sábado, abril 21, 2012

CLARICE, CIORAN, JAPIASSU, AS CIÊNCIAS HUMANAS, O POETA & O FILÓSOFO, FECAMEPA & REFLEXÕES DE QUE ISSO É BRASILSILSILSILSILSIL!!!!!


ÁGUA VIVA – [...] Verifico que estou escrevendo como se estivesse entre o sono e a vigília. Eis que de repente vejo que há muito não estou entendendo. O gume de minha faca está ficando cego? Parece­me que o mais provável é que não entendo por que o que vejo agora é difícil: estou entrando sorrateiramente em contato com uma realidade nova para mim que ainda não tem pensamentos correspondentes e muito menos ainda alguma palavra que a signifique: é uma sensação atrás do pensamento [...]. Trecho extraído da obra Água Viva (Rocco, 1998), da escritora e jornalista Clarice Lispector (1920-1977). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

A OUSADIA DO POETA E DO FILÓSOFO - [...] Como se pode ser filósofo? Como se pode ter a ousadia de abordar o tempo, a beleza, Deus e todo o resto? O espírito fica inchado e saltita sem vergonha. Metafísica, poesia — impertinências de piolho... [...]. Trecho extraído da obra Silogismos da amargura (Rocco, 1991), do filósofo romeno Emil Cioran (1911-1995). Veja mais aqui.

AS CIÊNCIAS HUMANAS – [...] as ciências humanas sociais não podem abdicar de sua condição de pensar seu tempo e exercer, em nossa sociedade, o papel de esclarecedoras e despertadoras da consciência coletiva, se é que ainda pretendem dizer o possível e o desejável. Por isso, não podemos aceitar o diagnóstico pessimista a seu respeito. Porque parece-nos insustentável a dicotomia radical entre os juízos de fato e os de valor, entre o plano cognitivo e o normativo. Foi essa dicotomia fantasmática que introduziu o divórcio entre as ciências humanas e a filosofia. Todos os cientistas humanos têm um forte desejo de romper com as pretensões disciplinares, uma vontade enorme de promover a abertura, o diálogo, a descompartimentação e a transversalidade das disciplinas [...]. Trecho extraído do artigo O mal-estar nas ciências humanas (2000), do epistemólogo e professor doutor em Filosofia pela Université des Sciences Sociales de Grenoble (França) e pós-doutorado pela Universitsé des Sciences Humaines de Strasbourg (França), Hilton Japiassu. Veja mais aqui e aqui.

FECAMEPA – Toda vez que se aproxima a data de 22 de abril, eu fico inheto com as mais descabidas comemorações. É quando me acende pro Fecamepa que, neste momento, reúne a expressão dada pelo eminente e saudoso antropólogo e escritor Darcy Ribeiro, no seu maravilhoso Aos trancos e barrancos: de como o Brasil deu no que deu:

O Brasil cresceu visivelmente nestes oitenta anos. Cresceu mal, porém. Cresceu como um boi mantido, desde bezeero, dentro de uma jaula de ferro. Nossa jaula são as estruturas sociais medíocres, inscritas na Constituição e nas leis, para compor um país da pobreza na província mais bela da Terra. Se continuarmos sob a vigência destas leis, no Brasil do futuro a maioria da gente nascerá e viverá nas ruas em fome canina e ignorância figadal, enquanto a minoria rica, com medo dos pobres, se recolherá em confortáveis campos de concentração, cercados de arame farpado e eletrificado. Entretanto, é tão fácil nos livrarmos dessas teias, e tão necessário, que dói nossa convivência culposa. Vamos passar o Brasil a limpo, companheiros”. Veja mais no Fecamepa.





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