VAMOS APRUMAR A CONVERSA? O
ADEUS DOS FERNANDOS – “Amigo é coisa pra se guardar...” Num
domingo desse dos recém-passados – um baque do meu coração -, numa tacada só,
duas perdas irreperáveis. A primeira veio do meu amigo de longas datas da
infância, Vavá de Aprígio, sobre o meu amiguirmão Fernandinho – o Fernando
Albuquerque Melo Filho, Fernando Bigodinho -, meu primeiro parceiro musical,
sujeito duma aura incandescente, figura extraordinária que tive o privilégio de
dividir emoções, amizade e companheirismo nas décadas de 1970/80, compondo
músicas, virando copo e contando pilhérias contra o vento do Recife. A gente
começou virando a noite na República do Pinras, misturando acordes e palavras,
até emplacar, de primeira, três parcerias musicais duma vez só por estreia. E foi
assim mesmo, a cada acorde no violão Folk branquinho dele, uma sacada duma
palavra prum verso inspirado – diga-se de passagem, mais pela sua sempre
criativa presença e arte musical, do que por competência minha de letrar suas
belas canções. As lorotas, tons e versos sempre permeavam a nossa conversa.
Resultado: trocentas músicas, hoje a maioria ele levou consigo pra gente curtir
qualquer dia desses no outro lado da vida. Tanto é que contei algumas da gente aqui.
Quase na mesma hora desse mesmo domingo, outro baque no meu coração. Dessa vez
era a notícia do poeta Fernando Brant – o parceiro de tantas belas músicas de
Milton Nascimento -, que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente em 2004,
quando emplacamos uma entrevista em Belo Horizonte pro meu Guia de Poesia aqui.
O Fernando do Clube da Esquina e do Clube dos Ratos, poeta de Maria Maria, dos
Bailes da Vida – “Foi nos bailes da vida
ou num bar em troca de pão... Todo
artista tem de ir aonde o povo está!” -, e de tantas outras e muitas
músicas que embalaram meu coração desde a década de 1970, quando conheci a obra
do carioca-mineiro detentor de uma das mais belas vozes do planeta e que,
também, tive a oportunidade de entrevistar três vezes. Foi na música e na voz
do Milton que tive acesso à poesia do Brant. E foram essas músicas que me deram
o prazer na alma de levar no coração a esperança da vida! Pros dois Fernandos,
entoo o nosso hino Canção da América: E
seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia, amigo, a gente vai se
encontrar!. Veja mais aqui e aqui.
Imagem: Nu – óleo sobre tela, do pintor português Pedro Alexandrino (1729-1810).
Curtindo o dvd Les Paladins Ópera, do compositor do
Barroco-Rococó francês Jean-Philippe
Rameau (1683-1764), direction
musicale William Christie: Les Arts Florissants Orchestra and Chorus, scénographie
et conception vidéo: José Montalvo, rec. live, Théâtre du Chatelet, Paris, May
2004. Veja mais aqui.
PSICOLOGIA ESCOLAR – O livro Questões de pesquisa e práticas em psicologia escolar (Casa do
Psicólogo, 2006), organizado por Maria Cristina Rodrigues Joly e Célia Vectore,
encontro o artigo Concepções e práticas
sobre formação em contexto: na busca de uma educação de qualidade, de
Tizuko Morchida Kishimoto, do qual, destaco o trecho: [...] A qualidade da educação vista como resultado
da formação em contexto indica que o processo é longo e não é linear. A palavra
e a coisa nem sempre estão em sintonia. O que para um é uma ação transmissiva,
para outro, pode não ser classificada como tal. [...] Para uma, é relevante para desenvolver mentes narrativas e
aprendizagens com uso de várias linguagens, para outra, um espaço para dirivir
atividades, conforme conteúdos curriculares pré-fixados. Visar conteúdos
curriculares ou apresendizagens situadas são processos de construção, que têm
em sua base concepções acerca de criança e de educação infantil, que dependem
da experiência vivida e partilhada em um mundo social e cultural. Modificar
tais significações exige um processo participativo, que integre a educação e o
cuidado da criança visando uma educação de qualidade, que respeite os caminhos
tortuosos da comunicação, como alerta Habermas, que abra as portas para a
inclusão das experiências do cotidiano e que tenha consciência da complexidade
do fenômeno educativo. Veja mais aqui e aqui.
A
ESPOSA GUERRERA – No livro American
Indian myths and legends (Pantheon, 1984), organizado por Richard Erdoes e
Alfonso Ortiz, encontro o relato do Pueblo
Tiwa – grupo de nativos do Novo México e Texas -, denominado A esposa
guerreira: Em uma tribo, havia muito
tempo, viviam uma mulher e seu marido. O pai da mulher era o chefe, e seu
marido era um guerreiro chamado Falcão Azul. Um dia, Falcão Azul partiu numa
expedição de guerra com seu melhor amigo, Falcão Vermelho. Quando estavam a
caminho, Falcão Vermelho disse: – Você está deixando sua mulher sozinha. Aposto
como ela vai dormir com outro homem hoje à noite. Falcão Azul balançou a
cabeça, e disse: – Minha esposa é fiel a mim e eu confio nela. Falcão Vermelho,
que não era casado, riu e disse: – Aposto como posso voltar e dormir com sua
mulher hoje à noite. Falcão Azul ficou indignado: – Você está enganado. Falcão
Vermelho disse: – Aposto tudo o que eu tenho como consigo dormir com sua esposa
hoje à noite. Relutando Falcão Azul concordou com a aposta, e os dois
empenharam seus cavalos, armas e roupas, além de todas as suas posses, nesta
aposta. Falcão Vermelho voltou e rodeou a esposa de Falcão Azul o dia inteiro,
sorrindo para ela, mas ela o ignorou. Ele pensou: – Ela é mesmo fiel a Falcão
Azul. Desesperado porque ia perder a aposta, foi procurar ajuda de uma mulher
mais velha e explicou-lhe a aposta e prometeu pagar lhe generosamente por sua
ajuda. Você, disse à velha, só precisa descobrir como é a esposa de Falcâo Azul
sem roupas. Se eu ficar sabendo a aparência dela poderei dizer que dormi com
ela. A mulher concordou e foi até a tenda da esposa de Falcão Azul.
Aproximou-se com cara de cansada e abatida e falou se a moça poderia ajudá-la.
A moça ficou com pena da velha e lhe disse para entrar e descansar. Obrigada,
disse a velha. Estou longe de casa e não tenho aonde passar esta noite. A moça
logo lhe disse que poderia passar a noite com ela. Quando veio a noite, ela
ofereceu à velha peles macias e cobertas. A velha fingiu que dormia, mas ficou
olhando com atenção quando a esposa se despiu para dormir. Ela escovou um tufo de
cabelos dourados que crescia em seu abdomen, trançou-os e enrolou em torno da
cintura por cinco vezes. A velha viu também que ela tinha uma marca de nascença
nas costas. Na manhã seguinte, a velha agradeceu e depois correu até onde
estava Falcão Vermelho para lhe contar o que tinha visto. Este riu deliciado e
cavalgou até onde se encontrava Falcão Azul e disse: – Ganhei a aposta! Na
noite passada dormi com sua esposa. Falcão Azul recusou-se a acreditar, mas
Falcão Vermelho descreveu a trança de cabelos dourados e a marca de nascença e
ele não pode mais duvidar. Agora, disse Falcão Vermelho, você tem que me dar o
que prometeu. O outro não disse nenhuma palavra, deu-lhe tudo o que possuia. A
esposa não entendia o que se passava e perguntou lhe o que estava fazendo. Ele
ficou em silêncio, saiu da tenda, e com peles de animais fez um baú onde
colocou utensílios, dinheiro e alimentos. Depois disse à mulher que iria fazer
uma viagem pelo rio e queria que ela viesse com ele. Ele lhe pediu que vestisse
o que tinha de mais belo e depois entrasse no baú. Quando ela fez o que ele
pedira, ele amarrou o grande pacote, encaminhou-se para o rio e jogou-o na
água. Depois, voltou sozinho para a aldeia, e quando os vizinhos perguntaram
onde estava sua esposa ele recusou-se a responder. Após alguns dias, o chefe
ficou preocupado com a filha e perguntou a Falcão Azul onde ela estava. Como
este continuasse calado, o chefe ordenou que um buraco fosse cavado até o
inferno e jogou Falcão Azul nele. Enquanto isso, a esposa flutuava rio abaixo
dentro do baú. Um homem que estava pescando viu aquele grande embrulho, puxou-o
para a margem e o desamarrou, descobrindo assim,a esposa que saiu apavorada.
Ela pediu ao homem que trocassem de roupa, e ele concordou, assim ela ficou
vestida de homem e então, dirigiu-se a uma aldeia das redondezas. Uma expedição
de guerra estava se preparando para partir, e a moça uniu-se ao grupo. Os
jovens guerreiros comentavam entre eles de como o desconhecido tinha rosto de
mulher. Um deles resolveu fazer amizade com ela para tirar a dúvida e descobrir
mesmo se ela era mulher. Naquela noite, quando o grupo acampou, ela armou sua
tenda longe dos outros. Disse que era Xamã e explicou que era preciso proteger
o seu poder para o ataque que viria. Mostrou aos homens a pedra sagrada de
águia branca e disse que sua cura vinha do sol. Quando todos se recolheram para
dormir, um guerreiro veio até ela e pediu-lhe licença para dormir na sua tenda.
Ela recusou, mas ele tanto insistiu que ela deixou e, assim deitaram em lados
opostos da tenda. No meio da noite, o jovem chegou até ela e quis tocá-la, mas
ela estava de guarda. O que está fazendo?, ela perguntou e ele desistiu. Na
noite seguinte, outro jovem pediu para dormir na sua tenda e também tentou
tocá-la, mas ela estava acordada e frustrou a tentativa do rapaz. Na última
noite, a expedição aproximou-se do território inimigo, e eles instalaram suas
tendas. Ela disse aos homens que permanecessem dentro das tendas, enquanto ela
usava seu poder de cura. Ela pegou um pacote de feitiçaria e fez o feitiço, e,
instantaneamente, todos os guerreiros inimigos morreram. Ela deu um grito de
guerra e acordou a todos que saíram atordoados de suas tendas, pensando que
estavam sofrendo um ataque. Matei o inimigo, ela declarou. Vou sair agora para
tomar seus escalpos e armas. Saltou no lombo do seu cavalo, foi até o
acampamento do inimigo e voltou com seus troféus. Os homens ficaram
estupefactos. Pensaram que ela só podia ser um homem para agir assim matando os
inimigos sozinha. O grupo retornou para sua aldeia e os jovens cantaram em
homenagem ao valor da guerreira. O chefe da tribo quis oferecer-lhe uma festa,
mas ela não aceitou. - Estou voltando para minha tribo e desejo chegar
depressa. O chefe ofereceu escolta, mas ela só pediu um cavalo e ele deu-lhe o
melhor que havia. Ela começou a viagem de regresso e, a caminho de casa, ainda
disfarçada de homem, encontrou-se com um grupo de sua própria tribo. Quais são
as novidades, ela perguntou. Eles lhe contaram a história de Falcão Vermelho com
Falcão Azul, e acrescentaram que Falcão Vermelho tinha visto os cabelos
dourados no seu ventre e a marca de nascença dela.Disseram que Falcão Azul
tinha matado a esposa infiel e que o pai dela, o chefe jogara Falcão Azul num
buraco. Ela entendeu tudo. Ela voltou à aldeia e mostrou todos os escalpos e as
armas que conquistara. Então despiu suas roupas de guerra e revelou-se a todos.
Contou que Falcão Azul a trancara num baú e jogado rio abaixo, porque pensava
que ela havia sido infiel, mas ele foi enganado , ela declarou. Explicou que
Falcão Vermelho e a velha deviam ter sido cúmplices na trama contra ela, então
ordenou que Falcão Azul fosse libertado do poço. Ele estava pálido e muito
magro, mas quando viu a esposa correu para os seus braços. Ela dirigiu-se aos
membros de sua tribo, e disse: – Agora devemos punir Falcão Vermelho e a velha.
Pediu que eles fossem trazidos à sua presença e, para puni-los colocou-os
amarrados na carruagem com cavalos selvagens para que fossem arrastados até
morrer. Toda a tribo fez uma festa para celebrar o retorno da valente esposa de
Falcão Azul e, daí em diante eles viveram muito felizes. Veja mais aqui.
ODE AO VENTO – No livro Ode ao vento e outros poemas (Hedra, 2009), do poeta inglês Percy Bysshe Shelley (1792-1822),
encontro a Ode ao vento ocidental: 1 -
Oh, Vento Ocidental selvagem, exalas dos seres do outono o cheiro, / De tua
presença invisível, as folhas mortas / Lançadas são tal como fantasmas fugindo
de um mágico. / Multidões delas de peste acometidas ! / Amarelas, pretas,
pálidas e sanguíneas! Ó tu / Que, em carruagens, te transportas ao seu sombrio
canteiro de inverno / As sementes aladas, nas quais jazem frias e miúdas / Cada
qual como um cadáver na sua cova, até que / Tua azul-celeste irmã da Primavera
toque / O seu clarim sobre a terra em sonhos, e encha de / Pressurosos suaves
rebentos iguais a flores povoando o ar, / Nas planícies e colinas, com cores e
odores vivos. / Espírito selvagem que por toda a parte se move; / Destruidor e
preservador: escuta, oh, escuta! / 2 - Tu, em cuja corrente, em meio à íngreme
convulsão do firmamento, / Onde, como folhas murchas da terra, nuvens dispersas
se derramam / Galhos emaranhados do céu e oceano sacudiste, / Anjos da chuva e
dos raios! Aí espraiados / Sobre a superfície azul de teu vagalhão etéreo /
Qual brilhantes cabelos levantados / De alguma terrível Bacante, que vão da
fina borda do / Horizonte às alturas do zênite, / As madeixas da tempestade que
se avizinha. Nênias entoas / Ao ano que se despede, para o qual esta noite se
acaba / Será a cúpula de um vasto sepulcro / Construído com todo o teu poder
concentrado / De vapores, de cuja sólida atmosfera / Chuva negra, e fogo e
granizo arrebentar-se-ão: Escuta! / 3 - Tu que de fato acordaste de seus sonhos
de verão, / O azul Mediterrâneo, onde jazia, / Acalentado pelo azul espiralado
de suas correntes cristalinas, / Junto a uma ilha de pedra-pome na baía Baiae,
/ Viste adormecidos vetustos palácios e torres / Agitando-se num dia mais
intenso de ondas, / Invasão completa de musgos e flores azuis / Tão suaves que
os sentidos não conseguem pintá-las! Tu / Por cujo caminho as forças do nível
do Atlântico / Abrem-se em abismos, enquanto, bem no fundo, / As florações
marinhas e as florestas lodosas, que destroem / A folhagem seca dos oceanos, / Se
agitam e se anulam, conheces / Tua voz e súbito te tornas medroso: Escuta! / Ah,
fosse eu uma folha morta que pudesses segurar, / Ah, fosse eu uma nuvem veloz
para contigo:voar / Uma onda suspirando por sob teu poder e extirpar / O
impulso da tua força, só que menos livre / Do que tu, ó incontrolável! Se pelo
menos / Ainda estivesse na minha infância e pudesse ser / O companheiro de tuas
andanças nos céus / Pois então, quando fosse para superar tua velocidade
celeste / Mal pareceria uma visão, - Nunca teria eu feito tanto esforço / Quanto
assim contigo em prece nas horas de dolorida necessidade. / Oh! ergue-me como
se uma onda fosse, uma folha, uma nuvem! / Caio sobre os espinhos da vida!
Sangro! / Um fardo enorme de horas acorrentou-me e me oprimiu / Alguém também
como tu – rebelde, dinâmico e orgulhoso. / 5 - De mim fazes a tua lira, igual
assim à floresta: / O que ocorreria se minhas folhas com as dela caíssem! / A
desordem das tuas poderosas harmonias / Um profundo tom outonal retirarão de ambos,
/ Suave embora triste. Sê tu, Espírito selvagem, / Meu espírito! Fazes de ti o
meu ser, impetuoso espírito! / Conduze meus pensamentos mortos através do
universo, / À semelhança da folhas murchas, a fim de um novo nascimento
apressar; / E, pela magia destes versos, / Difundir, como se viessem de uma
lareira sempre ardente, / Cinzas e centelhas, minhas palavras à humanidade / Através
de minha boca para uma terra adormecida / Sê tu, ó vento, a trombeta de uma
profecia! / Com o retorno do inverno, não poderia a primavera logo sucedê-lo? Veja
mais aqui, aqui e aqui.
HOMENS DE PAPEL – A peça teatral Homens de papel (1968), do escritor, ator.
jornalista e dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999), conta a historia
sobre a rotina de um grupo de catadores de papel que se revoltam com a
exploração do comprador e querem paralisar a coleta, até a chegada de um casal
com uma filha doente na comunidade, quando ocorrem acontecimentos trágicos e
reais na trama. Da peça destaco o trecho inicial: PRIMEIRO ATO Cena I (Ao abrir o pano, Coco, Tião, Maria-Vai, Chicona e
Noca estão diante de Berrão, que traz um revólver na cinta e uma balança de
gancho na mão. Cada um dos catadores de papel arrastam sacos cheios de papel)
Berrão - Avança o primeiro. (Coco aproxima-se) Coco - Apanhei três sacos.
Berrão - E daí? O peso é que interessa. Coco - Estão bem cheinhos. Berrão - A
balança é que vai dizer. Coco - Nos três sacos, um pelo outro, deve ter uns
trinta quilos. Berrão - Vamos ver. (Pesa o primeiro saco) Três quilos. Coco -
Só?! Berrão - Só por que? Coco - Não foi mole arrastar os sacos até aqui.
Berrão - É que tu ta podre. Pensa que cachaça sustenta? Tem que comer às vezes.
Coco - Não bebo. Berrão - Come com farinha. (Pesa o segundo saco) Dois e meio.
Coco - Tá marcando mais. Berrão - Estou vendo. Não sou cego. Coco - Então não é
dois e meio. Berrão - Aqui a gente sempre arredonda. Coco - Pra menos. Berrão -
É! Coco - Mas tá dando quase três. Berrão - Dois e meio, e fim. Se não estiver
contente, vai vender em outra parte. (Pesa o terceiro saco) Também dois e meio.
Coco - Poxa, Seu Berrão. Olha aí. Falta só um pouco pra três quilos. Berrão -
Será que toda a mão vou ter que explicar o negócio do arredonda? Coco - Não...
é... Berrão - Então não torra as minhas idéias. Se começar a me aporrinhar, te
risco da lista. Coco - Me desculpe, falei por falar. Berrão - Veja lá. Em boca
fechada não entra mosquito. Deu oito quilos bem pesados. Dois reais por quilo,
dá dezesseis. Desconta a gasolina do caminhão, a minha parte e os institutos,
tenho que te dar seis reais. Coco - Sempre foi meio a meio. Berrão - Até ontem.
Agora a gasolina subiu. Se não quiser fazer acerto comigo, leva direto pra
fábrica. Mas já vou avisando, e é bom que todo mundo escute. Tenho um acerto
com os caras lá da fábrica. Dou sempre um come-quieto pro sujeito que compra o
papel. Se falar pra ele não comprar de alguém, ele não compra mesmo. Assim, me
cubro das sacanagens. Agora, sua cabeça é seu guia. Quer ir lá vender, vai.
Coco - Não. Sempre fiz acerto com o senhor. Berrão - Então pega o tutu e cai
fora. Já enjoei da tua fuça. Coco - Tem coisa minha aí. (Vai pegar o saco)
Berrão - Ei, que tu quer aí? Tira a pata desse saco. Coco - Só vou apanhar uma
coisa. Berrão - Pega logo e se afasta dos sacos. Não quero ver ninguém aí.
(Coco retira uma boneca quebrada de dentro do saco) Berrão - Que porcaria é
essa? Coco - Uma bonequinha. (Todos riem) [...] Veja mais aqui e aqui.
HISTÓRIAS EXTRAORDINÁRIAS – O filme Histórias extraordinárias (1968), dividido em três segmentos e
dirigiros por cineastas diferentes que são baseados em contos de Edgar Allan
Poe, reúne Felline, Malle e Roger Vadim. A parte de Louis Malle é a denominada William
Wilson, ambientado no século XIX, conta a história clássica do duplo que
persegue o personagem do título por toda sua vida, acentuado-se nos momentos
mais cruéis de sua existência. Brigitte
Bardot é Giuseppina, uma jogadora que desafia Wilson numa mesa de pôquer.
Enquanto jogam, seu duplo, convence a todos que Wilson trapaceou nas cartas, o
que causa seu assassinato a facadas por Wilson. Após se confessar com um padre,
ele comete suicídio pulando da torre Palazzo della Ragione, e em seu corpo é
encontrada uma faca cravada nas costas. Louis Malle aceitou participar do filme
para levantar dinheiro para a realização de seu filme autoral O sopro do
coração, que ainda levaria três anos até que pudesse ser filmado. Sua escolha
de Bardot para o papel de Giuseppina, se deveu, segundo ele, a um compromisso
com o produtor, para aumentar a carga de erotismo no filme e fazê-lo mais
atraente para o espectador comum. Veja mais aqui, aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da atriz francesa e
símbolo sexual dos anos 1950/60 Brigitte Bardot. Veja mais aqui.
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Tataritaritatá, a partir das
21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e
apaixonante de Meimei Corrêa. Na
programação Carlos Careqa, Vanessa da Matta, Sonia Mello, Elisete Retter, Julia
Crystal, Wilson Monteiro, Ricardo Machado, Zé Linaldo e Washington Sidney, Mariana
Avena, Louis Armstrong, Tony Benett, Herb Ellis, In Natura, Nenhum de nós &
muito mais! Para conferir online acesse aqui.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
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