segunda-feira, agosto 25, 2008

LYGIA FAGUNDES TELLES, EDGAR MORIN, DING LING, PALOMA PICASSO, MONTEIRO LOBATO, HABEAS CORPUS, CORDEL & VALUNA


 
A beleza e a arte da estilista e fashion designer francesa/espanhola Paloma Picasso.

VALUNA: CARTA CARIJÓ E DELA UM BENTO - Tudo recomeçava como antes e eu um acari às funduras de não saber até a margem, chão que me deu. Já era outro aos passos e ia porque sim, porque não, caramanchão, como quem vai e às voltas, feliz de ver as trepadeiras pelos oitões, a brisa nas varandas, água de coco, sombra e água, pelos sítios do Serrote do Gado Brabo. Como quem aos regressos dos pardais que voltam, Alceu cantava a minha solidão que é um noturno sem música, neblinas e serenos na noite dos que um dia se abraçaram para não mais. Sou tão estrangeiro quanto o espaço terrestre além dos cem. E vi Cecília entre leões e o defunto aventureiro com o morcego cego: Morte ao invasor! A inocente farsa da vingança nos olhos da treva & os emissários do diabo na rua padre Silva, nada, era só quarta-feira de cinzas na Matriz do Bom Jesus. Carijó, meu amigo, minhas mãos limpas e esta missiva: saudades de ontem, abraços de amanhã. Eu, tal Jutaí menino, vou mais longe qual anjo do quarto dia no açude Velho que não viu o tempo passar: do Una que sou a nossa comunhão na carreira da galinha, no carnaval dos imigrantes portugueses da festa de Valença e a criação de galo - cuidado com a cobra, são-betense! A gente só sente a picada de gente, coisa mais sem graça. Meus pés inoculados dos venenos mundanos pisavam pelo planalto, mãos deitadas às sobrancelhas, estirando o cangote para me livrar dos embaraços: muxoxos dos parentes, trejeitos dos estranhos que brigavam por cacarecos, gente que só queria ser super-herói com seus poderes de nada: gente que pede, pede, pede, valha-me, por isso Deus nem atende! Gente que faz de tudo e só o vento carrega a areia pro seu deserto: tudo uns chaleiras, remelentos arredios e inescrupulosos, juntando troços, trapos de coisa que só vale pra moda, depois nenhuma serventia. Ninguém merece! Melhor o balanço que as curvas dos quadris da morena sestrosa fazem endoidecer qualquer cristão e vai passando impune dos nossos desejos, eu via e sentia, a me contentar com tão pouco. Ninguém nasceu para viver na pobreza, miséria ou estorno. A vida é igual para cada um e ao seu modo. A mulher é sempre abundância de graça, fartura de vida para os sorteados e as minhas bagagens repletas de sentimentos solidários, só amor pra dar, sou sortudo, quanta desventura! Ah, quem me dera, Carijó, sonhar entre as águas desse rio que nasci e vou daí, desde Capoeiras, melhor dizendo, por aí até a várzea que vai pro fim que não há. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.


DITOS & DESDITOS - Com a ponta da língua pude sentir a semente apontando sob a polpa. Varei-a. O sumo ácido inundou-me a boca. Cuspi a semente: assim queria escrever, indo ao âmago do âmago até atingir a semente resguardada lá no fundo como um feto. Pensamento da escritora premiada e membro da Academia Brasileira de Letras do Brasil e de Lisboa, Lygia Fagundes Telles. Veja mais aqui.

ALGUÉM FALOU: A natureza criou o tapete sem fim que recobre a terra. Dentro da pelagem deste tapete vivem todos os animais respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem. Quem tem força, abusa. Contra a força não há argumento. O homem é uma doença da Natureza - e a pior de todas porque é uma doença inteligente. Teima em superpor à natureza a sua vontade e é, cada vez mais, um conflito lamentável de duas evoluções contrárias, a natural e a humana. A natureza só permite aos gênios uma filha: sua obra. Assim como é de cedo que se torce o pepino, também é trabalhando a criança que se consegue boa safra de adultos. Loucura? Sonho? Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira - mas tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum. Tudo vem dos sonhos. Primeiro sonhamos depois fazemos. Seja você mesmo, porque ou somos nós mesmos, ou não somos coisa nenhuma. Um país se faz com homens e livros. Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê. Pensamento do escritor Monteiro Lobato (1882-1948). Veja mais aqui & aqui.

EDUCAÇÃO DO FUTURO – [...] O ser humano é um ser ao mesmo tempo singular e múltiplo. Dissemos que todo ser humano, tal como o ponto de um holograma, traz em si o cosmo [...]. Trecho extraído da obra Os sete saberes necessários a educação do futuro (Cortez/UNESCO, 2003), do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin. Veja mais aqui.

O QUE É A PESSOA? - A pessoa é o principal ponto de recepção de crenças, buscas, dor, paciência e talento. Encontramos a felicidade lutando no meio de uma tempestade furiosa, sem tocar alaúde ao luar ou recitando poesia no meio das flores. Não importa o que escrevemos, devemos prosseguir com a vida e descrevê-la em profundidade, com carinho e de maneira detalhada e ousada. Não importa o quanto choquemos ou irritemos os leitores, no final, devemos dar-lhes força, deixando-os com uma imagem do futuro. Nossa literatura deve ser instigante e incentivar as pessoas a marcharem adiante. O pensamento da escritora chinesa Ding Ling (1904-1986). Veja mais aqui.

HABEAS CORPUS – O documentário Habeas corpus (2005), de Débora Diniz & Ramon Navarro, conta a história de um habeas corpus apresentado por um padre que impedia que uma jovem, grávida de 5 meses de um feto que não sobreviveria ao parto, interrompesse a gestação, acompanhando o sofrimento de Tatielle, uma jovem mulher de Morrinhos, interior de Goiás. Já sentindo as dores do parto, Tatielle foi mandada embora do hospital onde estava internada em Goiânia. De volta para Morrinhos, Tatielle agonizou cinco dias as dores de um parto proibido pela Religião e pela Justiça. Veja mais aqui.


O SERTANEJO ANTONIO COBRA CHOCA

José Vila Nova

Quando o cangacerismo
Em alto grau admirava
No estado de Alagoas,
O povo todo falava
No coronel Vicentino,
Valente que admirava.

Este coronel morava
Pertinho de Murici,
Um quilometra mais ou menos,
Sendo o mais rico dali
E era o legítimo dono
Do engenho Jundiaí.

O coronel vicentino,
Homens de pequena idade,
Trinta e seis anos talvez
Forte e valente à vontade,
O que quisesse fazia,
Ali por toda cidade

Na arte de conquistador
Era muito viciado
Infinidades de moças
Já havia deflorado
À responsabilidade
Ele nunca foi chamado.

Trabalhar naquele engenho
Alguns sertanejos iam
Com tres ou quatro filhas moças
Porque de nada sabiam
Terminavam na fornalha
As suas filhas perdiam.

Mulher casada ali perto
Ele mandava chamar
E o marido com medo
Era quem ia levar
Não indo no mesmo dia
Ele mandava matar

Ali perto aonde ele
Via uma menina bela
Ele seduzia a pobre
Findava junto com ela
E depois o pagamento
Era matar o pai dela.

Os vigias do engenho
Vigiavam de pertinho
Quando viam uma menina
Filha de qualquer vizinho
Eles levavam logo
Pro coronel Vicentinho.

E assim vivia ali
Aquela sussuarana
Praticando o que queria
Por comum toda semana
E todo mundo temia
Aquela fera tirana.

De quando em vez se achava
O corpo de um desvalido
Assassinado por ele
Sem nada ter cometido
E se guardava o segredo
Estava tudo decidido.

O coronel Vicentinho
Mandou buscar na Bahia
Um cavalo puro-sangue
Por avultada quantia
Montado nesse cavalo
Pra todo canto ele ia.

No dia que o coronel
No engenho se zangava
No cavalo puro-sangue
Num instante ele montava
Saia pisando tudo
Que no caminho encontrava.

Como medo da grande fera
De casa ninguém saia
Se uma pessoa visse
Logo de longe corria
Quando ele estava assim
De ninguém se condoia.

No engenho Jundiaí
Em caldo não se falava
Mel também não se comia
Cana também não se chupava
E no partido de cana
Um cabra não defecava.

Se num partido de cana
Um sujeito defecasse
E por casualidade
Um empregado pegasse
Ele cometia toda
Porqueira que ali ficasse.

Em qualquer um baile perto
Quando o coronel chegava
Ele pegava a beber
No fim da conta obrigava
Toda mulher dançar nua
Não dançando ele matava.

Finalmente era uma fera
O coronel Vicentinho
Andava mais com um negro
Chamado Antonio Passarinho
Era o vigia geral
Na brigada era sozinho.

Porém existe um provérbio
Talvez o leitor conheça
Não há lente que não erre
Duro que não esmoreça
Quem em muitas pedras bole
Uma lhe cai na cabeça.

Um valente encontrar outro
É caso muito aprovado
Quem procura um dia acha
Assim é tudo traçado
Quem pensa que o céu é perto
Morre de braço estirado.

Ninguém pode ser o dono
De tudo que a terra cria
O dinheiro é inimigo
Orgulho é outra heresia
A língua é quem mais castiga
Cada coisa tem seu dia.

Deixo agora o coronel
Como a piranha na loca
Mordendo e matando gente
Como cabra em cana soca
Pra falar num sertanejo
Chamado Antonio Cobra Choca.

Esse Antonio Cobra Choca
Era filho do Teixeira
Era um tipo sarará
Os beiços cheios de frieira
E lá no dia de sábado
Comprava briga na feira.

Os cabelos encruzados
O rosto um tanto pequeno
O corpo um tanto banzeiro
Bebia de andar sereno
Era deste que cuspia
E a bala dava veneno.

Só andava de revolver
Carga dupla carregado
Um punhal de quatro quinas
Destes que chamam lombado
Pelos reveses da sorte
Sempre vivia atrasado.

Houve uma seca em Teixeira
Que deixou sem remissão
A pobreza se acabando
Sem o milho e sem o feijão
E obrigou Cobra Choca
Deixar seu belo sertão.

Cobra Choca conhecendo
Suas estradas à-toas
Despediu-se dos parentes
E mais algumas pessoas
Saiu pra ganhar dinheiro
No Estado de Alagoas.

Abraçou a sua mãe
A velha dona Jacinta
Preparou o seu revolver
Botou o punhal na cinta
Deu um adeus a Teixeira
Partiu num dia de quinta.

Com alpercatas furnidas
Bom revolver e bom punhal
Um grande chapéu de couro
Roupa de caqui afinal
Uns trapos a tiracolo
E pequeno capital.

Com destino às Alagoas
Cobra Choca foi assim
Disse: - Nem tão cedo agora
O Teixeira vê a mim
E mesmo eu não sou jumento
Que espera tempo ruim.

Com dez dias mais ou menos
Passou em Curumati
Canta-Galo, Ponta-Negra
E depois viu de per si
Os grandes canaviais
Do engenho Jundiaí.

Bem pertinho deu-lhe uma
Dor de barriga tirana
Ele arriou os troços
Perto duma jitirana
E saiu quando correndo
Para o partido de cana.

Defecou e levantou-se
Da dor estava abatido
Ia passando um vigia
Perguntou-lhe o enfurecido:
- Me parece que estavas
defecando no partido?

Cobra Choca respondeu-lhe:
- Sim senhor findei agora
deu-me uma dor de barriga
eu das canas fiz escora
aquilo que prejudica
é bom se botar pra fora.

O vigia respondeu-lhe:
- Prepare-se desta vez
para limpar com as mãos
a safadeza que fez
e depois disso levar
de bolos 43.

Cobra Choca preparou-se
Falando bem moderado:
- Está certo eu limpo tudo
pode ficar sem cuidado
saltou, pegou o vigia
fincou-lhe o punhal lombado.

Ele ainda quis gritar
Mas estava aberturado
Cobra respondeu-lhe logo:
Se gritar está derrotado
É com Antonio Cobra Choca
Que você está pegado.

Tomou-lhe logo o seu rifle
Um cacete de quiri
E disse: - Vou arrastá-lo
Tirá-lo logo daqui
E você vai comer toda
Porqueira que fiz aqui,

E arrastou o vigia
O pobre se maldizendo
No lugar de seboseira
Era apanhando e comendo
Se não comer eu lhe sangro
Cobra Choca era dizendo.

O vigia comeu tudo
Como menino chorava
Cobra Choca tomou dele
Cento e dez que ele levava
E disse sorrindo: deste
Cobrinho eu precisava.

- Agora pra não morrer
vá embora, é seu recurso
e avise o coronel
que num pequeno discurso
um cabra lhe obrigou
beber caganeira a pulso.

O vigia viu-se livre
Nessa hora desabou
A Antonio Cobra Choca
Pra casa-grande marchou
Falou na porta e o velho
A ele se apresentou.

Perguntou-lhe o coronel:
- Que deseja amigo meu
aqui por este terreno.
Cobra Choca respondeu:
- Desejo ganhar dinheiro
porque meu sertão morreu.

- Sou natural de Teixeira
do sitio de Pororoca
a mia mãe é Jacinta
meu pai é Pedro Janoca
meu nome próprio é Antonio
apelo Cobra Choca.

O coronel Vicentinho
Aí fez um ar de riso
Disse: - Eu tenho serviços
De gente eu ando no piso
Mesmo de um Cobra Choca
No meu engenho eu preciso.

Em que o senhor trabalha
Faça favor me dizer
Cobra Choca disse: - Em tudo
Que pra mim aparecer
Eu sou um homem pra topar
Só boto pra derreter.

O coronel Vicentinho
Respondeu-lhe: - Olhe acolá
Aquela barraca nova
Ajeite os troços e vá
Mas minha volta é por dentro
Como barba de imbuá.

- Isto de volta é asneira
Cobra Choca respondeu
Porque eu também sou homem
Ninguém é mais do que eu
O homem que der em mim
Pode dizer que morreu.

Saiu e pediu licença
Ao coronel Vicentinho
E procurou a barraca
Pronto pra pegar cedinho
O coronel disse à tropa
Aquela cabra é bonzinho.

O cabo no outro dia
Juntou a sua maloca
Foi á barraca também
Chamou Antonio Cobra Choca
Lhe entregou uma foice
E foram pra uma broca.

Lá Cobra Choca brigou
Com um tal de Gavião
Meteu-lhe a foice num braço
Que o braço arriou no chão
Mas Cobra Choca era bom
Foi quem venceu a questão.

Levaram logo a noticia
Ao coronel Vicentinho
Cobra Choca foi chamado
Para trabalhar sozinho
Era uma várzea de cana
Da casa-grande pertinho.

Agora aqui é preciso
Eu falar em Isabel
Menina de quinze anos
E filha do coronel
Bonita como Iracema
Virgem dos lábios de mel.

Certo dia Isabel
Ia alegre cantando
Passou por perto onde estava
Cobra Choca trabalhando
Ela com a roupa curta
Bonitas pernas mostrando.

Cobra Choca olhou e disse:
- Ó que menina aloprada!
Das pernas do meu agrado
Estava perto um camarada
Ouviu foi logo contar
Aproveitou a parada.

Foi à casa-grande e disso
Ligeiro ao coronel:
- Cobra Choca nesse instante
pilheriou Isabel
e ficou ali na várzea
igual um lobo cruel.

O coronel Vicentinho
Mandou um portado lá
Disse: - Diga ao Cobra Choca
Que sem falta venha cá
Disse Cobra Choca: - Eu vou
Pra ver o que é que há.

Logo imediatamente
Foi e provou ser fiel
Porem foi nem prevenido
Sua volta era cruel
Quando chegou disse assim:
- Pronto senhor coronel.

Irado como um leão
Perguntou-lhe o coronel:
- Disseram-me que você
está um lobo cruel
estava achando bonita
as pernas de Isabel?

Cobra Choca disse: Achei
E fiquei embelezado
Via as pernas da menina
E fiquei todo arrepiado
Se quiser alguma coisa
Disponha de seu criado.

O coronel conheceu
Que era pra se acabar
Disse sorrindo: - Eu mandei
Um portador lhe chamar
Porque eu gosto de homem
Que só diz pra sustentar.

Isabel chegou ali
Fez pra ele um ar de riso
E Cobra Choca com isso
Quase perdia o juízo
E disse: - Do teu amor
Menina santa eu preciso.

Pediu licença e saiu
Uma cartinha anotou
E no outro dia quando
A hora se aproximou
Pela varanda alta noite
A ela a carta entregou.

Convidou-a pra fugir
E marcando logo o dia
Ela lhe disse que sim
Com perfeita garantia
Trataram e ele saiu
Pra barraca onde vivia

Preparou as suas armas
Na hora se dirigiu
Meia-noite mais ou menos
Com a menina saiu
O coronel Vicentinho
Estava dormindo, não viu.

Ele a palestrar com ela
Como quem não se aperreia
A lua brilhava muito
Dos vales até a aldeia
Quando o dia amanheceu
Estavam com légua e meia.

Deixo agora o Cobra Choca
Palestrando no caminho
Com Isabel sua noiva
Gozando dela o carinho
Para referir-me um pouco
Ao coronel Vicentinho.

Quando o dia amanheceu
A criada fez na hora
O café e acordou
O coronel sem demora
Depois disse ao coronel:
- Dona Isabel foi embora.

O coronel Vicentinho
Ficou igual um leão
Chamou Curuja e Castelo
Aratanha e Putrião
E disse logo aos cabras:
- Vão me buscar um ladrão.

- É Antonio Cobra Choca
disse assim o coronel
pois ontem á madrugada
ele levou Isabel
peguem e matem lá mesmo
façam um trabalho cruel.

Disseram os cabras: - Nós vamos
Lá não deixemos ninguém
O coronel disse: -Agora
Resolvi e vou também
Eu mesmo quero sangrá-lo
E bebo o sangue que tem.

Saíram os quatro cabras
E na frente o coronel
Com 5 leguas distantes
No sitio do Rafael
Avistaram Cobra Choca
No colo de Isabel.

Quando Isabel viu a tropa
Valeu-se logo em chorar
Porem Cobra Choca disse-lhe:
- Sente-se, vá descansar
que você vai ver agora
Cobra Choca vadiar.

Armou-se e tomou a frente
Assim que a tropa veio
A tropa fez logo fogo
E Cobra Choca no meio
Com dez minutos de luta
O estandarte era feio.

Cobra Choca matou tres
Naquela ocasião
Ficou Antonio Passarinho
Mas quase morto no chão
O coronel Vicentinho
Aí mudou de feição

Cobra Choca partiu
Feito uma fera assanhada
Pra pegar o coronel
Ele estranhou a parada
Viu que morria entregou-se
Mesmo no meio da estrada

Não me mate Cobra Choca
Respondeu-lhe o coronel
Que lhe dou com muito gosto
A minha filha Isabel
E será de hora em diante
Meu genro amável e fiel.

Ele suspendeu as armas
O barulho terminou-se
Foram onde estava Isabel
Com o pai ela abraçou-se
Saíram para o engenho
O prazer manifestou-se.

E Cobra Choca casou-se
Com sua noiva Isabel
Ficou o maior amigo
Da sogra e do coronel
E o coronel dizia:
- Cobra Choca é cascavel.

Ficou morando com ele
Muito alegre e prazenteiro
O coronel Vicentinho
Deixou de ser cangaceiro
Ficou igual uma ovelha
Depois que apanhou primeiro.

No engenho Jundiaí
Hoje não tem mais maloca
Come-se mel à vontade
Ali todo mundo emboca
Graças a Jesus primeiro
E a Antonio Cobra Choca.

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