Não é se você realmente chora. É se a audiência pensa que você está
chorando. Eu nunca busquei sucesso para adquirir fama e dinheiro; é o talento e
a paixão que conta no sucesso. Sucesso é conseguir o
que você quer; felicidade é querer o que você consegue. Você deve treinar sua intuição - você deve confiar na vozinha dentro de
você que lhe diz exatamente o que dizer, o que decidir. Seja você mesmo. O mundo adora o original.
A arte da atriz sueca Ingrid Bergman (1915-1982).
UMA PROSA DE AMOR PARA INGRID – Naquela tarde ela veio como sempre: a bela de
Estocolmo que herdou do pai fotógrafo o amor pelo teatro, na ausência da mãe que
lhe deixara aos dois anos de idade. Vi-a fulgurante como no dia da estreia de Crime de Siwertz. Nem havia concluído o
curso de Arte Dramática, já estreava no cinema pela mão de um caçador de
talentos. Logo ficou famosa. Era ela exuberantemente bela: sobrancelhas
grossas, muito alta, nome alemão: Eu Sou
Ingrid. E se firmava cada vez mais determinada. De Landskamp, o primeiro passo; O conde Munkbro parecia levar-lhe mais
longe e foi: Intermezzo – a love story. Daí foi acumulando prêmios e aplausos: À meia luz, uma mulher que acreditava estar louca; era a Ilsa Lund
de Casablanca, a Maria de Por quem os sinos dobram, a doutora
Constace Petersen de Quando fala o
coração, a Clio Dulaine de Mulher exótica,
a irmã Mary Benedict de Os
sinos de Santa Maria, a Alicia Huberman de Interlúdio, a princesa esquecida Anastácia, a Greta Ohlsson do Assassinato no
Orient Express, muitas e tantas elas nela por
performances inesquecíveis, até chegar aos escândalos com Stromboli de Rossellini, denunciada em plenário no Senado
estadunidense, acusada de adúltera e de mau exemplo para as mulheres. Eu sei, eu
estava lá e sabia que estava casada e o divórcio virou uma batalha de custódia,
até seguir sua vida, enfrentando o boicote da Legião de Decência dos
Estados Unidos, a vagabunda pecadora que seguiu seu amor, acusada de cultuadora
do amor livre e apóstola da degradação, a adúltera mais infame! Enquanto escorraçavam
sua vida, eu seguia a vilã pública que amou muito, amou demais, profundamente
apaixonada, passageira de uma montanha-russa de emoções, como as tantas que
havia vivido e não abria mão de amar, nem se rendia a nada nem a ninguém fora
do amor. Quando me deparei frente a frente, a vi cansada e tagarela, a dizer que felicidade é boa saúde e má memória.
Respirou fundo, olhou nos meus olhos e falou: Eu era o ser humano mais tímido já inventado, mas tinha
um leão dentro de mim que não parava de calar a boca! Não me contive e a beijei pela primeira vez, seus lábios
corresponderam à minha paixão e disse-me: um
beijo é um truque encantador desdenhado pela natureza para silenciar a fala
para quando sobram palavras. Os anos haviam
passado, estávamos maduros e ainda ouvi dizer-me que: Eu não tenho nenhum pesar, não estou
arrependida. Eu não teria vivido minha vida no modo que eu fiz se eu fosse
preocupar sobre o que pessoas iriam dizer. Envelhecer é como escalar uma montanha; fica um pouco sem
fôlego, mas a vista é bem melhor! Era
seu aniversário e você repetiu: Eu sou
Ingrid. Eu lhe beijei para nunca mais nas cinzas pelo mar das ilhotas de Dannholmen. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS – Ah, criança e jovem, se
você conhecesse a bem-aventurança que reside no sabor do conhecimento, e o mal
e a feiura que reside na ignorância, quão bem você é aconselhado a não reclamar
da dor e do trabalho do aprendizado. A pessoa de cabeça baixa e olhos
pesados não consegue olhar para a luz. Quantas mulheres existem... que por
causa da dureza de seus maridos passam suas vidas cansadas no vínculo do
casamento em maior sofrimento do que se fossem escravas entre os sarracenos? Pensamento da poeta e filósofa italiana Cristina
de Pisano (1363-1430), conhecida pela crítica veemente contra a
misoginia predominante no meio literário da época, defendendo o papel das
mulheres na sociedade. Veja mais aqui.
ALGUÉM FALOU: Nesta
sociedade de compulsão, todo mundo carrega em si um campo de trabalho. Este
campo de trabalho é definido pelo fato de que somos simultaneamente
prisioneiros e guardas, vítimas e agressores. Exploramos a nós mesmos. Isso
significa que a exploração é possível mesmo sem dominação. Homens e mulheres
comuns, tendo a oportunidade de uma vida feliz, se tornarão mais gentis e menos
persecutórios e inclinados a encarar os outros com suspeita. Sem a presença do
outro, a comunicação degenera em um intercâmbio de informação: as relações são
substituídas pelas conexões, e assim só se conecta com o igual; a comunicação
digital é somente visual, perdemos todos os sentidos; vivemos uma fase em que a
comunicação está debilitada como nunca: a comunicação global e dos likes só
tolera os mais iguais; o igual não dói!. Pensamento do filósofo
sul-coreano Byung-Chul Han. Veja mais aqui.
BELISÁRIO –
[...] Mas o Relógio da Arara, esse ficou
ali na sala, fascinando a todos, intrigando alguns, como foi o caso de dona
Artemisa que passou uns dias evitando olhar para ele depois da conversa que
tiveram com Belisário naquela tarde chuvosa. [...] Belisário chispou da cadeira como um foguete. Não era mais o médium, o
interprete necessário de algum agente misterioso, mas um ajudante de cozinha
muito do elétrico. [...]. Trechos extraídos da obra Relógio Belisário
(Bertrand Brasil, 1995), do escritor do realismo fantástico brasileiro
José J. Veiga (1915-1999). Veja mais aqui, aqui & aqui.
DOIS POEMAS
– AVEC LE TEMPS: Com o tempo tudo vai embora / Esquecemos
o rosto e esquecemos a voz / O coração, quando deixa de bater, já não vale a
pena ir / Procurar mais longe é preciso deixar e tudo bem / Com o tempo / Com o
tempo tudo vai embora / O outro que adorávamos que procurávamos à chuva / O
outro que imaginávamos na sombra de um olhar / Entre as palavras nas
entrelinhas e no cansaço / De um sermão maquiado que segue para a noite / Com o
tempo tudo desvanece / Com o tempo / Com o tempo tudo vai embora / Mesmo as
recordações mais ternas tem um desses momentos / Na galeria eu vasculho as
prateleiras da morte / No sábado à noite quando a ternura parte sozinha / Com o
tempo / Com o tempo tudo vai embora / O outro em que acreditávamos por um frio,
por um nada / O outro a quem dávamos o vento e joias / Por quem teríamos
vendido a alma por algumas moedas / À frente de quem rastejávamos como rastejam
os cães / Com o tempo tudo se resolve / Com o tempo / Com o tempo tudo vai
embora / Esquecemos as paixões e esquecemos as vozes / Que sussurravam palavras
de gente pobre / Não volte muito tarde, sobretudo não apanhe frio / Com o tempo / Com o tempo
tudo vai embora / E sentimo-nos pálidos com um cavalo cansado / E sentimo-nos
gelados numa cama ao relento / E sentimo-nos sós, mas talvez conformados / E
sentimo-nos enganados pelos anos perdidos / Então verdadeiramente / Com o tempo
deixamos de amar. A ESCOLA DA POESIA: A poesia contemporânea já não
canta…rasteja / Ela todavia tem privilégio da distinção / não freqüenta
palavras mal afamadas, ignora-as / Só com luvas se pega nas palavras: ''a
menstrual'' prefere-se “periódico”, e não se cansam de repetir que há termos
médicos que não devem sair dos laboratórios e do códex / O snobismo escolar que
consiste em só empregar, em poesia, certas e determinadas palavras, em
privá-las de muitas outras, sejam técnicas, medicas populares ou argóticas,
faz-me lembrar o prestígio do lava-dedos e do lava-mão / Não é o lava-dedos que
faz as mãos limpas nem o beija-mão que faz a ternura / Não é a palavra que faz
a poesia mas a poesia que faz a palavra / Os escritores que recorrem aos dedos
para saber se os pés estão á conta, não são poetas, são datilógrafos / O poeta
hoje em dia tem de pertencer a uma casta a um partido ou à «fina-flor» de Paris
/ O poeta que não se submete é um homem mutilado / A poesia é um clamor. Deve
ser ouvida como se ouve a música. / Toda a poesia que apenas se destina a ser
lida e fechada nos seus caracteres é uma poesia incompleta. Só as cordas vocais
lhe dão o sexo, como o arco ao violino, tocando-lhe… / O filiamento é um sinal
dos tempos. Do nosso tempo / Os homens que pensam em circulo têm ideias curvas.
Sociedades literárias não deixam de ser Sociedade. Pensar em comum é pensar
comezinho / Mozart morreu sozinho, acompanhado de um cão à uma vala comum, um
cão e os fantasmas / Renoir tinha dedos tortos de reumatismos. / Ravel tinha um
tumor que lhe sugou de vez toda a música / Beethoven era surdo / Aconteceu um
peditório para o enterro de Bela Bertok / Rutebeuf tinha fome! / Villon roubava
para comer! / Toda a gente se está nas tintas / A arte não é um gabinete de
antropometria / Apenas sobre os túmulos se faz luz / Vivemos em tempos épicos e
de épico nada temos. / Vende-se musica como creme de barbear. / E para que o
próprio desespero também se venda bastará encontrar a fórmula / Está tudo
apostado: os capitais / A publicidade / A clientela / O desespero quem o
inventará? / Com os nossos aviões que levam a palma para sol / Com os nossos
gravadores que se recordam das tais «vozes que já se calaram», com a nossa alma
ancorada em meio a rua, nos encontram à beira do vazio, atados de pés e mãos no
nosso embrulho de carne, ao ver as revoluções / Não esqueçam nunca que a Moral
o que tem de mais avassalador é o ser sempre a Moral dos Outros / os mais belos
cânticos são de reinvidicação / O verso deve fazer amor , faz a cabeça das
pessoas. Na escola da poesia e da música ninguém aprende. TODOS SE BATEM! Poemas
do compositor, músico, anarquista e poeta monegasco Léo Ferré (1916-1993). Veja mais aqui.
A ARTE CAROLYN WELTMAN
Minha arte é controversa. Eu pinto
nu: feminino, masculino e transgênero. Eu também retrato casais intimamente,
casais tendo sexo. E disso tenho muitos problemas com as mulheres porque eles
me chamam de abusiva.
Imagem do pintor alagoano Fernando Santos
AS MULHERES SOLTAM O VERBO, O VERSO E O SEXO NA CAMPANHA TODO DIA É DIA DA MULHER – A campanha Todo dia é dia da mulher está de vento em popa com participação delas no projeto. Dessa vez elas soltam o verbo, o verso e o sexo para confirmar sua grandeza e felicidade da comunidade masculina. Confira:
Imagem do pintor alagoano Fernando Santos
Imagem do pintor alagoano Fernando Santos
Veja a Campanha Todo Dia é Dia da Mulher e as manifestações no Fórum do Guia de Poesia.
Veja
mais sobre:
Por que
Brasil, hem?, Raduan Nassar, Adrienne Rich, Robert
Schumann, Filolau de Crotona, Antonio Januzelli - Janô, Brian DePalma, Miguel
Paiva, Natalia Gutman, Melanie Griffith, Deborah Shelton, Jan Sluyters & Efigênia Coutinho Mallemont aqui.
E mais:
A
mulher: todo dia é dia da mulher aqui.
Preconceito,
ó, xô prá lá!, William
Blake, Claude Lévi-Strauss, Stefan Zweig, Jean-Baptiste Lully, Ângela Vieira, Salvatore Samperi, Laura Antonelli, Katia Pinno, Ballet
Eliana Cavalcanti, Nelina Trubach-Moshnikova & José Geraldo Batista aqui.
Eu &
ela no Jeju Loveland aqui.
Educação
de Jovens e Adultos – EJA – aqui.
Toque retal, teste da goma e
a homência onde é que fica aqui.
Crônicas
Natalinas aqui.
Derinha
Rocha - Vinte e oito de novembro aqui.
Proezas
do Biritoaldo aqui.
Tolinho
& Bestinha aqui.
Paulo
Freire & a escola transformadora aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitoras Tataritaritatá!
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.