domingo, novembro 27, 2022

CHARLAINE HARRIS, SEBASTIAN SEUNG, CONNIE PALMEN, MIHÁLY BABITS & JORGE WERTHEIN

 

Ao som do Concerto Instrumental (2015), gravado ao vivo pela violonista alémã Jule Malischke, nas oficinas em DD-Hellerau.

 

TRÍPTICO DQP: - Ainda é primavera... - Ainda é primavera e eu bebo a chuva da alvorada, enquanto Sebastian Seung me diz: Eu sou meu conectoma... E eu que sempre tive pra mim que todos éramos nossas glândulas endócrinas nem me espantei! Jamais me espantaria justo porque sei de Mihály Babits: O que é uma opinião? Um limite imposto a nós mesmos... Ah! como seria bom hoje ser surdo como Deus. Exatamente e só o que me espanta mesmo é que ainda é primavera e eu não tenho pra onde ir porque roubaram as margens dos rios e a fogueira das queimadas me manda pra longe. Ainda é primavera e coisominions patriotários param o relógio da manhã como se fosse mentira ir e vir, esburacando a sorte e a sobrevivência de quem não tem nada a ver com suas idiossincrasias. É isto que me espanta como todos vão se Qatar com a minha bandeira confiscada em Doha, com a extinção em massa de não sei quantos seres vivos e de como o ódio faz vítimas com seus ataques às escolas de Aracruz. É o que me espanta nos alicerces de conluio, telhados de porcelana, o verdadeiro mais cinza que existe, olhos da morte pelas brechas com os gritos escapando pelas frestas das janelas e portas. Há muita zoada para confundir, ninguém escapa e é triste seguir sozinho...

 


Quando houver amanhã... - Imagem da exposição Nhande Marandu – Uma história de etnomídia indígena, criada por Anápuàka Tupinambá, reunindo artistas de etnias diversas. - O que é de céu ou chão a gente perdeu faz tempo, só o vento nos leva não se sabe mais para onde. Quando eu era menino as coisas eram menos dolorosas, doíam sim, mas já passaram; hoje dói mais e duradouro, parece até não mais ter fim. Quantas vezes quis ser mais que sou, pobre de mim, era pequeno e feliz, juro não ter nenhuma ambição assim de esguelha, só juntei farelos nos dedos. Restou-me o que aprendi de Connie Palmen: Você deve fazer o que tem medo, porque é a coisa mais segura. A boa escuta requer empatia e abandono de preconceitos. O paraíso só surge no momento em que você o deixa ou antes de entrar nele... Se eu soubesse antes que era assim, afinal ninguém sabe depois, só do que teima em se manter em todas as circunstâncias. Quando houver amanhã talvez nem mais seja o Sol do meio dia, nem mesmo o mando espragatando com pisada forte a coragem de ir mais além, a quentura do convívio frio distante e a sede para água que não mais há... Quando houver amanhã saberei mais que ontem e o que foi e será. Tudo será passado...

 


Guia do caminheiro das sonhações... - Imagem: arte do artista australiano Gil Bruvel. - Lá estava entre os milhares de voluntários de Tunick na praia australiana de Bondi, para saber do cuidado com o câncer de pele grassando. Sentia-me com todos e só, até esbarrar na exuberante nudez de Zederina que também escapava das idas e vindas pandêmicas. Agora, mais linda que nunca, da surpresa me disse com um sorriso Olga Benário: Em momentos difíceis é preciso pensar em alguma coisa bonita... Preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue... E mais se achegou contando das torturas de ser filha da dor: suas carências íntimas e a saudade da filha que lhe tomaram recém-nascida e nunca mais viu. A mim se agarrou e mais terna que nunca dei-lhe mais que afeiçoado. Ela quedou com os meus carinhos e senti seu hálito perfumado ao se expressar Charlaine Harris: Nunca fui uma mulher de relações de uma noite só. Quero ter a certeza, se dormir contigo, de que o faço porque queres passar algum tempo comigo e porque gostas de mim por quem eu sou e não pelo que sou. Retribuí aos seus encantos e aos beijos atravessamos a noite até amanhecer ali na praia. Estrada afora ela não me disse sim, muito menos não, seguimos. E nas andanças nos deparamos com as Mulheres de Repente, como o da Luzilá Gonçalves Ferreira. E nos embalamos com a Luna Vitrolira, Dayane Rocha, Thaynnara Queiroz, Francisca Araújo, Elenilda Amaral e Milene Augusto, maior rastapé de perder a noção dos dias e das noites. Sabia dela e ela de mim. Não é impossível sonhar acordado, eu vejo de olhos de fechados. Até mais ver.

 


[...] O culto ao mercado que está se tornando uma condição de sobrevivência, de pessoas e países, influencia de forma crescente a educação, começando mesmo a determinar-lhe os fins e, por consequência, subtraindo ao indivíduo uma das mais caras conquistas do homem ocidental que é a liberdade de ser e de fazer opções e escolhas. [...] possam visualizar numa tela do projeto escolar e do processo educativo, interações e interdependências, sentidos, convergências e a necessidade de uma construção coletiva, sem a qual dificilmente se poderá perceber e entender a dimensão holística do pensamento educativo.

Pensamento do educador e filósofo da educação argentino Jorge Werthein.Veja mais Educação & Livroterapia aqui e aqui.