VAMOS APRUMAR A CONVERSA? NASCENTE – Na edição nº 9, nov-dez/1997, do
tabloide Nascente, dedicada à Consciência
Negra, trago o editorial Sou da Paz.
Na sessão Bate Papo uma entrevista com Milton
Nascimento: “Se não houvesse
esperança eu já teria parado de cantar há muito tempo”. Um artigo A esfera
do dom, sobre o lançamento do cd Estreia do cantor e compositor pernambucano Ozi dos Palmares. Na seção Tabuletas, o segundo episódio das Proezas do Biritoaldo: Quando não se pensa
direito, a cara sofre a maior vergonha. O artigo Aracaju: a beleza do cabrunco. Fernando Cereja falando sobre o
Movimento Alternativo da Poesia. Na seção Registro,
o intercâmbio com o material recebido: Contos de banheiro (para você ler lá),
de Jocimar Alvares Bruno; Anuário da Poesia Brasileira/1997, editado pela Laís
Costa Velho; o VIII Festival de Poesia (FESP), promovido pela Academia
Rio-Pombense de Ciências, Letras e Artes; o lançado do cd de Macedo; a
exposição de Javanci Bispo com poemas de Sandra Lustosa em Belo Horizonte. No Nascente Poético poemas de Zeca
Domingosilva (RO), Lourdes Melo (MG), F. C. Rocha (RJ), Henry Kropf (RS),
Emanoel Fay (AL), Rolando Revagiatti (Argentina), Almandrade (BA), Aparecida
Ventura (PE), José Carlos Souza (BA), Jorge Saraiva (MG), Carolina Santana
(PE), Jorge Luiz (AL), Edhar Franco )MG), Ricardo Machado (RJ), Maria José
Ferreira (TO), Leone Cavalcante (AL), Eliane Di Santi (SP), Gessu Carisio (MG),
Gisélia Paiva (PE) e Anchieta Santana (PI). Veja mais aqui e aqui.
Imagem: Modelo nua, do pintor Mário
Villares Barboza (1880-1917)
Curtindo Avant Gershwin (Rendezvous, 2007), da cantora estadunidense de jazz
e R&B, Patti Austin.
A HERANÇA DE SI MESMO – O livro Herança de si mesmo (Logosófica, 2012), do escritor, pedagogo e
pensador humanista argentino Carlos
Bernardo González Pecotche – o Raumsol,
criador da Logosofia, traz um conhecimento de vital importância para o espírito humano,
ampliando o conceito de herança ao abranger também os campos psicológico e
espiritual. Da obra destaco o trecho inicial: Nada pode causar maior assombro que o fato de o
homem ter permanecido alheio, desde tempos remotos, a uma realidade que tão
direta e exclusivamente lhe concerne: a herança de si mesmo. Já muito se pensou
e escreveu sobre a herança em seu aspecto material e psicológico – sem
mencionar o jurídico –, mas sempre se atendo à ascendência e descendência das
correntes que, na ordem comum, particularizam a linhagem. Ela é reconhecida nos
traços fisionômicos, na composição óssea, no sangue e demais partes da
constituição física, assim como são consideradas provenientes do mesmo conduto
as qualidades do caráter e da inteligência, as tendências de toda ordem, a
lucidez intelectual, as deficiências mentais e morais, e muitas outras
peculiaridades psíquicas. Até aí chegou a investigação oficial e privada, e aí
se deteve. Sem levantar questões – que estimamos neste momento inúteis – sobre
a limitada visão com que se examinou este problema tão fundamental para a
consciência de cada indivíduo, dedicar-nos-emos, neste trabalho, exclusivamente
a assinalar a transcendência que a herança adquire do ponto de vista
logosófico. A lei de herança é ampla, generosa e inexorável, como todas as leis
universais. Está enraizada nos mais recônditos arcanos da existência humana, e
seu segredo consiste em permanecer oculta até o momento em que é descoberta. Se
bem seja certo que a célula genésica leva impressa a herança de cada indivíduo,
também é certo que ela transmite só uma parte dessa herança. Tomemos, como exemplo,
um casal com três ou mais filhos. É transmitido a cada um deles o conteúdo
global da herança? Não, visto que não denunciam todos as mesmas
características, nem compartilham, em proporção idêntica ou parecida, as
qualidades boas ou más de seus progenitores, nem padecem tampouco – no caso de
existirem – de iguais perturbações patológicas. Este fato é uma demonstração inquestionável
de que a célula genésica faz deslizar em cada filho só uma parte da herança: a
que a ele corresponde como potencial hereditário. [...] Veja mais aqui.
NUNCA CONFIES UM SEGREDO A
UMA MULHER – O Panchatantra
(Cultrix, 1962) é a primeira antologia de contos da antiga Índia, possui o
núcleo central nos primórdios da era cristã e penetrou fragmentado no Ocidente.
Nela encontrei a narrativa Nunca confies um segredo a uma mulher, da qual
destaco o trecho: [...] Soncharma tinha
uma filha já em idade de casar. Observando que o forasteiro era um ótimo
brâmane que observava severamente todos os ritos, numa noite disse a sua
mulher: - Nossa filha já está crescida. Se estiveres de acordo, poderemos
casá-la com o grande brâmane que vive em nossa casa, em cuja vida rurual nada
existe que possa ser censurado. E a mulher respondeu: - O que tu fizeres, a mim
me parece bem de antemão. Na manhã seguintem, enquanto limpavam os dentes,
Soncharma disse ao forasteiro: - Tornem0-nos parentes! E o brâmane arguntou: -
Como posso casar-me com tua filha? Sou apenas um forasteiro. Queres dar-me tua
filha, mas como é isso possível? Não sabes nada de minha linhagem, e queres
fazer-me teu genro sem conhecer-me. Mas Soncharma replicou: - Tua conduta foi
quanto bastou para ver quem és. Casa-te com ela! Então o outro meditou por
alguns momentos, e respondeu: - Sim, caso-me com ela. E o brâmane casou-se com
ela e fruiu as alegrias conjugais. [...] Em contrapartida, a filha de Soncharma, casada por seu pai com o forasteiro,
ao ouvir esta conversa ficou muito triste. Na noite seguinte, ao ficar a sós
com seu esposo, perguntou-lhe: - Diz-me, oh! Senhor, de que família procedes e
quem são teus pais? Seu esposo respondeu: - Por que me fazes agora essa
pergunta, depois do fato já consumado? Mas a mulher insistiu para que
respondesse, e ele, cego de amor como estava, começou a falar assim: - Se te
digo, pode cair sobre nóis dois a desgraça, a não ser que guardes o segredo em
teu coração. A mulher replicou: - A quem vai a esposa desvendar o segredo de
seu marido? E ele então, contou: - Procedo da raça das serpentes, e me chamo
Pundarica. Antes de chegar a esta cidade mudei de figura. Casei-me contigo por
indicação de teu pai. Mas sua mulher não queria acredita-lo,.e então Pundarica
mostrou-se em sua verdadeira figura: a figura de um deus das serpentes. Só
neste momento sua mulher acreditou nele. Assim que voltou a tomar a figura de
brâmane, Pundarica recomendou: - Não contes esta história a ninguém! – Nada
receies, senhor! Não abrirei a boca! Mas na manhã seguinte a mulher de
Pundarica foi de novo á fonte a buscar agua. Pelo caminho não pode resistir à
tentação, e disse a suas amigas: - Vossos maridos são apenas criaturas humanas;
eu, porem, tenho um esposo que procede da raça das serpentes. É o deus das
serpentes Pundarica. Precisamente neste instante Garuda, sob a diminuta figura
que adotava, estava pousado sobre uma árvore, e ouviu estas palavras. Sob a
forma de um pequeno pardal pousou sobre o cântaro da mulher, e assim chegou a
casa de Pundarica. A mulher quis baixar os cântaros. Mas Garuda apertava-se de
tal maneira que ela não podia tira-los da cabeça. Então exclamou a mulher: -
Senhor, pega nestes cântaros; nãop sou capaz de baixa-los! Pundarica sentiu-se
aterrorizado. “Certamente é Garuda que não deixa pegar os cântaros. A culpe é
minha, por ter contado, a noite passada, o segredo a minha mulher” – pensou
Pundarica. O brâmane forasteiro deixou-se ficar no mesmo lugar e gritou para
sua mulher: - Quebra os cântaros! Mas os cântaros eram inquebráveis, porque
Garuda os tinha encantado, e agora estão tão pesados, tão pesados, que a´mulher
já vergava o pescoço. Então Pundarica ocorreu em socorro de sua mulher. Garuda
cravou nele o seu olhar, e Pundarica caiu por terra, recitando a seguinte
estrofe sânscrita: “Nunca se deve confiar um segredo às mulheres, mesmo que se
corra o perigo de vida. Assim foi morta a serpente Pundaria pelo rio dos
pássaros”. Recitou a estrofe em honra de Garuda. Porém Garuda acreditou que
Pundarica a recitara para si mesmo. Não obstante procurou gravá-la na memoria,
motivo por que começou a repeti-la. Então disse a mulher: - Recita agora esta
estrofe sânscrita: - “Quem não reconheça como mestre aquele que lhe ensinou nem
que seja uma silaba, residirá cem vezes nas entranhas maternas para renascer
entre os que não tem casta, do ventre, de uma cadela”. Garuda ouviu esta
estrofe e devolveu a vida a Pandarica, dispensando a mulher do estado de
viuvez. Veja mais aqui e aqui.
FUI, QUANDO SURGIREM, UMA
NOITE & JURA - No
livro Poemas (Nova Fronteira, 1982), do poeta grego Konstantínos
Kaváfis (1863-1933), traduzido pelo também poeta José Paulo Paes, encontrei
os seus belíssimos poemas, entre os quais destaco inicialmente o seu poema Fui:
Não me deixei prender. Libertei-me de
todo e fui / em busca de volúpias que em parte eram reais / em parte haviam
sido forjadas por meu cérebro; / fui em busca da noite iluminada. / E bebi
então vinhos fortes, como / bebem os destemidos no prazer. Também o poema
Quando surgirem: Esforça-te, poeta, por
retê-las todas, / embora sejam poucas as que se detém. / As fantasias do teu
erotismo. / Põe-nas, semi-ocultas, em meio ás tuas frases. / Esforça-te, poeta,
por guardá-las todas, / quando surgirem no teu cérebro, de noite, / ou no
fulgor do meio-dia se mostrarem. Além destes, Uma noite: Era o quarto vulgar e miserável, / escondido
no andar de cima da taverna / suspeita. Da janela avistava-se o beco, / um beco
imundo e estreito. Lá de baixo, / vinham as vozes de alguns operários / que
jogavam às cartas, divertindo-se. Ali, num leito reles, ordinário, / eu tive o
corpo do amor, desfrutei-lhe dos lábios / rosados e sensuais toda a ebriez
- / tal ebriez dos lábios róseos, que
ainda agora, / ao escrever, tantos anos depois, / nesta casa vazia, eu de novo
me embriago. Por fim, Jura: A cada
pouco jura começar vida nova. / Mas quando a noite vem com seus conselhos, / seus
compromissos, com suas promessas; / mas quando a noite vem com sua força / (o
corpo quer e pede), ele de novo sai, / perdido, atrás da mesma alegria fatal.
Veja mais aqui e aqui.
CAMINHOS DO FAZ-DE-CONTA - No livro Jogos teatrais
(Perspectiva, 1984), da escritora, tradutora e professora universitária Ingrid
Koudela, encontrei a parte Caminhos do faz-de-conta, da qual destaco o
trecho: [...] A passagem do jogo
dramático para o jogo teatral representa a transformação do egocentrismo em
jogo socializado. O desenvolvimento progressivo do sentido de cooperação leva à
autonomia da consciência, realizando a revolução copérnica que se processo no
individuo, ao passar da relação de dependente para a de independencia. O processo
de jogos teatrais visa efetivar a passagem do teatro concebido como ilusão para
o teatro concebido como realidade cênica. A mesma revolução que ocorre com a
criança em desenvolvimento pode ser acompanhada no processo de crescimento do
individuo no palco. Traduzimos a transformação da subjetividade em objetividade
no trabalho do ator quando ele compreende a diferença entre estória e ação
dramática. Ao corporificar (mostrar) o objeto (emoção ou personagem), ele
abandona quadros de referencia estáticos e se relaciona com os acontecimentos,
em função da percepção objetiva do ambiente e das relações no jogo. O
ajustamento da realidade de suposições pessoais é superado a partir do momento
em que o jogador abandona a estória de vida (psicodrama) e interioriza a função
de foco, deixando de fazer imposições artificiais a si mesmo e permitindo que as
ações surjam da relação com o parceiro. [...] Veja mais aqui e aqui.
UNDER THE SKIN – O filme de ficção científica Under the Skin (Sob a pele, 2013),
dirigido por Jonathan Glazer, é uma adaptação livre do romance homônimo do
escritor holandês Michel Faber, contando a história de uma sedutora
sobrenatural que ataca os homens na Escocia, recuperada nua por um motociclista
na beira da estrada, levando-a na parte trazeira de uma van. A partir disso, a
sedutora sobrenatural começa a fazer uma série de ações estranhas
desenrolando-se uma série de casos que vão acontecendo na trama do filme. O destaque
vai para a lindíssima atriz, cantora e modelo Scarlett Johansson. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Turma do 5º Período Vespertino do curso
de Psicologia do Centro Universitário Cesmac, após o desenvolvimento de
atividades sobre os pioneiros da educação brasileira, na disciplina Psicologia da Educação e da Aprendizagem,
ministrada pela profª Ms Rosiete Pereira.
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Some Moments, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a
apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa & Verney Filho. Para conferir online acesse aqui.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Gravura de Ana Pirolo.
Aprume aqui.