A arte do pintor russo Viktor Lyapkalo.
LITERÓTICA: SHAKESPEAREANA
- Toda sexta-feira, meio dia em ponto, ela aponta nos
lábios um sorriso de sol acendendo a vida todinha só pra mim. E na boca carmim
escancarada, folia de festa, obra rara na língua de fora quão louca desvela os
teores mais fundos de todos os sabores do mundo e da vida. E só para mim. Meio
dia em ponto, toda sexta-feira, a sua boca gulosa me engole e me guia pra toda
alegria da satisfação. E se torna o hangar dos meus vôos, porto dos meus
navios, pia batismal onde lavo todos os meus pecados e sortilégios, túnel onde
a sorte irisa meus sonhos e indagora revolveu minhas crenças inundando de assombro
toda alegoria e o dia anoitece, a tarde madruga e a noite amanhece felando em
mim. Dentro da sua boca, toda sexta-feira, meio dia em ponto eu me enrijeço
adulto e me extasio menino travesso que não cansa brinquedo um segundo sequer.
Tudo só para mim. E meio dia em ponto, a língua estirada em agonia me faz mais
real em todas fantasias, shakespeareanamente a saber que existem mais gozos nas
estrelas do céu da sua boca do que possam prever as minhas mais obscenas
ejaculações. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS – Quero demonstrar
ao mundo, na arquitetura da minha música, a arquitetura de uma nova e bela
comunidade social. O segredo da minha harmonia? Só eu o conheço. Cada
instrumento em contraponto, e tantas partes contrapontísticas quantos
instrumentos existirem. A autodisciplina iluminada das várias partes – cada
qual impodo voluntariamente a si mesma os limites de sua liberdade individual
para o bem-estar da comunidade. Tal é a minha mensagem. Nem a autocracia de uma
única e teimosa melodia, de um lado, nem a anarquia de ruidos desenfreados, de
outro. Não – um delicado equilibrio entre ambos – uma liberdade esclarecida. A
ciência da minha arte. A arte da minha ciência. A harmonia das estrelas no céu,
o anseio de fraternidade no coração do homem. Tal é o segredo da minha música.
Pensamento do compositor alemão Johann Sebastian Bach
(1685-1750). Veja mais aqui & aqui.
PECADO – [...] O problema todo é que dizemos coisas em
demasia. Se nos limitássemos apenas às palavras realmente indispensáveis, só
isso poderia ser chamado guardar silêncio. E é assim com tudo: com a comida, os
prazeres, o sono; para cada coisa o que é necessário tem um limite. Além disso,
começa o “pecado” [...] o pecado é o
que detem um homem , o que ajuda a enganar-se a si mesmo e, a imaginar que está
trabalhando, quando está simplesmente dormindo. O pecado é o que adormece o
homem quando ele já decidiu despertar. [...]. Trechos extraídos da obra
Fragmentos de um ensinamento desconhecido: em busca do milagroso (Pensamento,
1998) do filósofo e psicólogo russo Piotr Demianovitch Ouspensky
(1878-1947). Veja mais aqui e aqui.
ADETUTU – PRÓLOGO NO NAVIO NEGREIRO - Fechou os olhos tentando dormir. Não conseguia.
O balanço do navio negreiro a enjoava, o corpo doía, o corte no pé latejava. Adetutu
não tinha forças para nada, a não ser chorar. Onde estrariam seus pequenos Taió
e Caiandê? Talvez nunca mais os visse, nunca mais os abraçasse nem lhes desse o
leite que agora escorria dos seios inchados e dolorosos. Adetutu sentiu nos
lábios ressequidos o sal de sua lágrimas; soluçava. No escuro do porão apertado
e fétido do navio negreiro, que se arrastava pelo oceano na noite sem estrelas,
a mulher deitada ao lado fez um esforço para vencer o peso das correntes que as
uniam e apertou o braço de Adetutu num gesto de conforto. E de dor
compartilhada pelo destino comum dos que haviam sido caçados para ser escravos
em terras estrangeiras. [...] Trecho extraído da obra Contos e lendas afro-brasileiros: a criação do mundo (Companhia das
Letras, 2007), de Reginaldo Prandi. Veja
mais aqui.
SEGREDO DE EROS - Suave me dispo e me sento nua / lá fora o
vento acaricia a lua / deito tranquila em teus braços longos / sinto teu leve
beijo acalentar meu sono. / Balançam-me os seios volumosos, alvos / roço de
leve com meu pé descalço / a arquitetura rija do teu peito másculo. / Satânica
fundo-me em desejo fálico / que me agita o ser e me enrosca em laço. / Sou tua
mulher, tua fada musa / inspiro teus dias, me envolvo em tuas noites. / Eros é
mais em mim, mulher madura em tempo / por isto é que agora pões em mim mais
tento. / Ponho-me a cavalo em teu joelho forte / e levemente trêmulo me
acolhes. / O mundo real tolda-se... somos alheios / encosto em ti as pontas dos
meus seios. / Eros então segredo aos meus ouvidos: / “O mundo é teu e que o
alimentes / com a agudeza úmida do teu sexo túrgido / com a ardência fêmea do
teu beijo cúpido”. Poema da poeta e ensaísta Valdene Duarte Fonseca.
Na mulher toda têmpera se envolve
Seu ciúme é cuidado impertinente
Seu desejo é fornalha incandescente
Quando pode, é perigo, o que devolve,
Quando está duvidosa só resolve
Pelo fio da ânsia propulsora,
Quando assume o papel de genitora
Aurifica seu corpo fecundante,
Pra tornar-se a maior representante
Dessa lei biológica criadora
No namoro é centelha de ilusão
No noivado é a fonte de esperança
Sendo esposa é profunda a aliança
E faz unir coração com coração,
Como mãe é suprema adoração!
Sendo sogra é as vezes tempestade
Quando amiga, é amiga de verdade,
Sendo amante é volúpia no segredo,
Porém sendo inimiga causa medo
Ao mais forte machão da humanidade.
OLIVEIRA DE PANELA – o compositor e poeta repentista, Oliveira de Panela, é autor de vários livros e discos expondo sua respeitável e prestigiada arte reconhecida internacionalmente. Entre os seus livros estão "O comandante do Planeta Médio", em 1997; "Poesia Liberdade", em 1979; "Poemas Iluminados", em 1983; " Poemas Alternativos", em1984, este em parceria com Zé de Sousa; "Na cadência do Martelo", em 1993; "Dois Poetas do Povo e da Viola", 1996, parceria com Otacílio Batista, Gravou 11 discos e mais de 6 cds. Ele é membro integrante da ONG e do Projeto Malagueta, que trabalha pela divulgação do acervo histórico, turístico e cultural da Paraíba, promovendo sua a musica regional, tendo parceria com órgãos como o SESC da Paraíba, o Governo do Estado, e a Secretaria de Educação e Cultura, entre outros. Para conhecer o trabalho de Oliveira de Panela acesse o sítio dele: http://www.oliveiradepanelas.com/
A arte do pintor
russo Viktor Lyapkalo.
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