CARTA DE JANEIRO – Aonde quer que eu vá, vou só. Esquinas, becos, trilhas, o
inopinado. A cada dia um Cabo das Tormentas, naufrágios, derivas, gangorras,
tobogãs, devires. Ah, santa sorte, o que virá não se sabe, que seja, na base do
carteado: servindo-se de paus, copas, espadas, ouros; se deu, deu; se não deu,
não deu, vale-se dos naipes, a cartomancia: a Roda da Fortuna, o Louco, o
Enforcado, a Morte, o Diabo. Aha! O erro do carteio pra quem não sabe jogar, só
se vive. Assim, percorrer o território por toda jornada: a sabedoria é próxima
da loucura, ou vice-versa. Foi, não foi, a precisão de ir. Andarilho livre no
incansável perambular. Onde vai dar? É só dançar como uma criança até tornar-se
viajante maduro, se puder. As surpresas que pregam suas peças, o engano dos
bufões: primeiro de abril. O farol, os monstros, os temporais. Encolher os
ombros quando nada mais resta da escuridão adâmica, lembrar-se de não esquecer
nada. Recorrer ao amor? Além de cego, muitas vezes é surdo, senão
incompreensível. Amigos? Todos pularam fora quando não se esconderam: nem
sempre a amizade é mútua, quando não covarde. Qual destinatário entre os
arcanos vicariantes, epístolas sem correspondência, apelos sem recepção,
prólogo sem trama, ninguém a quem possa interessar: rabiscos nas paredes, troncos,
folhas, o tempo apagará. Manuscritos bilhetes que se esvairão inúteis, perdidos
no fundo das gavetas. Palavras inauditas, gestos aos interditos paralisados no ar. Pra
quem vai só, a companhia dos ventos, da escuridão, das estradas sem fim: a
expectativa estrangeira de nenhuma chegada, não há porto para ancorar, nem fim
da linha, eternamente seguir, recomeçar. A cada dia uma nova estrada, voo por
aí. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS
[...] Partimos em um movimento ascendente: a libido, a paixão, a compaixão. É
a mesma energia que ascende e nos atravessa. Observem que os problemas sexuais,
algumas vezes, são modos de misturar as formas de amor. [...] Em grego, há diferentes palavras para falar
destas etapas do amor. A primeira etapa é Pornéia, o amor voraz e devorador, o
amor do bebê por sua mamãe, o amor de consumo. Amo o outro, portanto como-o.
[...] Traduzimos a palavra Pathé por
paixão e ela está na origem da palavra Patologia. [...] algumas formas de amor são formas de
patologia, são formas de possessão, de Manía. [...] Éros, que expressa não somente um amor de solicitação e necessidade,
mas também de desejo. [...] Storghé
pode ser traduzida como ternura e Harmonia que é uma palavra muito bonita para
se falar de amor. É uma maneira de harmonizar o seu ser com o ser do outro.
[...] Philia – o amor aos seres humanos.
[...] Énnoia quer dizer o dom, a doação
e, às vezes, o devotamento. É uma qualidade de amor que manifesta uma grande
generosidade do coração. É a libido, a energia vital que se manifesta ao nível
do coração. Kháris significa gratidão. [...] Agápe. Podemos traduzi-la como a graça e a gratuidade. [...] A palavra amor tem sentidos diferentes. Não
é preciso opô-los uns aos outros. [...] Há
em nós uma abertura para todas as outras cores. Mesmo se, para algumas cores,
só nos reste sonhar. Há porem sonhos premonitórios e um dia nós amaremos. Não
apenas como animais bem vivos, não somente como amantes apaixonados, mas também
como deuses apaziguados. [...].
Trechos de A escada dos níveis de amor, extraído da
obra O corpo e seus símbolos (Vozes,
1999), do PhD em Psicologia Transpessoal, doutor em Teologia e
professor de Filosofia, Jean-Yves Leloup. Veja mais aqui e aqui.
ESCULTURAS DE SALVADOR DALI
[...] Acreditam vocês que seja devido ao acaso que
a força dos grandes místicos apresenta-se muitas vezes conjugada à defecação e
ao peido? É que o ânus, exaltado por Quevedo no seu Elogio ao buraco do cu, é
sobretudo um símbolo que purifica nossos atos de canibalismo. Tudo o que
pertence ao humano, transcendido pela espiritualidade da morte, torna-se
místico [...].
Trecho extraído da obra As confissões inconfessáveis de Salvador Dali (José Olympio, 1976),
do pintor e artista surrealista catalão Salvador
Dali (1904-1989) que
assim se expressava sobre si próprio: “Todas as
manhãs, ao me levantar, experimento um prazer supremo: ser Salvador Dali. Eu me
pergunto maravilhado: que coisas prodigiosas ele fará hoje, este Salvador Dalí”. Veja mais aqui, aqui e aqui.
EM
NOME DE DEUS
O drama Em nome de Deus (Captive,
2012), dirigido por Brillante Mendoza,
conta a história ocorrida em 2001, no sul das Filipinas, em que um grupo de
separatistas islâmicos armados toma cerca de 100 pessoas como reféns,
arrastando-as por vários locais por cerca de um ano. O destaque fica por conta
da atriz francesa Isabelle Huppert
que interpreta a missionária cristã Thérèse
Bourgoine, voluntária francesa em missão humanitária e na luta pela
sobrevivência. Veja mais aqui.
&
Pesquisa: Filosofia & Ciência aqui.
&
Varejo Sortido: livros & artes aqui.
&
muito mais na Agenda aqui.