VAMOS APRUMAR A CONVERSA? NASCENTE – A edição nº 10, jan-fev/1998, do tabloide Nascente – dedicada à
atriz Suzannah Boyle -, traz como editorial o meu poema O Sol Nasce
Para Todos (Trâmite da Solidão. Nascente, 1992/2015). Na seção Bate Papo
traz uma entrevista com Djavan. A matéria Recife: o domínio do frevo; A
Excelência do Bom Gosto sobre o III Maceió Jazz Festival; uma homenagem à Barra
Grande – AL, Uma história de Amor, de Francisco Ferreira Mendes (AL), e na
seção Tabuletas, o episódio 3 das Proezas do Biritoaldo: Quem é bom já nasce
troncho, apesar da água benta. Na seção registro traz a matéria O cálice da
inspiração na terra do vinho, sobre o V Congresso Brasileiro de Poesia, com o V
Encontro Latino-Americano de Casa de Poetas e II Mostra Euro-Americana de
Poesia Visual, realizados na cidade de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul; a
recepção do Re-Insacando a Poesia, Saco I, da Arte Vide/Verso (MG); Prazer
Mortal – Çlições de Literatura Brasileira, de Enaura Quixabeira Rosa e Silva
(EDUFAL); Escrevi para você, Subsídios sobre Padre Cícero, O Cangaço: ruinas de
Jererau (Pequeno Romance) e Baú do Passado, de Aldemar Benevides (CE), a VII
Antologia Del Secchi Literária Internacional, organizada por Roberto de Sasrro
Del’Secchi (RJ), resultado do IV Concurso nacional de Poesia promovido pelo
Notas Literárias, do poeta Ari Lins Pedrosa (AL), Abaretama: a sedução do
guerreiro, do jornalista Fernando Vasconcelos (PR), o zine Eram os deuses
zineastas? O Zine que é uma loucura, de Denio Alves (MG); o livro As aventuras
do garoto, de Leonardo Pedrosa. Na seção Nascente Poético, poemas de Artur da
Távola (RJ), Almandrade (BA), Ronaldo Cagiano (DF), Wilmar Antonio Carvalho
(PE), Nilto Maciel (DF), Eno Tedoro Wanke (RJ), Leontino Filho (RN), Beatriz E.
Chacon (RJ), Gilcia M. Neidart (SC), Belkis C. G. Barros (AL), Luiz Fernandes
Silva (PB), Emanoel Fay (AL), Manoel Messuas Filho (AL), Lourdes Melo (MG),
Lucila Milanese (SP), Tom (MH), Arita D. Petená (SP), Cecilia Fideli (SP),
Magna Alice (MG), Abel B. Pereira (SC). Veja mais aqui e aqui.
Imagem: Actéon métamorphosé en cerf, do pintor italiano Francesco Albani (1578-1660).
Curtindo o álbum Baioque (BMG, 1997) da cantora e atriz Elba
Ramalho.
Há mil cantos no teu seio milumanoites
milumamor
Ei-la jogando a sua voz agreste do leste
no meu coração
Ei-la no sol que inaugura seu cabelo de
guerra de terra & amor
E ela vem despertando furor minultima
emoção milágrima
E eu me deliciando com seu jeito cantando
o mundo & eu tocantando história de vaqueiro homenino de gente sem cor sem
E ela é um sonho de menina que dorme no
quarto com cinturinha de pilão espiando o passado que dorme e os farrapos de
esperança os beijos de antípodas e as ocasiões oh não!
Ela vem com seu cheiro matutino voz de
língua afiada no meu sexo como o transe que se oferece à emoção ao alcance da
mão & eu cantor derradeiro com a certeza do rio corrente armando revés no
seu canto agora sim!
Ela vem dos teréns e com a urgência do
amor o que significa pra mim a vida da minha fada madrinha.
(Elba, de Luiz Alberto Machado. Trâmite da
Solidão. Nascente, 1992/2015)
DA COSMOGÊNESE À BIOGÊNESE – O livro Do animal ao humano: uma leitura psicodramática (Ágora, 2007), do psiquiatra,
professor e psicodramatista José Carlos
Landini, trata sobre o lugar do psicodrama nas escolas psicoterápicas, a
evolução humana, o lugar da espontaneidade, a tele-relação e papéis,
instrumentos e técnicas, ego-auxiliar, protagonista ou emergente, palteia ou
grupo, cenário ou placo, contextos terapêuticos, contexto social e familiar,
contexto dramático, aquecimento, dramatização, compartilhamento, bases
teóricas, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho: [...] No pensamento científico, calcuila-se que a
cosmogenese é um fenômeno acontecido há vinte bilhões de anos. Este é o tempo
desta formidável aventura. A criação ou o surgimento do universo desafia a
mente humana. Do polo místico-religioso ao materialista, gravitam diversas
matrizes cienticas e pseudocientíficas. Da concepção mecanicista de Neston, com
o seu relógio a funcionar de maneira fatalisticamente previsível, às concepções
modernas, antimecanicistas e probabilísticas, existem várias formas de
explicação e compreensão do universo. De uma máquina, sabe-se, com
antecedência, o que ela pode oferecer. Sua estrutura indica suas propriedades.
Não se espera de um gerador de eletricidade outra coisa senão a geração de
eletricidade. [...] A biogênese é um
fenômeno que surgiu, mas poderia não ter surgido? [...] Pela ótica da
física, o mundo da matéria caracteriza-se pela simplificação e não pela
crescente complexificação. É assim que a essência da matéria viva é a qualidade
de ser autogenerativa. A vida gera vida, sendo sintrópica. Já a matéria
não-viva é entrópica. O conceito de vida está ligado a ideia de
auto-organização e crescente complexidade. Sendo assim, a noção de vida deve
ser entendida como um sistema aberto e, como tal, ela faz trocas com o meio
externo, do qual recebe energias e alimentos, e ao qual devolve seus restos
metabólicos. Do unicelular ao ser humano, todos têm essa propriedade. É por
isso que a noção de vida deve ser ligada à ecologia, um sistema bipolar entre
os seres vivos – biocenose – e o espaço físico – biótopo. [...] Veja mais aqui
e aqui.
SOBRE FAZER AS MALAS – No livro Tudo o que tenho levo comigo (Companhia das Letras, 2011), da
escritora e ensaísta alemã Herta Müller, que foi ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura de 2009, encontro a
parte denominada Sobre fazer as malas, da qual destaco o trecho: Tudo o que tenho levo comigo. Ou: tudo meu
levo comigo. Levei tudo o que eu tinha. Meu não era. Ou tinha outra função ou
pertencia a outra pessoa. A mala de couro de porco era a pequena caixa de um
gramofone. O guarda-pó pertencera ao meu pai. O sobretudo com gola de veludo,
ao meu avô. A calça bufante, ao meu tio Edwin. As polainas de couro, ao
vizinho, o sr. Carp. As luvas de lã verde, à minha tia Fini. Apenas o cachecol
de seda vermelho-vinho e a nécessaire eram meus, presentes dos últimos natais. A
guerra ainda não terminara em janeiro de 1945. Apavorados com o fato de que, em
pleno inverno, os russos me obrigassem a ir sabe-se lá para onde, todos queriam
me dar alguma coisa que talvez fosse útil, já que nada poderia ajudar. Porque
nada no mundo poderia ajudar. Como eu estava definitivamente na lista dos
russos, cada um me deu alguma coisa, guardando para si os seus próprios
pensamentos. E eu aceitei, pensando, com meus dezessete anos, que essa viagem
vinha na hora certa. Não deveria ser por causa da lista dos russos; mas, se a
situação não ficar muito ruim, para mim será até bom. Eu queria ir embora
daquele dedal de cidade onde até as pedras tinham olhos. Em vez de medo eu
sentia uma impaciência encoberta. E certa culpa, já que a lista que fazia meus
parentes desesperarem-se era para mim uma circunstância aceitável. Eles temiam
que algo pudesse acontecer comigo longe de casa. Eu queria partir, para um
lugar que não me conhecesse. Algo já havia acontecido comigo. Algo proibido.
Era estranho, sujo, desavergonhado e belo. Aconteceu no Erlenpark, bem lá
atrás, depois do morro de grama baixa. Voltando para casa, fui até o centro do
parque, até o caramanchão redondo onde as orquestras se apresentavam nos dias
festivos. Fiquei algum tempo ali sentado. A luz entrava pela madeira finamente
talhada. Eu via o medo dos círculos, quadrados e trapézios vazios, unidos por
arabescos brancos com garras. Era o desenho do meu desvio. E o desenho do
desgosto da minha mãe. Naquele caramanchão, eu jurei para mim mesmo: nunca mais
volto a este parque. Quanto mais eu evitava, mais rapidamente eu voltava ali
dois dias mais tarde. Para um rendez-vous, era como chamavam aquilo no parque. Eu
fui para o segundo rendez-vous com o mesmo primeiro homem. Ele se chamava a
andorinha. O segundo era um novo, chamava-se o pinheiro. O terceiro se chamava
a orelha. Depois veio a linha. Depois o papa-figos e o boina. Mais tarde o
coelho, o gato, a gaivota. Então a pérola. Somente nós sabíamos a quem
pertencia cada nome. Era um troca-troca no parque, eu me deixava passar de mão
em mão. E era verão, e as bétulas tinham a pele branca, no matagal de jasmins e
sabugueiros crescia a parede verde feita de impenetrável folhagem. O amor tem
suas estações. [...] Veja mais aqui.
PSICANÁLISE & POESIA – A escritora e psicanalista carioca Livia Garcia-Roza é uma das autoras
premiadas e mais recomendadas para leitura na atualidade. Para se ter ideia do
seu talento, destaco um poema seu sem título: no fim / a linguagem
silenciosa / do jaz / mim. Também Meus queridos estranhos: Manoel
foi e continua sendo o grande amor da minha vida. Único, não tive outro. Até
recentemente, quando ele disse que precisávamos conversar. Estranhei, ele
estava calado, sério, sombrio. Outro homem, de repente. Fomos jantar fora. Assim que entramos no restaurante,
sentamo-nos de frente um para o outro. Havia um branco em seu rosto. Senti a
angústia chegando, sei bem como vem, pressão, aperto, quentura, como se fosse
uma pata de elefante estacionada no peito. Manoel me olhava com firmeza; essa
coisa terna, de uma hora pra outra, sempre me deu medo. Acho que depois de voz
baixa e doce, vem a crueldade. Girando o gelo no copo, e me encarando no fundo
do olho, Manoel disse: “Quero me separar.” Pela primeira vez senti morte
instantânea. Me vi despencaando da janela e caindo feito puzzle na calçada. (Quem sabecompondo
na eternidade uma paisagem tranquila?). Por fim, Quando jovem: Quando jovem eu gostava de ficar triste. Uma
vez passei três dias na cama. Mamãe vinha me perguntar o que estava
acontecendo. Nada, eu dizia, e virava de lado profundamente contente. Até que
tive que levantar e ser feliz. Que trabalheira. Veja mais aqui.
DOS DIÁLOGOS DAS CARMELITAS PRA TRIBOS – A atriz de teatro,
cinema e televisão Arieta Corrêa
iniciou sua carreira teatral aos dez anos e já aos dezesseis fazia a sua
primeira aparição no palco profissionalmente com a peça Diálogo das Carmelitas.
Aí vieram muitos e tantos trabalhos no palco, entre os quais tive oportunidade
de vê-la representar em São Paulo, a peça O
Canto de Gregório, com direção de Antunes Filho. Aliás, foi justamente sua
atuação nesta peça que lhe rendeu os prêmios Shell e APCA de melhor atriz. No
cinema pude vê-la em Senhorita Helena (2005), Otávio e as Letras (2007), Um
homem qualquer (2009) e Como esquecer (2010). Atualmente ela está em turnê com
espetáculo Tribos, de Nina Raine, com direção de Ulysses Cruz, peça indicada a
vários prêmios e que teve sua estreia em setembro de 2013. Daqui, meus aplausos
presse maravilhoso talento do teatro brasileiro. Veja mais aqui.
DE CORPO E ALMA – O filme De corpo e alma (The Company, 2003), dirigido pelo cineasta
estadunidense Robert Altman
(1925-2006), com música de Van Dyke Parks e roteiro de Barbara Turner, trata
sobre o Joffrey Ballet de Chicago, reunindo histórias recolhidas a partir do
dançarinos, coreógrafos, e os funcionários da companhia de ballet, com a maioria
dos papéis interpretados por membros da empresa. As muitas histórias são entrelaçadas e expressam
a dedicação e trabalho duro que os bailarinos devem colocar em sua arte, embora
eles raramente sejam recompensados com fama ou fortuna. O
destaque do filme vai para a atriz canadense Neve Campbell que além de atuar, co-escreveu e co-produziu o filme.
Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Foto da bailarina, modelo fitness e capa
da Playboy junho 2012, Aline Riscado.
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Crônica de Amor, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a
apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Para conferir online acesse aqui.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Imagem: Nua, arte da arquiteta e artista
plástica Mariana Pabst Martins.
Aprume aqui.