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quarta-feira, maio 29, 2019

GEORGES BATAILLE, NATALIE ROGERS, MARIO SETTE, CARMEN BEUCHAT & DAS AVESSAS PRO REVESTRÉS


DAS AVESSAS PRO REVESTRÉS – Joãotilio teve um troço de esticar as pernas assim de repente e foi bater de cara no inferno. Eita! O capeta esperava com um riso sardônico, afiando as pontas do tridente e cheio do caqueado: Chegou, foi! Joãtilio deu logo um freio de enterrar os pés no chão, chega o tinhoso chasqueou: Dê pra trás não, mô fio, tava só lhe esperando. Ah, mas logo pro inferno, meu? Queria ir pra onde, hem? Acho que merecia uma coisinha melhor! A-rá! Quer melhorzinha é? Vem cá que vou puxar sua folha corrida lá embaixo, achegue, venha. Tá doido? Esse rolo todo aí sou eu? Tem mais uns três desses, quer ver? Deus me livre! Nem se ele quisesse, mô fio. Ah, não. Ah, sim. Tem de haver um jeito de me sair dessa. Hem, hem, tem não. Vamos negociar! Você não tem nem onde cair morto, mô fio, ainda quer regatear? Claro, ora. Veja só: você morreu de ruim e se a gente fizer uma recapitulação verá que aqui você estará melhor do que onde estava. Sei não. Saberá, destá. Xô, pra lá. Nada, venha ver, se achegue, venha, você vai gostar, espie ali, veja. Quando viu, berrou: Oxe, mas é talqualzinha a vida lá na terra. Sim, mô fio, a mesma coisinha, só tem uma diferença: ninguém dorme. É mesmo? E pode fazer o que quiser! Como assim? Aqui pode tudo. Sei não, tenho opção? Hem, hem, tem não. Tem de ter! E para isso teve que suar a camisa. Não tinha lá o tino de um Camonge ou Malasartes, mas usou da sua astúcia. Caíram na maior parolagem. Vai daqui para acolá, tome lá, dê cá. O seu ajeitado parecia suspeito, porquanto cheio de lábia conseguiu persuadi-lo: Olhe, qual a garantia? Ah, está abusando das prerrogativas. Mas quero ver o purgatório como é que é. Então vá, eu espero. E foi. Chegou lá, mais parecia uma prisão: as almas todas cativas, acorrentadas, aprisionadas. Vôte! Dá pra mim não. Vou é ver o céu. Fez meia volta e caiu enchendo tudo de pernas. Saiu, andou que só, lá pras tantas, deu na portaria do céu. Não tinha ninguém. Pra falar a verdade, nem parecia céu, nem nada. Vasculhou a redondeza, viu um pitoco, apertou, enfiou o dedo uma tuia de vezes, quem sabe, seja uma campainha, nada de aparecer um pé de gente ou coisa que fosse. Lá pras tantas, depois de futucar que só, sobrecarregado de dúvidas, sentou-se no chão e matutou. Eis a revelação: É bem diferente do céu que falavam pra gente. Pra falar a verdade: o céu não existe! Nada do que disseram e pensei que tinha aprendido. Que rasteira. Ah, pensei que morrendo resolvia todos os meus problemas; mas não, estou no osso mucumbu de não sei onde e não tenho para onde arribar, afinal. Nem mesmo depois de morto eu consigo sossegar. Tem nada não, que fazer? Feliz aniversário para mim. Vou nessa. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] As mulheres representa, hoje, uma força revolucionária. Estamos descobrindo nosso valor, nossa força e nosso poder. À medida que nós definirmos novos papéis – no lar e na sociedade – alteraremos o mundo. Como os homens estão se propondo a descobrir seus sentimentos intuitivos e provedores, e as mulheres estão descobrindo sua competência e assertividade, nós – mulheres e homens – podemos trabalhar juntos para nos darmos oportunidades iguais: igualdade profissional, de poder e liderança (todas as três têm sido negadas à maioria das mulheres) e igualdade de oportunidades no desempenho do papel materno, na criação de um ambiente acolhedor para a família, no direito ao lazer e a uma vida longa (coisas negadas à maioria dos homens). Se encontrarmos equilíbrio interior, encontraremos também equilíbrio entre homens e mulheres. Então, estaremos aptos a nos abrirmos para relacionamentos mais harmoniosos e ternos entre pessoas.
Trecho extraído da obra A mulher emergente: uma experiência de vida (Martins Fontes, 1993), da psicoterapeuta, artista, escritora e educadora Natalie Rogers (1928-2015), fundadora do Instituto de Terapia Expressiva Centrada na Pessoa (PCETI). Veja mais aqui.

MAXAMBOMBAS E MARACATUS
[...] O subdelegado comparecia cedo, de feltro acabanado, andar gingador, olhar duro, bengala de volta, seguido de duas ou três ordenanças de quépis de banda e compridos refles. Quase dez horas. Impaciência geral. Reclamações, berros, sapateados. – Essa joça não principia, não? – Está parecida com as obras do porto... – Ou com o bonde elétrico de Olinda... – Vai com isso! – Eu já vou lá meter o porrete nessas pastoras! Uma velha surde no trabalho e suplica: - Aquéta, minha gente. As “meninas” estão se vestindo... – Sai daí, Marocas boca de mulambo! [...].
Trecho de Um sereno no casamento, extraído da obra Maxambimbas e maracatus (Cultura Brasileira, 1935), do jornalista, escritor e professor Mario Sette (1886-1950). Veja mais aqui & aqui.

A ARTE DE CARMEN BEUCHAT
A arte da artista, coreógrafa e dançarina chilena Carmen Beuchat. Veja mais aqui.

A OBRA DE GEORGES BATAILLE
No que vai sobreviver a mim estou em harmonia com minha aniquilação. Rir do universo liberou minha vida. Eu escapei do seu peso rindo. Recuso quaisquer traduções intelectuais desse riso, já que minha escravidão se tornaria a partir daquele momento.
A obra do escritor francês Georges Bataille (1897-1962) aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.


sexta-feira, setembro 29, 2017

THIAGO DE MELLO, HANS BELLMER, MARIO SETTE, SÉRGIO AUGUSTO, RONILDO MAIA LEITE & SIDNEY WANDERLEY

LINGUA FALOU, CU PAGOU! - Denilzinho era um arretado: servidor, jeitoso, estibado. Precisasse, pau pra toda obra; solidário até com morte de formiga. Diziam: esse vive de cara pra lua! Isso porque ninguém nunca via nele cara feia ou dizer não: sempre pronto para ajudar e resolver o que fosse para o bem de quem chegasse. E o melhor: com o maior dos sorrisos. Dinheiro? Sacava dos bolsos: tome! Carro emprestado, chaves dispostas na hora! Adoeceu? Estava pronto para palavras amigas e providenciar remédios, indiferente de quanto custassem. Eu num disse? Um sujeito pra lá de gente boa mesmo. Mas... Ninguém é perfeito: quando virava um copo, vixe! O cabra se transformava no pior cricri dos chatos de galochas. Era só às gaitadas: fulano? Aquilo é um corno safado da gaia mole! Sicrano? Aquilo é uma pestilência da mais gangrenosa! Beltrano? Um viado safado do cu afolosado! E mulher? Ah, a mulher de casa é feito galinha de granja: cheirosinha, limpinha, toda jeitosinha, mas insossa, aguada; já a mulher da rua, a puta nojenta, oxe, é feito carne de galinha de capoeira: fedorenta de inhaca da peste, melada, cagada, mijada, fodida, cuspida e mal paga, mas, ainda assim, é a maior sustância, suculenta, vixe! Chega dá vontade de comer de se empanzinar todo! Ô coisa boa! E repetia isso até diante da sua distinta senhora que, pudica das mais religiosas, abria um sorriso amarelo por educação e fazia que nem ouvia, resignada, serviçal pra tudo a bem do marido, vivia só pra ele providenciando iguarias e bebidas, o rei da casa que ela obedecia e devotava toda sua vida, arrumando da varanda à cozinha, ajeitando do jardim ao quintal, roupa engomada, tudo pronto antes mesmo dele pedir, e nos trinques todo dia e o dia todo. Isso até o dia que Denilzinho, depois de muitas e tantas, tomou uma de emborcar trocando as pernas na beira da cama, resmungando o flagra da infidelidade marital: ué, mulher, o que é que é isso? E ela, sem fazer a menor cerimônia, cuspiu na lata dele com a cara mais lisa: Oxe, homem, de tanto você dizer, eu fui fazer um teste pra vê se era mesmo galinha de granja, ora, pra seu governo o macho aqui me certificou que sou mesmo é galinha de capoeira. E das boas! Gostei e quero mais! Tai, língua falou, cu pagou! Teibei! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com o compositor, músico e cantor Ivan Lins ao vivo + Quem saberia perder + Java Jazz; aa premiada violinista alemã Viviane Hagner interpretando Grétry Violon Concert Henri Vieuxtemps & Israel Philharmonic with Zubin Mehta; o violonista e compositor Nando Lauria interpretando músicas dos  álbuns Novo Brasil & Points of view; e a belíssima cantora Julya Cristal interpretando música do seu álbum A journey to Shamnalla &  Forever more. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Glamour não é um dote natural, mas um artifício burilado pela pericia de técnicos em plástica, elegância, iluminação e marketing. Glamour, portanto, se adquire – mas nem todos podem comprá-lo. Sua aquisição exige sacrifícios, sobretudo de ordem física [...] Não é menos árdua a sua conservação. [...] As recompensas são tais e tantas que poucos atores se confessaram arrependidos das concessões a que se sujeitaram, trocando de cara, nome e, não raro, até de biografia. [...]. E entendemos o desespero daquela personagem da peça Angel City, de Sam Shepard, que a certa altura desabafa: “Eu odeio minha vida. Queria que ela fosse um filme. Eu odeio o que sou. Eu queria estar vivendo um filme, mas não estou e nunca estarei”. Trechos do ensaio Minha tela tem estrelas (Bravo, abril/2004), do escritor e jornalista Sérgio Augusto. Veja mais aqui.

AS MULHERES DE IGARASSUDuarte Coelho [...] donatário da capitania de Pernambuco, fundara à margem de um rio do mesmo nome a vila de Igarassu [...] Ali vinham ter as embarcações que chegavam de Portugal, trazendo colonizadores, mercadorias, víveres, e, pouco a pouco, a localidade crescia. [...] Os gentios, porém, que de começo se haviam mostrado cordatos, auxiliadores, deram em se insurgir contra os portugueses, declarando “guerra aos brancos”. [...] Durava já dois anos o assedio e, por isso, andavam os homens fatigados das vigílias sempre receosos de um ataque súbito dos indígenas. As mulheres, então, ofereceram-se para substituí-los nas sentinelas, durante as longas noites, e foram aceitas nesse arriscado mister, sem que dessa medida o inimigo viesse a ter mínima ciência. E afinal, uma vez, quase pela madrugada, sorrateiramente os índios ensaiaram tomar a vila de assalto, atacando o forte que defendia do lado do rio. As mulheres avistando aqueles vultos que escalavam as muralhas, rojaram-se sobre eles de espadas em punho, acutilando, ferindo, matando, com todo animo. Todavia, mais fracas e em menor numero, iam sendo subjugadas. E foi quando uma delas, por dar aviso aos homens que dormiam, teve uma fuzilante ideia. Apoderou-se de um tição, chegou-o ao ouvido de uma peça e disparou-a. o tiro reboou no silêncio da noite. Os soldados despertaram, correram aos seus postos, salvando a vila de uma capitulação. Trechos extraídos da obra Terra pernambucana (FCCR, 1981), do professor, jornalista e escritor Mario Sette (1886-1950). Veja mais aqui, aqui e aqui.

A GUERRILHEIRA & O MAGRICELA BARBUDO - [...] Entre um gole e outro, costumava dizer, já agora aos berros: - Mulher casada que faz amor somente com o marido, para mim não passa de uma virgem... E dava cafunés dengosos na cabeça da esposa, que os olhos abaixava em sinal do mais bíblico respeito. Numa almofada distante, um magricela barbudo acompanhava o baixar de olhos, como na missa. Noite alta, até o gogó ele encheu o copo do uísque. Sem gelo, engoliu à maneira dos caubóis. Claro, entrou em coma profundo. Quando voltou a si, todos estavam ao redor das coloridas almofadas. Menos o magricela barbudo. Dirigiu-se ao quarto. Foi quando descobriu que, toda sexta-feira, o barbudinho se entregava ao dialético prazer de desvirginar a guerrilheira amada. Trecho extraído da obra A guerrilheira perfumada: crônicas do amor diário (Raiz, 1990), do jornalista e escritor Ronildo Maia Leite (1930-2009).

UM TRIPLO TIBUNGO HERÁCLITOTrês meninos mergulharam no rio / o rio mergulha na tarde / a tarde mergulha no tempo / que envelhece os meninos / que engole os sonhos e os que sonham / que altera o curso do rio / para que três outros meninos / em outra tarde, outro rio / renasçam em outros mergulhos. Poema extraído de Artesanias da palavra (Grafmarques, 2001), do professor e poeta Sidney Wanderley. Veja mais aqui, aqui e aqui.

EPITÁFIO DE THIAGO DE MELLO
O canto desse menino
Talvez tenha sido em vão.
Mas ele fez o que pôde.
Fez sobretudo o que sempre
Lhe mandava o coração.
Poema recolhido da obra Faz escuro mas eu canto (Civilização Brasileira, 1985), do premiadíssimo poeta amazonense Thiago de Mello. Veja mais aqui, aqui e aqui.

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A literatura de Cervantes aqui, aqui e aqui.
A pintura de Caravaggio aqui.
A música & entrevista de Ivan Lins aqui, aqui e aqui
O pensamento de Miguel de Unamuno aqui e aqui.
A arte musical de Viviane Hagner aqui.
O cinema de Michelangelo Antonioni aqui.
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O teatro de Plinio Marcos aqui, aqui e aqui.
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A ARTE DE HANS BELLMER
A arte do escultor e gravurista alemão Hans Bellmer (1902-1975).

NOÉMIA DE SOUSA, PAMELA DES BARRES, URSULA KARVEN, SETÍGONO & MARCONDES BATISTA

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Sempre Libera (Deutsche Grammophon , 2004), Violetta - Arias and Duets from Verdi's La Tra...