segunda-feira, maio 12, 2025

DEBORAH LEVY, OLGA MARTYNOVA, ALEXANDRIA VILLASEÑOR & MARIANNE PERETTI

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Anima (CGD Leste-Oeste, 1997), Stanze (BMG, 1992), Ama (Sony Music, 2002), Sozinho (EMI Classics, 2006), Instanti (Egeu, 2009), Le mie corde (Sony Classical, 2013)) e Stanze (Decca, 2014), da harpista, compositora, cantora e escritora italiana, Cecilia Chailly, com composições próprias e partituras originais de Ludovico Einaudi.

 

A vida passa e já vai longe... – Bati o pé e cá comigo: não perdi o paraíso, mesmo que nada mais fosse que um sobrevivente dos abismos pela deslizante dança dos dias. Confesso: escapei pelas frestas de todas as espessuras, no meio dos gritos da noite e disparos de rumores, sequer governei a mim mesmo. Comia distância para extirpar meus demônios, sei lá como! Até prova em contrário, só me restava o brilho do sete-estrelo quando dava o ar da graça, com todas as dúvidas pro acerto, todos os beijos pra celebração, todas as vontades pro arrependimento e todos os passos pra consumação. Nada mais insignificante para quem fugia da persistente ameaça da miséria, célere mais que veemente no encalço da esperança e deleite das coisas, com promessa de reservar pragora o melhor que sempre ficou pra depois. E de repente corresse o fogo até as cinzas arremessadas aos ventos desatados, caindo nas chuvas pelas ondas empinadas das correntes marítimas, arrebentando na areia a lamber a Terra para que desse frutos sem que precisasse semear. Coisa mais sem graça, o mundo é tão cedo como diverso e se fizesse tão belo mesmo escorregando pela encruzilhada das horas e desse ali o não sabido, com uma topada no quatrivium da talmúdica Asmodéia – a rainha esquecida de Sodoma e do avéstico Aeshma deva de Zoroastro, arrastando o alarido de seus zis amantes. Dei de cara com a lascívia de suas 7 formas e tremia mais que vara verde com a ira de sua luxúria, as tentações de compradora de Sombras. Era a senhora dos descaminhos, dava fé, e com ela a solidão gemia e o escuro jamais teria fim. Caçou-me brincante às suas jornadas para me jogar no mar do esquecimento. Mesmo refém, não perdi minha sombra porque nunca venderia a alma ao diabo, escapulia. A alma avessa não dizia meu nome, judiava do meu pesar. Ao me caçar perdeu o sono e não arrastaria as malas na viagem em vão: apossou-se da minha flauta de Pã e, vingativa, nela extraiu a dulcíssima canção dos seus desvelos. Silenciei ao cabo de instantes sucessivos, sem que houvesse repouso: ela dominava meus sentidos e me fez pervertido insone a perseguir de seus meneios e passos. Quantas tentativas ousei a malograr diante da ameaça de ser corroído pela metástase de seus feitiços: muros desabados, fortaleza vulnerável. Nada perdi porque nunca tive e muito menos sei o que vou achar daqui pra diante. Mas não há nada para sempre assim e a palavra prévia suscitou a chance: a sorte antiga debelada ressuscitou e interviu shamir em meu socorro – como poderia, mesmo menor que um grão de cevada, quebrou todas as pedras, ferro e diamantes, chamou-me a atenção aos baques repetindo insistentemente: Ubuntu! Ubuntu! Não atinava, precisei de muito tempo para assimilar: eu só sou porque você é... Assim me salvei, acho, a vez do chega pra lá e peguei na virada - como se ela desencantasse e comigo servisse: a humanidade para todos. Um dia e outro não é sempre igual, já passou. E passará. Até mais ver.

 

Leonora Carrington: Quem pode dizer: um Deus para todo o universo? Acho que deve haver milhões de deuses! E nem todos são muito gentis... Veja mais aqui, aqui e aqui.

Mônica Martelli: Escolher é renunciar. Se opto estar aqui, não vou poder estar lá. Uma vez feita a escolha, tem que ir com tudo, tem que pisar fundo... Veja mais aqui.

Tina Fey: Não desperdice sua energia tentando mudar opiniões... Faça o que você faz e não se importe se eles gostam... Veja mais aqui.

 

QUATRO LONGOS MINUTOS

Imagem: Acervo ArtLAM.

1 - Quatro longos minutos a andorinha riu dormindo (as noites são curtas aqui) e murmurou e suou sob a asa, então ela suspirou e voou para longe a negócios. — as poupas cortam o ar com seu semicírculo - (sul), - a manhã do queijo cottage continua sem data - (de repente). Quatro longos minutos a chuva soltou e escondeu suas garras, e Chvirik ouviu: la-la, a música caiu de folha em folha, caiu e flutuou para longe (desapareceu). — é hora de revelar como ele é, Chvirik: - Ele não tem um terno decente. - toc-toc, diz o pássaro, o outro responde: piar, - O que Chvirka realmente está pensando?

2 - Mas a questão é que Chvirik não é um pássaro.

3 - Ele quer escrever algo, e o caderno se desfaz. Três longos minutos – e aquele caderno desapareceu. Em dois minutos a floresta desmoronou, tornou-se lixo, pó, nudez. Um minuto não foi suficiente para a subida íngreme, para derramar no pequeno lago lá de cima. Chvirik foi esse momento.

4 - Oh Chvirik, quando sou uma sombra sorridente fico envergonhado Eu deslizarei para este mundo, construído por nós em carne e osso (o que é estranho), voando pelas encostas das árvores, com sua vida presa na casca... - Oh Chvirka, não pense nisso, então vamos embora daqui. - Ó Chvirik, diga-me: sem engano? - Chvirka, oh minha chvirka! Os pássaros ouviram e começaram a rir: hee-hee. 0 E não existe tal minuto, e não há minuto, nem terceiro nem quarto, nem o primeiro nem o segundo.

Poema da premiada escritora russo-alemã Olga Martynova, autora de obras como Postup´yanvarskikh sadov (1989), Sumas`shedshiy kuznechik (1994), Chetyre vremeni nochi (1998), Frantsuzskaia biblioteka (2007) e Ó Vvedenskom. O Chvirike i Chvirke / Issledovaniya v stikhakh (2010).

 

CUSTO DE VIDA – [...] A vida desmorona. Tentamos nos controlar e nos manter firmes. E então percebemos que não queremos nos manter firmes. [...] Nunca deixarei de lamentar meu antigo desejo por um amor duradouro que não reduza seus protagonistas a algo menor do que eles são. [...] A liberdade nunca é de graça. Quem já lutou para ser livre sabe o quanto isso custa. [...]. Trechos extraídos da obra The Cost of Living: A Working Autobiography (Bloomsbury, 2019), da escritora e dramaturga britânica Deborah Levy, que na obra Hot Milk (Bloomsbury, 2017), ela expressou que: […] Confesso que muitas vezes me perco em todas as dimensões do tempo, que o passado às vezes parece mais próximo que o presente e muitas vezes temo que o futuro já tenha acontecido. [...]. Noutra de suas obras, a Things I Don't Want to Know (Hamish Hamilton, 2018), ela expressa que: […] Para me tornar um ESCRITOR, tive que aprender a INTERROMPER, a falar mais alto, a falar um pouco mais alto, e depois MAIS ALTO, e então apenas falar com minha própria voz, que NÃO É NEM UM POUCO ALTA. [...]. Na obra Swimming Home (Bloomsbury, 2012), ela observou que: […] A vida só vale a pena ser vivida porque esperamos que ela melhore e que todos cheguemos em casa em segurança. Mas você tentou e não conseguiu chegar em casa em segurança. Você não conseguiu chegar em casa de jeito nenhum. [...]. Por fim, na sua obra Pillow Talk in Europe and Other Places (Dalkey Archive Press, 2004), ela considerou que: […] Certifique-se de aproveitar a linguagem, experimentar maneiras de falar, ser exuberante mesmo quando não tiver vontade, porque a linguagem pode tornar o seu mundo um lugar melhor para se viver. [...].

 

GREVE PELAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – [...] Minha geração sabe que as mudanças climáticas serão o maior problema que enfrentaremos [...] É perturbador que minha geração tenha que pressionar esses líderes a agir. Não vamos parar de fazer greve até que mais leis sejam aprovadas. [...]. Trechos do depoimento recolhido na matéria We won't stop striking': the New York 13 year-old taking a stand over climate change (The Guardian, 2019), em que a jovem ativista climática estadunidense Alexandria Villaseñor, faz um alerta de greve por conta das mudanças climáticas. Ela é adepta do movimento Fridays for Future, cofundadora da US Youth Climate Strike e fundadora da Earth Uprising. Durante a solenidade da Child petitioners protest lack of government action on climate crisis (UNICEF Headquarters, 2019), ela assinalou que: Estamos aqui como cidadãos do planeta, como vítimas da poluição que tem sido despejada descuidadamente em nossa terra, ar e mar por gerações, e como crianças cujos direitos estão sendo violados. Hoje estamos lutando. Há 30 anos o mundo nos fez uma promessa. Praticamente todos os países do mundo concordam que as crianças têm direitos que devem ser protegidos. E os países que assinaram o 3º Protocolo Facultativo sobre Comunicação se comprometeram a nos permitir apelar às Nações Unidas quando esses direitos estiverem sendo violados. Então é exatamente isso que estamos fazendo aqui hoje. Cada um de nós teve seus direitos violados e negados. Nossos futuros estão sendo destruídos. E na matéria New York’s Original Teen-Age Climate Striker Welcomes a Global Movement (de Carolyn Kormann, no The New Yorker, 2019), ela expressou: Vejo mais as estruturas que a sociedade criou. E é por isso que a minha geração teve tanto impacto no movimento climático. Estamos nos organizando fora das estruturas em que os adultos trabalham. Desde que me envolvi, vejo como o sistema está quebrado, e isso é uma das coisas que precisam mudar.

 

A ARTE MONUMENTAL DE MARIANNE PERETTI

[...] Enquanto houver um artista com talento e capaz de desenhar em tamanho real e artesão com sabedoria e paciência, teremos vitrais para iluminar nossa vida [...] Os grandes tamanhos me agradam, porque neles posso me exprimir com mais liberdade e sempre estou incorporando elementos novos e também diferentes dessas linguagens, uns aos outros, tudo com muita liberdade [...].

Trechos extraídos do catálogo da exposição A arte monumental de Marianne Peretti (Museu Nacional – Conjunto Cultural da República, Brasília, 2016), da vitralista e artista plástica Marianne Peretti (Marie Anne Antoinette Hélène Peretti – 1927-2022). Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

&

ROMEU & JULIETA, COM ARAMIS TRINDADE

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DIANA AURENQUE, LINA MERUANE, MAYRA OYUELA & MITSY QUEIROZ

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som da Suíte para piano Cinco danças (1960), de Três Peças para fagote solo (2018-2019), Multisarabanda (...