A arte da artista plástica, fotógrafa e performer Rosângela Rennó.
TOLINHO & BESTINHA - V - Quando Bestinha se vê enrolado num namorico de virar idílio estopolongado - Bote fé: lavou, tá novo! Bestinha num se continha na folgança da nova residência, crescendo e livrando-se do disse-me-disse - coisa mais chata essa de ficarem associando o presepeiro a uma mancebia sodomita, nossa, agora, ufa! cada vez mais distante da memória, mas que, vez por outra, acende sua cólera só a cada lembrada do bicho bufar por horas com o quengo zonzo. Agora mais não, já se sentia incólume, ali ninguém, com certeza, conhecia suas maloqueragens. Ôxe, estava solto, pisando no ar. Novas amizades, novas estripulias formando futuras mangações, novas proezas, novo universo por explorar. Delito ficara como a casa antiga: nem recordações. Passara esponja no passado e ofegava com a vida nova. Não demorou muito. A mangação, ao que parece, fazia parte de sua sina. Como crescera e já se espigava adolescente, chegou a hora de arrumar a primeira namorada. Ih! Lá vem de volta os aperreios. Pois bem, Lindalina era a fofurinha mais fascinante dali e todo macambúzio deitava olhadela aguda pras bandas dela. Num havia quem não quisesse agraciá-la com os galanteios mais sentimentais, granjeando-lhe a simpatia. Era um batalhão enorme flertando com a debutante. Não sei porque cargas d´água achou Bestinha de logo se embeiçar pela beldade, a ponto de se entregar enfermo na mais crônica paixonite aguda do cabra zoar tonto por vários dias, semanas e meses. Lindalina nem aí. E o cabra fazia de tudo para chamar-lhe atenção: piruetas, bangueladas, amostramentos e trupicadas. Quando teve a oportunidade de se aproximar e trocar um dedinho de prosa com a vítima, vendeu-lhe a imagem mais altissonante, de tratar-se por um fazendeiro dono da maior extensão de terra que se imaginasse e que possuía aviões graúdos, fortunas invejáveis, posses exorbitantes, meio mundo de abestalhado para servir-lhe o mando e que era o cão chupando manga no que fosse inimaginável. Eita! Foi mesmo: arrotou grandeza, bafejou onipresença, até que se engasgou com uma chacota da moça: - Cuma é qui tu é tão rico, fica perdendo tempo numa maloqueragem mais chué como essa? Parece mai um santo de pau-ôco! O mundo arrebentou-se todo, despencou todo na testa do rapaz, destronando o melepeiro em dois segundos: o cabra não tinha onde se socar com a descompostura. Foi aí que lhe deu aquela aguda necessidade de tornar-se acometido do complexo de ema, de caçar canto para esconder a cara lisa e corada, morto de vergonha. Tentou sair da saia justa, balbuciou, enrolou a língua, esgasgou-se, tossiu, e não viu saída na sua sandice. E a retrucante só se rindo do vexame dele. Não teve jeito, só enfiar o rabinho entre as pernas e sair na pontinha dos pés pela lateral. Distante dela, abufelou-se, meteu o quengo umas trezentas vezes na parede, flagelou-se, maldisse a si próprio, imolou-se até não suportar mais nada e cair, arrebentado de desgosto, na cama. - Toma, Zé-buceta! -, ingrisiou um amigo -, tu vais logo querendo sê o rola-grossa, cheio-das-pregas, porra! Tome! Isso é pra aprendê, viu? Arreie o badalo, fulustreco, assim tu se estrepa! Quanto mais se lembrava do inoportuno acontecimento, mais seu coração caía no chão, sua barriga gelava, o espinhaço arrepiava-se dum jeito do cabra num querer nem botar a cara na porta para não morrer de vergonha. Fechou pra balanço. Tome! Um dia, dois, três, uma semana, encruado dentro de casa, trancado. Lamuriava-se sozinho, escondido, a dor da sua desventura sentimental, consolado ao som das maiores roedeiras da dor de cotovelo. Ficava horas uivando como um cão-sem-dono, tadinho. Mais de mês depois, estufou o peito e criou coragem. Pisava forte, marchando soberba, era outra pessoa agora, confiante de si. Ôxe, a risadagem comia no centro. - Vem cá, Boca-quente! -, gracejavam. - Esse aí é o embucetado-do-sétimo-livro! - O quêêêêê? Nãooooo. É o Pica-grossa? Héhéhé! - É o dito Satanás-de-rabo, meu! O Roliúde! Héhéhé! - O faroso! Héhéhé. Mal dera conta da fuleragem, arrependeu-se desde o dia em que nasceu de ter saído de casa. Cada escárnio cabeludo era uma fundura que se pronunciava no seu desgosto. Verdade, meninas, cá pra nós, o cabra enlutara-se dentro de si. Foi quando percebeu então que Lindalina era linda e era o sestro da sua mofinice. Deus meu, como esse apaideguado sofreu! - Isso é uma bexiga-lixa! Desgraça é feito catinga de cu: num se acaba nunca! Será o Benedito? Essa é a boba limoeiro: é a pior que tem! Deu na casa-grande comeu até a mão de pilão! Será a tibuvana da tribufu? Era ele se remoendo até quando Lindalina achegou-se perto dele e sapecou surpresa: - Quéis namorá cum eu? Vote, o cabra nem acreditou. - Quéis ou num quéis? -, insistiu ela enquanto ele atarantado. Bestinha engoliu seco, apertou-se por dentro, fez um esforço da gota, até que, num aguentando mais, deixou escapulir um peido fedorento. - Vote, vai cuidá da alma que o corpo tá podre! -, reclamou Lindalina. - Num é isso não, pelamordedeus, quero namorá com ôce, sim, por favor! -, suplicou-lhe genuflexo. - Deus qui me livre namorá com um peidão desse? - Pelamordedeus!!! - Nem morta! - Eu juro qui serei o home mais feliz da terra e farei vosmicê a mulé ais feliz do praneta!!! - Nem que a vaca tussa! - Vosmicê verá qui sou o home mais apaixonado do mundo! - Lálálálálálálá... - Qui inté hoji cê nunca viu home mais dedicado ao seu amô qui eu... - Peidando desse jeito?? - Foi a emoção! - Vôte! - Eu juro: meu coração deu uma tremedeira de mexer cum tudo dentro deu! - Ôxe? - Juro, pelas alma consagradas qui foi isso que remexeu pru dento deu!- Tá bem, tá bem, basta! Mindinho no mindinho, assim, para selar nosso namoro. Agora, cuide das tripas que eu num vô tá aguentando podridão perto de mim, não, viu? O cabra ficou nas nuvens, encantado, nem triscando no chão de tão ancho. - Vai que é chimbra, Taffarel! -, caçoavam os desafetos. Ele nem ai, só amostramentos. Flutuava sozinho no seu idílio nem se dando conta do que ocorria ao seu redor. Tomou-se de uma afeição pela namorada, de não enxergar outra coisa senão ela. Uma verdadeira veneração que lhe causou arranhões e cicatrizes várias, vez que ele se esquecia que estava numa bicicleta, causando os maiores transtornos. Já tava todo cheio de samboques que viraram perebas proeminentes por todo corpo. O cabra estava tão ouriçado de chega ter uma ejaculação precoce a cada pedalada que dava. Isso causando um sem número de encontrões os mais cabeludos. - Gozou com o relado do cu no celim? É viadagem -, definiam. - Não meu, só no esforço, em pé -, justificava-se desnecessariamente. Quem acreditaria nisso? Eu, hem! Pois bem, quando deu fé, ao cabo de uns seis ou oito meses, sei lá, depois, estava mais corneado de se enganchar nos fios de eletricidade. Quase morre tostado pelas gaias. Baixou hospital num sei quantas vezes com queimaduras de quarto a quinto graus. Em carne viva. Deu-se de expectorar suas lamentações em tons os mais desafinados impossíveis, tentando espantar seus males. Foi daí que nasceu o tresloucado sonho de tornar-se croner-de-pensão-do-baixo-meretrício, cantor das putas que sonham com um príncipe encantado de pau duro e enorme que salvassee sua desgraça. - Vai gostar de lubrificar gaia assim na casa da puta-que-lhe-pariu, corno! Nossa, o cabra amocegava o destoamento da cornice naqueles plangorosos hits da cornagem alheia, chega deixava ensopado o salão de lágrimas abundantes. O sujeito se infincava intoleravelmente na sua lamúria de parecer mais disco arranhado de tanto se repetir na dose. Isso, claro, para recheio das mais arrepiadas das zorras. E quando Lindalina aparecia, o mondrongo se engasgava de baixar enfermaria. Maior problema de então. O seo Bimbo-João, tomando pé da situação sob aconselhamento gasguito de sua madame, dona Bebé, foi instado para dar umas lamboradas boas no toitiço do abestalhado a fim dele tomar jeito na vida. Menos trepidante, o pai resolveu, depois de muita lengalenga, mudar-se de moradia, novamente. Juntou a catrevagem toda e foi se arranchar noutro arruado distante. Pronto, Bestinha escapou novamente de tornar-se o astro das gaitadas mais insolentes. Pode? Ora. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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PENSAMENTO
DO DIA – A ignorancia é sempre tolerante com a ignorância, ou um asno esfrega o
outro. Provérbio latino.
ALGUÉM
FALOU DE SOLIDÃO - Nunca rompi
uma relação para ficar sozinho. Geralmente para fugir de uma, já estava
ancorado em outra. Eu acho muito difícil “dar a volta por cima”, estando
sozinho. Sozinho? Nem depois de morto! Porque até no cemitério fica todo mundo
enfileirado. Apesar disso, sempre vivi uma grande solidão. Talvez por nunca ter
dado amor e não ter recebido, de fato. A solidão é uma experiência muito
difícil em qualquer idade. Pensamento do pintor, desenhista, ilustrador e professor
Darel Valença Lins (1924-2017). Veja mais aqui.
A POÉTICA DO ESPAÇO – [...] E
para um sonhador de palavras, que calma na palavra redondo! Como ela arredonda
calmamente a boca, os lábios, o ser do folego! O mesmo deve ser dito por um
filósofo que crê na substancia poética da palavra [...]. Trecho extraído da
obra A poética do espaço (Abril, 1978),
do filósofo, crítico literário e epistemólogo francês Gaston Bachelard
(1884-1962) aborda temas como a casa do porão ao sótão, o sentido de cabana, a
casa e o universo, a gaveta, os cofres, armários, o ninho, a concha, os cantos,
a miniatura, a imensidão intima, a dialética do exterior e do interior, a
fenomenologia do redondo, trazendo a discussão filosófica do fenômeno imagético
da poesia e sua pluralidade de imagens e temas, distante do racionalismo
filosófico tradicional, voltada para a questão relacionada à psíquica do poema
e à explosão de uma imagem. É um ensaio sobre a fenomenologia questionando a
razão de uma imagem singular revelar-se como uma concentração que envolve o
psiquismo e de que forma um acontecimento efêmero e singular como a imagem
poética reage em outras almas, mesmo sob as condições inerentes aos pensamentos
sensatos e senso comum. REFERÊNCIA: BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São
Paulo: Abril Cultural, 1978. Veja mais aqui.
NEUROCIÊNCIA COGNITIVA - A partir de uma revisão da literatura
realizada com base nas referências bibliográficas expressas abaixo,
encontrou-se em Moreira e Medeiros (2007) que os psicólogos cognitivos estão
preocupados com a forma como a anatomia (as estruturas físicas do corpo) e a
fisiologia (as funções e processos do corpo) do sistema nervoso afetam e são
afetados pela cognição humana. A neurociência cognitiva é o campo de estudo que
vincula o cérebro e outros aspectos do sistema nervoso ao processamento
cognitivo e ao comportamento. O cérebro controla pensamento, emoções e
motivações, é o órgão supremo da cognição. A localização da função diz respeito
a áreas específicas do cérebro que controlam determinadas habilidades e
comportamento. O sistema nervoso é a base da capacidade de percepção, adaptação
e interação com o mundo. É onde recebe, processa e responde às informações que
vem do ambiente. Post-morten é a prática de dissecação após a morte para estudo
da relação do cérebro e o comportamento, em busca de lesões, inferem que os
locais lesionados estão relacionados a comportamento afetado, fazendo vinculo
entre o tipo observado de comportamento e as anomalias. Paul Broca realizou
estudo com Tan que possuía problemas de fala no lobo frontal. A área de Broca
envolvida com funções da fala. Estudos com animais in vivo por meio da
instalação de microeletrodos para identificação da atividade um neurônio e para
medir os efeitos de tipos de estímulos sobre a atividade de neurônios. A
produção seletiva de lesões compreende a remoção ou dano cirúrgicos de parte do
cérebro, para observar déficits funcionais. Os registros elétricos aparecem na
forma de ondas de vários comprimentos (frequências) e alturas (intensidades. Eletroencefalograma
(EEGs) são registros de intensidades e frequências elétricas do cérebro vivo
gravados por períodos longos. Objetiva estudar as atividades das ondas
cerebrais e estudos mentais que se alteram, registrando a atividade elétrica do
cérebro com informações sobre o transcurso de tempo da atividade cerebral. ERP
é usado em estudos de inteligência e tomografia por emissão de pósitrons (PET).
EEG e ERP oferecem apenas visão geral do cérebro. As técnicas de imagem
estrutural para obter imagens estáticas: angiogramas, tomografia axial
computadorizada (CAT) e ressonância magnética (MRI). Angiogramas (Raios X e
CAT) para observação de grandes anormalidades, como resultantes de AVC e
tumores. A ressonância magnética (MRI), a mais importante, serve para revelar
as imagens de alta resolução da estrutura cerebral, computando e analisando
mudanças na energia das orbitas das partículas nucleares nas moléculas do
corpo. Facilita a detecção de lesões por meio de escaner rotativo, detecta
vários padrões de alterações eletromagnéticas nas moléculas do cérebro. A
imagem metabólica baseada em mudanças no cérebro resultante do aumento de
glicose e oxigênio. As PET medem aumentos em consumo de glicose em áreas ativas
durante tipos específicos de processamento de informação. MRI é uma técnica de
neuroimagem que usa campos magnéticos para construir representações detalhadas
em 3D. fMRI é a técnica usada para identificar regiões ativas como visão,
atenção e memória. COGNIÇÃO NO CÉREBRO – As regiões do cérebro são
prosencéfalo, mesencéfalo e robencefalo. O presencéfalo está acima e na frente
do cérebro. Inclui o córtex, os gânglios basais, o sistema límbico, o tálamo e
o hipotálamo. O córtex cerebral é a camada exterior dos hemisférios e
desempenha papel vital no pensamento e outros processos mentais. Os gânglios
basais são conjuntos de neurônios cruciais à função motora. Problemas nessa
causam déficits com sintomas de tremores, movimentos involuntários, alterações
na postura e no tônus muscular, lentidão de movimentos, a exemplo da Doença de
Parkinson e de Huntington. O sistema límbico é responsável pelas emoções,
motivação, memória e aprendizagem; transformar o comportamento mais flexível em
resposta a mudanças no ambiente e é composto da amígdala, septo e hipocampo. A
amígdala possui função na emoção (raiva e agressividade); o septo envolvido na
raiva e no medo; o hipocampo na formação da memória e monitora onde tudo está.
A Síndrome de Korsakoff compreende perda da função da memória. O tálamo
transmite informação sensorial do córtex, está localizado próximo ao centro do
cérebro, é dividido por grupos de neurônios com funções semelhantes, ajuda no
controle do sono e do despertar. Problemas no tálamo provoca dor, tremores,
amnésia, afasia e insônia. O hipotálamo regula o comportamento de
sobrevivência: lutar, alimentar, fugir, acasalar. Ativo na regulação das
emoções e das reações ao estresse. Interage com o sistema límbico e está
localizado na base do prosencéfalo. O mesencéfalo controla o movimento e a
coordenação dos olhos. O sistema de avaliação reticular (RAS) é a formação
reticular composta por uma rede de neurônios para regulação da consciência e
controle sobre a experiência. O tronco cerebral liga o prosencéfalo à medula
espinal e é composto pelo hipotálamo, tálamo, mesencéfalo e prosencêfalo. A substância
cinzenta periaquedutal 9PAG) está localizada no tronco. A morte cerebral é
definida pelo tronco. O prosencéfalo é formado pelo bulbo, ponte e cerebelo. O
bulbo (medula oblongata) controla o coração e parte da respiração, ajudante a
manter vivo. A ponte é a estação de retransmissão composta de fibras neurais. O
cerebelo controla a coordenação corporal, o equilíbrio e o tônus muscular e tem
papel importante na memória. O robencéfalo é a mais antiga e mais primitiva do
primeiro desenvolvimento pré-natal. O córtex cerebral é formado pelos sulcos,
fissuras e giros. Possibilita pensar,planejar, coordenar pensamento e ações e a
linguagem. Possui uma substância cinzenta forma de corpos neurais que processam
informações. Possui também uma substância branca formada por axônios
mielinizados brancos. Entre os hemisférios cerebrais ocorrem as transmissões
contralaterais (de um lado a outro) e ipsilaterais (no mesmo lado). O corpo
caloso é o agregado denso de fibras neurais que conecta os hemisférios para
transmissões de informações em ambos os sentidos. A área de Wernicke está
ligada à compreensão da linguagem. A especialização hemisférica foi tratada por
Marc Dax, Paul Broca e Carl Wernicke. Karl Lashley, o pai da neuropsicologia,
também fez estudos a respeito. O principal foi Roger Sperry que afirmou que
cada hemisfério funcionava como um cérebro separado. Jerry Levi estudou o
vínculo entre os hemisférios e as tarefas visuais e espaciais da linguagem. O
hemisfério esquerdo tem ligação com a linguagem e movimento. Processa
informações de forma analítica (uma por uma, sequência). Lesões nessa área
provocam apraxias (transtornos do movimento coordenado). O hemisfério direito
(mudo) processa informações de modo
holístico (como um todo) e tem ligação com conhecimento semântico, controla o
processamento visual, linguagem pragmática. Lesões nessa área causam
dificuldades de acompanhar inferências e entender discurso com metáforas e
humor. Gazzaniga tratou que os hemisférios cumprem função complementar. O
cérebro está organizado em unidades de funcionamento independentes que
trabalham em paralelo. Lobos cerebrais: frontal, parietal, temporal e
occipital. O lobo frontal está ligado ao processamento motor e pensamento
superior (raciocínio abstrato). O córtex pré-frontal atua no controle motor
complexo e tarefas que requeiram integração da informação no decorrer do tempo.
É responsável pelo julgamento, solução de problemas, personalidade e o
movimento intencional. O córtex motor primário especializado no planejamento,
controle e execução dos movmentos. O lobo parietal atua no processamento
somatossensorial (recebe dados dos neurônios com relação ao pensamento, dor,
sensação de temperatura e posição dos membros. Aloja o córtex somatossensorial
primário que recebe informações dos sentidos sobre pressão, textura,
temperatura e dor. O lobo temporal está
associado à área auditiva. O lobo occipital está associado à visão. Áreas de
projeção são aquelas em que ocorre processamento sensorial nos lobos. A área de
associação dos lobos são regiões que não fazem parte dos córtices
somatossensorial, motor, auditivo ou visual. Sua função é conectar ou associar
a atividade dos córtices sensorial e motor. Dão inicio ao comportamento
intencional e à expressão de pensamento lógico refletido. A área de associação
frontal nos lobos frontais parece ser crucial à solução de problemas, ao
planejamento e à capacidade de julgamento. TRANSTORNOS CEREBRAIS: o acidente
vascular cerebral (AVC) é causado por uma alteração na circulação cerebral. O
AVC isquêmico ocorre com o aumento de lipídeos nos vasos sanguíneos durante
alguns anos e um pedaço desse tecido se desprende e aloja-se nas artérias do
cérebro. O AVC hemorrágico ocorre quando um vaso sanguíneo se rompe
repentinamente no cérebro e o sangue derrama no tecido ao seu redor. Os tumores
cerebrais ou neoplasias afetam o funcionamento cognitivo. O TC primário começa
no cérebro e na infância. O TC secundário começa em algum outro lugar do corpo.
Podem ser benignos ou malignos. Os benignos não possuem células cancerosas e
podem ser removidos e não voltarão a ocorrer. Os malignos contem células
cancerosas, são mais graves e põem em risco a vida da vítima. Os traumatismos
cranianos-encefálicos (TCE) são de dois tipos: lesões de cabeças fechadas,
quando o crânio permanece intacto, mas há lesão cérebro decorrente de força
mecânica de um golpe contra a cabeça; já as lesões de cabeças abertas o crânio
foi penetrado e podem resultar de muitas causas. COMO A MENTE FUNCIONA
– O livro Como a mente funciona, do
psicólogo e linguista canadense da Universidade Harvard e escritor de livros de
divulgação científica, Steven Pinker, aborda temas como equipamento padrão, máquinas pensantes, a
vingança dos nerds, o olho
da mente, as ideias boas, os desvairados, os valores familiares e o sentido da
vida, entre outras importantes abordagens. E O
CÉREBRO CRIOU O HOMEM – O livro E o cérebro criou o homem, do neurocientista português António R.
Damasio, lançado em 2011 pela Companhia das Letras com tradução de Laura
Teixeira Motta, contempla duas questões de estudo do autor, a primeira como o
cérebro constrói a mente? A segunda: como o cérebro torna essa mente
consciente? Na primeira parte dos estudos, denominada Começar de novo:
despertar, o autor apresenta os objetivos, razões e a abordagem do problema em
questão, tratando do self como testemunha, a superação de uma intuição enganosa
sob uma perspectiva integrada, a estrutura, uma prévia das ideias principais, a
vida e a mente consciente. Em seguida ele trata acerca da regulação da vida ao
valor biológico, a realidade implausível, a vontade natural, a manutenção da
vida, as origens da homeostase, células, organismos multicelulares e máquinas,
o êxito dos nossos primeiros precursores, o desenvolvimento de incentivos, a
ligação entre homeostase, valor e consciência. Na segunda parte que recebeu o
título de O que há no cérebro capaz de criar a mente?, trata da geração de
mapas e imagens, cortes abaixo da superfície, mapas e mentes, a neurologia da
mente, o princípio da mente, o corpo na mente, o mapeamento do corpo: do corpo
ao cérebro, a representação de quantidades e a construção de qualidades, os
sentimentos primordiais, mapeamento e simulação de estados do corpo, a origem
de uma ideia, emoções e sentimentos, desencadeamento e execução das emoções, o
estranho caso de William James, sentimentos emocionais, as variedades da emoção
e os degraus da escala emocional, admiração e compaixão, arquitetura para a
memória, a natureza dos registros da memória, zonas de
convergência-divergência, o como e o onde da percepção e evocação. Na terceira,
denominada Estar consciente: a consciência observada, trata da consciência em
partes, sem self mas com mente, tipos de consciência, a consciência humana e
não humana, o inconsciente freudiano, a construção da mente consciente, o
cérebro consciente, o protosself, a construção e o estado do self central, o
self autobiográfico, o problema da coordenação, um possível papel para os
córtices posteromediais, os CPMs em ação, as patologias da consciência, a
neurologia da consciência, o gargalo anatômico por trás da mente consciente, do
trabalho conjunto de grandes divisões anatômicas ao funcionamento dos
neurônios, percepções, viver com consciência, o self e o problema do controle,
o inconsciente genômico, o sentimento da vontade consciente, a educação do
inconsciente cognitivo, o cérebro e justiça, a natureza e cultura e as
consequências do self capaz de reflexão. Leitura indispensável. Veja mais aqui
e aqui.
REFERÊNCIAS
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desvendando o sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed,2008.
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YUDOFSKY,
Stuart; HALES, Robert. Neuropsiquiatria e neurociências na prática clínica.
Porto Alegre: Artmed, 2006.
O APRENDIZADO DA SEXUALIDADE – O
livro Aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens
brasileiros, organizado por Maria Luiza Heilborn, Estela M. L. Aquino, Michel
Bozon e Daniela Riva Knauth, aborda sobre os temas que envolvem a experiências
da sexualidade, reprodução, aprendizado da sexualidade e do gênero, a gravidez
na adolescência, cor e filiação religiosa, meio social, escolaridade, renda,
família, iniciação à sexualidade e os modos de socialização, interações de
gênero e trajetórias individuais, vida reprodutiva e relações amorosas, espaços
de socialização, mobilidade social, menarca e o social no biológico, namorar e
ficar, relação sexual, contracepção e proteção, valores sobre sexualidade e
elenco de práticas, tensões entre modernização diferencial e lógicas
tradicionais, valores relativos à sexualidade, sexualidade e relações afetivas,
a valorização da fidelidade, a prova de amor e o prazer individual, espontaneismo
e o controle na sexualidade, homossexualidade, tolerância e persistência do
repúdio, masturbação, normas sexuais e gênero, raça e pertencimento social,
práticas sexuais e versões discordantes, mensuração da interação sexual, a
banalização do sexo oral, a prática anal e a especificidade do imaginário
masculino brasileiro, masturbação entre parceiros e volúpia solitária,
repertório sexual, gênero e dissimilaridades nos atos sexuais, a supremacia do
coito vaginal, condições materiais e simbólicas do exercício da sexualidade, as
trajetórias afetivo-sexuais, encontros, uniões e separação, maternidade e
paternidade juvenis, aborto, reprodução juvenil, as trajetórias
homo-bissexuais, relações sexuais coercitivas, gênero e gestão da
bissexualidade, sexualidade juvenil, iniciação sexual e relacionamentos
afetivos, controle da sexualidade adolescente versus autonomização através da
sexualidade, determinantes de gênero e classe social, o papel da escola e dos
serviços de saúde no aprendizado da sexualidade, direitos sexuais e
reprodutivos, cidadania e autonomia, entre outros importantes temas. REFERÊNCIA:
HEILBORN, M.; AQUINO, E.; BOZON, M.; KNAUTH, D. Aprendizado da sexualidade:
reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros. Rio de Janeiro:
Garamont/Fiocruz, 2006. Veja mais aqui.
AMOR DE PERDIÇÃO – [...] Deu as
cartas a Constança, e encarregou-a de uma ordem, a respeito delas, que logo
veremos cumprida. Depois foi orar, e esteve ajoelhada meia hora, com meio corpo
reclinado sobre uma cadeira. Erguendo-se, quase tirada pela violência, aceitou
uma xícara de caldo, e murmurou com um sorriso: — "Para a viagem..."
- As nove horas da manhã pediu a Constança que a acompanhasse ao mirante, e,
sentando-se em ânsias mortais, nunca mais desfitou os olhos da nau, que já
estava verga alta, esperando a leva dos degredados. Quando viu, a dois a dois,
entrarem, amarrados, no tombadilho, os condenados, Teresa teve um breve
acidente, em que a já frouxa claridade dos olhos se lhe apagou, e as mãos
conclusas pareciam querer aferrar a luz fugitiva. Foi então que Simão Botelho a
viu. E ao mesmo tempo atracou à nau um bote em que vinha a pobre de Viseu, chamando
Simão. Foi ele ao portaló, e, estendendo o braço à mendiga, recebeu o pacotinho
das suas cartas. Reconheceu ele que a primeira não era sua, pela lisura do
papel, mas não a abriu. Ouviu-se a voz de levar âncora e largar amarras. Simão
encostou-se à amurada da nau, com os olhos fitos no mirante. Viu agitar-se um
lenço, e ele respondeu com o seu àquele aceno. Desceu a nau ao mar, e passou
fronteira ao convento. Distintamente Simão viu um rosto e uns braços suspensos
das reixas de ferro; mas não era de Teresa aquele rosto: seria antes um cadáver
que subiu da claustra ao mirante, com os ossos da cara inçados ainda das herpes
da sepultura. — É Teresa? — perguntou Simão a Mariana. — É, senhor, é ela —
disse num afogado gemido a generosa criatura, ouvindo o seu coração dizer-lhe
que a alma do condenado iria breve no seguimento daquela por quem se perdera. De
repente aquietou o lenço que se agitava no mirante, e entreviu Simão um movimento
impetuoso de alguns braços e o desaparecimento de Teresa e do vulto de
Constança, que ele divisara mais tarde. A nau parou defronte de Sobreiras. Uma
nuvem no horizonte da barra, e o súbito encapelamento das ondas causara a
suspensão da viagem anunciada pelo comandante. Em seguida, velejou da Foz uma
catraia com o piloto-mor, que mandava lançar ferro até novas ordens. Mais tarde
adiou-se a saída para o dia seguinte. E, no entanto, 5imáo Botelho, como o
cadáver embalsamado, cujos olhos artificiais rebrilham cravados e imotos num
ponto, lá tinha os seus imersos na interior escuridade do miradouro. Nenhum
sinal de vida. E as horas passaram até que o derradeiro raio de Sol se apagou
nas grades do mosteiro. Ao escurecer, voltou de terra o comandante, e
contemplou, com os olhos embaciados de lágrimas. o desterrado, que contemplava
as primeiras estrelas, iminentes ao mirante, — Procura-a no céu? — disse o
nauta. — Se a procuro no céu... — repetiu maquinalmente Simão. — Sim!... No céu
deve ela estar. — Quem, senhor? — Teresa. — Teresa...! Morreu?! — Morreu, além,
no mirante, donde ela estava acenando. Simão curvou-se sobre a amurada, e fitou
os olhos na torrente. [...]. Trecho extraído da obra Amor de Perdição (Lello Irmão, 1983), do escritor português,
dramaturho, historiador e tradutor Camilo
Castelo Branco (1825-1890).
POEMAS
SENSUAIS – THEORGASMIA: / Desnuda parte do corpo, parte
a alma/ e oferece a Marte,o espelho de Vênus,/ onde observa a arte dos seios
plenos/ bela,curiosa, intimorata e calma.../ Em breve, dois deuses nus,/ deu-se
o fato, o olfato se aprofunda,/ a vulva, a pélvis, a bunda./o falo, o talo,a
flor profunda./ Deus goza ,enquanto , voyeur/ de tempos imemoriais,/ interpreta
todos os sinais./ E o esperma divino banha o casal,/ agora incapaz de
distinguiir o Bem do Mal... SUADA: A crochetar uma renda,/ oferecer-me de
prenda,/ seda barroca bem trabalhada: /vestida de pêlo, de pele,nua,/ acordo
sozinha a uivar/ no silêncio,o que insinua/ esse olhar voraz de desejo/ insistente
que em mim sua,/ - enquanto o espírito estua,/ ao vento levanta o pó,/ ardente,
ardendo e só. HOJE: E pela manhã,/ o apelo da maçã,suas formas, bochechas/ ancas
e nágegas.../ O jasmim- de- poeta´/ que atrai, botão fechado,/ pelo aroma
imprevisto./ Depois,se abre estrelado, / para se desafazer no ciclo vital,/ aos
teus dedos,/ o cheiro já mofificado:/ pêssego, sândalo, patichuli,/ o gosto já
misturado:/ cravo, rosa,almíscar e ambrosia./ Nem mais importa,/ depois de
aberta a porta,/ se é gosto ou odor,/ rubrica de um vinho precioso;/ é apenas o
resultado da mistura, /da amorosidade que se fez embate/ com as armas da paixão
e da ternura... ENCOSTA-TE A MIM: Venho de tempos idos e viajo para tempos
novos./ Desço a encosta do desejo,/ baqueada de sol quente, mas/ inebriada pela
luz de mel./ Suada,/ exalo o cheiro aéreo das borboletas/ que visitaram cravos./
Ah, voejei até mesmo em densas florestas/ além do nosso jardim/ -enquanto,
guerreiro do cetro mágico,/ guerreavas numa peleja/ inútil e convencional, sem
mim./ Eu,que agora vou ao teu encontro, para amparar-te,/ sarar tuas feridas
com minha seiva mágica./ Feiticeira, banhei-me/ em pétalas de lírios, cravos e
rosas/ e minha pele inteira / tornou-se a tua cura./ Encosta-te a mim, / serei
o totem onde os signais e os signos/ revelarão as fórmulas da doce embriaguez
amo. ROSA: Mulher, ofereço-te meu graal./ Dentro de mim, alastra-se um fogo
eternal,/ no alabastro do corpo,mas a pele é morna./ Se tens fome,oferço-te a
Poesia/ de minha alma em pomar,/ que alimenta/ com maná e ambrosia./ Se tens
sede,dar-te-ei meu leite./ minha saliva,meus humores./ Degusta-me./ Se queres
dormir, transformarei/ meus braços em rede./ Cantarei uma berceuse/ inventada
na hora da neblina./ Encosto-me a ti, quando te encostas a mim./ e juntos,
seremos uma estela pela PAZ, uma estrela a mais, / um círio na janela, / chama
votiva a tentar iluminar a harmonia/ e simbolizar a quase impossível, mas real
/ perenidade dessa paixão/ que não se acaba, que não desaba,/ porque estamos um
ao outro encostados/ na encosta do desejo, apoiados/ pelas costas um do outro./
Degusta-me e te ensinarei / a eternidade dos deuses... ENCONTRO: A vinha, a
vindima,o vinho/ a gavinha/ a garra.../ Você vinha/ com beijos de vinho,/ boca
de tinta/ de vinho tinto./ Levinho, vinha,/ conforme convinha/ -dentro de meu
coração cansado,/azinhavre./ Acre ácido/ a corroer a emoção, o desejo guardado./
O colo fremente, mas não de paixão./ A camisola, levinha,/ a uva,o vinho, a
vinha,/ o sonho, a sanha./ A gavinha partida./ A ida./ Des/encontros de verão. UM
DIA A MONTANHA FOI MAR: Os dedos do poeta que escreveram versos/ em corpos
marcados de poeira e amoras,/ compensados pelo cheiro impossível dos
impedimentos./ Molharam-se na maresia das praias desertas e jamais dantes/ percorridas
pelos os róseos pés aquecidos ao sol intenso.../ Criaram ,com as suaves unhas,
hieróglofos em forma de cunhas/ para que quando as asas do tempo trouxessem
viajantes do futuro,/ e então aquele amor estranho e intenso de amantes/ fornecesse
matéria abstrata para o código abstrato,/ os estudiosos se perguntassem se era
plausível, possível,concebível,/ que se amasse tanto assim, através dos dedos
da alma,dos dedos das mãos/ já antigas quando tudo começou e deixou signos e
signais.../ Mar, não existe nehum mar agora,e apenas atrevidas, erguem-se as
montanhas,/ as montanhas fartas ,verdes e sensuais das Minas Gerais,/ que
escondem nos seios e nas ancas , nos ventres misteriosos e grávidos,/ tais
segredos ancestrais.../ E eu, que ao ler os versos do poeta, passo os lábios e
encomprido os olhos sensuais, / quero ouvir sua voz, e pensar que foram
escritos para mim, esses poemas embalsamados:/ juro que têm gosto de sal e de
algas, de sol e de estrelas -do -mar,/ gostos de praias e peixes , os mesmos
cheiros e sabores que ,por atavismo ,teimosos,/ guardam-se na concha
resguardada entre minhas pernas bambas,/ a aguardar, séculos após, que desenhes
novas letras e rimas no meu corpo / e que com tua língua antiga e sábia, o sal
e o calor lambas, / em busca da pérola nacarada que resgatarás da leve espuma /
para o prazer sutil e absoluto,para a riqueza acumulada em tempo de espera... /
Na montanha , houve mar,em priscas eras, onde amaste outras mulheres/ mas quem
se guardou inteira para o equinócio da primavera/ e preservou rosas esverdeadas
e cheias de ondas, salgadas e perfumadas / fui eu, para teu gozo, musa de teu
sonho, de tua luxúria, de tua im/paciência... / Por isso, leio tua Poesia
magistral e catártica,plena de códigos / para mulheres de outrora/ e acredito,
entre ingênua e buliçosa,/ que escreveste ,mesmo sem saber, todos os códigos da
rosa,/ para que eu a lesse e entendesse, decodificasse e repondesse, um dia... EROTIQUINHA:
Quando gozogozo, / bêbada do uso-ozo/ com gosto de anis,/ rito,arfo,fremente./ De
mim mesma,corro./ Por um triz,não morro./ Eu,pequena bacia d'água./ Você,chafariz.
MOMENTO (De Erotikinha,X): No estômago, mil asas frementes / de beija-flores
antecipam o néctar./ No útero, o lento que-fazer do pólen,/ celera-se./ Ascendem
ao coração as salamandras,/ elementais do fogo. / Tudo teve início / com um
olhar,que sinalizou um beijo./ E quando se acendeu a fogueira,na aquiescência,
/ os tecidos túmidos, os poros úmidos,/ invadiu-nos a luminescência/ que fez
qualquer escuridão/ se dissolver na luz./ E os murmúrios soprados ao pé da
orelha rosada/ ah, a sedução pelos ouvidos,/ que escorrega qual líquido
inflamável/ e cai diretamente no coração,/ a provocar um fogaréu.../ E os gemidos,
/ o som contínuo e natural/ que brota da garganta aberta em flor madura... / Movimentos
contínuos,coleantes: / os corpos serpenteiam e se enroscam, / num milenar
ritual. / Os suores, os aromas, a suculência... / A obnubilação para tudo mais
que em torno exista: / somente o que é percepptível,é o tálamo / o sim,a
entrega,a troca, a soma no soma, / invadir/ser invadido / com permissão. / A
premissa / é o desejo,unicamente. / Pudores se esgarçam quais musselinas
inúteis. / Todos os panos são barreiras que é preciso afastar. / E as mãos
atrevidas,e os olhares,ora cerrados, / ora bem abertos, ora entrefechados. / O
que quer, o que toma, o que cede./ Moto continuum, / as sucedências escorregam
nas dobras do tempo./ O orgasmo.A petit-mort. / Enlanguescer,relaxar,suspirar,descansar.
/ Sob a Terra molhada / por chuva milagrosa, / as sementes crescem,incham, / forçam
e brotarão em breve... / No silêncio agora absoluto, enquanto as pessoas
dormitam, / os anjos meneiam suavemente as asas, / para que descansem... ACTO: Olhar
desfocado /Lábio intercalado / (boca em completude / suores em açude, / saliva
em fio/riacho escorre) / Peito infla / Coração rufla/ Mamilo cresce / Adaga
intumesce/ Você, garfo, eu colher. / Gemo/arfo / Homem /mulher / Fusão / Con/fusão
/ Fuso horário / Da petit- mort: / Orgasmo / O gamo / A gazela / O
hierogamus... / Os órgãos, / os grãos ocultos,/ A produção/ Dos micro
organismos/ Potencializados/ Dizem Amém... APAIXONADA/MENTE: Abraso-me,ardo e
afogo-me em fogo liquefeito... / Onde andará o incendiário?/ Será que usou a
chama do meu ou do seu imaginário?/ Arfo,sou-me fora de mim, fora de ti,/ tição
inutil sem lenha.../ Chamo-te, / para que teu coração venha, / archote / acho-te,
/ a acender-me a pira
dedilhar-me a lira,/ a buscar a agulha de pinheiro / que proteja / e não o espinho de roseira, / que fira.../ Apaga-me! / Somente para depois reacender-me, / tornar-me luminária,/ estacionária / essa paixão / perene... NÚPCIAS CIGANAS: Um punhal ardente,argênteo pela claridade dos castiçais de latão,/ ergue-se e agita-se, sonâmbulo, talvez, mas em busca/ de caminho certo...Freme, pássaro, algo de beija flor e de cisne,/ cegamente lança-se à umidade morna que o atrai,sem medo... / Num casamento cigano, consumado após as danças, o vinho, / as palmas, a espera dos demais,para que a mostra de sangue/ seja a prova de uma virgindade exigida pelos costumes ancestrais.../ Mas ...não sangra a noiva, ainda assim , até então,virgo inviolata, desiderata,/ -ardendo de desejo, mas pura e ele o sabe... .../ O punhal de carne recolhe-se, grato pelos ricos sumos/ e pela oferenda da estreita senda...descansa.../ então, o homem,jovem apaixonado/ e convicto da castidade de sua mulher/ que o olha assustada com a falta do carmim/ no branco lençol de linho ,levanta-se,corajoso, trêmulo ainda,/ após o gozo,e toma de seu punhal de prata, finamente lavrado.../ A jovem se assusta, mas não grita, deixa que caiam as lágrimas:/ aceita o seu destino, o coração se confrange, depois galopa/ no peito de pomba...fecha os olhos e espera...a morte,/ pela falta de sorte.../ Ontem, sua avó jogara cartas, a Buena Dicha:vida longa,vida feliz,/ mas por certo se enganara, pensa desesperada.../ O marido então,dá um corte no dedo anular, onde/ a aliança brilha à luz das velas...e mancha os níveos panos:/ a camisola, o lençol, a fralda de sua camisa...segura/ o queixo da esposa-menina, e quando ela abre os olhos,/ mostra-lhe o sangue a pingar, e deitado sobre os linhos, e lhe sorri.../ Ela devolve, encantada ,o sorriso, sem falar nada/ e ele murmura roucamente:"Confio em ti".../ Então beijam-se ardentemente e ele vai à porta da tenda,/ a mostrar, belo, viril, mas secretamnte generoso./ a prova da "primeira vez"...Nunca mais falaram nisso,/ mas também, jamais um marido teve uma esposa/ tão amorosa e dedicada.... CALCINHAS: Depois de passar um bom tempo / escolhendo , com apaixonado olhar/ a prever delírios, calcinhas rendadas,/vermelhas cavadas, sensuais e sedosas,/ depois perfumadas/ com água de rosas,/ percebo que parecem/ uma bela borboleta/ para cobrir a rosa/ da espécie/ "Príncipe Negro"/ onde o vermelho/ é muito escuro/ e seu botão bem rosado.../ Essa cobertura leve e ousada/ vestida apenas para ser tirada/ é uma estratégia feminina/ para a guerra de "uns" e de " ais"/ que acontece entre lençóis,/ no tálamo... PRIMEIRA VEZ: Na colheita de primícias,/ a amora esmagada tinge/ o níveo lençol de linho.../ Um mundo, então de delícias,/ todos sentidos atinge/ através de um forte espinho.../ Um aroma preenche o ar em torno/ Os beijos, ora em pianíssimo/ ora vendavais a ser,/ gosto de pêssego morno,/ sumarento, gostosíssimo.../ Então a dor vira prazer... CLEVANE PESSOA DE ARAUJO LOPES é poeta, escritora, psicóloga, ilustradora, conferencista e consultora nordestina radicada em Minas Gerais, premiada em concursos nacionais e do do exterior. Trabalhou ativamente na imprensa de Juiz de Fora-MG, foi editora de Literatura e Arte do tablóide de vanguarda Urgente, dentre outros. Atualmente, é psicóloga, ilustradora e oficineira de Poesia e Conto. Tem quatro livros de poesias publicados, é consultora de teatro, revisora de textos e roteirista de peças teatrais. É Cônsul Zona Central de Belo Horizonte, da entidade Internacional “Poetas del Mundo”, integrante a REBRA - Rede Brasileira de Escritoras, é patrono da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores, pertence à Academia Virtual Brasileira de Letras. Ela reúne seus trabalhos no sitio Clevane Pessoa e no blog Erotíssima. Veja mais aqui.
dedilhar-me a lira,/ a buscar a agulha de pinheiro / que proteja / e não o espinho de roseira, / que fira.../ Apaga-me! / Somente para depois reacender-me, / tornar-me luminária,/ estacionária / essa paixão / perene... NÚPCIAS CIGANAS: Um punhal ardente,argênteo pela claridade dos castiçais de latão,/ ergue-se e agita-se, sonâmbulo, talvez, mas em busca/ de caminho certo...Freme, pássaro, algo de beija flor e de cisne,/ cegamente lança-se à umidade morna que o atrai,sem medo... / Num casamento cigano, consumado após as danças, o vinho, / as palmas, a espera dos demais,para que a mostra de sangue/ seja a prova de uma virgindade exigida pelos costumes ancestrais.../ Mas ...não sangra a noiva, ainda assim , até então,virgo inviolata, desiderata,/ -ardendo de desejo, mas pura e ele o sabe... .../ O punhal de carne recolhe-se, grato pelos ricos sumos/ e pela oferenda da estreita senda...descansa.../ então, o homem,jovem apaixonado/ e convicto da castidade de sua mulher/ que o olha assustada com a falta do carmim/ no branco lençol de linho ,levanta-se,corajoso, trêmulo ainda,/ após o gozo,e toma de seu punhal de prata, finamente lavrado.../ A jovem se assusta, mas não grita, deixa que caiam as lágrimas:/ aceita o seu destino, o coração se confrange, depois galopa/ no peito de pomba...fecha os olhos e espera...a morte,/ pela falta de sorte.../ Ontem, sua avó jogara cartas, a Buena Dicha:vida longa,vida feliz,/ mas por certo se enganara, pensa desesperada.../ O marido então,dá um corte no dedo anular, onde/ a aliança brilha à luz das velas...e mancha os níveos panos:/ a camisola, o lençol, a fralda de sua camisa...segura/ o queixo da esposa-menina, e quando ela abre os olhos,/ mostra-lhe o sangue a pingar, e deitado sobre os linhos, e lhe sorri.../ Ela devolve, encantada ,o sorriso, sem falar nada/ e ele murmura roucamente:"Confio em ti".../ Então beijam-se ardentemente e ele vai à porta da tenda,/ a mostrar, belo, viril, mas secretamnte generoso./ a prova da "primeira vez"...Nunca mais falaram nisso,/ mas também, jamais um marido teve uma esposa/ tão amorosa e dedicada.... CALCINHAS: Depois de passar um bom tempo / escolhendo , com apaixonado olhar/ a prever delírios, calcinhas rendadas,/vermelhas cavadas, sensuais e sedosas,/ depois perfumadas/ com água de rosas,/ percebo que parecem/ uma bela borboleta/ para cobrir a rosa/ da espécie/ "Príncipe Negro"/ onde o vermelho/ é muito escuro/ e seu botão bem rosado.../ Essa cobertura leve e ousada/ vestida apenas para ser tirada/ é uma estratégia feminina/ para a guerra de "uns" e de " ais"/ que acontece entre lençóis,/ no tálamo... PRIMEIRA VEZ: Na colheita de primícias,/ a amora esmagada tinge/ o níveo lençol de linho.../ Um mundo, então de delícias,/ todos sentidos atinge/ através de um forte espinho.../ Um aroma preenche o ar em torno/ Os beijos, ora em pianíssimo/ ora vendavais a ser,/ gosto de pêssego morno,/ sumarento, gostosíssimo.../ Então a dor vira prazer... CLEVANE PESSOA DE ARAUJO LOPES é poeta, escritora, psicóloga, ilustradora, conferencista e consultora nordestina radicada em Minas Gerais, premiada em concursos nacionais e do do exterior. Trabalhou ativamente na imprensa de Juiz de Fora-MG, foi editora de Literatura e Arte do tablóide de vanguarda Urgente, dentre outros. Atualmente, é psicóloga, ilustradora e oficineira de Poesia e Conto. Tem quatro livros de poesias publicados, é consultora de teatro, revisora de textos e roteirista de peças teatrais. É Cônsul Zona Central de Belo Horizonte, da entidade Internacional “Poetas del Mundo”, integrante a REBRA - Rede Brasileira de Escritoras, é patrono da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores, pertence à Academia Virtual Brasileira de Letras. Ela reúne seus trabalhos no sitio Clevane Pessoa e no blog Erotíssima. Veja mais aqui.
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