A arte do pintor e desenhista alemão Hartmut Lincke.
LITERÓTICA: CANTIGA (uma canção pro tobogã do amor) –
Imagem: foto de Hugo Macedo. - Esta
canção vem de longe, muito longe lá onde amanhece o leste carregado da missão
de Verne e do espetáculo de Wakeman. Esta canção vem de longe para ser sua
mulher que se insinua e que me refugia nua e me mata com essa graça que tem no
clarão do riso de formosa princesa, a mais linda entre as lindas, com o fogo do
beijo de divina beldade musa de todas as minhas canções. Esta canção, falo em
você pelo tobogã da vala eqüidistante entre Natal e Porto Alegre na atlântica
ondulação maravilhosa do prazer: a vértebra que serpenteia como a luz para a
noite e o sol para o dia. Esta canção é toda festa no prólogo inflamado de
segunda pra terça quando chego pidão que pede porque carece jogado pela lombada
do Oiapoque ao Chuí do seu jeito de engatinhar nua ao meu redor. Esta canção é
só armadilha de terça pra quarta quando meu relho é pontaria exata no lombo de
tigela boa da cauda do cometa onde vou desenhar a poesia do eterno coito
presente em todas as ânsias, marcante em todas as expectativas. Esta canção é
só captura de quarta pra quinta quando o meu anzol fisga sua carne fresca e vou
fundo sem cessar fogo para me lavar com nossa lama, escorrendo pela formosura
do seu agoniado colo erguido quebrando tudo no peito com chamegos safados no
incomparável remanso da sua inevitável sedução. Esta canção é só luta corporal
de quinta pra sexta quando na sua esfíngica tentação de devoradora devorada, se
estraçalha com minha língua no seu fogareiro de divino manjar, joia da mais
alta valia entre as pernas, retrato falado do milagre e da maravilha. Esta canção
é só tempestade voluptuosa de sexta pra sábado do nosso devaneio hípico e eu
alazão fogoso devasso comendo no centro incapaz de escapar e à maneira
insensata principia e brilha maior reluzência porque é impossível poupar do
veneno que inebria e eu sou todo embalado pelo cheiro e sabor do seu sexo. Esta
canção é só recomeço puxando prima e bordão de sábado pra domingo até que
chegue nas nuvens capitulando às minhas investidas de segunda pra terça e
chegando na quarta se fazendo manha porque quinta se abre em flor que me cabe
inteiro na sexta e eu carrego no sábado de novo e peço bis no domingo, e
pedimos bis um ao outro no dia seguinte, toda minha e todo seu até presentear
todos os dias com os acordes finais pirotécnicos fatais do último movimento sinfônico
do nosso dilúvio de prazer. © Luiz
Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
A arte do pintor e desenhista alemão Hartmut Lincke.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Enquanto
no século XVIII morreram 4,4 milhões de pessoas em 68 guerras, no nosso século
morreram 99 milhões de pessoas em 237 guerras. Entre o século XVIII e o século
XX a população mundial aumentou 3,6 vezes, enquanto os mortos na guerra
aumentaram 22,4 vezes. Depois da queda do Muro de Berlim e do fim da guerra
fria, a paz que muitos finalmente julgaram possível tornou-se uma cruel miragem
em face do aumento nos últimos 6 anos dos conflitos entre Estados e sobretudo
dos conflitos no interior do Estado [...]. Trecho extraído da obra A crítica da
razão indolente: contra o desperdício da experiência (Cortez, 2000), do jurista
e professor Boaventura de Sousa Santos. Veja mais aqui, aqui, aqui e
aqui.
EDUCAÇÃO - [...] Na medida em que os meios e as formas tradicionais
de Educação acham-se de tal modo corroídos, começam a ser direcionados para a Escola
os olhares dos povos, na esperança de que esta exerça uma função Educativa e
não apenas a da Escolarização. Somente que será necessária uma outra visão da
Escola, dos conteúdos escolares, do papel dos educadores e da relação da Escola
com a sociedade. As crianças serão enviadas para a Escola cada vez mais cedo e
nela permanecerão por um tempo mais extenso. E isso não será porque há um mundo
novo de informações a ser processado e, sim, porque a Escola deverá exercer o
tradicional papel das famílias, das comunidades, da Igreja, e ainda, o que lhe
era próprio: desenvolver conhecimentos e habilidades. Ela deverá se ocupar com
a formação integral do ser humano e terá como missão suprema a formação do
sujeito ético. [...]. Trecho extraído de Educação:
da formação humana à construção do sujeito ético (Educação e Sociedade,
2001), do professor Neidson Rodrigues.
A CASA DAS BELAS ADORMECIDAS – [...]
Dizendo isso, ela
se levantou e girou a chave da porta que dava acesso ao quarto de dormir.
Talvez por ser canhota, tivesse usado a mão esquerda. Não havia nada de
especial naquilo, mas, observando a mulher que girava a chave, Eguchi susteve a
respiração. Ela espiou o interior do quarto, inclinando apenas a cabeça para
além da porta. Sem dúvida estava acostumada a espiá-lo desse modo. Na realidade
não havia nada de mais na sua silhueta vista de trás, mas ela parecia
misteriosa para Eguchi. A estampa do ofoz’ ostentava um pássaro grande e
estranho na parte decorativa das costas. Ele não sabia que pássaro era aquele.
Por que, num desenho de pássaro tão estilizado, teriam posto olhos e pés
realistas? É certo que não se tratava de um pássaro sinistro, era apenas um
desenho malfeito, mas se Eguchi tentasse resumir o sentimento inquietante suscitado
pela silhueta da mulher, seria precisamente esse pássaro. O obi era de um
amarelo-claro, quase branco. O quarto que espiava parecia estar na penumbra. A
mulher tornou a fechar a porta e, sem girar a chave de volta, colocou-a sobre a
mesa diante de Eguchi. Não mostrou nenhuma expressão especial após inspecionar o
quarto, e sua inflexão também se manteve inalterada. [...]. Trechos extraídos da obra A casa
das belas adormecidas (1961 – Estação Liberdade, 2004), do
escritor japonês prêmio Nobel de Literatura de 1968, Yasunari Kawabata (1899-1972).
Veja mais aqui e aqui.
QUANDO ESTÁS VESTIDA – Quando
estás vestida, / Ninguém imagina / Os mundos que escondes / Sob as tuas roupas.
/ (Assim, quando é dia, / Não temos noção / Dos astros que luzem / No profundo
céu. / Mas a noite é nua, / E, nua na noite, / Palpitam teus mundos/ E os
mundos da noite. / Brilham teus joelhos, / Brilha o teu umbigo, / Brilha toda a
tua / Lira abdominal. / Teus exíguos / – Como na rijeza / Do tronco robusto / Dois
frutos pequenos – / Brilham.) Ah, teus seios! / Teus duros mamilos! / Teu
dorso! Teus flancos! / Ah, tuas espáduas! / Se nua, teus olhos / Ficam nus
também: / Teu olhar, mais longe, / Mais lento, mais líquido. / Então, dentro
deles, / Bóio, nado, salto / Baixo num mergulho / Perpendicular. / Baixo até o
mais fundo / De teu ser, lá onde / Me sorri tu’alma / Nua, nua, nua… Poema do poeta,
tradutor, critico literário e de arte, Manuel Bandeira (1886-1968). Veja
mais aqui.
A arte do pintor e desenhista alemão Hartmut Lincke.
MUSA DA SEMANA: SUZANA MAFRA - A poeta, escritora e bibliotecária catarinense Suzana Mafra cursou Biblioteconomia, é mestre em Literatura pela UFSC e se prepara para o doutorado. Ela é autora do livro “Borboletras” e edita o blog “Borboletras no quintal”.
Foto: Tchelo d´Barros
Poeta tem alma
Espalhada
Espelhada
Alma tem poeta
Ele
Leva
Ela
Ele
Ave
Ela
Eva
Você
É
Doce
Eco
Do
Céu
Foto: Tchello d´Barros
Preciso
-
me
sem ti
preciso
me
sentir
O
Som
Do
Mar
Me
Soma
Ouvi
Teu
Nome
Ou vi
Teu
No meu
?
Como são
Lágrimas
:
comoção
Foto: Tchello d´Barros
Navegando rio acima
O barqueiro rema
O poeta rima
Quando
Crescer
Quero
Ser
Onda
Maria
Amaria
O mar
E
Mário
O rio
Sem
Ira
Espero
A
Era
Do
Eros
Teu
Corpo
Sobre
o
meu
está
de
pleno
acordo
com
meu
desejo
plano
Minha
Vida
Não
Foi
À toa,
Bandeira
Nem
A tua
Morri
Mas
Não
Desisto
Insisto
Eternamente
Foto: Tchello d´Barros.
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