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quarta-feira, maio 16, 2012

KATE MILLETT, MAGGIE JACKSON, IBN HAZM, IBN AL-SHERESHI, LITERÓTICA

AS DELÍCIAS DO POMAR DELA – Seu corpo é o pomar de todas as delícias. É onde me esbaldo de não mais querer sair, desistindo do mundo e de tudo. Cubro todo seu terreiro, feito menino matreiro fugindo pelo quintal. Demais de legal, me atrepo por todos os galhos do seu desejo, busco seu talho, seu beijo, feito peralta carente. É no seu corpo que me faço que nem gente: vivo, sonho e realizo. E sem aviso aperto seu jeito como se espremesse carinhosamente a fruta no pé. Ah, que bom que é, chega sinto o sumo descer embaixo, eita, acendeu o facho, como é bom demais! Muito demais. Ah, é um bom caju, melhor embu. Dulcíssima graviola, suco de carambola, acerola na mão. Do seu bago sou chupão. E na sua pele de cajá, sabor de maracujá. Ah, me dá teu ingá que eu te dou meu araçá! Quero comer sua goiaba e toda mangaba. Chupar sua manga, ah, lamber seus peitinhos com sabor de pitanga, nada melhor, seja o que o for. Prazer de abacaxi, feito um sapoti! E faz a banana ser sua cana-caiana, ave, deus, avali. Água na boca, uma vida muito louca, foi tudo que eu pedi. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui, aquiaqui.

 


DITOS & DESDITOS - Sou muito infantil para ser imaturo. Eu amo a internet; Eu estou nisso o tempo todo. Todo homem é um herói para seu pseudônimo. Pensamento do escritor e crítico cultural estadunidense Lee Siegel, autor da obra Against the machine: being human in the age of the eletrônica mob (Spiegel & Grau, 2008), na qual expressa que: No mundo surreal da Web 2.0, a retórica de democracia, liberdade e acesso é usualmente uma folha de aprreira para uma retórica antidemocrática e coercitiva; onde ambições comerciais se disfarçam na pele de cordeiro dos valores humanísticos; e onde, ironicamente a tecbologia fez voltar o relógio do prazer desinteressado da arte popular e erudita para uma cultura primitiva de interesses próprios, toscos e avarentos. Sobre a Internet ele assevera que: É um desastre sem proporções. Está destruindo o jornalismo neste país, por exemplo. É uma estupidez que uma inovação tecnológica esteja comprometendo a qualidade do jornalismo, ao invés de melhorá-la. Não vejo nada novo ou original vindo dali. Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Eu escrevo sobre os aspectos intangíveis cruciais da vida - casa, atenção, incerteza - que muitas vezes esquecemos na era tecnológica, e procuro maneiras de contrabalançar a inquietação, velocidade, complexidade e natureza centrada na máquina de nossos tempos com calma, reverência , lucidez e humanidade. Não sou um ludita, nem estou fascinado pela tecnologia. Eu me considero um usuário com os olhos bem abertos e alguém que está constantemente perguntando: que tipo de humano queremos ser, hoje e no futuro? Pensamento da escritora e jornalista estadunidense Maggie Jackson, autora da obra Distracted: The Erosion of Attention and the Coming Dark Age (Prometheus, 2008) em que expõe a vida cibercêntrica com a deficiência de atenção, ou seja, que a erosão da capacidade de atenção profunda e plena consciência provocada pela vida cibercêntrica traz gritantes implicações para uma sociedade saudável, por nutrir uma cultura de difusão e desapego. Com a atenção dispersa entre os bips e pings de um mundo de botões, cada vez menos há capacidade de fazer uma pausa, refletir e conectar profundamente.

 

OUTRA QUE ALGUEM FALOU: Assuma o controle de sua vida, o que acontece? Algo terrível: não há ninguém para culpar. Pensamento da escritora estadunidense Erica Jong. Veja mais aqui e aqui.

 

A TRISTE SINA DE IBN HAZM & O COLAR DA POMBA- O polímata, historiador, jurista e filósofo muçulmano andaluz Ibn Hazm(Mohamed Ali ibn Ahmad ibn Said ibn Hazm, 994-1064), foi descrito como um dos hadith proponente e codificador da escola de pensamento islâmico Zahiri. Era filho do ministro de Al-Mansur e foi criado no harém do palácio de Córdova, no qual recebeu educação até a adolescência. Seu pai morreu em 1012, após ter conhecido as amarguras de uma grande desgraça. Aos 20 anos ele é forçado a deixar Córdova, caçado pelos Berberes almorávidas. Libertado, ele retoma o caminho do exílio e se apresenta em Valência onde novamente é aprisionado, só sendo libertado para ser ministro do Omíada Abd al-Rahman, que será assassinado numa conspiração e retoma o caminho da prisão. é quando compõe o célebre Tawk el hamama – O colar da Pomba. Depois se dedica à ciência e ao direito, porém seu temperamento combativo e sobretudo o desejo de contrariar a ortodoxia reinante o compelem a fazer-se defensor de uma escola heterodoxa, a dos Ahl adh’dhahir, ou escola da verdadeira religião. Intransigente, polemista dotado de uma pena acirrada e impiedosa, foi proibido de professar na grande Mesquita de Córdova. Em Sevilha os seus livros são publicamente queimados e sua efigie decapitada. Assim, foi preso, jogado na prisão e expulso da ilha. oprimido por tantas infelicidades, até acabar seus dias numa propriedade rural da família Badajoz. Ele produziu mais de 400 obras, mais de 80 mil páginas que o fez um dos principais pensadores do mundo muçulmano. Dele encontra-se o poema Al-Mahribi de flâmulas dos defensores: Você veio até mim um pouco antes / os cristãos tocaram seus sinos. / A meia-lua estava subindo / parecendo a sobrancelha de um velho / ou um delicado peito do pé. / E embora ainda fosse noite / quando você veio um arco-íris / brilhava no horizonte, / mostrando quantas cores / como a cauda de um pavão. Veja mais aqui.

 

POLÍTICA SEXUAL – [...] Uma revolução sexual exigiria antes de mais, talvez, o fim das inibições e tabus sexuais, especialmente aqueles que mais ameaçam o casamento monógamo tradicional: a homossexualidade, a «ilegitimidade», as relações sexuais pré-matrimoniais e na adolescência. Deste modo, o aspecto negativo no qual a atividade sexual tem sido geralmente envolvida seria necessariamente eliminado, juntamente com o código moral ambivalente e a prostituição. Esta revolução teria por objetivo estabelecer um princípio único de tolerância, completamente alheio aos sórdidos e alienantes fundamentos econômicos das tradicionais alianças sexuais. [...] O princípio tutelar, frequente na jurisprudência ocidental, colocava a mulher casada numa condição de objeto durante toda a vida. O marido passava a ser uma espécie de tutor legal, como se com o casamento ela passasse a fazer parte da categoria dos loucos e atrasados mentais, que, de um ponto de vista legal, eram também considerados como «mortos aos olhos da lei». Por muito irresponsável que o marido fosse e indiferente ao bem-estar dos seus filhos, ele estava legalmente autorizado a exigir e receber em qualquer momento os salários da mulher, mesmo sacrificando a vida dos que dele dependiam. Como chefe de família, da qual era proprietário, tinha poderes para privar a mãe dos seus próprios filhos, que legalmente lhe pertenciam, se quisesse abandoná-la ou divorciar-se dela. Um pai, tal como um negreiro, podia recorrer à lei para reclamar os seus bens mobiliários, sempre que quisesse. Podia reter a mulher contra sua vontade; as esposas inglesas que se recusassem a voltar para casa podiam ser presas. Se o marido morria sem deixar testamento, o Estado podia apropriar-se de todos os seus bens (porque legalmente todos os bens lhe pertenciam) sem deixar nada à viúva, ou apenas aquilo que entendesse conferir-lhe. A legislação de Nova Iorque era edificante e minuciosa neste aspecto; indiferente ao número de filhos, enumerava o seguinte como sendo devido à viúva: A Bíblia da família, quadros, livros escolares e todos os livros que não ultrapassem o valor de 50 dólares: rodas de fiar, teares e fogões; dez ovelhas e as suas peles, dois porcos. [...] Todo o vestuário necessário, camas, armações de cama, colchões e lençóis; os fatos da viúva e ornamentos próprios à sua condição. Uma mesa, seis cadeiras, seis facas e garfos, seis chávenas de chá e respectivos pires, um açucareiro, um bule de leite, um bule de chá e seis colheres. O exemplo mais parecido com o casamento é o feudalismo. [...] Trechos extraídos da obra Política Sexual (Dom Quixote, 1969), da escritora, artista, educadora e ativista estadunidense Kate Millett (1934-2017), que é considerado a “bíblia da liberação das mulheres”. Da autora há uma série de frases lapidares: O amor tem sido o ópio das mulheres como a religião o das massas. Enquanto amávamos, eles governavam. Pode ser que não é que o amor em si é ruim, mas a maneira como foi usado para persuadir a mulher e torná-la dependente, em todos os sentidos. Entre os seres livres é outra coisa O amor é simplesmente para permitir o outro a ser, viver, crescer, expandir e se tornar. Uma apreciação que não exige e nem espera nada em troca... É interessante ver que muitas mulheres não se reconhecem como discriminadas. Não foi encontrada melhor prova da totalidade de seu condicionamento... Sobre o patriarcado, a autora expressa que: O patriarcado é uma ideologia dominante sem comparação; é provável que nunca nenhum outro sistema tenha exercido um controle tão completo sobre seus sujeitos. [...] Ele se apoia em princípios fundamentais de que o macho tem que dominar a fêmea... As diferenças intelectuais entre o homem e a mulher são apenas consequências naturais das diferenças na educação e condicionamento e não implicam qualquer desigualdade fundamental e ainda menos uma inferioridade notória baseada na natureza... Um dos mitos favoritos da mentalidade conservadora consiste precisamente na ideia de que toda mulher é uma mãe em potencial... Veja mais aqui e aqui.

 

UM POEMA SOBRE A VELHICE Ó povo da Andaluzia, vós compreendestes / Graças a vossa inteligência, uma coisa sutil: / para chorar vossos mortos vós vestis o branco. / Parecendo, talvez, um estranho traje / vós tendes razão: o branco é a verdadeira cor do luto. / Que luto é mais triste que a brancura dos cabelos? Poema do historiador e poeta muçulmano andaluz Ibn al-Shereshi sobre a velhice. Dele também é encontrada a anedota: Os homens que voltaram daquele lugar disseram que foram testemunhas de um horror como nunca tinham visto. Eles levaram os homens diante de um altar coberto de sangue, e um havia sido curvado sobre ele, e eles assistiram com horror como o seu o peito foi perfurado e seu coração foi arrancado de seu peito. Eles nos contaram com horror como os politeístas gritavam aos seus ídolos, e naquele momento eles sabiam que só podiam estar chamando o shayatan. Seus guias lhes disseram que os ídolos exigiram muito deles, mas eles não poderiam saber que seria assim. Tão aterrorizados ficaram que os atacaram com fúria e mataram vários deles, antes que fossem expulsos para além das muralhas de Tuloom e voltassem para seus navios no horror do que tinham visto. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

BREBOTES & OUTROS CLECKS ARRUELADOS


ABRE-TE SÉSAMO, MONSTESQUIEU – O que será que está escondido na sala secreta da CPMI do Cachoeira? Nossa, até o STF entra na dança. Pra mim é a proteção de poderosos no conluio nebuloso entre o Executivo, Legislativo e Judiciário, justo como propunha a Teoria dos Três Poderes do filosofo iluminista francês Montesquieu: cada poder deve ser autônomo para exercer determinada função e ser harmônicos entre si. E quando ocorre essa harmonia a gente já sabe: quem paga o pato é o povo! E Viva o Fecamepa!!!!!!


CACHOEIRA ABAIXO – Já vi tudo: vai descer cachoeira abaixo uma tuia de gatunildo e ladronaldo. Uns serão expostos ao opróbrio popular (já começou o circo!); outros, sairão com o pára-brisa trincado (cara dum, cara doutro, quem não pisar vira gafanhoto!); alguns mais fortes, farão a briga toda, sairão impune e a gente com uma pizza enorme ruim de digerir. Vê aí como é que é essa CPMI do Cachoeira.


DECLARAÇÃO DE AMOR – Michael Moore fez sua declaração de amor aos USA com o seu Capitalism: a love story. Eu fiz a minha ao Brasil: Fecamepa. E você? Aproveita o intervalo da televisão e raciocina um pouco, tá?


IMPRENSA BRASILEIRA: O QUE É, O QUE É? – Se os donos dos veículos de comunicação de massa do Brasil ou são políticos ou achegados deles, ou seja: de um dos lados do poder a imprensa está: ou a favor, ou contra. A pergunta que não quer calar: se a imprensa é o quarto poder e ou está do contra ou a favor do poder, onde fica o povo brasileiro nessa relação? E olhe que a imprensa deve primar pelo interesse público. Será? E o povo onde é que está nessa hora????? E haja BigShit Bôbras.

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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitoras comemorando a festa Tataritaritatá!
Art by Ísis Nefelibata
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: 
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segunda-feira, julho 18, 2011

MAX JACOB, IAN MCEWAN, EVE ARNOLD, DIA BRANCO & LITERÓTICA

 

A arte da fotógrafa e pioneira fotojornalista estadunidense Eve Arnold (1912-2012).

 

 DIA BRANCO – Imagem: art by Ísis Nefelibata - Estava eu desamparado de tudo quando saí pra vida e ela surgiu sussurrando lindo o “Dia branco”. Minha alma Geraldinho Azevedo logo se arrepiou, entregou os pontos e embalamos coro no palco da vida. Era o amor. Bastou uma centelha, nada mais. Apenas, um riso de mulher. E tudo ficou sendo como se eu tivesse acabado de ser parido: eu nasci entre um rio e um sorriso de mulher. Nada melhor para me recolocar na vida saindo do negrume desalmado da indiferença para alcançar a esperança real. Aí cantamos e nos embalamos na noite imensa quando beijei seus olhos de dias infindos. Foi quando percebi seus braços quase véus divinos de todas as estrelas do universo, me enlaçando o pescoço para levar meus lábios até seus lábios ardentes e feitos de rios que nos levam caudalosos pelas corredeiras mais distantes de tanto se entregar. E nos beijamos imensamente como se a vez fosse para redimir todas as minhas dores e remediar todas as minhas cicatrizes abertas e chagadas, sarando tudo ao mais leve eflúvio do encanto altaneiro de um beijo de mulher. E nos abraçamos inteiramente entregues um ao outro sem jamais dar conta de nada nem de nós que estávamos à beira extrema da paixão irremediável que clamava por nós todos os nossos fôlegos de acrobacias e danças. E nos envolvemos inteiros até que lhe lambi as faces, mordi-lhe a carne do ombro, pescoço, seios, troncos e lhe lambuzei os ductos até saltar-lhe o umbigo e me embrenhar na sua selva pubiana e sobejar suas águas e me fartar do seu pote de todos os sonhos de amor. E nos sorvemos um ao outro como se jamais pudéssemos saciar nossas vontades e a nos travar definitivamente pela loucura de estarmos servos mútuos e perenes prontos para que dali criássemos um mundo possível de viver. Foi quando gozamos o mais impossível de todos os gozos até nos extasiarmos de estarmos vivos e prontos para viver além da própria vida. E compartilhamos e dividimos e nos entregamos. Agora só quero quem me quer. . © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aquiaqui.

 


DITOS & DESDITOS: A mulher é um mutante. Não somente porque oscila, em hormônios e humores, mas porque é um dos poucos seres capazes de transfiguração sem jamais atingir uma forma definida. Pensamento da jornalista Kika Salvi (Bravo, abril 2007), autora do livro Mulher à moda antiga: um olhar de holofote sobre os relacionamentos (DVS, 2007), realizando uma espécie de viagem cheia de aventuras e mostrar que, na essência, a aventura do percurso pode ser mais encantadora do que o destino final, abordando, portanto, por meio de um conjunto de crônicas, os relacionamentos de forma geral, num contexto contemporâneo, moderno, e bem humorado, contando ainda com uma boa dose de sentimentos. Kika faz uma meticulosa, apaixonada e descarada especulação sobre o amor e o sexo nestes tempos de individualismo imperativo.

 

ALGUÉM FALOU: O evangelho da popularidade alcançou tal ponto nesse mundo de cabeça para baixo, que qualquer um, poderoso ou renomado, torna-se um bajulador diante da possibilidade de ser impopular. A internet é um universo paralelo que raramente se cruza com outras esferas da vida, fora dos seus parâmetros defensivos. Pensamento do escritor e crítico cultural estadunidense Lee Siegel, autor do livro Against the machine: being human in the age of the eletrônica mob (Contra a máquina - sendo humano na era da turba eletrônica - Spiegel & Grau, 2008), que é um libelo contra a internet e inovações tecnológicas em geral.

 

SERENA - [...] Meu nome é Serena Frome (a pronúncia é Frum) e há quase quarenta anos fui enviada numa missão secreta do Serviço de Segurança britânico. Eu não voltei em segurança. Um ano e meio depois de entrar fui despedida, depois de ter caído em desgraça e acabado com a vida do meu namorado, embora ele certamente tenha tido um pouco a ver com sua própria queda [...] Mas eu perdi a virgindade no primeiro semestre, varias vezes seguidas, parecia, já que na época todo mundo adotava um estilo caladão e desajeitado, e tive uma agradável sucessão de namorados, seis ou sete ou oito ao longo dos nove semestres, dependendo das definições de carnalidade que você considera. Eu fiz um punhado de boas amizades entre as mulheres do Newnham. Joguei tenis e li livros. Totalmente graças a minha mãe, eu estava estudando o assunto errado, mas não parei de ler. Eu nunca tinha lido muita poesia ou pecas de teatro na escola, mas acho que os romances davam mais prazer a mim que aos meus amigos da universidade, que eram obrigados a suar para dar conta de ensaios semanais sobre Middlemarch ou Feira das vaidades. Eu passava correndo por esses mesmos livros, jogava conversa fora sobre eles, talvez, se houvesse alguém por ali que conseguisse tolerar o meu nível básico de discurso, e ai seguia em frente. Ler não era o meu jeito de pensar em matemática. Mais que isso (ou será que eu quero dizer menos?), era o meu jeito de não pensar. [...]. Trechos extraídos da obra Serena (Cia. das Letras, 2012), do escritor britânico Ian McEwan. Veja mais aqui.

 

MEDO - Têm um riso pavoroso. Descem da montanha aos gritos. Parecem estar bêbedos, mas não estão. Tento correr. Sei que é impossível. O pior! É o fim do mundo! Estes homens negros e mascarados! o último suplício: aqueles que resistiram (como se pode morrer ainda mais?) serão mergulhados em água a ferver. E nem uma única recordação consoladora. Acordem-me deste sono de suor e morte. Acordem-me antes que adormeça. Poema do escritor, pintor e crítico francês Max Jacob (1876-1944).

 


MAMULENGO - Quem vai passando arrepare, quem já parou, atenção / Eis que é chegada a hora de ouvir com emoção / História de amor e guerra / Trazidas lá de uma terra da nossa imaginação / É uma terra sem fronteiras de nome São Saruê / Que a procura não acha/quem mais olha menos vê / Que não existe nos livros nem nos mapas / Mas vou mostrar pra vocês – Vila Mamulengo – OlhoD’Água Alexânia – GO – [...] Existia numa fazenda no interior do Estado de Pernambuco, um senhor de muitos escravos. Ele era rústico, perverso para seus escravos. Quando um deles adoecia, mandava matar e ficava tão somente com os escravos que gozavam de perfeita saúde, porque dizia ele: ‘Escravo doente não dá produção’. E entre outros existia um preto [...] de nome Tião. Por ele chegar atrasado um dia no serviço, o seu senhor chamou sua atenção dizendo: -Por que chegasse tão atrasado? Ele disse: -Senhor, cheguei atrasado porque Maria, minha mulher recebeu a visita da cegonha. Então o senhor lhe diz: -Negro imbecil, quem recebe visita da cegonha é a minha esposa, não a tua negra. A tua negra recebe, sim, a visita de um urubu. O negrinho ficou chocado, mas reclamou:-Senhor, não é possível, também somos humanos.-Tu já sabes falar, não é? Vais ser barbaramente açoitado para que sirva de exemplo para os outros.Então bateu no negro e botou no tronco. À noite, quando o negro chegou na senzala e justamente no lugar dormia, começou a lamentar a situação e dizendo para os outros: - O senhorzinho não parece ter aquilo que nós temos detrás do peito e que se chama coração. Parece que dentro do peito dele tem uma pedra. Até a cara dele é de pau. Mais do que depressa, o preto praticamente esculturou uma figura, envolvendo em trapos, atravessando uma esteira na porteira da senzala, começou fazendo tudo o que o patrão fazia ao correr do dia dele:-Vai, negro vadio, trabalha, negro é como porco, mata-se um, encontra-se outro.No meio dele tinha um preto que era muito chaleira. Correu à casa-grande e disse: -Senhor, Tião está mangando do senhor, fazendo tudo o que o senhor faz com ‘nóis’ no dia.Ele então veio e disse:-Vou dar-lhe um castigo. Apanhou um bruto chicote, ‘chega’ na porta da senzala ficou apreciando o resto da história do preto. Quando viram o senhor, ajoelharam-se, curvaram-se respeitosamente, pediram piedade:-Senhor, não fui eu, foi Tião. - Tião, como falasse a verdade vai ser perdoado. Todos aqueles que falavam a verdade merecem perdão. Volta ele para a casa-grande onde encontrou a sua esposa. Então ela disse para ele: - Não sois tão ‘bravio’, tão corajoso, então por que deixas que um negro mangue de ti? Ele, chocado com aquilo, no dia seguinte disse a Tião: - Tião, agora você vai fazer o mesmo que fez comigo com a sua sinhá. - Senhor, o senhor tem um coração perverso e a minha sinhazinha tem pior. É fácil dela me mandar matar. - Quem manda aqui sou eu. Escultura. Ele fez a escultura e começou novamente no outro dia. Fazia a mesma coisa. O negro saiu de entre os outros e foi avisar a sua sinhá: - Sinhazinha, Tião agora tá fazendo a mesma coisa com a senhora. Ela levanta-se e diz: - Tu não bateste nele, mas eu vou bater. Entra, então ele apanha ela pela mão e diz: - Não. A cumieira sou eu, você fala depois. Volte, descanse. No outro dia o administrador censurou os dois. Então o negrinho levantou-se do mesmo canto e foi dizer. Acontece que o negro foi justamente o pivô dessa situação. O administrador quis bater, mas não foi possível. Então o patrão veio e disse: - Tião, de hoje em diante tu continua com essa pequena diversão, uma vez que depois do teu trabalho, cansado, tu nada tem o que fazer e nem tem diversão nenhuma. Continua com esse mamulengo. Tião, contente com aquilo, continuou todos os sábados fazer o mamulengo nessa cidade. E daí começou o mamulengo nordestino. Esse conto tem bastante aceitação, e, certamente, essa história foi repetida várias vezes, com mudança de detalhes, mas mantêm a originalidade. Assim sendo, a brincadeira do mamulengo se espalha e encontra espaço em várias cidades do Estado de Pernambuco. [...]. Trechos extraídos da obra Fisionomia e Espírito do Mamulengo (Inacen, 1987), de Hermilo Borga Filho. Veja mais aqui e aqui.

 


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VERA IACONELLI, RITA DOVE, CAMILLA LÄCKBERG & DEMOROU MUITO

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Tempo Mínimo (2019), Hoje (2021), Andar com Gil (2023) e Delia Fischer Beyond Bossa (202...