A arte
da artista plástica e visual holandesa Caroline
Westerhout.
Imagem: Derinha Rocha.
BIG SHIT BÔBRAS - O PAREDÃO: QUEM VAI TOMAR NO CU?!
Vera chegou freiada e tão acelarada que nem deixou o Zé Peiúdo anunciar a melecada toda. E com a voltagem topada e dedo na mira de todos, ela sapecou: - Os 3 do paredão: padre Bidião, Doro e Zé Bilola! Foi um escarcéu. O padre Bidião ficou amuado e se recolheu para arrumar os seus muafos. Solidária, Prazeres do Céu seguiu-lhe os passos. Zé Bilola mais que inconformado, protestou veementemente em cima dum tamborete, chamando tudo aquilo de farsa, perseguição política e incompetência de liderança. Descascou bravo, Doro, mais manhoso que os outros, tentava conciliar distribuindo uns golezinhos da Teibei para aliviar os ânimos. Foi aí que Vera, irredutível, exigiu o cumprimento. Zé Peiúdo revalidou suas indicações: no paredão padre Bidião, Doro e Zé Bilola. E quanto mais os ânimos se acirravam entre os fodidos emparedados, seus asseclas, babaovos e simpatizantes, o Doro arreava nos copos das vítimas do sobrado mais Teibei para todos se animarem sem animosidade. Isso não vai dar certo, destá. - Briguem, mas num arenguem. -, dizia o Doro com toda gaiatice que lhe é peculiar. Marcialita mesma tomou uns goles para aliviar na irritação. Ximênia, nem se fala, idem. Prazeres do Céu, piorou: estava já arrumando suas trouxas para debandar dali com o padre. E por falar nisso, cadê o padre, hem? Quando foram olhar, o padre estava rezando com os olhos arregalados enfiando o seu cordão sagrado nas intimidades da sua Thérése Philosophe.
Imagem: Thérése Philosophe.
Um escândalo. Foram expulsos a bem da moral e dos bons costumes sob ruidoso apupo incentivado pelos organizadores do evento. Como passaram a organizar a zona, Zé Peiudo então anunciou que estavam no paredão somente Doro e Zé Bilola, já que o padre Bidião e a Prazeres do Céu foram expulsos da casa por mau procedimento. E que para substituir os dois, haveria um Quizz envolvendo dois sorteados que foram, por coincidência, Marcialita e Ximênia. O Doro gostou do sorteio já antevendo que ia se dar bem nessa. E deu mesmo. Na primeira pergunta feita para Marcialita, se ela acertasse salvava ele; e se errasse, ele estava fudido a tomar no cu no paredão. Ela acertou e ele lavou a jega. Veio então a segunda pergunta, se ela acertasse ficariam os dois, se ela errasse somente ela era expulsa da casa. - Ôxe, pruquê num mi disseru que inda tinha essa? -, indagou fula Marcialiata. Para se ter idéia, a primeira pergunta foi: qual a data de nascimento do seu marido. Uma baba, né? Ela, na batata. A segunda pergunta, sei não: qual a raiz quadrada de 1 quaquaquilhão, 3 trilhões, 10 bilhões, 999 milhões, 659 mil e 19 centavos? Nem errou, nem acertou, não sabia. Expulsa. Ela ficou braba que só uma capota-choca. Foi preciso intervenção do batalhão da polícia militar para retirar a ingicada do recinto. - Oi, diga logo as duas preguntas que num quero caí in tocaia feito a Marcialita não, viu? -, exigiu Ximênia. - Todas as preguntas são supresas! -, informou solenemente Zé Peiudo. Para Ximênia a coisa empenou com a primeira pergunta: Quantos livros escreveu Ascenso Ferreira? - Ôxe, sei lá quem é esse, doido! -, gracejou ela com cara atarantada. - Fudi-me, vou tomar no cu de qualquer jeito mesmo -, lamentou Zé Bilola. Como Ximênia não sabia e o Doro tinha sido salvo pela Marcialita, Zé Bilola ia tomar mesmo no cu, quando veio a segunda pergunta sob a condição de: se acertar, estava salva; se errasse, tinha que fazer um estrupício toda nua e se esfregando em quem vai tomar no cu no paredão. Estava em casa, afinal, era o seu marido que estava lascado e ela salvaria mesmo. Pois bem, quando lascaram a pergunta, não deu outra: - Nem comendo bosta de cigano tem quem adivinhe! -, mangou Doro. Resultado: Zé Bilola enfezou-se, pegou a mulher pela mão e abandonou a casa. Uma chacota só. Aí tiveram que escolher novas vítimas para tomar no cu do paredão. Foi quando entre eles começou a votação. Escore: 20x0 no Afredo Bocoió. - Eita, inté eu mermo votei neu mermo, foi? Pareci inté que sincumbináru, né? -, gracejou Afredo. Aí foi que o Zé Peiudo leu edipianamente a sentença: - O emparedado filho-da-puta, tem que ficar nu de 4 com as mãos amarradas no tronco. Primeiro castigo, os homens comem seu cu. Segundo, as mulheres dão-lhe uma pisa de chicote. E está expulso do sobrado! - Tome, seu fresco! -, espinafrou Mamão que foi o primeiro a arregaçar a peia no caneco do vitimado. E assim foi. Era pêia no rabo e lapada no toitiço. Afredo saiu de maca desacordado e com o cu todo afolosado.
PRÓXIMO CAPÍTULO: A JOGATINA DO JORGE E DA JÚLIA NO CONTATO COM UM ET. Veja aqui.
PENSAMENTO DO DIA - [...] O
poeta se faz vidente através de um longo, imenso e refletido desregramento de
todos os sentidos [...]. Pensamento extraído da obra Rimbaud por ele mesmo (Martin Claret, 1994), do poeta Arthur
Rimbaud (1854-1891). Veja mais aqui.
MÔNADA & MONADOLOGIA – A
Mônada […] é apenas uma substância
simples que entra nos compostos. Simples, quer dizer: sem partes. Visto que há
compostos, é necessário que haja substâncias simples, pois o composto é apenas
a reunião ou aggregatum do simples. [...] as Mônadas são os verdadeiros Átomos da Natureza, e, em uma palavra, os
Elemenros das coisas. Delas também não há o temer qualquer dissolução: é
inconcebível que uma substância simples possa perecer natualmente. [...] as Mônadas só podem começar ou acabar
instantaneamente ou, por outras palavras, só lhes é possível começar por
criação e acabar por aniquilamento, ao passo que todo composto começa e acaba
por partes. [...] As Mônadas não têm
janelas por onde qualquer coisa possa entrar ou sair. [...] as Mônadas precisa ter algumas qualidades,
pois, caso contrário, nem mesmo seriam entes. [...] as Mônadas diferem entre si, porque na Natureza nunca há dois seres
perfeitamente idêntidos, onde não seja possível encontrar uma diferença interna
ou fundada em uma denominação intrínseca. [...]. O estado passageiro, envolvendo e representando a multiplicidade na
unidade ou na substância simples, é precisamente o que se chama Percepção, que
deve distinguir-se da apercepção ou da consciência [...].Pode chamar-se Apetição à ação do princípio
interno que provoca a mudança ou a passagem de uma percepção a outra. [...]
Poder-se-iam denominar Enteléquias todas
as substâncias simples ou Mônadas criadas, pois contém em si uma certa
perfeição (ekhousi tò entelés), e tem uma suficiência (autárkeia) a torna-las
fontes das suas ações internas e, por assim dizer, Autômatos incorpóreos. [...]
A memória dá às almas uma espécie de
consecução que imita a razão mas que deve distinguir-se dela. [...] Há um só Deus, e esse Deus é suficiente. [...]
Há em Deus a Potência, origem de tudo;
depois o Conhecimento, contendo a particularidade das ideias; por fim a
Vontade, que provoca as mudanças ou produções segundo o princípio melhor. [...]
A cada Mônada, cuja natureza
representativa nada conseguiria à representação de uma só parte das coisas,
muito embora, na verdade, esta representação seja confusa apenas nos pormenores
de todo o universo, e distinta apenas em pequena parte das coisas, isto é, ou
nas mais próximas ou nas maiores, relativamente a cada uma das Mônadas [...]
cada Mônada criada represente todo o
universo, representa mais distintamente o corpo que lhe está particularmente
afeto e de que constitui a Enteléquia; e como esse corpo exprime todo o
universo, pela conexão de toda a matéria no pleno, a alma representa também
tudo o universo ao representar esse corpo que lhe pertence de um modo
particular. O corpo pertence a uma Mônada (que é a sua Enteléquia ou Alma) [...].
por isso rigorosamente não há nem geração
completa, nem morte perfeita, no sentido de separação da alma. O que chamamos
Gerações são desolvivemtnso e crescimentos, assim como o que chamamos Mortes
são envolvimentos e diminuições. [...]. Trechos extraídos da obra Os princípios da filosofia ditos a
Monadologia (Abril, 1979), do filósofo, cientista, matemático, diplomata e
bibliotecário alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646 – 1716). Veja mais aqui, aqui e aqui.
PENSAMENTO FILOSÓFICO – [...] Mas como
se põe o mundo em relação com a filosofia? Há cátedras de filosofia nas
universidades. Atualmente, representam uma posição embaraçosa. Por força de
tradição, a filosofia é polidamente respeitada, mas, no fundo, objeto de
desprezo. A opinião corrente é a de que a filosofia nada tem a dizer e carece
de qualquer utilidade prática. É nomeada em público, mas – existirá realmente?
Sua existência se prova, quando menos, pelas medidas de defesa a que dá lugar. A oposição se traduz em fórmulas como: a filosofia é
demasiado complexa; não a compreendo; está além de meu alcance; não tenho
vocação para ela; e, portanto, não me diz respeito. Ora, isso equivale a dizer:
é inútil o interesse pelas questões fundamentais da vida; cabe abster-se de
pensar no plano geral para mergulhar, através do trabalho consciencioso, num
capítulo qualquer de atividade prática ou intelectual; quanto ao resto, bastará
ter “opiniões” e contentar-se com elas. A polêmica
torna-se encarniçada. Um instinto vital, ignorado de si mesmo, odeia a filosofia.
Ela é perigosa. Se eu a compreendesse, teria de alterar minha vida. Adquiriria
outro estado de espírito, veria as coisas a uma claridade insólita, teria de
rever meus juízos. Melhor é não pensar filosoficamente. Muitos políticos vêem facilitado seu nefasto trabalho
pela ausência da filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular
quando não pensam, mas tão somente usam de uma inteligência de rebanho. É
preciso impedir que os homens se tornem sensatos. Mais vale, portanto, que a
filosofia seja vista como algo entediante. Oxalá desaparecessem as cátedras de
filosofia. Quanto mais vaidades se ensinem, menos estarão os homens arriscados
a se deixar pela luz da filosofia. Assim, a
filosofia se vê rodeada de inimigos, a maioria dos quais não tem consciência
dessa condição. A auto-complacência burguesa, os convencionalismos, o hábito de
considerar o bem-estar material como razão suficiente para a vida, o hábito de
só apreciar a ciência em função de sua utilidade técnica, o ilimitado desejo de
poder, a binomia dos políticos, o fanatismo das ideologias, a aspiração a um
nome literário – tudo isso proclama a anti-filosofia. E os homens não percebem
porque não se dão conta do que estão fazendo. E permanecem inconscientes de que
a anti-filosofia é uma filosofia, embora pervertida, que se aprofundada,
engendraria sua própria aniquilação. [...]. Trecho extraído da obra Introdução
ao pensamento filosófico (Cultrix, 1965), do filósofo e psiquiatra
alemão Karl Jaspers (1883-1969). Veja mais aqui.
CONTANDO HISTÓRIAS EM VERSOS - A obra Contando
histórias em versos: poesia e romanceiro popular no Brasil (34, 2005), de Braulio Tavares, trata sobre a poesia,
a poesia narrativa do romanceiro, os elementos, a sonoridade, a rima e os seus
esquemas, a rima consoante e toante, as rimas pobres e ricas, o verso branco, a
métrica da música, o verso longo e curto, o poema narrativo e não narrativo, o
romanceiro ibérico, como contar uma história e os seus elementos, a canção
narrativa, o romanceiro popular do nordeste, a memória narrativa, a cultura
oral, o romance antigo e moderno, a literatura de cordel nordestina, a
estrutura do cordel, o mistério dos três aneis e Viagem a São Saruê. Veja mais
aqui e aqui.
BICHO DE PALHA - Contam
que um homem muito rico enviuvou e casou novamente, tendo uma filha, Maria, que
se punha mocinha e que era linda. A madrasta antipatizou logo com a enteada e
se tomou de ódio quando teve uma filha e esta era relativamente feia, comparada
com Maria. O homem possuía propriedades espalhadas e vivia viajando, dirigindo
seus negócios. Durava pouco tempo em casa e nesses momentos, Maria passava
melhor. Na ausência do pai a madrasta obrigava-a aos serviços mais rudes e
pesados, alimentando-a do que havia de pior e em quantidades insignificantes. A
vida ficou insuportável para a moça que se consolava rezando e chorando. No
caminho do rio onde ia lavar roupa, encontrava sempre uma velhinha de feições serenas
e muito boa. Maria acabou contando seus sofrimentos e o silêncio para não
magoar o pai. A velhinha animava-a com palavras cheias de doçura. Como a
madrasta fosse se tornando mais violenta e brutal, a enteada resolveu abandonar
a casa e ir procurar trabalho longe daquele inferno. Encontrou-se com a
velhinha e confessando sua idéia, a velha concordou, aconselhou-a muito,
deu-lhe a bênção e na despedida, tirou uma varinha pequenina e branca como
prata, dizendo: – Leva esta varinha, Maria, e quando estiveres em perigo,
desejo ou sofrimento, deves dizer: "minha varinha de condão, pelo condão
que Deus te deu, dai-me". E tudo sucederá como pedires. Maria agradeceu
muito e fugiu. Antes, obedecendo ao conselho da velha, fez uma grande capa de
palha entrançada com um capuz onde havia passagem para olhar, e meteu-se
dentro. Depois de muito andar, chegou a uma cidade importante. Pediu emprego
num palácio e lhe disseram não haver mais lugar. Ia saindo, triste e com fome,
quando um empregado lembrou que precisavam de alguém para lavar as salas,
corredores e escadas e limpar os aposentos da criadagem. Maria aceitou o
encargo e, graças ao seu vestido singular, só a chamavam "Bicho de
Palha". Suja, silenciosa, retirada pelos cantos, trabalhando sempre, Bicho
de Palha não incomodava ninguém e todos a toleravam. O palácio era de um
príncipe moço, bem feito e airoso, que ainda tinha mãe, e estava na idade de
casar. Noutro palácio, no lado oposto da cidade, realizariam festas durante
três dias. As moças estavam alvoraçadas com os bailes, assistidos pelos rapazes
da sociedade. No palácio a conversa versava sobre os bailes. Amas, visitantes e
criadas comentavam a organização e o esplendor das três noites elegantes. Finalmente
chegou a primeira noite. Bicho de Palha, através dos orifícios de sua máscara,
olhava o príncipe e o amava sinceramente. Rondava, discretamente, por perto
dele, ansiando por uma ordem. Já de tarde, não havendo outra empregada por ali,
o príncipe gritou: – Bicho de Palha! Traga uma bacia com água... Bicho de Palha
levou a bacia e o príncipe lavou o rosto. Depois, todos foram para o baile, uns
para dançar e outros para ver. Ficando sozinha no seu quarto escuro, Bicho de
Palha despiu a capa, pegou a varinha e comandou, como a velhinha lhe ensinara: –
Minha varinha de condão! Pelo condão que Deus te deu, dai-me uma carruagem de
prata e um vestido da cor do campo com todas as suas flores. Palavras ditas,
apareceu a carruagem de prata, cocheiros e servos, um vestido completo, do
diadema aos sapatinhos cor do campo com todas as suas flores. Bicho de Palha
vestiu-se, tomou a carruagem e foi para o baile onde causou sensação. O
príncipe veio imediatamente saudá-la e só dançou com ela, não permitindo que os
outros moços se aproximassem. Confessou que estava impressionado e perguntou
onde ela residia. Bicho de Palha ensinou: – Moro na Rua das Bacias... À
meia-noite em ponto, pretextando ir respirar o ar livre, a moça correu para sua
carruagem que desapareceu na estrada. O príncipe ficou inconsolável e saiu da
festa logo a seguir. No outro dia, no palácio, as criadas contavam ao Bicho de
Palha as peripécias do baile e a princesa misteriosa que fora a roupa mais bela
e o rosto mais formoso da noite. O príncipe despachara muitos criados para
procurar a Rua das Bacias, mas todos regressaram sem saber informar. Nessa
tarde, o príncipe pediu a Bicho de Palha uma toalha. Quando todos partiram para
a festa, Bicho de Palha pegou a varinha e obteve uma carruagem de ouro e um
vestido da cor do mar com todos os seus peixes. Vestiu-se e foi para o palácio
do baile. Logo na entrada, toda a gente a reconheceu e aclamou-a como a mais
elegante, graciosa e simpática. O príncipe não saía de perto dela, conversando,
dançando, fazendo mil perguntas. Insistiu pelo endereço da moça. – Não moro
mais na Rua das Bacias e sim na rua das Toalhas. Mudei-me hoje. Aconteceu como
na primeira noite. Bicho de Palha inventou uma desculpa e meteu-se na carruagem
que correu relâmpago. O príncipe saiu também e passou o outro dia suspirando e
mandando procurar, em toda a cidade, a tal Rua das Toalhas. Bicho de Palha
ouviu as impressões entusiásticas dos empregados na cozinha, todos contando a
paixão do príncipe e a beleza da moça. Na tarde desse dia o príncipe pediu a
Bicho de Palha um pente. Vendo-se sozinha no palácio, Bicho de Palha invocou o
poder da varinha de condão e recebeu uma carruagem de diamantes e um vestido da
cor do céu com todas as suas estrelas. Entrando no salão do baile, Bicho de
Palha recebeu as saudações como se fora uma rainha. Ninguém jamais vira moça
tão atraente e um vestido tão raro. O príncipe andava atrás dela como uma
sombra, servindo-a e perguntando tudo, doido de amor. Bicho de Palha disse que
se havia mudado para a Rua dos Pentes, definitivamente. E dançaram muito. Perto
da meia-noite, sabendo que era a hora em que moça desaparecia como se fosse
encantada, o príncipe chamou seus criados e mandou abrir uma escavação junto do
portão do palácio, esperando que a carruagem parasse. Tal, porém, não se deu,
Bicho de Palha saltou para a carruagem e esta disparou como um raio, pulando o
fosso, mas, o solavanco fora tão brusco que um sapato de Bicho de Palha,
atirado fora da portinhola, perdeu-se. Um criado achou-o e levou-o ao príncipe,
que ficou satisfeitíssimo. Debalde procuraram na cidade a tal Rua dos Pentes. O
príncipe deliberou encontrar a moça por outra maneira. Mandou levar o sapatinho
a todas as casas, calçando-o em todos os pés. Quem o usasse perfeito, nem
largo, nem apertado, seria a encantadora menina dos bailes. Os criados andaram
rua acima e rua abaixo, calçando sapatinho nos pés das moças e das velhas.
Nenhuma conseguia dar um só passo com ele no pé. Voltaram os criados para o
palácio e experimentaram calçar os chapins nas empregadas e amas. Nada.
Finalmente uma criada encarregada lembrou que Bicho de Palha não fora convidada
para calçar o mimoso calçado. Riram todos, mas, para que o príncipe não os
acusasse de ter deixado alguém de calçar o sapatinho, mandaram buscar Bicho de
Palha, como motivo de riso, e lhe disseram que experimentasse. Bicho de Palha
com a. varinha na mão, pediu que lhe aparecesse no corpo, por baixo da capa de
palha, o vestido da terceira noite da festa. O príncipe veio assistir, Bicho de
Palha, cercada pela criadagem que ria, meteu o pé no sapatinho e este lhe coube
perfeitamente. Depois estirou o outro pé e todos viram que calçava sapatinho
igual ao primeiro. Mal podiam crer no que viram, quando caiu a palha e apareceu
a moça formosa dos três bailes, com o vestido da cor do céu com todas as
estrelas, o diadema com a lua de brilhantes, tudo rebrilhando como as próprias
estrelas do firmamento. O príncipe precipitou-se abraçando-a e chamando por sua
mãe para que conhecesse a futura nora. Casaram logo. Bicho de Palha contou sua
história, e a varinha de condão, cumprida a vontade da velhinha, que era Nossa
Senhora, desapareceu, deixando-os muito felizes na terra. Extraído da obra Brasil no folclore (Aurora, 1980), de
José Ribeiro. Veja mais aqui.
A arte
da artista plástica e visual holandesa Caroline
Westerhout.
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