Ao som do Concerto Instrumental (2015), gravado ao vivo pela violonista alémã Jule Malischke, nas oficinas em DD-Hellerau.
TRÍPTICO DQP:
- Ainda é primavera... - Ainda é
primavera e eu bebo a chuva da alvorada, enquanto Sebastian Seung me diz: Eu sou meu
conectoma... E eu que sempre tive pra mim que todos éramos nossas glândulas endócrinas nem me espantei! Jamais
me espantaria justo porque sei de Mihály Babits: O que é
uma opinião? Um limite imposto a nós mesmos... Ah! como seria bom hoje ser
surdo como Deus. Exatamente e só o que me espanta mesmo é
que ainda é primavera e eu não tenho pra onde ir porque
roubaram as margens dos rios e a fogueira das queimadas me manda pra longe. Ainda
é primavera e coisominions patriotários param o relógio da manhã como se fosse
mentira ir e vir, esburacando a sorte e a sobrevivência de quem não tem nada a
ver com suas idiossincrasias. É isto que me espanta como todos vão se Qatar com
a minha bandeira confiscada em Doha, com a extinção em massa de não sei quantos
seres vivos e de como o ódio faz vítimas com seus ataques às escolas de Aracruz.
É o que me espanta nos alicerces de conluio, telhados de porcelana, o
verdadeiro mais cinza que existe, olhos da morte pelas brechas com os gritos
escapando pelas frestas das janelas e portas. Há muita zoada para confundir,
ninguém escapa e é triste seguir sozinho...
Quando
houver amanhã... - Imagem
da exposição Nhande
Marandu – Uma história de etnomídia indígena, criada por Anápuàka Tupinambá, reunindo artistas de
etnias diversas. - O que é de céu ou chão a gente
perdeu faz tempo, só o vento nos leva não se sabe mais para onde. Quando eu era
menino as coisas eram menos dolorosas, doíam sim, mas já passaram; hoje dói
mais e duradouro, parece até não mais ter fim. Quantas vezes quis ser mais que
sou, pobre de mim, era pequeno e feliz, juro não ter nenhuma ambição assim de
esguelha, só juntei farelos nos dedos. Restou-me o que aprendi de Connie Palmen: Você deve fazer o que tem medo, porque é a
coisa mais segura. A boa escuta requer empatia e abandono de preconceitos. O
paraíso só surge no momento em que você o deixa ou antes de entrar nele... Se eu soubesse antes que era assim, afinal ninguém sabe depois, só do que
teima em se manter em todas as circunstâncias. Quando houver amanhã talvez nem
mais seja o Sol do meio dia, nem mesmo o mando espragatando com pisada forte a
coragem de ir mais além, a quentura do convívio frio distante e a sede para
água que não mais há... Quando houver amanhã saberei mais que ontem e o que foi
e será. Tudo será passado...
Guia do
caminheiro das sonhações... - Imagem: arte
do artista australiano Gil Bruvel. -
Lá estava entre os milhares de voluntários de Tunick na praia australiana de Bondi, para saber do cuidado com o
câncer de pele grassando. Sentia-me com todos e só, até esbarrar na exuberante
nudez de Zederina que também
escapava das idas e vindas pandêmicas. Agora, mais linda que nunca, da surpresa
me disse com um sorriso Olga Benário:
Em momentos difíceis é
preciso pensar em alguma coisa bonita... Preparar-me para a morte não significa
que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue... E
mais se achegou contando das torturas de
ser filha da dor: suas carências
íntimas e a saudade da filha que lhe tomaram recém-nascida e nunca mais viu. A mim
se agarrou e mais terna que nunca dei-lhe mais que afeiçoado. Ela quedou com os
meus carinhos e senti seu hálito perfumado ao se expressar Charlaine Harris: Nunca
fui uma mulher de relações de uma noite só. Quero ter a certeza, se dormir
contigo, de que o faço porque queres passar algum tempo comigo e porque gostas
de mim por quem eu sou e não pelo que sou. Retribuí aos seus
encantos e aos beijos atravessamos a noite até amanhecer ali na praia. Estrada afora
ela não me disse sim, muito menos não, seguimos. E nas
andanças nos deparamos com as Mulheres
de Repente, como o da Luzilá Gonçalves Ferreira. E nos embalamos com a Luna Vitrolira, Dayane
Rocha, Thaynnara Queiroz, Francisca Araújo, Elenilda Amaral e Milene Augusto,
maior rastapé de perder a noção dos dias e das noites. Sabia dela e ela de mim.
Não é impossível sonhar acordado, eu vejo de olhos
de fechados. Até mais ver.
[...] O culto ao mercado que está se tornando uma condição de
sobrevivência, de pessoas e países, influencia de forma crescente a educação,
começando mesmo a determinar-lhe os fins e, por consequência, subtraindo ao
indivíduo uma das mais caras conquistas do homem ocidental que é a liberdade de
ser e de fazer opções e escolhas. [...] possam visualizar numa tela do projeto
escolar e do processo educativo, interações e interdependências, sentidos,
convergências e a necessidade de uma construção coletiva, sem a qual
dificilmente se poderá perceber e entender a dimensão holística do pensamento
educativo.
Pensamento do educador e filósofo da educação
argentino Jorge Werthein.Veja mais
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