sexta-feira, fevereiro 01, 2008

MARCIO SOUZA, FRANCIS BACON, HORKHEIMER, BETTY GOODWIN, GLAURA & SILVA ALVARENGA, HISTÓRIA DO CINEMA, AUDREY MUNSON & A TARA DA BUNDUDA



 
A arte da gravadora, escultura, pintora e artista de instalação canadense Betty Goodwin (1923-2008)


HISTÓRIA DO CINEMAO desejo de reproduzir o movimento esteve sempre ligado ao homem e, não há como estabelecer um marco no campo das artes, já que inúmeros fatores concorrem para o estabelecimento de determinada técnica, seu emprego, suas práticas associadas e seu impacto numa ordem cultural. A prova disso são os desenhos encontrados nas cavernas de Altamira na Espanha onde um bisão desenhado há 12 mil anos apresenta oito patas como se o autor tentasse decompor o movimento. O que se tem de certo do surgimento do cinema é a interação que há em projeções públicas de imagens animadas, que nascem de várias inovações que vão desde o domínio fotográfico até a síntese do movimento utilizando a persistência da visão com a invenção de jogos ópticos. A invenção da fotografia e, sobretudo a da fotografia animada, foram momentos cruciais para o desenvolvimento não só das artes como da ciência, em particular no campo da antropologia visual. O conceito de cinema, abreviação de cinematógrafo, é a técnica de projetar fotogramas (quadros) de forma rápida e sucessiva para criar a impressão de movimento, bem como a arte de se produzir obras estéticas, narrativas ou não, com esta técnica. Ele é simultaneamente arte, técnica, indústria e mito. O cinema é, também, conhecido como “a sétima arte”. Esta expressão foi criada pelo crítico e estudioso de cinema Ricciotto Canudo, italiano radicado na França, e fundador do “Clube dos Amigos da Sétima Arte”, e popularizada, no início da segunda década do século XX, época dos “filmes de arte” franceses, colocando o cinema no mesmo patamar de status do teatro, da música, da literatura, do balé, da pintura e da escultura. Segundo Louis Delluc, “o cinema é, talvez, a única arte realmente moderna, porque é ao mesmo tempo filha da máquina e do ideal humano”. A princípio, o cinema foi apenas uma maravilhosa invenção mecânica. Depois, sua linguagem evoluiu, a técnica e seus efeitos se sofisticaram, até chegar à fase atual, caracterizada por uma evolução dos temas, do conceito de personagem e do conceito de estrutura narrativa. De fato, a data de 28 de Dezembro de 1895, é especial no que refere ao cinema, e sua história. Neste dia, no Salão Grand Café, em Paris, os irmãos Lumière  fizeram uma apresentação pública dos produtos de seu invento ao qual chamaram Cinematógrafo. O evento emocionou os poucos presentes, a notícia se alastrou e, em pouco tempo, este feito artístico conquistaria o mundo e faria nascer uma indústria multibilionária. A primeira exibição pública das produções dos irmãos Lumière foi o filme L'Arrivée d'un Train à La Ciotat. Que se sucedeu em uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos cada, já que os rolos de película tinham quinze metros de comprimento. Os filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se "A saída dos operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do trem à Estação Ciotat", cujos títulos exprimem bem o conteúdo. Apesar de também existirem registros de projeções um pouco anteriores a outros inventores (como os irmãos Skladanowski na Alemanha), o cinema expandiu-se, a partir de então, por toda a França, Europa e Estados Unidos, através de cinegrafistas enviados pelos irmãos Lumière para captar imagens de vários países, que acreditavam que o cinematógrafo era apenas "uma invenção sem futuro". Embora seja a França, o país que reivindica para si a descoberta do cinema, com a invenção do cinematógrafo pelos irmãos Luis e Augusto Lumière, não se pode dizer que esta invenção aconteceu isoladamente, em outros países, várias experiências também estavam sendo realizadas, mas a sessão pública dos Lumière é aceita pela maciça maioria como o marco inicial da nova arte. Nesta mesma época, um mágico ilusionista chamado Georges Méliès, que comandava um teatro nas vizinhanças do local da primeira exibição mencionada, quis comprar um cinematógrafo, para utilizá-lo em seus números de mágica. No entanto, os Lumière não quiseram vender-lhe, e o pai dos irmãos inventores chegou a dizer a Meliès que o aparelho tinha finalidade científica e que o mágico teria prejuízo, se gastasse dinheiro com a máquina, para fazer entretenimento. Meliès conseguiu um aparelho semelhante na Inglaterra, e foi o primeiro grande produtor de filmes de ficção, com narrativas, voltados para o entretenimento. Em suas experimentações, o mágico descobriu vários truques que resultaram nos primeiros efeitos especiais da história do cinema. Foi o responsável, portanto, pela inserção da fantasia na realização de filmes. Desde o início, inventores e produtores tentaram casar a imagem com um som sincronizado. Mas nenhuma técnica deu certo até a década de 20. Assim sendo, durante 30 anos os filmes eram praticamente silenciosos sendo acompanhados muitas vezes de música ao vivo, outras vezes de efeitos especiais e narração e diálogos escritos presentes entre cenas. Infelizmente, cerca de 90% dos filmes mudos se perderam, e essa perda atormenta tanto quanto a busca do Santo Graal, Elvis Presley e o monstro do Lago Ness, volta e meia são vistos, mas nunca encontrados. De fato, a maioria dos filmes mudos foi derretida a fim de recuperarem o nitrato de prata, um componente caro. O desenvolvimento de filmes fez crescerem os nickelodeons, pequenos lugares de exibição de filmes onde se pagava o ingresso de 1 níquel. Os filmes também começaram a aumentar a sua duração. Antes um filme durava de 10 a 15 minutos. Os vários passos em busca da melhor forma para contar uma história com imagens contribuíram para a linguagem cinematográfica que temos hoje. Esta caminhada foi gradativa. Cada passo seguinte dependeu do que fora feito anteriormente. A tela do cinema é bidimensional. Mas a realidade é tridimensional, os objetos, pessoas e animais têm volume, assim o difícil era como projetar filmes em salas. As primeiras câmeras eram pesadas. Com o tempo, conseguiram fabricar câmeras mais leves e isso facilitou o registro de pessoas, transportes, animais em movimento. Como registro de imagens e som em comunicação, o Cinema também é uma mídia. A indústria cinematográfica se transformou em um negócio importante em países como a Índia e os Estados Unidos, respectivamente o maior produtor em número de filmes por ano e o que possui a maior economia cinematográfica, tanto em seu mercado interno quanto no volume de exportações. Até esta época, Itália e França tinham o cinema mais popular e poderoso do mundo, mas com a I Guerra Mundual , a indústria européia de cinema foi arrasada. Hollywwod começou a se destacar no mundo do cinema fazendo e importando diversos filmes. Thomas Edison tentou tomar o controle dos direitos sobre a exploração do cinematógrafo. Alguns produtores independentes emigraram de Nova York à costa oeste para um pequeno povoado chamado Hollywood, e lá, encontraram condições ideais para produzir. Dias ensolarados quase todo ano, diferentes paisagens que puderam servir como locações. Assim nasceu a chamada "Meca do Cinema", e Hollywood se transformou no mais importante centro cinematográfico do planeta. Como alternativa de Hollywood existiam vários outros lugares que investiam no cinema e contribuíam para seu desenvolvimento. Nesta época foram fundados os mais importantes estúdios de cinema (Fox, Universal, Paramount) controlados por judeus (Daryl Zanuck, Samuel Bronston, Samuel Goldwyn, etc.) que viam o cinema como um negócio. Lutaram entre si e às vezes para competir melhor, juntaram empresas assim nasceu a 20th Century Fox (da antiga Fox) e Metro Goldwyn Meyer (união dos estúdios de Samuel Goldwyn com Louis Meyer). Os estúdios encontraram diretores e atores e com isso nasceu o sistema de promoção de estrelas de Hollywood. Até então já haviam sido feitos filmes com som, mas com problemas de sincronização e amplificação. O uso do som fez com que o cinema se diversificasse mais em termos de gêneros nasciam entre eles o musical algumas comédias. E com a junção dos dois surgia a comédia musical. Nos anos 50, o cinema passou a enfrentar a concorrência da televisão. O aumento da popularidade da TV fez com que várias casas de cinema fechassem as suas portas. Para atrair mais telespectadores a indústria cinematográfica começou a investir em novos formatos, na verdade os grandes formatos. Em 1952 surgiu o Cinerama, em 1953 o Cinemascope da 20th Century Fox, em 1954 a VistaVision da Paramount todos com a idéia de quanto maior melhor. A multiplicidade de estilos e influências marca as produções cinematográficas contemporâneas. A Itália inicia a década de 60 com um cinema mais intimista. A França vive a “nouvelle vague” ou onda nova. Nos EUA, destaca-se a Escola de Nova York e, no Reino Unido, o “free” cinema. A partir do neo-realismo italiano o cinema se renova em várias partes do mundo: Alemanha, Hungria, Iugoslávia, Polônia, Canadá e em países da Ásia e América Latina, como Brasil e Argentina. Além disso, começam a despontar as produções cinematográficas de países subdesenvolvidos, em processo de descolonização. Veja mais aqui.
REFERÊNCIAS
Almeida Jr, José Maria G. Legislação & Cinema. Brasília: Congresso Nacional, 2001.
ARAUJO, Thaissa Helena de Barros. Estratégias de Promoção no lançamento de filmes norte-americanos no mercado brasileiro: um estudo de caso. Rio de Janeiro, 2003.
BARRETO, Soraya, ABC do Mídia: Descomplicando termos, critérios, conceitos e fórmulas utilizados em mídia. Recife: Bagaço, 2005.
FARIAS, Claudia, A História do Cinema I e II. NatalPress, 2008.
LEAL, Geraldo da Costa; LEAL FILHO, Luís. Um Cinema Chamado Saudade. Salvador: Santa Helena, 1997.
QUINTANA, Haenz Gutiérrez, O trailer no sistema de marketing de cinema. XXVI Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.
SAAB, William George Lopes; RIBEIRO, Rodrigo Martins. Panorama Atual do Mercado de Salas de Exibição no Brasil. RJ> BNDES, 2000.
SADOUL, Georges. História do Cinema Mundial. Vol II, 1963.
VALENTIM, André. A internet não vai matar as salas de exibição.  Revista Época, nº 523 - de 24/05/2008. Veja mais aqui.


PENSAMENTO DO DIA[...] Embora pensemos que governamos nossas palavras [...] é certo que as palavras, como um arco tártaro, se voltam contra o entendimento dos mais sábios e pervertem e enredam poderosamente o juízo. De modo que em todas as controvérsias e disputas é quase necessário imitar a sabedoria dos matemáticos, definindo desde o começo nossos termos e nossas palavras, para que os outros possam saber como as aceitamos e compreendemos, e se eles estão de acordo conosco ou não. Porque de outro modo acontece que com certeza terminamos onde devêramos ter começado, ou seja, em controvérsias e diferenças a respeito das palavras. [...] Pensamento do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626). Veja mais aqui.

TEORIA & PRÁTICA - [...] A teoria em seu sentido tradicional, cartesiano, como a que se encontra em vigor em todas as ciências especializadas, organiza a experiência à base da formulação de questões que surgem em conexão com a reprodução da vida dentro da sociedade atual. Os sistemas das disciplinas contem os conhecimentos de tal forma que, sob circunstâncias dadas, são aplicáveis ao maior numero possível de ocasiões... A teoria crítica da sociedade, ao contrário, tem como objeto os homens como produtores de todas as suas formas históricas da vida (ênfase acrescida). Trecho da obra Filosofia e teoria crítica (Nova Cultural, 1989), do filósofo e sociólogo alemão Max Horkheimer (1895-1973). Veja mais aqui.

OUTROS TEMPOSEsta história não tem Lobo nem Cordeiro. Muito menos Fada Madrinha. O Lobo foi caçado e transformado em tapete. O Cordeiro trabalha hoje como funcionário do governo. E a Fada Madrinha tem um ponto de jogo-do-bicho ali na esquina. No tempo do Lobo e do Cordeiro, a gente podia ver as coisas bem clarinhas. A água do riacho, onde o Cordeiro bebia, não tinha espuma de detergente. E o Lobo, ora, o Lobo falava grosso e enganava o Cordeirinho. Mas aí a Fada Madrinha perdeu o emprego. Ela nem morava perto do Lobo e do Cordeiro. A Fada Madrinha morava em outra história, com Rei e Rainha e Princesinha. O Rei sonhava em melhorar seu reino. A Rainha sonhava em viver num reino menos antigo. A princesinha gostava de calça jeans e dos Rolling Stones. Foi quando o reino começou a ter problemas, bem no instante em que o Cordeirinho reclamou ao Lobo que não dava para beber daquela água. O reino estava ficando pobre e a Princesinha pediu que a Fada Madrinha fizesse uma nova calça jeans com sua varinha de condão. Bem que a Fada Madrinha tentou. Mas o Rei havia deixado o reino tão pobrezinho e sem dinheiro, que a Fada Madrinha não conseguiu satisfazer o desejo da Princesinha. E a Fada Madrinha perdeu o emprego. E o Rei perdeu o trono. E a Rainha acordou e não gostou o que viu. Pois o Lobo tinha virado tapete e o Cordeirinho agora era ministro do Planejamento e estava vendendo o reino ao fabricante de jeans. A princesinha, muito triste, ficava ouvindo os Rolling Stones, em seu jeans desbotado, com vontade de dizer ao Cordeirinho:– Você sujou a água do meu riacho, Cordeirinho. Isso tudo porque os tempos tinham mudado. Texto do escritor amazonense Marcio Souza. Veja mais aqui.

OS FRAGMENTOS DA GLAURA – MADRIGAL – I - Suave fonte pura, / Que desces murmurando sobre a areia, / Eu sei que a linda Glaura se recreia / Vendo em ti dos seus olhos a ternura; / Ela já te procura; / Ah! como vem formosa e sem desgosto! / Não lhe pintes o rosto: / Pinta-lhe, ó clara fonte, por piedade, / Meu terno amor, minha infeliz saudade. III - Voai, suspiros tristes; / Dizei à bela Glaura o que eu padeço, / Dizei o que em mim vistes, / Que choro, que me abraso, que esmoreço. / Levai em roxas flores convertidos / Lagrimosos gemidos que me ouvistes: / Voai, suspiros tristes; / Levai minha saudade; / E, se amor ou piedade vos mereço, / Dizei à bela Glaura o que eu padeço. XV - No ramo da mangueira venturosa / Triste emblema de amor gravei um dia,/ E às Dríades saudoso oferecia / Os brandos lírios, e a purpúrea rosa./ Então Glaura mimosa / Chega do verde tronco ao doce abrigo.../ Encontra-se comigo.../ Perturbada suspira, e cobre o rosto./ Entre esperança e gosto/ Deixo lírios, e rosas... deito tudo;/ Mas ela foge (Ó Céus!) e eu fico mudo. XXIV - Não desprezes, ó Glaura, entre estas flores,/ Com que os prados matiza a bela Flora,/ O Jambo, que os Amores/ Colheram ao surgir a branca aurora./ A Dríade suspira, geme e chora/ Aflita e desgraçada. / Ela foi despojada... os ais lhe escuto.../ Verás neste tributo,/ Que por sorte feliz nasceu primeiro,/ Ou fruto que roubou da rosa o cheiro,/ Ou rosa transformada em doce fruto. À LUA - Como vens tão vagarosa,/ Oh formosa e branca lua!/ Vem co'a tua luz serena/ Minha pena consolar!/ Geme, oh! céus, mangueira antiga,/ Ao mover-se o rouco vento, / E renova o meu tormento/ Que me obriga a suspirar!/ Entre pálidos desmaios/ Me achará teu rosto lindo/ Que se eleva refletindo / Puros raios sobre o mar./ Madrigal LIII [Tu és no campo, ó Rosa,] / Tu és no campo, ó Rosa, / A flor de mais beleza/ De quantas produziu a Natureza / Que em tuas perfeições foi cuidadosa./ E se Glaura formosa/ No seio dos prazeres te procura,/ Qual outra flor será de mais ventura,/ Ou mais digna de amor ou mais mimosa? / Tu és no campo, ó Rosa,/ A flor de mais ventura e mais beleza / De quantas produziu a Natureza. / Madrigal XVIII [Suave Agosto as verdes laranjeiras] / Suave Agosto as verdes laranjeiras / Vem feliz matizar de brancas flores,/ Que, abrindo as leves asas lisonjeiras,/ Já Zéfiro respira entre os Pastores/ Nova esperança alenta os meus ardores / Nos braços da ternura./ Ó dias de ventura, / Glaura vereis à sombra das mangueiras! / Suave Agosto as verdes laranjeiras / Co'a turba dos Amores / Vem feliz matizar de brancas flores.  A SERPENTE - Verde Cedro, verde arbusto, / Que o meu susto e prazer vistes, / Vamos tristes na memória / Essa história renovar. / Este o vale, é esta a fonte: / Glaura achei aqui dormindo: / Sonha alegre e se está rindo,/ E eu defronte a suspirar./ Junto dela pavoroso, / Vi, oh Céus! Monstro enrolado, / Fero, enorme, atroz, manchado,/ E escamoso cintilar. / Verde Cedro, verde arbusto, / Que o meu susto e prazer vistes, / Vamos tristes na memória/ Essa história renovar./ Ardo, e tremo, e louco amante / Mil horrores n’alma pinto: / Vou... receio... ah que me sinto / Vacilante desmaiar. / Vence Amor (doce ternura!): / Tomo a Ninfa nos meus braços: / Ele aperta os novos laços, / E assegura o triunfar. / Verde Cedro, verde arbusto, / Que o meu susto e prazer vistes, / Vamos tristes na memória / Essa história renovar. / Em si mesma se embaraça / A serpente enfurecida;/ Ergue o colo e atrevida/ Ameaça a terra e o ar./ Numa pedra rude e feia/ Já lhe envio a morte afoita;/ Já co’a cauda o tronco açoita,/ Morde a areia ao expirar./ Verde Cedro, verde arbusto,/ Que o meu susto e prazer vistes,/ Vamos tristes na memória / Essa história renovar./ Venturoso e satisfeito,/ "Glaura bela (então dizia),/ Vê de amor e de alegria/ O meu peito palpitar"./ Ela, em mim buscando arrimo,/ Coroa, e diz inda assustada:/ "Esse puro ardor me agrada",/ Eu te estimo e te hei de amar"./ Verde Cedro,  verde arbusto,/ Que o meu susto e prazer vistes,/ Vamos tristes na memória/ Essa história renovar. (Rondó V) - Neste áspero rochedo, / A quem imitas, Glaura sempre dura, / Gravo o triste segredo / Dum amor extremoso e sem ventura. / Os faunos da espessura / Com sentimento agreste / Aqui meu nome cubram de cipreste; / Ornem o teu as ninfas amorosas / De goivos, de jasmins, lírios e rosas./ Suave fonte pura, / Que desces murmurando sobre a areia, / Eu sei que a linda Glaura se recreia / Vendo em ti de seus olhos a ternura: / Ela já te procura; / Ah! como vem formosa, e sem desgosto! / Não lhe pintes o rosto: / Pinta-lhe, ó clara fonte, por piedade, / Meu terno amor, minha infeliz saudade. / No ramo da mangueira venturosa / Triste emblema de amor gravei um dia, / E às dríades saudoso oferecia / Os brandos lírios e a purpúrea rosa. / Então Glaura mimosa / Chega do verde tronco ao doce abrigo ... / Encontra-se comigo ... / Perturbada suspira, e cobre o rosto. / Entre esperança e gosto,/deixo lírios e rosas ... deixo tudo; / Mas ela foge (ó céus!) e eu fico mudo. / Capada laranjeira, onde os amores/ Viram passar de agosto os dias belos, / Então de brancas flores / Adornaste risonha os seus cabelos. / A fortuna propícia aos teus desvelos / Anuncia feliz novos favores: / Glaura torna; ah! conserva lisonjeira, / Copada laranjeira, por tributos, / Na rama verde-escura os áureos frutos. / Ó sono fugitivo, / De vermelhas papoulas coroado, / Torna, torna amoroso, e compassivo / A consolar um triste, e desgraçado, / Gemendo nesta gruta recostado, / Sinto mortal desgosto; / Não vejo mais que o rosto desc orado/ Da saudade, e da mágoa, com que vivo;/ Ó sono fugitivo, / Torna, torna amoroso, e suspirado / A consolar um triste, e desgraçado. / Crescei, mimosas flores, / Adornai a verdura deste prado. / Já zéfiro aparece entre os Amores / Risonho e sossegado: / Da amável Primavera o doce agrado / Novo prazer inspira às Graças belas: / Verei brincar entre elas / A Ninfa mais cruel nos seus rigores. / Crescei, mimosa s flores, / Fugiu o Inverno triste, e congelado; / Adornai a verdura deste prado: / Ó águas dos meus olhos desgraçados, / Parai que não se abranda o meu tormento: / De que serve o lamento / Se Glaura já não vive? Ai, duros Fados! / Ai, míseros cuidados! / Que vos prometem minhas mágoas? águas, / Águas!, responde a gruta, / E a ninfa que me escuta nestes prados! / Ó águas de meus olhos desgraçados,/ Correi, correi; que na saudosa lida /Bem pouco há de durar tão triste vida. O AMANTE SATISFEITO - Rondó XXVI - Canto alegre nesta gruta,/ E me escuta o vale e o monte:/ Se na fonte Glaura vejo,/ Não desejo mais prazer./ Este rio sossegado,/ Que das margens se enamora,/ Vê co'as lágrimas da Aurora/ Bosque e prado florescer./ Puro Zéfiro amoroso/ Abre as asas lisonjeiras,/ E entre as folhas das mangueiras/ Vai saudoso adormecer./ Canto alegre nesta gruta,/ E me escuta o vale e o monte: / Se na fonte Glaura vejo,/ Não desejo mais prazer./ Novos sons o Fauno ouvindo / Destro move o pé felpudo:/ Cauteloso, agreste e mudo/ Vem saindo por me ver. / Quanto vale uma capela / De jasmins, lírios e rosas,/ Que co'as Dríades mimosas/ Glaura bela foi colher! / Canto alegre nesta gruta, / E me escuta o vale e o monte. / Se na fonte Glaura vejo, / Não desejo mais prazer./ Receou tristes agoiros / A inocência abandonada; / E aqui veio retirada / Seus tesoiros esconder. / O mortal, que em si não cabe, / Busque a paz de clima em clima; / Que os seus dons no campo estima, / Quem os sabe conhecer. / Canto alegre nesta gruta, / E me escuta o vale e o monte: / Se na fonte Glaura vejo, / Não desejo mais prazer. / Os metais adore o mundo; / Ame as pedras, com que sonha,/ Do feliz Jequitinhonha,/ Que em seu fundo as viu nascer. / Eu contente nestas brenhas / Amo Glaura e amo a lira, / Onde terno amor suspira, / Que estas penhas faz gemer. / Canto alegre nesta gruta, / E me escuta o vale e o monte: / Se na fonte Glaura vejo, / Não desejo mais prazer. O BEIJA-FLOR - Rondó VII - Deixo, ó Glaura, a triste lida / Submergida em doce calma; / E a minha alma ao bem se entrega, / Que lhe nega o teu rigor./ Neste bosque alegre e rindo/ Sou amante afortunado;/ E desejo ser mudado / No mais lindo Beija-flor. / Todo o corpo num instante/ Se atenua, exala e perde:/ É já de oiro, prata e verde / A brilhante e nova cor./ Deixo, ó Glaura, a triste lida / Submergida em doce calma; / E a minha alma ao bem se entrega,/ Que lhe nega o teu rigor./ Vejo as penas e a figura,/ Provo as asas, dando giros;/ Acompanham-me os suspiros,/ E a ternura do Pastor./ E num vôo feliz ave / Chego intrépido até onde/ Riso e pérolas esconde/ O suave e puro Amor./ Deixo, ó Glaura, a triste lida/ Submergida em doce calma;/ E a minha alma ao bem se entrega,/ Que lhe nega o teu rigor./ Toco o néctar precioso, / Que a mortais não se permite;/ É o insulto sem limite, / Mas ditoso o meu ardor;/ Já me chamas atrevido,/ Já me prendes no regaço:/ Não me assusta o terno laço, / É fingido o meu temor./ Deixo, ó Glaura, a triste lida / Submergida em doce calma; / E a minha alma ao bem se entrega,Que lhe nega o teu rigor. / Se disfarças os meus erros, / E me soltas por piedade,/ Não estimo a liberdade, / Busco os ferros por favor. / Não me julgues inocente,/ Nem abrandes meu castigo;/ Que sou bárbaro inimigo, / Insolente e roubador./ Deixo, ó Glaura, a triste lida / Submergida em doce calma;/ E a minha alma ao bem se entrega,/ Que lhe nega o teu rigor. O RIO -- Rondó XLIX - Chora o Rio entre arvoredos,/ Nos penedos recostado:/ Chora o prado, chora o monte,/ Chora a fonte, a praia, o mar./ Vêm as Graças lagrimosas,/ E os Amores sem ventura/ Nesta fria sepultura/ Pranto e rosas derramar./ Por ti, Glaura, a Natureza/ Se cobriu de mágoa e luto:/ Quanto vejo, quanto escuto/ É tristeza, e é pesar./ Chora o Rio entre arvoredos, / Nos penedos recostado: / Chora o prado, chora o monte, / Chora a fonte, a praia, o mar./ A escondida, áspera furna / Deixam sátiros agrestes,/ E de lúgubres ciprestes/ Vem a urna circular./ Vêm saudades, vêm delírios,/ Vem a dor, vem o desgosto/ Com os cabelos sobre o rosto/ Murta e lírios espalhar./ Chora o Rio entre arvoredos,/ Nos penedos recostado:/ Chora o prado, chora o monte,/ Chora a fonte, a praia, o mar./ Nestes ramos flébil aura / Triste voa e presa gira:/ Glaura aqui, e ali suspira,/ Torna Glaura a suspirar. / Eco, as Dríades magoa,/ O saudoso nome ouvindo;/ E na gruta repetindo,/ Glaura soa e geme o ar./ Chora o Rio entre arvoredos, / Nos penedos recostado:/ Chora o prado, chora o monte,/ Chora a fonte, a praia, o mar./ Glaura ó Morte enfurecida,/ Expirou... que crueldade!/ E pudeste sem piedade / Sua vida arrebatar? / Cai a noite, a névoa grossa / Turba os Céus com manto escuro; / E eu aflito em vão procuro/ Quem me possa consolar./ Chora o Rio entre arvoredos, / Nos penedos recostado:/ Chora o prado, chora o monte,/ Chora a fonte, a praia, o mar. SILVA ALVARENGA - Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749 - 1814) nasceu em Vila Rica. Estudou no Rio de Janeiro e em Coimbra. Era um ardoroso defensor de Pombal e das idéias iluministas. Sua obra Glaura (1799). Pelos dados biográficos de Manuel Inácio da Silva Alvarenga se pode depreender que sua vida fluiu em parte em função das duas tendências ideológicas atuantes ao seu tempo. Como poeta, entretanto, foi ele obediente seguidor da tradição. Sua poesia lírica consubstanciada num livro apenas, Glaura, é quase um permanente esforço de subordinação a formas e temas consagrados, num preciosismo de quem requinta em obter algo de algo já esgotado e decadente. Todas as suas peças líricas de sua Glaura são em numero de cinqüenta e nove rondós e cinqüenta e sete madrigais. O rondó, forma poética medieval francesa, tem sua notabilidade em Guillaume de Machaut, Eustache Deschamps, Charles d´Orleans, devendo, originalmente, ser destinado ao anto e consistindo de tres estrofes, com um total de doze a quatorze versos, com duas rimas recorrentes. Variando o numero de versos e o esquema das rimas, o verdadeiro apoio fonético que em breve o caracteriza passou a ser a repetição do primeiro verso ao fim da segunda e terceira estrofres do rondó. Variação subseqüente, que se pode chamar rondel, consistiu em repetir, em numero maior de versos, o primeiro verso pela altura do oitavo ou de um dos seguintes versos e no fim do poema. Os rondós de Silva Alvarenga representam um fim de evolução da forma, como estrutura sensivelmente diferente. Consistem, quase todos, em quatro grupos de tres quadras, sendo repetida a primeira quadra, em forma de estribilho, no inicio de cada grupo assim como no fim do poema – o que totaliza, por conseguinte, treze quadras ou cinqüenta e dois versos. O verso, na grande maioria dos rondós, é heptassilabo, redondilha maior, salvo os do rondó que são pentassilabos redondilhas menores, e os rondós hexassilabos. Os heptassibilabos são, quase sem discrepância, acentuados na terceira e sétima silabas. Os pentassilabos, na segunda e quinta, e os hexassilabos, na segunda e sexta. O madrigal, originalmente italiano, confunde-se com a silva espanhola, praticada em língua portuguesa, consistindo de uma pequena serie de versos decassílabos e hexassilabos, em seqüência qualquer, rimando entre si sem esquema prévio de rimas. Em Glaura - Poemas eróticos (1799), Silva Alvarenga soube criar uma sonoridade leve e cantante, animada por um sentimentalismo difuso, entre dengoso e lamuriante, que iria derramar-se, em clave mais adocicada, em muitas cantigas do nosso cancioneiro popular. Ao mesmo tempo, a imaginação plástica de Silva Alvarenga captou vivamente aspectos da natureza carioca, abrindo espaço para um sentimento da paisagem que os românticos depois iriam aprofundar. Por tudo isso, Glaura constitui um episódio fundamental do arcadismo brasileiro. Os rondós são formas poemáticas que, como a balada, estão relacionadas com a dança, sendo de origem francesa, foi convertido por Silva Alvarenga em um conjunto de quadras com um estribilho que abre e fecha a composição se dispondo sempre como rimas internas, além de se intercalar entre séries de duas estrofes. A obra Glaura é composta por 59 rondós e de 56 madrigais. Nos rondós o autor utiliza versos curtos, sendo hábil na expressão da clareza dos sentimentos e na exploração do estrato fônico dos poemas, bem como a perfeição do ritmo e da rima, inclusive internas, que revela o sentido primitivo do rondó que traz a idéia de circularidade : rondeau (do latim, rotundu(m), "redondo, em forma de roda"),e, pelo que se sabe, o rondó foi feito para ser cantado ou para servir de acompanhamento de uma dança chamada ronde. Os rondós, sempre em redondilha, começam com poucas exceções, por um quarteto que serve de estribilho, com rimas encadeadas. Segue-se dois quartetos. Os madrigais de origem italiana são composições poéticas engenhosas e galantes dirigida as damas, porém mais livre, articulando-se em estrofes variamente rimadas, que vão de 8 a 11 versos. Como na tradição italiana dessa forma, notamos a alternância de versos decassílabos, maiores, com versos hexassílabos, menores, atribuindo maior variedade rítmica. Os madrigais, constroem-se um pouco ao sabor da improvisação, guardadas sempre as medidas do verso heróico de dez ou sei sílabas. Silva Alvarenga como músico e também descendente de músico, soube enriquecer com facilidade suas obras com grande musicalidade, assim podemos observar no madrigal de número XXVI "Vês, Ninfa, em alva escuma o pego irado", o ar festivo ao celebrar o amor com simplicidade das palavras e com seqüência ligeira dos versosdos quartetos é sempre a mesma, e aguda.
FONTE:
ALVARENGA, Manoel Inácio da Silva. Epístola (1772). In: Antologia dos poetas brasileiros da fasecolonial. São Paulo: Perspectiva, 1979.
_____. Glaura: poemas eróticos. São Paulo: Schwarcz, 1996.
BANDEIRA, Manuel. Noções de história das literaturas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.
BOSI, Alfredo, História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970.
BRASIL, Assis. Dicionário pratico de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
____. Vocabulário técnico de literatura. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
CANDIDO, Antonio. Iniciação à Literatura Brasileira. São Paulo: FFLCH/USP, 1999.
____ Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/ Edusp, 1975.
CANDIDO, Antonio: CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira, vol. 1. São Paulo, Difel, 1968.
CARPEAUX, Otto Maria. Historia da literatura ocidental. Rio de Janeiro: Alhambra, 1980.
_____. Pequena bibliografia critica da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1979.
CARVALHO, Ronald. Pequena história da literatura brasileira. Rio de Janeiro: F. Briguet, 1955.
CASTELLO, José Aderaldo. Manifestações literárias do período colonial (1500-1808/1836) São Paulo: Cultrix, 1972.
COUTINHO, Afrânio. Introdução à literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.
____. A literatura no Brasil. São Paulo: Global, 2001.
DURÃO, Jose de Santa Rita. Caramuru. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
FERREIRA, Pinto. Historia da literatura brasileira. Caruaru: Fadica, 1981.
FRANCO, Afonso Arinos de M. “Prefácio”. In: ALVARENGA, M. I. da Silva. Glaura. Poemas eróticos. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943, p. IX-XXVII.
GOMES, Heidi Strecker. Análise de texto. São Paulo: Saraiva, 1991.
HOLANDA, Sergio Buarque (Org). Antologia dos poetas brasileiros da fase colonial. São Paulo: Perspectiva, 1979,
HOUAISS, Antonio. Silva Alvarenga: Poesia. Rio de Janeiro: Agir, 1958.
LIMA, Alceu Amoroso. Introdução à literatura brasileira. Rio de Janeiro:Agir, 1956.
LIMA, Manuel de Oliveira. Aspectos da literatura colonial brasileira. Rio de Janeiro/ Brasília: Francisco Alves/ INL, 1984.
LITRENTO, Oliveiros. Apresentação da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Forense-Universitária/INL, 1978.
MARTINS, Wlson. A literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1967.
MOISÉS, Massaud, A Literatura Brasileira Através dos Textos. São Paulo: Cultrix, 2000.
____. A Literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2001.
ROMERO, Silvio. Historia da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympioo/INL, 1980.
SODRÉ, Nelson Werneck. Historia da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasiléia, 1976.
TAVARES, Hênio. Teoria Literária. Belo Horizonte: Itatiaia, 1989.

TODO DIA É DIA DE AUDREY MUNSON
Homenagem para a atriz e supermodelo estadunidense Audrey Munson (1891-1996).

A TARA DA BUNDUDA - Era festa em Gameleira. Eu ali perdido, à-toa, caçando estrelas entre as beldades. Roda gigante, montanha russa, carrosséis, nada me chamava atenção que as deliciosas moças que desfilavam pra lá e pra cá pela rua. Fiquei tonto de tão andejo, dirigi-me ao bar mais próximo, encostei-me ao balcão, pedi uma cerveja e ao sorver o primeiro gole, a minha visão foi levada a um vulto estonteante de mulher. Minha nossa! Vestido longo colado ao corpo escultural, ela emanava suas formas graciosas e perfeitas, atiçando-me o apetite e em minha direção. Transitou entre as mesas até se encostar ao balcão, pedir um drinque e fitar-me pelo canto do olho enquanto saboreava a bebida. Virou a dose de uma vez, respirou fundo, deu para ver-lhe os seios nus e abudantes dentro do vestido. Estremeceu, virou-se inteira para mim e me pediu um cigarro. Estirei o maço para que pegasse, acendi o isqueiro e pude sentir de perto o perfume de sua carne saborosa. Tragou fechando os olhos manhosamente, ofereci-lhe a cerveja, ela aceitou outro drinque. Convidei-a para sentarmos em alguma mesa e ela foi em frente, possibilitando que eu tivesse a mais completa dimensão de sua maravilhosa estatura, escolhendo a mais distante de olhares e encostada quase escondida. Acompanhei-lhe os passos e me sentei ao lado dela. Ela tragava suspirando com um jeito trêmulo de quem estava em apuros. Algum problema? Indaguei e ela tomou um gole da bebida e disse-me que havia tempo queria falar comigo. Sim? Há tempos venho tentando contatar você, pra ser sincera, três anos. Mesmo? Sim, há três anos que procuro todos os meios para falar com você. Pois bem, aqui estou. Estou nervosa. Tome outro drinque. O garçom trouxe nova dose de uísque duplo. Fiquei atento, não queria perder o mínimo dos seus gestos. Meu nome é Vandina, não sou daqui, estou na casa de uma tia há três anos, justamente por sua causa. Eu? Sim. Morava em Recife, trabalhava perto do seu escritório e quando soube que você estava na emissora, eu fiz de tudo para vir, precisava ver você. Mesmo? Sim, você mexeu comigo e agora precisava acertar as contas com você. Acertar contas comigo, o que fiz? Sim, estou muito nervosa, desculpe, mas você roubou meu coração. Você passava três vezes ao dia em frente ao meu trabalho, todo dia eu lhe esperava e nunca me notou. Que coisa! Ela virou a dose duma vez e me perguntou se podíamos ir para outro local mais discreto. Claro! Paguei a conta e saímos. Entramos no carro quando ela falou de um restaurante na cidade vizinha que seria ideal. Fomos pra Ribeirão. Durante a viagem completo silêncio, ela só me olhava, imóvel, atenta. Foram alguns minutos de absoluto silêncio, até chegarmos ao destino. Estacionei o veículo, descemos e nos sentamos à mesa mais distante, pedi uísque duplo pra ela, uma cerveja pra mim. Como o ambiente era bem mais iluminado que o anterior, pude ver a formosura de sua fisionomia: uma mulher linda e tanto, como eu nunca notara a presença dela em Recife? Ela virou a dose, mandou pedir outra enquanto ia ao toalete. Acompanhei a sua rítmica caminhada, pedi ao garçon a bebida e fiquei esperando. Logo ela reapareceu mais linda que nunca, veio em minha direção e sentou-se ao meu lado, bem encostadinha e começou a sussurrar me segredando sua história ao meu ouvido. Ao me contar detalhes da sua vida aos cochichos, ela pousou as mãos sobre a minha coxa esquerda, e me contava dos seus dias e noites, três anos de espera e procura, desejos e angústias. Não pude me controlar. Ao perceber a saliência do meu membro endurecido na calça, fitou-me os olhos e perguntou: O que é isso? Você, eu disse. Carinhosamente ela esticou as pontas dos dedos e tocou timidamente meu membro por cima da calça com o dedo mínimo e, aos poucos, lentamente, um a um dos dedos foi tomando conta de todo meu pênis endurecido, até apalpá-lo, mão cheia, mordendo os lábios e olhos firmes nos meus. Não dizia nada, apenas me olhava enquanto suas mãos remexiam carinhosamente a minha tesão enlouquecida, aí desabotou minha calça, desceu o zíper e buscou meu pau duro dentro da cueca até expô-lo lambendo os beiços: É lindo!, disse ela, segurando firme com as duas mãos e se ajeitando para tocá-lo com um beijo apaixonante e lambê-lo para abocanhá-lo inteiro na mais deliciosa das bocas, chupando-o ternamente de babá-lo todo e, de repente, levantou-se e disse-me: - Vamos daqui, vamos! Levantou-se, chamei o garçom, paguei a conta e puxei-lhe para mais perto, visando não ser visto em estado denunciador. Ela me trouxe para perto das suas nádegas, meus braços envolvendo sua cintura e ela rebolando para me assanhar mais ainda até chegarmos ao carro e nos dirigirmos pro motel. Lá chegando ela foi direto pro banheiro, enquanto eu vasculhava a bebida no frigobar, ela reaparece completamente molhada como se tivesse tomado banho de roupa e tudo, seu corpo transparente colado na roupa, seios e ventre nus, enlouqueci, estava nas nuvens, à beira do paraíso. Fotografei na hora, de corpo inteiro: imagem que jamais sairia da minha cabeça, povoando meus sonhos, gula e cobiça por dias, meses e anos. Fui até ela, beijei-lhe os lábios carnudos, mãos aos seios e cintura, ventres e dorso, osculava e conferia sua assimetria, mistérios e profundezas, e mantive a língua na sua carne, pele, por cima do vestido, até as coxas para levantar a saia e chupar-lhe a vagina nua saborosa. Chupei-lhe o tesouro em brasa a destrancar todas as suas travas e cancelas, sua terra úmida revolvida e ela a se arrastar mãos na minha cabeça e urrando pra cair na cama subjugada, provei do seu sabor apimentado e ela me puxava, tirava minha roupa, me virando prum sessenta e nove e achando meu caralho rijo pro seu paladar, eu lambia, chupava e meus dedos todos percorrendo sua geografia, aterrissando o dedo para massagear seu ânus lambuzado por minha baba e sua minação, ela pedia mais e me chupava e eu enfiava o anular no seu cuzinho e mais pedia e mais enfiava até gozar trêmula e enlouquecida com o cunilingua e desmaiar com seus múltiplos orgasmos na minha boca e meus dedos no seu cu. Mantive a chupada lenta naquele solo desguarnecido de suas defesas e as enfiadas determinadas dos dedos, para ela, então, me puxar de vez, virar-se de costas e de quatro gemendo e pedindo: Fode a tua cuzuda, vai, eu quero, vai. Sonho com isso, vai, pelamordeDeus, vai! Nossa, aquela bunduda gostosa toda ali pra mim, a maior entre todas as maravilhas do planeta ali pronta pra que eu devorasse sua gostosura e enfiei meu caralho primeiro na sua priquita dela carpir selvagem aos saculejos e ao retirá-lo teso enfiei devagar naquele cuzão lindo e gostoso, dela impar e remexer e gritar: Vai, fode a tua cuzuda, vai, fode!!! Quero mais, vai, mais!!! E rebolava e eu cavalgava pau enfiado no rabo dela, gozando a inesquecível loucura do prazer da rabuda! Ah! Quanta delícia! E me deixou fotografá-la de todo jeito para nunca mais esquecê-la. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.




Veja mais sobre
Brincar com arte, Johan Huizinga, Cecília Meireles, Ziraldo, Fernando Botero, Teatro Infantil & Literatura Infantil aqui.

E mais:
Proezas do Biritoaldo: quando Cupido acerta no alesado, Deus faz, o diabo ajunta aqui.
Tolinho & Bestinha: Quando Tolinho deu uma de bundão e quase bate as botas aqui.
Fceamepa: dando uns pulos que ninguém é quadrado aqui.
Crônicas Natalinas aqui.
Râmana Mahârshi, Raimundo Carrero, Bardesanes, Rainer Werner Fassbinder, Elisa Fukuda, Hanna Schygulla, Sustentabilidade & Direito Tributário aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
 Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
 Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.




ALICIA PULEO, CRISTINA GÁLVEZ MARTOS, TATYANA TOLSTAYA & BARRO DE DONA NICE

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Britten Piano Concerto (1990), MacGregor on Broadway (1991), Outside in Pianist (1998), D...