histórico que se tornou referência para o estudo da história cultural sobre memória coletiva e patrimônio cultural. Trata-se de determinados lugares ligados a certos acontecimentos excepcionais do passado, muitas vezes ocorrendo em um contexto traumático (como uma guerra), do qual a comunidade optou por manter a memória, significando os marcos culturais, lugares, práticas e expressões de um passado comum. Esses marcos podem ser concretos e tangíveis, como objetos ou monumentos, mas também podem ser intangíveis, como história, linguagem ou tradições. O autor integra a Escola dos Annales, a Nova História e é editor em Ciências Sociais. Veja mais aqui.

 

A EXPERIÊNCIA – [...] É interessante que, no nosso mundo miserável, existem os crimes contra a propriedade e contra o corpo, mas não existem os crimes contra a alma e contra a beleza. [...] O saber da experiência é um saber que não pode separarse do indivíduo concreto em quem encarna. Não está, como o conhecimento científico, fora de nós, mas somente tem sentido no modo como configura uma personalidade, um caráter, uma sensibilidade ou, em definitivo, uma forma humana singular de estar no mundo, que é por sua vez uma ética (um modo de conduzir-se) e uma estética (um estilo). [...]. Trechos extraídos da obra Notas sobre a experiência e o saber da experiência (Revista Brasileira de Educação, 2002), do professor e educador Jorge Larrosa. Veja mais aqui.

 

A INFÂMIA – [...] Infame é aquele que é marcado por infâmia: desonrado, desacreditado, desprezado, tocado pela vileza, pela baixeza, pela vergonha e pelo opróbrio. Para o infame não há crédito, honra ou aceitação; somente ignomínia, repulsa e censura. A infâmia é sempre pública e depende da opinião de muitas pessoas, que se encontram em um mesmo julgamento de ordem moral: o infame os escandaliza, fere as bases da conduta corrente e, por isso, deve ser sinalizado, separado e punido. O infame está sempre alhures. [...]. Trecho extraído da obra Histórias da Infâmia: de Borges a Foucault (Anuário de Literatura, 2010), do professor Kevin Falcão Klein.

 

CIDADES INVISÍVEIS – [...] Pode ser que eu tenha medo de repentinamente perder Veneza, se falar a respeito dela. Ou pode ser que falando de outras cidades, já a tenha perdido pouco a pouco. Trecho extraído da obra As cidades invisíveis (Companhia das Letras, 1991), do escritor italiano Ítalo Calvino (1923-1985). Veja mais aqui e aqui.

 

SETE SONETOS DE AMOR E MORTE - I – O MUNDO QUE VENCI DEU-ME UM AMOR - O mundo que venci deu-me um amor, / Um troféu perigoso, este cavalo / Carregado de infantes couraçados. / O mundo que venci deu-me um amor / Alado galopando em céus irados, / Por cima de qualquer muro de credo, / Por cima de qualquer fosso de sexo. / O mundo que venci deu-me um amor / Amor feito de insulto e pranto e riso, / Amor que galga o cume ao paraíso. / Amor que dorme e treme. Que desperta / E torna contra mim, e me devora / E me rumina em cantos de vitória... II– NAM SIBYLLAM - Lá onde um velho corpo desfraldava / As trêmulas imagens de seus anos; / Onde imaturo corpo condenava / Ao canibal solar seus tenros anos; / Lá onde em cada corpo vi gravadas / Lápides eloquentes de um passado / Ou de um futuro arguido pelos anos; / Lá cândidos leões alvijubados / As brisas temporais se espedaçavam / Contra as salsas areias sibilantes; / Lá vi o pó do espaço me enrolando / Em turbilhões de peixes e presságios / Pois na orla do mundo as delatantes / Sombras marinhas, vagas, me apontavam. III – INFERNO, ETERNO INVERNO, QUERO DAR - Inferno, eterno inverno, quero dar / Teu nome à dor sem nome deste dia / Sem sol, céu sem furor, praia sem mar, / Escuma de alma à beira da agonia. / Inferno, eterno inverno, quero olhar / De frente a gorja em fogo da elegia, / Outono e purgatório, clima e lar / De silente quimera, quieta e fria. / Inverno, teu inferno a mim não traz / Mais do que a dura imagem do juízo / Final com que me aturde essa falaz / Beleza de teus verbos de granizo; / Carátula celeste, onde o fugaz / Estio de teu riso - paraíso? IV – AGONISTES - Dormia um redentor no sol que ardia / O louro e a cera, dons hipotecados / Da carne postulada pelo dia; / Dormia um redentor nos incensados / Lençóis que a lua póstuma cobria / De mirra e de açafrões embalsamados; / Dormia um redentor no navegante / Das mortalhas de escuma que roía / O verme de seus sonhos abafados; / E até no atol do sexo triunfante / Do mar e da salsugem da agonia / Dormia um redentor: e era bastante / Para acordá-lo o verso que bramia / No cérebro do atleta e lá morria. V – ONDE PAIRA A CANÇÃO RECOMEÇADA - Onde paira a canção recomeçada / No capitel de acanto de teu lar? / Onde prossegue a dança terminada / Nas lajes de meu tempo de chorar? / Rapaz, em minhas mãos cheias de areia / Conto os astros que faltam no horizonte / Da praia soluçante onde passeia / A espuma de teu fim, pranto sem fonte. / Oh juventude, um pálio de inocência / Jamais se estenderá sobre outra aurora / Mais clara que esta clara adolescência / Onde o lupanar da noite hoje devora: / Que vale o lenço impuro da elegia / Sobre teu rosto, lúcida alegria? VI – EGO DE MONA KATEUDO - Dor, dor de minha alma, é madrugada / E aportam-me lembranças de quem amo. / E dobram sonhos na mal-estrelada / Memória arfante donde alguém que chamo / Para outros braços cardiais me nega / Restos de rosa entre lençóis de olvido. / Ao longe ladra um coração na cega / noite ambulante. E escuto-te o mugido, / Oh vento que meu cérebro aleitaste, / Tempo que meu destino ruminasse. / Amor, amor, enquanto luzes, puro, / Dormindo é claro, eu velo em vasto escuro, / Ouvindo as asas roucas de outro dia / Cantar sem despertar minha alegria VII – ESTAVA LÁ AQUILES, QUE ABRAÇAVA - Estava lá Aquiles, que abraçava / Enfim Heitor, secreto personagem / Do sonho que na tenda o torturava; / Estava lá Saul, tendo por pajem / Davi, que ao som da cítara cantava; / E estavam lá seteiros que pensavam / Sebastião e as chagas que o mataram. / Nesse jardim, quantos as mãos deixavam / Levar aos lábios que o atraiçoaram! / Era a cidade exata, aberta, clara: / Estava lá o arcanjo incendiado / Sentado aos pés de quem desafiara; / E estava lá um deus crucificado. Poemas extraídos da obra O homem e sua hora e outros poemas (Companhia das letras, 2009), do escritor, jornalista, crítico literário e tradutor Mário Faustino (1930-1962). Veja mais aqui.

 

CODE INCONNU – O drama Code inconnu: Récit incomplet de divers voyages (2000), dirigido por Michael Haneke, inspirado na vida do romancista Olivier Weber, apresenta várias histórias diferentes, todas as quais se cruzam periodicamente, estrelado pela atriz francesa Juliette Binoche. Conhecido pelo nome de Código Desconhecido a obra é composta de longas tomadas não editadas, filmadas em tempo real, cortadas apenas quando a perspectiva dentro de uma cena muda de um personagem para outro no meio da ação. Veja mais aqui e aqui.

 


PORTIER DES CHARTREUX – [...] Ó orgasmo! Você é um raio de divindade! Ou você não é a própria divindade? [...] Você não tem um bordel ou um fanático ao seu alcance a cada momento, mas o pássaro está sempre lá para bater nele. [...]. Trechos extraídos da obra Portier des Chartreux A História de Dom Bougre, porteiro do Chartreux (Estampe gravée, 1922), atribuído ao advogado e escritor francês Gervaise de Latouche (1715-1782), que descreve as incríveis aventuras libertinas e licenciosas do famoso monge debochado Abbot Desfontaines, caracterizada pela vivacidade das cenas e pela falsa ingenuidade de seu estilo. Este romance foi reeditado em 17787 sob o título de Memórias de Saturnino (Paris, Cazin). Veja mais aqui.

 

PROGRAMA DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui. Na edição deste 02/09 do programa Domingo Romântico, uma produção da radialista e poeta Meimei Correa e apresentado por Luiz Alberto Machado, está com uma programação pra lá de especial, confira as atrações: Edward Grieg, Marilena Chauí, Tchaykovsky, Elis Regina, Tarsila do Amaral, Francisco Mignone, Antonin Artaud, Seiji Ozawa, Floyd Council, Anton Bruckner, Aldir Blanc, Edu Lobo, Zimbo Trio, Maria Montessori, Toquinho, Eduardo Galeano, Joachim Koellreutter & Gilberto Mendes, Francis Hime, Nicolas Krassik, Charlie Parker, José Régio, Jackson do Pandeiro, Lenine, Arnaldo Antunes, E. E. Cummings, Ana Carolina, Paulynho Duarte & Braz Chediak, Walter Sarsa, Johnny Mathys, Clara Redig, André Sampaio, Leila Pinheiro, Eduardo Conde, Paulo Gracindo, Yassir Chediak, Filipe Catto, Jessier Quirino, Pena Branca e Xavantinho, Maria Creuza, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Engelbert Humperdinck, Isaurinha Garcia, Dery Nascimento, Mazinho, Waldick Soriano, Walter Pepê, Cikó Macedo e Zélinaldo, Edson Gomes, Marcio Greyck, Carlinho Motta, Cantor Pitanga & muito mais! Veja mais aqui.

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CHRISTINA VASSILEVA, KATHERINE JOHNSON, MARTÍN-BARÓ, JOÃO CABRAL & MATA SUL INDÍGENA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Mistérios do Rio Lento (The Voice of Lyrics, 1998), Santiago de Murcia: a portrait (Frame,...