
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do guitarrista húngaro Gábor Szabó (1936-1982): Dreams, Bacanal & Budapest; da cantora e
compositora performática inglesa Kate Bush: Hammersmith Odeon, The Tour of Life & Hounds
of Love; &
muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de
Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] a
natureza que produz tantos belos objetos deve possuir ela mesma uma beleza
muito superior. Mas, como não temos o hábito de ver o interior das coisas que
não conhecemos, restringimo-nos ao seu exterior, ignorando que é dentro delas
que se esconde o que nos comove [...]. Pensamento extraído da obra Enéadas (Polar, 2000), do filósofo grego
Plotino (204-270), reunindo tratados
que versam sobre ser vivo, a virtude, dialética, a verdadeira felicidade, a
beleza, a natureza, a matéria, a potencialidade e a atualidade, a qualidade e a
substância, o destino, a providência, o amor, a impassividade do incorpóreo, a
natureza, a essência da alma, as três hipóstases primárias, a beleza
inteligível, o tipos de ser, entre outros. Veja mais aqui.
A ARTE & A NATUREZA - [...] O
poeta é bem mais que um artesão cuja tarefa rompe a relação de intimidade do
homem com a natureza; o poeta é inspirado pela natureza, que dele se serve para
se dizer através das figuras da arte. A exigência que o artista sente como uma
missão – pois ele muitas vezes está pronto a tudo sacrificar-lhe – é a de uma
tarefa que o supera, possuindo-o; a natureza que o convida espera dele e de sua
singularidade que manifestem o devir do sentido, ou seja, o ser no seu
aparecer. Como se a natureza tivesse estado impaciente por dizer-se numa
consciência, a arte, qual uma luz transfigurando o espaço tenebroso das
cavernas, pareceu na autora da humanidade desde que o homem superou sua
animalidade. Cooperando com o ser, a arte, permitindo ao homem voltar às
paragens originárias da qual se faz eco, é também uma participação no ser.
Assim a natureza quer a arte: o homem artista é um momento privilegiado do ser,
o momento em que o sentido se concentra. [...]. Trecho extraído da obra A arte da natureza (Papirus, 1991), do
filósofo e crítico de arte francês Michel
Ribon.
A FÁBULA DE AMOR E PSIQUE – I - Era
uma vez um rei e uma rainha que possuíam três filhas muito belas. Com relação
às duas mais velhas, conquanto extremamente graciosas, ainda seria possível
louvá-las com palavras humanas; mas ninguém conseguiria descrever a esplêndida
beleza da mais moça, e não existiam palavras com as quais fosse possível
celebrá-la dignamente. De fato, tanto os moradores do lugar, como os
forasteiros que, atraídos pela fama daquela maravilha, acorriam continuamente à
cidade, ficavam boquiabertos diante dos encantos de tão formosa donzela e,
colocando a mão direita diante dos lábios dos lábios enquanto aproximavam o
indicador do polegar direito, veneravam-na como se costuma fazer nos templos,
quase como se fosse a própria Vênus em pessoa. E já se espalhara pelas cidades
vizinhas a notícia de que a deusa, gerada no cerúleo abismo do mar, e
alimentada pelo orvalho das vagas espumejantes, havia descido à terra e vagava
pelo meio do povo, ou que provavelmente um novo germe de gotas celestes, não
mais nos mares e, sim, na terra, dera nascimento a uma nova Vênus, adornada
pelas flores da virgindade. Assim a
fama daquele prodígio cada vez mais avultava, espalhava-se e difundia-se também
pelas ilhas vizinhas, assim como por muitas regiões da terra. Um sem-número de
mortais acorria para admirar a nova maravilha do século, para isso se
sujeitando a longas viagens e atravessando mares profundos. Ninguém mais
navegava para Pato, ou para Cnido, e nem mesmo para a própria Citera, a fim de
chegar à presença de Vênus. Os sacrifícios eram adiados, os templos perdiam o
seu esplendor, todos passavam, indiferentes, pela frente desses templos, e
negligenciavam-lhes as cerimônias; sem coroa quedavam as imagens, sem adornos
nos altares, e sujos de cinza fria. Era à donzela que dirigiam suas preces e no
seu rosto humano celebravam a majestade da augusta deusa. O nome de Vênus
ausente era glorificado com vítimas e banquetes na presença da virgem, durante
seus passeios matinais, e quando ela passava pelas praças do povo a
homenageava, tecendo coroas e atirando flores à sua passagem. Porém, aquele
culto a uma jovem mortal, à qual irreverentemente outorgavam honras celestes,
acordou um violento despeito na verdadeira Vênus que, indignada, sacudindo a
cabeça, fremente de cólera, assim falou: - Eu, antiga geradora das coisas da
natureza, origem primeira dos elementos, alma Vênus de toda a orbe, vejo-me
reduzida a dividir as honras dos altares com uma jovem mortal, e o meu nome,
venerado no céu, está sendo profanado com vulgaridades terrenas. E também terei
de suportar, com humilhação para a minha divindade, que o meu culto seja
substituído por um ritual equivoco, e que uma jovem mortal passeie a minha
imagem. Debalde aquele pastor, cuja fé e cujo bom sendo foram elogiados pelo
sumo Júpiter, debalde celebrou ele a minha beleza perante os maiores deuses.
Mas essa mortal, seja quem for, não desfrutará durante muito tempo honras que
me são devidas; porque farei com que a sua ilícita beleza lhe seja motivo de
consternação. Sem perda de tempo, Vênus chama o seu alado e um tanto quanto
temerário filho, aquele que, desrespeitando com seu mau comportamento a pública
disciplina, armado de tochas e setas, se introduz nas casas à noite, aqui e
ali, corrompendo as esposas alheias, que comete impunemente inúmeras ações
vergonhosas e, em suma, nada faz de louvável. Leva o deus, já insolente e
desenfreado por natureza, àquela cidade, mostra-lhe Psiquê, como se chamava a
jovem, relata-lhe tintim por tintim tudo quanto se relacionava com a beldade
rival e, gemendo, palpitante de indignação, assim lhe fala: - Suplico-te pelos
laços do afeto materno, pelas suaves feridas das tuas flechas, pelas doces
queimaduras deste teu facho, que vingues satisfatoriamente a tua mãe, que
castigues tão insolente criatura, que executes esta única tarefa: faze com que
a virgem se consuma de amor ardentíssimo pelo homem condenado pelo destino a
ser o mais abjeto de todos em relação à honra, ao patrimônio, à liberdade,
enfim tão abjeto que no mundo inteiro não seja possível encontrar outro que lhe
chegue aos pés em infâmia. Depois de assim falar, beijou longa e ardentemente o
filho, estreitou-o contra peito, dirigiu-se às vizinhas praias do mar em
refluxo e, caminhando sobre a espumejante superfície das ondas palpitantes,
mergulhou no fundo enxuto do mar. Tal como desejava, exatamente como se o
tivesse ordenado, não tardaram os favores do mar: vieram-lhe ao encontro as
filhas de Nereu, cantando em coro, e o áspero Portuno, de barbas cerúleas, e
Salácia, com o seio carregado de peixes; e o pequeno Palemon, que guiava um
delfim; e o bando de Tritões, saltitando pelo mar inteiro: um deles faz ressoar
suavemente uma concha sonora, outro abriga a deusa, sob uma colcha de das, dos
raios molestos do sol, um terceiro coloca-lhe um espelho diante dos olhos,
outros chegam em coches puxados por dois cavalos. Era esse o exército que
escoltava Vênus na sua viagem pelo Oceano. [...]. Trecho extraído da obra Eros & Psique (FTD, 2009), do
escritor e filósofo romano Lúcio Apuleio(125-170). Veja mais aqui.
DOIS POEMAS – PELA
MANHÃO À JANELA – Estão remexendo os pratos do café da manhã / na cozinha dos
andares térreos / ao longo das atropelas esquinas da rua. / Estou consciente
das nevoentas almas das criadas de casa / rebentando desesperançadas nas áreas
do portão. / As cinzentas ondas do nevoeiro para mim viram / faces retorcidas
desde o fundo da rua / e rasgam de uma transeunte de saia enlameada / um
sorriso sem alvo que esvoaça no ar / e desaparece além no nível dos telhados. O
BOSTON EVENING TRANSCRIPT – Os leitores do Boston Evening Transcript / dançam
ao vento como um campo de trigo. / Quando a tarde desmaia nas ruas, / acordando
em alguns o apetite da vida / e trazendo a outros Boston Evening Transcrip, /
subo as escadas e toco a campainha, volvendo-me / cansando, como alguém que se
volvesse para / dizer adeus a Rochefoucauld, / se as ruas fossem o tempo / e
ele estivesse no fim da rua, / e digo: Tia Harriet, aqui está o Boston Evening
Transcript. Poemas do poeta, dramaturgo, crítico literário inglês e Prêmio
Nobel de 1948, Thomas Stearns Eliot (1888-1965). Veja mais aqui.
A ARTE DE MARISA MERZ
A arte da escultora e artista visual italiana Marisa Merz.
VII
Congresso Internacional Matéria-Prima: práticas das Artes Visuais no ensino
básico e secundário & muito mais na Agenda
aqui.
&
Altas horas da madrugada, a poesia
Carlos Drummond Andrade, a arte de Edgar Degas & a música de Sueli Costa aqui.