ENCONTROS, DESENCONTROS,
REENCONTROS – O encontro é sempre uma surpresa, nunca se sabe o que virá
depois. O universo parece conspirar a favor: o olhar, o sorriso, a hesitação
inicial, as mãos e tudo bem, quase um convite mútuo. As conversas,
compartilhamentos, as coincidências, os encaixes, risos e olhares cúmplices, emoções e sentimentos intensos e mútuos. Tudo escorre
até que os desencontros ditem a separação e a refletir com a partida de quem se
foi por novos horizontes, os desencontros definitivos, a perda e os momentos de
dor e saudade. Entre perdas e danos cresci e me transformei, acredito: a
impermanência e a necessidade de valorização de cada conexão. Seis que os encontros
e desencontros permeiam a condição humana: é quando sabemos nossa capacidade de
amar e de nos reinventar, carregando as lembranças e ensinamentos daqueles que
cruzaram os devires. Celebrei muitos encontros, aceitei os desafios dos desencontros
e estive pronto para quantos reencontros, alguns mágicos, outros nem tanto. E reviver
novas e antigas emoções, laços esgarçados, celebrações, gratidões, redescobertas.
No reencontro, há uma mistura de alegria, saudade, surpresa e nostalgia. É como
se o tempo parasse por um instante, permitindo que as pessoas se reconheçam
novamente, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. É um momento de
conexão profunda, onde as palavras muitas vezes são desnecessárias, pois os
olhares, os gestos e os sorrisos falam por si só. Em qualquer caso, um lembrete
de que, no final das contas, o que realmente importava é que estiveram ali e,
apesar de todas as mudanças e desafios da vida, os laços verdadeiros nunca se fortaleceram
ou se perderam de vez. A dança da vida segue seu curso, entre encontros que nos
inspiram, desencontros que nos desafiam e reencontros que nos emocionam. Cada
um desses momentos é uma peça importante no quebra-cabeça da existência
individual, moldando quem somos e quem queremos ser. E, no fim das contas, o
que realmente importa não são os encontros perdidos, mas sim os reencontros que
nos fazem acreditar na magia da vida e na força dos laços que nos unem. Veja
mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
DITOS & DESDITOS - Se eu pudesse criar
a minha própria utopia, seria um mundo sem gênero, onde não teríamos de falar
sobre isso. Quando você combina sua autoestima com seu
talento e, de repente, você pode não ser o mais talentoso, isso é realmente
assustador. Foi emocionante
ficar bom em algo onde eu não tinha medo de não ser o melhor.
A primeira coisa pela qual me sinto sinceramente atraída é a inteligência. Os escritores são,
portanto, o auge da inteligência. Embora os atores
sejam ótimos e incríveis, os escritores literalmente criam novos mundos do zero. O que é mais sexy
do que isso? Pessoalmente, não
sei por que nem todas as pessoas estão namorando um escritor.
Pensamento da atriz, humorista, cantora e compositora estadunidense Rachel
Bloom.
ALGUÉM FALOU: Estou no
presente e só o presente me importa... O teatro não deveria representar a
psicologia, mas sim as paixões, o que é totalmente diferente. Seu papel é
representar os diferentes estados emocionais da alma e os da mente, a história
mundial. Você deveria sair do teatro mais forte e mais humano do que quando
entrou. Pensamento da diretora de teatro e cinema francesa Ariane
Mnouchkine. Veja mais aqui e aqui.
A CARTA DE
FANON - O que eu queria dizer a você [...] é que a morte está
sempre conosco e que o importante não é saber como evitá-la, mas ter certeza de
que fazemos o nosso melhor pelas ideias que acreditamos. A única coisa que me
choca, desenganado nesta cama e perdendo as forças do meu corpo, não é que eu
estou morrendo, mas que eu estou morrendo de leucemia aguda em Washington, DC,
quando eu poderia ter morrido há três meses, de frente para o inimigo no campo
de batalha, quando eu já sabia que tinha esta doença. Nós não somos nada nesta
terra, se não servirmos antes de tudo uma causa, a causa do povo, a causa da
liberdade e da justiça. Eu quero que você saiba que, mesmo quando os médicos
tinham perdido toda a esperança, eu ainda estava pensando, em uma névoa
concedida, mas pensando, no entanto, no povo argelino, nos povos do Terceiro
Mundo [...]. Se eu consegui segurar, foi por causa deles [...]. Trecho
da Carta de despedida ao amigo Roger, escrita pelo psiquiatra e filósofo
martinicano Frantz Fanon (1925-1961), extraída de A Philosophical
Introduction to His Life and Thought (A Fordham University Press, 2015),
de Lewis Ricardo-Gordon. A obra mais mais conhecida de Fanon, Les Damnés de
la Terre, foi publicada em 1961, um ano após sua morte, e é considerada um
manifesto da luta anticolonial. Neste livro, Fanon analisa os efeitos
psicológicos e sociais do colonialismo e defende a violência como meio legítimo
de resistência contra a opressão colonial. Um dos conceitos-chave em sua obra é
o da "violência purificadora", que desafia a ideia convencional de
que a violência é sempre negativa. Fanon argumenta que, no contexto da luta
pela libertação nacional, a violência pode ser uma forma legítima e necessária
de resistência contra a opressão colonial, uma maneira de os colonizados se
afirmarem como agentes de sua própria história. Além de sua análise política e
social, Fanon também fez importantes contribuições para a compreensão da
psicologia do colonialismo. Outra obra importante de Fanon é Peau noire,
masques blancs, publicada em 1952, na qual ele explora a psicologia do
racismo e da colonização, examinando como os colonizados internalizam os
valores e as normas do colonizador, afetando sua autoestima e identidade. Além
de suas contribuições teóricas, Fanon também foi um militante ativo,
envolvendo-se em movimentos de libertação nacional em países africanos, como a
Argélia, onde trabalhou como membro do Front de Libération Nationale (FLN). O seu
legado continua a influenciar pensadores, ativistas e movimentos sociais em
todo o mundo, que buscam compreender e combater as estruturas de poder
coloniais e racistas que ele tão incisivamente criticou em sua obra. Em resumo,
Frantz Fanon foi um pensador corajoso e visionário que desafiou as estruturas
de poder colonial e racial de sua época. Sua obra continua a ser uma fonte de
inspiração para aqueles que lutam por justiça, igualdade e libertação em todo o
mundo. Veja mais aqui e aqui.
EM NENHUM LUGAR – [...] Não importa o quão
decadente e corrupto meu corpo se torne, eu irei, como uma orquídea do deserto
que floresce uma vez a cada cem anos, até você carregando essa frieza em
relação à vida. [...] Você tem os
olhos de uma garota-lobo cujo coração nunca foi tocado. Quando pressiono meu
ouvido em seu peito, ouço apenas vento e vazio. [...]
Você
nasceu com uma faca no coração. [...] De vez em
quando, imagino um trem do metrô à noite lotado de pessoas que conheci e de
pessoas aleatórias que encontrarei por acaso em algum futuro distante. A maioria das
pessoas que conheci há muito tempo agora vivem suas vidas sem mim, e aqueles
que um dia encontrarei por acaso não me conhecem agora. Eles passam
apáticos, os rostos sombrios sob as luzes fracas da estação de metrô da
prefeitura, empurrando meus ombros ao passarem. [...]
Mesmo agora, acho que talvez minha família seja apenas uma coleção
aleatória de pessoas que conheci há muito tempo e que nunca mais encontrarei, e
pessoas que ainda não conheço, mas que um dia conhecerei por acaso. [...].
Trechos extraídos da obra Nowhere to Be Found (Amazon
Crossing, 2014), da escritora e tradutora sul-coreana Bae Suah.
DOIS POEMAS - TUAS MÃOS - Te espero \ ao lado do pôr do sol \ até
o dia \ que você volte \ e meu corpo \ torna-se transparente \ entre suas mãos.
SONHAR - eu tenho apalpado \ seu corpo nu \ na solidão \ dos meus sonhos. \ Eu
senti suas mãos \ tocando o meu \ e eu fui seu \ muitas vezes. \ Ao acordar \ você
é apenas isso \ que desmorona \ na realidade da madrugada. Poemas da escritora e professora
hondurenha Soledad Altamirano Murillo. Veja mais aqui.
OUTRAS DIC’ARTES