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terça-feira, julho 10, 2018

VINICIUS, UNAMUNO, JOSÉ RÉGIO, WODEHOUSE, ULLERSTAM, KARIN ZELLE, ORLANDO TEJO & ARANTES GOMES


A TRAÍRA GIGANTE – Imagem: Abstract Fish, da pintora australiana Karin Zeller. - Uma dia lá apareceu nas águas do rio Alagoinhanduba uma pirrototinha Traíra que muito chamou atenção de crianças, jovens, adultos e anciões. Era bem pequenininha, roliçazinha, brincalhona. Tudo fizeram para fisgá-la, pescador de toda parte caprichava na isca e ela só caçoava balançando a cauda, como se os chamasse de banguelos. A danadinha era vistosa, diferente de todas da espécie, muito diferente, por exemplo: sumia na primavera, quando da botada da usina – por causa das caldas da cana derramadas nos rios, matando tudo -, só reaparecendo com a pejada, lá entre os meses de abril ou maio. Da primeira vez que sumiu, não tinha nem uns 15 centímetros, voltou com mais de 40 e mais gordinha e risonha. Por conta disso, a cada dia aumentava a caça pra sua captura, de tudo se livrava. Com o tempo ela passou o tamanho normal das outras, já contava quase metro e brincava de acompanhar batendo as nadadeiras e balançar a jangada com os que iam pro outro lado da cidade. As sumidas dela no tempo da moagem canavieira nem era notada, até ela reaparecer com mais de metro e meio, brincando com Juvitildito, o Ditinho pescador, o único que descia as águas ao lado dela, até montar na sua cacunda e sumir por dias inteiros. Ao dar as caras, todos perguntavam: - Ditinho, cadê ela? Ela, quem? A traíra, meu! Ah, a Tildinha? Esse o nome dela, é? É, Esteldita, a Tildinha, traíra das boas. Rapaz, como é que é, pescasse ou não ela? Não, é minha amiga, gente boa. Oxe, endoidou, homem de Deus? Não, ela é minha amiga mesmo. Com ela fui até o alto mar, vi outros grandes peixes que ela me apresentou, gente fina. Ela já está com quase dois metros e com o inverno prolongado embocando já os meses de setembro e outubro, desse jeito ela passa dos três metros. Ah, ela é diferente das outras, inofensiva. Verdade. Brincando na passagem da jangada, quantas vezes ela não balançou de cair todo mundo dentro d’água, repondo quem podia na embarcação, ou levando quem se atrapalhou pras margens. Menino que caísse das beiradas, ela salvava tudo, ninguém morria afogado por ali que ela não deixava. Ah, mas a coisa tá pegando, o prefeito está denunciando que a culpa é dela de não mais parar de chover, entrou novembro e nada de primavera, pelo jeito nem sei se terá verão. Isso é conversa, se está chovendo é porque endoidaram o planeta, não por culpa de uma traíra encantada. Entrou dezembro e tome água descendo do céu. O discurso do prefeito aumentou contra a traíra, a ponto dele fazer um comício numa plataforma sobre o rio. Ela começou a brincar e derrubou tudo, quase que o prefeito era tragado de morrer ali mesmo, foi salvo por ela. mal-agradecido, ele jurou vingança e convocou pescadores com prêmio milionário para quem capturasse a intrusa. O usineiro, virado da breca, dobrou o prêmio, foi pescador até de um olho só na caçada. Foi preciso 3 batalhões da polícia militar, 4 corpos de bombeiro, mais de dois mil profissionais de mergulho, uns 500 pistoleiros, mil e quinhentos enxeridos e um tanto de boateiros para que aquilo virasse notícia nacional. E virou. Uns dez dias no encalço da Ditinha e lá estava enrolada numas duzentas redes, levada para um tanque especial que foi construído na praça principal. Virou festa. Todo dia a população inteira ao redor brincando com ela que crescia cada vez mais, já passava dos dois metros. O festejo continuava e ela começou a ficar estranha: comeu o braço de Jodilinho, agora maneta; o pé de Otacildito, agora perneta; o bilau do antes rancolho Otadélio, agora o sem sem; e saiu daquele estado de alegria de sempre, tornando-se agressiva. Até então nunca havia atacado ninguém, nem se mostrara tão hostil. Como crescia muito, mostrou-se voraz, briguenta, chegou ao ponto de derrubar as bordas do tanque, sair destruindo a praça aterrorizando todo mundo às carreiras pé na bunda, com as presas dela expostas causando pânico, pernas pra que te quero, e sair rasgando chão e calçamento com tudo, sumindo definitivamente nas águas do rio. Foi-se o que era doce, para sempre. A gente devia de ter feito um cozinhado daquela danada, num era? Era, rapaz, bom que mataria a fome de muita gente daqui. Oxente, se era! Bestamos. Até hoje contam desse episódio, ninguém acredita, nem eu. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do poeta, compositor e diplomata Vinicius de Moraes (1913-1980): ao vivo na Itália com Tom, Toquinho & Miucha; Astronauta Berimbau; ao vivo com Tom, Baden Powel, Toquinho & Miucha em París & muito mais nos mais de 2 milhões & 500 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Só espero dos que ignoram, mas que não se resignam a ignorar; dos que lutam sem descanso pela verdade e colocam a sua vida mais na luta do que na vitória. [...] Que eles busquem como eu busco; que lutem como eu luto, e entre todos algum cabelo do segredo arrancaremos a Deus; pelo menos, essa luta far-nos-á mais homens, homens de mais espírito. [...] reclamo a minha liberdade, a minha santa liberdade, até a de me contradizer, se for caso disso. Não sei se algo do que fiz ou do que fizer a seguir ficará por anos ou por séculos depois da minha morte; mas sei que se se açoitar o mar sem margens, as ondas à volta movem-se sem cessar, embora tornando-se mais fracas. Agitar é alguma coisa. Se, mercê desta agitação, vier outro a seguir a fazer algo de duradouro, nele persistirá a minha obra. [...]. Trechos extraídos da A minha religião (Covilhã, 2008), do filósofo, escritor e dramaturgo espanhol Miguel de Unamuno (1864-1936). Veja mais aqui e aqui.

SEXUALIDADE X MORALIDADE - [...] Neste mundo, nós, seres humanos, não podemos suportar nosso destino, a não ser que de vez em quando tenhamos o direito de experimentar verdadeiras sensações de prazer. Mas, em todas as épocas, erguem-se pregadores e moralistas para fazer crer que os homens que é pecado satisfazer suas necessidades. É claro que eles visam, acima de tudo, os prazeres sexuais, embora não o digam claramente em suas prédicas. Com efeito, os ataques desses moralistas raramente se dirigem às necessidades culinárias ou de outra ordem, e os vitorianos mais sectários narravam, sem pudor, suas orgias gastronômicas. As doutrinas mais perigosas são aquelas que pregam o quietismo e ensinam que as necessidades são males dos quais nos devemos livrar. [...] Quase todos os pregadores religiosos do mundo ocidental adaptaram seus sermãos à sua época, e o deus cristão tornou-se o melhor guardião da moral secularizada da sociedade. [...] Os defensores dos princípios sagrados precisam recorrer a uma demagogia cada vez mais complicada para atrair os fieis. Pois o princípio da justiça é o único que faz séria concorrência ao princípio do prazer. Não se conseguiu impediu que a moral do bem-estar penetrasse no domínio da vida sexual. [...] Em geral, os legisladores e os autores de pastorais não são mais jovens, sendo talvez esta a razão pela qual eles são hostis à sexualidade, não representando a opinião geral. [...]. Trechos extraídos da obra As minorias eróticas (Imago/Lidador, 1967), do psiquiatra sueco Lars Ullerstam. Veja mais aqui e aqui.

SORRISO VITORIOSOAdriano Mulliner, o detetive, chegou a ser um ás na sua profissão [...] Que encontrou e se apaixonou por Millicent Shipton Bellinger, a filha caçula do quinto Duque de Brangbolton.[...] O velho par do reino permaneceu radiante, sob sua capa de sabão. Porém, bruscamente, o bom humor desapareceu, com rapidez inquietante. – Mulliner? Disse que se chama Mulliner? – Sim, senhor. – Seria então, por acaso, o tipo que... – Que adora sua filha Millicent, com fervor que desejaria lhe expressar? Sim, Lorde Brangbolton, sou eu. E espero que consentirá nessa união. Enrugamento horroroso deformou a fronte do duque. Seus dedos, que sustinham uma esponja, se crisparam convulsionados. – Ah! Assim crê, hein? Pensa que vou receber, em minha família, um sujo inspetor de pegadas e de cinza de cigarros, hein?... [....] Foi somente na sacristia, quando Adriano contemplou Millicent, que pareceu convencer-se de que todas as contrariedades haviam terminado e de que a formosa jovem lhe pertencia e então sentiu-se alagado pela visão da própria sorte. [...]. Trechos de conto do escritor inglês P. G. Wodehouse (1881-1975).

UNIÃO Tenho, ainda, o teu corpo nos meus braços; / sobre os meus ombros, teu cabelo. / Descansando dos meus e teus cansaços, / tu dormes por nós ambos. Só eu velo. / Nos meus braços teu corpo estremeceu, / desse tremor o meu foi percorrido. / Colados, curva a curva, onde começa o teu? / Onde se acaba o meu? Teu e meu têm sentido? / Teu ligeiro suor penetra a minha pele: / teu suor dos transportes de há momento / que me atrevo a provar como quem lambe mel, / em que refresco as mãos como num leve unguento. / Brandamente, por vezes, te desvio / de mim, para melhor, depois, sentir / que és bem tu que eu agarro, acaricio, / bem tu que eu pude, em mim, fundir. / Ai, anular-te em mim sem te perder! / Aniquilar-me em ti, - mas sendo nós! / Velo, e nem sinto a noite discorrer. / Sonho, e que sonho de que amor feroz? / Se ela viesse agora, Aquela que em seu manto / de silêncio e de sombra, nos transporta, / não seria melhor, meu doce encanto? / Poder eu, ao morrer, ver-te já morta? / Porque amanhã, / se não mesmo esta noite, o nosso inferno / não mais permitirá que qualquer sombra vã / da glória dum momento eterno. Poema extraído da Antologia (Nova Fronteira, 1985), do escritor, dramaturgo, ensaísta e critico português José Régio (1901-1969). Veja mais aqui.

ZÉ LIMEIRA, O POETA DO ABSURDO
A santa filosomia
Descreve os peixes do mar
As sereia do sertão
Mula preta e mangangá
Muié de saia rendada
Moça branca misturada
Carro de boi Jatobá.

Tudo que eu dixé agora,
Vocês note no caderno:
A feme o pato é pata,
O macho de perna é perno.
Seu Heleno me arresponda
Qual é o macho de onda,
Qual é a feme de inverno!

Um dia o Rei Salamão
Dormiu de noite e de dia.
Convidou Napoleão
Pra cantá pilogamia.
Viva a Princesa Isabé,
Que já moro em Supé
No tempo da monarquia.
Extraído do livro Zé Limeira, o poeta do absurdo (A União, 1978), do poeta, ensaísta, jornalista, folclorista e professor Orlando Tejo (1935-2018). Veja mais aqui e aqui.

VI Congresso Internacional de Pedagogia Social & Simpósio de Pós-Graduação & muito mais na Agenda aqui.
&
Dominando a acentuação gráfica de Arantes Gomes aqui.
&
Vênus on the beach, da pintora australiana Karin Zeller
&
Sobrevivendo à nossa barbárie, A barbárie humana de Michel Maffesoli, a música de Turíbio Santos, Magda Tagliaferro, Álvaro Henrique & Anna Stella Schic; A condição humana de Flávio Leandro, a arte de Renné Magritte & Evelyn Bencicova aqui.

APOIO CULTURAL: SEMAFIL
Semafil Livros nas faculdades Estácio de Carapicuíba e Anhanguera de São Paulo. Organização do Silvinha Historiador, em São Paulo.


terça-feira, outubro 03, 2017

JORGE DE LIMA, KANT, BRETON & SURREALISMO, THOMAS RUFF, SEXUALIDADE, RELAÇÕES & EQUÍVOCOS

PRAZER DE VIVER, NADA MAIS – Imagem: arte do fotógrafo alemão Thomas Ruff. - Há tanto andei na vida, interrogações ambulantes, certeza alguma. Melhor assim, outras aprendizagens: o fim da curva é o começo da estrada, pra quem olha qualquer direção. Chegar era partir pra outra sem desfazer as malas do ânimo, assim será: o recomeço pra quem mudou entre certo e errado, e seguir sem saber de cima ou se lá embaixo, um e outro a mesma coisa, noitedia pra lá, talvez acolá, o bom dali, o que ficou aqui, coisas e seres, tão diferentes à primeira vista. Uma mão na outra aquecia o frio da solidão, aprendia sem que nada fosse ensinado. Apreendia, da direta pra esquerda e vice-versa, é como quem vai até não medir o que terá de volta, nem mesmo o retorno será senão nova caminhada. As mãos se complementam na necessidade e fazer, outras mais e melhor que nenhuma: o calor alheio, o prazer, corações pulsantes se completam, e dançam, música no ar. O que não foi feito, não havia de ser ou se perdeu, poderia ter sido, tanto faz. Qual limite, o cansaço. Corri tanto, não vi quase nada e sobrepujei a mim mesmo, não deu em nada, sequer previ riscos, tudo me era oportuno e esclarecedor desde que me perdesse na madrugada e não soubesse como amanhecer. Devagar, o mesmo trajeto na paciência, outros sabores, quantos matizes, hálito, saliva. Tão longe e o começo era meu renascimento. Por mais distante, quão perto estava. Não reconheci pecados e me valia em experienciar ritos de passagem da alvorada ao crepúsculo, bodas de mim mesmo, duas vezes o mesmo rio, todas as correntes, águas diversas, tantas itinerâncias, quantas entregas. Por que jogar pedras aos porcos? Oportunidade de distinguir gente ou. Restava sorrir, choros de compreensão: o prazer de saber nada, viver tudo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com a música da cantora e compositora Adriana Calcanhoto com seus álbus Senhas & Público + Saiba & Por que você faz cinema?; do guitarrista inglês de rock progressivo Steve Howe com os seus álbuns Beginnings & Álbum + o show Acustic & interpretando as Bachianas Brasileiras nº 5 de Heitor Villa-Lobos; o regente e violinista finlandês Jukka-Pekka Saraste interpretando Daphnis et Chloe de Ravel & Sinfonieta de Leos Jakacek; e a cantora e compositora Rosana Sabença cantando Manhã de mim, Os mares, Solto o verbo, Magia de ser & Bom. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIANo mundo e mesmo fora dele, nada se pode conceber que possa ser considerado bom sem qualificação, exceto a boa-vontade. Pensamento extraído da obra Fundamentação da metafísica dos costumes (Discurso, 2009), do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804). Veja mais aqui.

RELAÇÕES & SEXUALIDADE – [...] Se a individualidade é indissociável da vida social, sendo, portanto, simultaneamente, uma questão objetiva e subjetiva; social e individual, a sexualidade humana enquanto dimensão da individualidade, também, não pode ser pensada isolada e independente das relações sociais. Assim, todo processo de convivência afetivo-sexual é resultado tanto das condições históricas específicas de cada sociedade, como, também, da ação de homens e mulheres que, sob essas condições, vivenciam sua sexualidade, instituindo modos variados de controle e critérios de certo e errado na orientação das escolhas individuais e nas decisões afetivo-sexuais. Com isso, podemos afirmar que a realidade das relações afetivo-sexuais é construída historicamente, não se constituindo numa mera derivação biológica ou num processo natural em que homens se relacionam com mulheres. [...]. Trecho extraído da tese de doutoramento O pensamento da esquerda e a política de identidade: as particularidades da luta pela liberdade de orientação sexual (UFPE, 2005), de Silvana Mara de Morais dos Santos. Veja mais aqui e aqui.

MANIFESTO SURREALISTATamanha é a crença na vida, no que a vida tem de mais precário, bem entendido, a vida real, que afinal esta crença se perde. O homem, esse sonhador definitivo, cada dia mais desgostoso com seu destino, a custo repara nos objetos de seu uso habitual, e que lhe vieram por sua displicência, ou quase sempre por seu esforço, pois ele aceitou trabalhar, ou pelo menos, não lhe repugnou tomar sua decisão ( o que ele chama decisão! ). Bem modesto é agora o seu quinhão: sabe as mulheres que possuiu, as ridículas aventuras em que se meteu; sua riqueza ou sua pobreza para ele não valem nada, quanto a isso, continua recém-nascido, e quanto à aprovação de sua consciência moral, admito que lhe é indiferente. Se conservar alguma lucidez, não poderá senão recordar-se de sua infância, que lhe parecerá repleta de encantos, por mais massacrada que tenha sido com o desvelo dos ensinantes. Aí, a ausência de qualquer rigorismo conhecido lhe dá a perspectiva de levar diversas vidas ao mesmo tempo; ele se agarra a essa ilusão; só quer conhecera facilidade momentânea, extrema, de todas as coisas. Todas as manhãs, crianças saem de casa sem inquietação. Está tudo perto, as piores condições materiais são excelentes. Os bosques são claros ou escuros, nunca se vai dormir. Mas é verdade que não se pode ir tão longe, não é uma questão de distância apenas. Acumulam-se as ameaças, desiste-se, abandona-se uma parte da posição a conquistar. Esta imaginação que não admitia limites, agora só se lhe permite atuar segundo as leis de uma utilidade arbitrária; ela é incapaz de assumir por muito tempo esse papel inferior, e quando chega ao vigésimo ano prefere, em geral, abandonar o homem ao seu destino sem luz. [...] Nós, porém, que não nos dedicamos a nenhum trabalho de filtração, que nos fizemos em nossas obras os surdos receptáculos de tantos ecos, modestos aparelhos registradores que não se hipnotizam com o desenho traçado, talvez sirvamos uma causa mais nobre. Assim devolvemos com probidade o “talento” que nos atribuem. Falem-me do talento deste metro de platina, deste espelho, desta porta, e do céu, se quiserem. [...] Neste verão as rosas são azuis, a madeira é de vidro. A terra envolta em seu verdor me faz tão pouco afeito quanto um fantasma. VIVER E DEIXAR DE VIVER É QUE SÃO SOLUÇÕES IMAGINÁRIAS. A EXISTÊNCIA ESTÁ EM OUTRO LUGAR. Trechos extraído Manifestos do Surrealismo (Brasiliense, 1985), do escritor francês André Breton (1886-1966), Veja mais aqui.

MANUAL DE AMORES & EQUÍVOCOS – [...] Três as palavras, as palavras da adoração jorraram da tua boca. E, sem medir o depois, com esse som nos nervos, com o convencimento de que todo o tempo eu guardara as palavras só para ti, antes de transpor definitivamente o umbral da porta, eu as repeti. Repeti as três palavras. As três palavras, que, como o nome de Deus, ninguém deve pronunciar [...]. Trechos da obra Duas iguais: manual de amores e equívocos assemelhados (L&PM, 1998), da escritora e jornalista Cintia Moscovich.

NÃO PROCUREIS QUALQUER NEXO NAQUILO
Não procureis qualquer nexo naquilo
que os poetas pronunciam acordados,
pois eles vivem no âmbito intranqüilo
em que se agitam seres ignorados.
No meio de desertos habitados
só eles é que entendem o sigilo
dos que no mundo vivem sem asilo
parecendo com eles renegados.
Eles possuem, porém, milhões de antenas
distribuídas por todos os seus poros
aonde aportam do mundo suas penas.
São os que gritam quando tudo cala,
são os que vibram de si estranhos coros
para a fala de Deus que é sua fala.
Poema extraído do Livro de Sonetos (Livros de Portugal, 1949) do médico, escritor, tradutor e pintor Jorge de Lima (1893-1953). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

Veja mais:
A música de Adriana Calcanhoto aqui e aqui.
A arte musical de Steve Howe aqui.
O talento musical de Rosana Sabença aqui.
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Livros Infantis do Nitolino aqui.
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A ARTE DE THOMAS RUFF
A arte do fotógrafo alemão Thomas Ruff.
 

sexta-feira, setembro 01, 2017

HERMILO, BOURDIEU, NELSON CHAVES, EDUCAÇÃO, CANA-DE-AÇÚCAR, SEXUALIDADE, POLÍTICA, RICARDO ONORATO & CORDEL NO ELISEU

A PLENITUDE DA VIDA - Imagem: art by Nicomedes Gomez - Ainda ontem, já era tarde. Não mais. Nada mais resta do que fiz ou deixei de fazer, do que amei e não quis mais amar, do que adiei quando mais precisava. Longe os anos se foram e tudo passou, quanta urgência no caminho das importâncias, quanta ocupação pra disfarçar o viver, tudo era só dar vencimento ao menos às cotas das tarefas diárias, enfrentar as surpresas do imediato que pegavam de peito aberto, a pressão das emergências daquilo que era pra ontem, os desafios das dificuldades, cair, levantar, sacudir a poeira, seguir, capengar e protelar, procrastinar, adiar o viver. Hoje, chegou a hora. Esta, a horagá. Já. O que tenho é só a mim, não mais. Não posso esperar que façam por mim o que é da minha estrita responsabilidade, ninguém deve fazer por mim o que eu mesmo deveria ter feito ou tenho a fazer, muito menos devo responsabilizar ninguém pelo que não fiz, nem por meus fracassos, nem por minha própria irresponsabilidade. Hoje, agora, quantos espelhos, a minha efígie refletida: afinal, tenho sido mais feliz agora do que nunca fora antes. Agora o Sol dança no assoalho e convida meu coração para bailar na vida, esqueço o que me deprime: a esmagadora ignorância das trevas humanas. Sorrio, apesar de tudo ser tão triste, vou do infortúnio que insistia sempre presente em todas as minhas horas pra felicidade que vem da alvorada no horizonte. Agora a ressurreição: a sensação da inércia me faz sofrer, sou vida e quero mais é viver. Antes era fácil parar ou desistir do que continuar, quantas decisões tomadas sem que nada de ação se fizesse, ah, deixava pra lá, não via pra quê tanto esforço. Agora sou outro, ergo a face, malgrado o mundo desabado ao redor, só escombros na noite obscura. Dentro de mim pulsa a satisfação da plenitude anímica na paz de quem sabe superar, sigo adiante, passo a passo, mais cedo ou mais tarde tudo haverá passado, porque sei liberto da prostração com o alvorecer. Hoje sei que sou pedra bruta que aguarda a revelação da arte nela escondida: a arte de viver, viver o amor. Agora faço e já, faço agora! Meus olhos pra vida e meus pés no chão. Sou firme na roda da vida pelos Sete Globos, pelos Sete Períodos, assim na Terra como no Céu, a plenitude da vida na fraternidade universal humana. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

COLÉGIO ESTADUAL ELISEU PEREIRA DE MELO
Atendendo convite das professoras Janeide e Romina, estarei no próximo dia 12/09, a partir das 14hs, no Colégio Estadual Eliseu Pereira de Melo, realizando a palestra/espetáculo Cordel Biblioteca Eliseu: Ética, Cidadania & Meio Ambiente, pros alunos da instituição escolar. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA – Esforce-se para ser paciente ao suportar os defeitos dos que o cercam, porque você também tem muitos, e eles precisam ser suportados pelos outros. Se você não é como gostaria de ser, como pode pretender encontrar alguém que seja totalmente do seu agrado: Trecho extraído da obra A imitação de Cristo, do monge e escritor alemão Thomas de Kempis (1379-1471).

SOMOS NA VIDA ADULTA O QUE FOMOS NA INFÂNCIA – [...] a vida como ela é, dominada por incoerências, dúvidas e realizações, problemas humanos que sempre constituíram pra mim preocupações constantes desde a infância. Somos na vida adulta o que fomos na infância. Sonhei continuamente com um mundo melhor, onde houvesse amor, afeto e compreensão entre os homens, um mundo onde a natureza continuasse viva, com seus solos, rios, lagos, mares, árvores e seres de todas as espécies. Mas infelizmente, desde a adolescência venho assistindo à destruição maciça dos recursos naturais, à alteração da paisagem, ao acirramento da luta entre os homens com manifestações de agressividade crescente. Assim, meus sonhos foram se desvanecendo; doem-me o desrespeito à Ecologia, a quebra dos elos do ecossistema, a existência de um mundo de vendas e compras, um verdadeiro “mundo cão”. Nas horas de meditação, relembro os caminhos percorridos durante longos anos, sempre animado por uma chama criadora, mas sentido, já no fim da jornada, o sabor amargo da decepção. Sonhei com uma universidade melhor, com bom padrão de ensino, e motivada pela chama da investigação científica e, ao mesmo tempo, ligada aos interesses da sociedade e da Região. [...] A previsão de Einstein foi confirmada: a fome chegou e teria solução se fosse respeitada a “lei das leis”, ou seja, de que “não é possível a felicidade e a segurança de quem quer que seja se não houver o mínimo de felicidade entre todos”. É uma fome diferente das que sempre assolaram o planeta e foram registradas pelos historiadores. [...] É a fome criada pela civilização, pela ambição e egoísmo do homem atual, mais máquina do que homem; e a fome da Revolução Industrial e da supertecnologia, que originou a tecnocracia, uma grave doença dos tempos modernos, em vista da qual os tecnocratas ignorantes, mas semideuses arrogantes, mataram a imaginação e a criatividade, pensando apenas no desenvolvimento econômico avaliado exclusivamente pelo Produto Nacional Bruto (PNB), na expansão industrial e na comercialização, deixando de lado o próprio homem; é a fome decorrente do desequilíbrio econômico crescente, que cria, de um lado, o grupo dos ricos e opulentos e, do outro, uma grande maioria de pobres, entre os quais proliferam os miseráveis; é a fome amoral, da pobreza extrema, da sociedade de consumo caracteriza pela compra e pela venda, inspirada no lucro a qualquer preço, estimulada por uma propaganda agressiva, angustiada e que apela para os psicotrópicos e drogas, na qual o homem desceu de sua posição excepcional na escala zoológica na direção do bruto, das feras; é, finalmente, uma fome que arrasta consigo outros problemas, como a doença, a deliquência infanto-juvenil, a agressividade, o crime, a apatia, antieducação. [...]. Trechos extraídos da obra Fome, criança e vida (Massangana, 1982), do cientista e médico nutrólogo Nelson Chaves (1906-1982). Veja mais aqui e aqui.

A CANA-DE-AÇÚCAR - A vida nem sempre é doce como a cana ou macia como o algodão. O homem domesticou muitas plantas, mas poucas influenciaram tanto o rumo da história da humanidade quanto a cana-de-açúcar. Até parece exagero de pernambucano, agarrado a uma boa fatia de bolo de rolo. [...] É só ir desenrolando o fio da história que as revelações começam a acontecer. A doçura entra cotidianamente em nossas e nem sempre paramos para pensar sobre o percurso histórico-geográfico e o rastro de mudanças ocorridas em torno dessa espécie vegetal. Quando alertada sobre isso, a pessoa pode até sacar seus conhecimentos enciclopédicos sobre a questão. Mesmo assim os dados parecerão turvos em algum quadrante, tamanha é a abrangência e complexidade do assunto. O fato é que o cultivo da cana foi impulsionando transformações, tanto na realidade quanto no imaginário, pelos lugares por onde passou. [...]. Trechos do artigo Enquanto se brinca a história se faz, de Marcondes Lima, extraído da obra Algodão doce para teatro (Cubzac, 2015) de Carla Denise. Veja mais aqui e aqui.

POLÍTICA & A COISA PÚBLICA - [...] A moral política não pode cair do céu; ela não esta inscrita na natureza humana. Apenas uma real política da Razão e da Moral pode contribuir para implementar a instauração de um universo no qual todos os agentes e seus atos estariam submetidos - especialmente pela crítica - a uma espécie de teste de universalisabilidade permanente, instituído praticamente na pr6pria lógica do campo: não há ação política mais realista (pelo menos para os intelectuais) que aquela que, dando forma política a crítica ética, pudesse contribuir para 0 advento de campos políticos capazes de favorecer, pelo seu pr6prio funcionamento, os agentes dotados das disposições lógicas e éticas mais universais. Em resumo, a moral não tem nenhuma possibilidade de ocorrer, especialmente na política, a não ser que trabalhemos para criar os meios institucionais de uma política da moral. A verdade oficial do oficial, 0 culto do serviço público e do devotamento ao bem comum não resistem a crítica da suspeição que descobre em toda parte corrupção, clientelismo ou, no melhor dos casos, 0 interesse privado em servir ao bem público. Devotados ao que Austin chama de passagem de "impostura legítima", os homens públicos são homens privados socialmente legitimados e encorajados a se tomar por homens públicos, logo a se pensar e a se apresentar como servidores devotados do público e do bem público. Uma política da moral deve ter presente esse fato: por um lado, esforçando-se por entender os oficiais no seu pr6prio jogo, isto e, na chamada da definição oficial de suas funções oficiais. Mas também, e sobretudo, trabalhando sem parar para aumentar 0 custo do esforço de dissimulação necessária para mascarar a distância entre 0 oficial e 0 oficioso, 0 palco e a coxia da vida política. Esse trabalho de desvendamento, de desencantamento, de desmistificação não tem nada de desencantador: de fato, ele só pode se realizar em nome dos próprios valores que estão na base da eficiência crítica do desvendamento de uma realidade em contradição com as normas oficialmente professadas, igualdade, fraternidade e, sobretudo, no caso especifico, sinceridade, desinteresse, altruísmo, em resumo, tudo 0 que define a virtude civil. E não ha nada de desesperador - a não ser para as "almas puras" - no fato de que aqueles incumbidos desse trabalho - jornalistas em busca de escândalo, intelectuais dispostos a adotar causas universais, juristas dedicados a defender e estender 0 respeito ao direito, pesquisadores obstinados em desvendar 0 oculto, como 0 sociólogo - só podem, eles próprios, contribuir para criar as condições de instauração do reino da virtude civil se a lógica de seus campos respectivos lhes assegurar os lucros do universal que são 0 princípio de sua libido virtutis. Trecho extraído da obra Razões práticas: sobre a teoria da ação (Papirus, 2008), do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002). Veja mais aqui.

ENSINO & APRENDIZAGEM - Vivemos um momento de revisão da educação escolar, de seu papel e seu alcance. Juntamente com isso, vem o desafio da construção de um perfil profissional para o professor com base no seu trabalho em sala de aula, mas que se amplia para o desenvolvimento do projeto educativo da escola, para a produção, sistematização e socialização de conhecimentos pedagógicos e para a participação em discussões da comunidade educacional. Diante desta complexidade, fica evidente que não há regras para organizar e descrever a atuação deste profissional que precisa, ao mesmo tempo, ter clareza de objetivos e de sua intervenção pedagógica, mas também flexibilidade e sensibilidade. Por isso, a formação docente é hoje compreendida como um processo permanente de desenvolvimento profissional: estudos, atualizações, discussões e trocas de experiências. [...]. Trecho extraído da obra O diálogo entre o ensino e a aprendizagem (Ática, 2000), de Telma Weisz com Ana Sanchez. Veja mais aqui, aqui e aqui.

SEXO & SEXUALIDADE - O sexo desempenha papel importante e básico em nossas vidas. As relações sexuais permitem a reprodução e esta, a perpetuação da espécie. Mas para o ser humano a atividade sexual não se restringe à reprodução. Ela é fonte de prazer; um dos maiores, talvez o maior dos prazeres. A sexualidade é algo fundamental para nós, pois estar bem consigo mesmo é indispensável fator de felicidade e, para tanto, é preciso estar bem coma própria sexualidade. A maneira pela qual uma pessoa é capaz de viver sua sexualidade e o modo pelo qual a ela se ajusta vão determinar muitos dos seus traços de personalidade. Vão definir seu caráter e assegurar ou não sua autoconfiança; vão interferir decisivamente no bom ou mau relacionamento com seu semelhante. A sexualidade não é, necessariamente, prazer sexual; mas grande parte da sexualidade diz respeito às funções sexuais. Desde o nascimento buscamos nossos prazeres; a busca do prazer acompanha o homem por toda sua vida. [...]. Trecho extraído da obra Sexo, sexualidade e doenças sexualmente transmissíveis (Moderna, 1995), da sanitarista e professora Ruth de Gouvêa Duarte.Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

HISTÓRIA DO ESPETÁCULO – [...] O homem, afinal de contas, sempre sentiu o desejo de transfigurar-se, de transformar-se em outra coisa que não seja ele mesmo. Neste sentido, possui um instinto teatral inato, estudado minuciosamente por um teórico russo, Nicolas Evreinoff. Ele diz, entre outras coisas, que “o homem possui um instinto com relação ao qual, a despeito de sua inesgotável vitalidade, nem os historiadores nem os psicólogos nem os que se ocupam da estética disseram jamais até aqui, a menor palavra; [...] Isto significa que o teatro sempre existiu, mesmo sob a forma inconsciente. [...] Trechos da obra História do espetáculo (O Cruzeiro, 1968), do escritor, dramaturgo, tradutor e advogado Hermilo Borba Filho. (1917-1976). Veja mais aqui, aqui aqui e aqui.


Com alunos do Instituto Educacional São Francisco de Assis – Santo Onofre – Palmares-PE, e professoras Rozilda e Natalie, na Biblioteca Pública Municipal Fenelon Barreto.

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PALMARES, A MINHA CIDADE, DE RICARDO ONORATO
A minha querida Palmares
Terra de cultura e de grandeza
Tu és a minha morada
Admiro a tua beleza
As tuas lindas palmeiras
Também me faz refletir
As águas que desce do rio Una
Cruza com o rio Pirangi
Cidade com belas praças
Arrodeadas de jardins
Com flores, gramados e rosas
Que bordam e cheiram a jasmim
As plantações de cana de açúcar
Tenho o prazer de ainda ver
Caminhões carregados
Na usina pra moer
Dos antigos acadêmicos
Com grande capacidade,
Exortou, Silva Jardim
A terra dos poetas é Palmares
Agora finalizando
O que eu vou te falar
Quem se banha no rio Una
Poeta também será.
Poema de Ricardo Onorato da Silva, estoquista e poeta cordelista, autor do cordel Ascenso Ferreira, o poeta dos Palmares. Veja mais aqui.


domingo, dezembro 04, 2016

CARLYLE, FERREIRA GULLAR, MARIA GADÚ, NADIR AFONSO, EDMUND SULLIVAN, EROTISMO & PORNOGRAFRIA


EROTISMO & PORNOGRAFRIA, O TAMANHO DA HIPOCRISIA - Imagem: arte do pintor, arquiteto e pensador português Nadir Afonso (1920-2013) - A gente nasce nu, os animais vivem nu e até o rei que se achava elegantemente trajado, na verdade, estava nu. Imagino, então, como seria a Terra vestida – aliás, a veste do planeta é a camada de Ozônio que, por sinal, é transparente, isso para desgosto de alguns pudibundos -, ou o Sol, o céu, as estrelas, a Lua, a infinitude cósmica do Universo, as árvores – e isso além da casca, dos galhos, das folhas e flores – e os bichos – além dos pelos e pele -, a cauda do piano e a proibição das curvas do violão, por aí. Mas tudo é reprimido pelo moralismo canhestra a requerer obediência e pudicícia, o que, para felicidade dos castos timoratos, a nudez é a transgressão que até hoje tratada inexoravelmente por censurável e gerando constrangimentos que vão desde os rubores inocentes até a violência dos prepotentes hipócritas. E me espanto porque tudo é somente pela falta de diálogo, pelo temor, dúvida e completo desconhecimento, muito menos saber encarar ou se relacionar com o próprio corpo que, de forma descabida, choca ou impacta até a si mesmo. que coisa!?! Ou seja, pra festa dos recatados, a secular manutenção do corpo como inimigo do espírito, aquilo que é obsceno, perigoso, degradante ou maléfico, a aberração que a moral vitoriana, os dogmas religiosos, a etiqueta ideológica e os tabus das convenções da hipocrisia humana, há milênios, promovem como a trágica saída da órbita do conforto, do regrado, do medido, do selecionado, Para mim, diga-se de passagem, é a simples incapacidade de fruição da diferença, do imaginário, do simbólico. Como se dos olhos, apenas a vergonha e o pecado. Fico cá comigo matutando como se tudo que se apresenta na vida e na Natureza precisasse de ordem e taxonomia – oh mania da gente de organizar o que não precisa -, como se a sexualidade que é natural e está vinculada à intimidade, à ternura e à afetividade nas relações corporais, psíquicas e sentimentais do ser humano, não fosse além de um mal entendido da metáfora de Eros & Afrodite, como se um não pudesse conviver com dois ou três ou mais, como se tivesse que escolher ou optar por aquele ou aqueloutro, colocando cada qual no seu devido lugar e dentro de uma ordem de excludência e preconceito. Tudo isso me faz refletir qual seria mesmo a ordem definida (pré ou pós) na convivência entre as árvores e umas às outras, entre os bichos e feras, entre o Sol e todo o Universo, como se não se pudesse naturalmente distinguir doce do azedo ou salgado, o verde do amarelo ou doutras cores, o fá do ré ou dos tons e semitons, isso ou aquilo daquilo, as diferenças que devem ser entendidas e, definitivamente, humanamente compreendidas. Pra mim, de resto, tudo está nu, como nos Cânticos de Salomão, n’O beijo de Rodin, no erotismo de Bataille, na Definição de Amor de Gregório Matos, nos Carmina Burana, na Origem da Vida de Courbet e, tal Drummond, oh! Sejamos pornográficos (docemente pornográficos). Viva a nudez da vida! © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.


Curtindo o álbum (CDs+DVD) Maria Gadú ao vivo (Multishow, 2010), da cantora Maria Gadú.

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Uma parte de mim
é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera;
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta;
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente;
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Traduzir-se, do poeta, crítico de arte, tradutor e ensaísta maranhense Ferreira Gullar (1930 – 2016). Veja mais aqui, aqui & aqui.

DESTAQUE: O SARTOR RESARTUS DE CARLYLE 
 [...] No Símbolo propriamente, no que podemos chamar de Símbolo, há sempre, mais ou menos distinta e direta, alguma encarnação e revelação do Infinito; o Infinito é feito para mesclar-se com o Finito, para ficar visível, e por assim dizer acessível, ali. Pelos Símbolos, por conseguinte, o homem é guiado e comandado, torna-se feliz, torna-se desgraçado. Em toda parte encontra-se rodeado de Símbolos, reconhecidos como tais ou não: o Universo não é senão um Vasto Símbolo de Deus; e mais, se aceitares isso, o que é o homem ele próprio senão um Símbolo de Deus; não é tudo o que faz simbólico; uma revelação para os Sentidos da Força mística dada por Deus que está nele; um ‘Evangelho de Liberdade’, que ele, o ‘Messias da Natureza’, prega, como pode, por atos e palavras? Ele não constrói uma Cabana que não seja a encarnação visível de um Pensamento; que não sustente um registro visível de coisas invisíveis; que não seja, no sentido transcendental, simbólico bem como real. [...] Mas, no todo, assim como o Tempo acrescenta muito ao teor sacro dos Símbolos, do mesmo modo em seu progresso ele afinal os desfigura, ou mesmo os desconsagra; e os Símbolos, como todas as Vestes terrestres, envelhecem. A Epopeia de Homero não cessou de ser verdadeira; todavia não é mais a nossa Epopeia, mas brilha à distância, cada vez mais clara, todavia também cada vez menor, como uma Estrela a afastar-se. Precisa de um telescópio científico, precisa ser reinterpretada e aproximada de nós artificialmente, antes que tenhamos condições de saber que fora um Sol. Do mesmo modo chega o dia em que o Thor Rúnico com seus Eddas deve retirar-se para a obscuridade; e muita Mandinga africana, e Pajé índio ser abolidos por completo. Pois todas as coisas, inclusive os Luminares Celestiais, quanto mais os meteoros atmosféricos, têm sua ascensão, seu clímax, seu declínio [...].
Trechos da obra Sartor Resartus: The Life and Opinions of Herr Teufelsdrockh – 1833-34, University of California Press, 2000), do escritor, historiador, ensaísta e professor escocês Thomas Carlyle (1795-1881), recolhido do artigo A tradução selvagem de Thomas Carlyle: Sartor Resartus, da autora e professora Ana Helena Souza.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagens: as gravuras e ilustrações precursor britânico da Art Nouveau, Edmund Joseph Sullivan (1869-1933).
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: 
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.


VERA IACONELLI, RITA DOVE, CAMILLA LÄCKBERG & DEMOROU MUITO

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Tempo Mínimo (2019), Hoje (2021), Andar com Gil (2023) e Delia Fischer Beyond Bossa (202...