domingo, maio 08, 2016

GORKI, JORGE TUFIC, DENISE FRAGA, GOTTMAN, CAETANO, KLIMT, LENA GAL & LUCIAH LOPEZ



MÃE (imagem: Maria Alcina, da artista plástica da artista plástica Lena Gal) - Mãe, me deste a benção para Deus me seguir. E eu, louvado, a ti dedico o amor infinito das estrelas. Hoje sigo errante com o sentimento esconjurado. Longe do teu seio nada tem mais vigor. Por isso eu te dedico minha canção perene, a minha desatinada canção de amor perdida nos desencontros do meu país. Sou da tua carne o fruto, o teu sacrifício, a tua dor mulher. Foi no teu seio que encontrei amparo. Foi no teu seio que fui feliz. Foi no teu seio que aprendi a justiça. E nele vivi a sede eterna e o ter na repartição da coragem no chão. Sou a vez do teu ventre na queda do rio incólume. Sou ainda aquela criança com os olhos de amanhã roçando tua pele e descobrindo a vida na tua dedicação. Sou ainda aquela criança espevitada correndo peralta pelas névoas da lembrança no meio do mormaço da tarde. Sou ainda aquela criança que não sabe a distância entre o sim o não nos cacos de sonho. Sou aquela criança que sonhava a paixão pela professora dedicada e prestimosa fazendo um barulho que lateja no meu sexo, peito e cabeça. Sou aqueles olhos vermelhos com todos os sustos da roda gigante pelas labaredas do medo. Sou aquele menino arriado com as dores de fígado dentro da noite com vômitos surpreendentes na sala de aula. Sou a teimosia infantil no insulto da vó empunhando chicote que marcaram bolhas estigmatizadas no termo das coisas. Nada mais sou que aquele do namoro inocente com a tia, das aventuras amarradas no pano do pescoço, da barulhada imitando todas as máquinas dos motores ensurdecedores. Foi preciso a vida de 30 anos para sentir o desterro de Água Preta, a violenta decepção dos anos, o fumo logo cedo e as aprontações no Ginásio Municipal. Foi preciso a vida de mais de 30 anos para rever as noites insones com vô em Badalejo, a solidão eterna dos canaviais que expeliam a fumaça e eu tossia mais que tuberculoso. Foi preciso a vida de mais de 30 anos para saber que Batman era o sonho dos desenhos na televisão com a revolucionária Aninha mandando ver nas arengas e a passiva Anginha olhando tudo e aplaudindo com seu jeito tatibitati e o mimo exagerado por Geórgia abrindo a festa com tantas outras formas de não se saber dizer o que fazer. Foi preciso mais que 30 anos para entender que o dia não era um só nas coleções de gibi, no medo do coração de Jesus, na adoração fanática pelo pai, na fuga pro mundo ainda precoce pé na bunda e tataritaritatá! Foi preciso a vida de mais de 30 anos para que revisse a correria na bolinha jogada no campo de barro pelo bairro adolescente, no esgoelar desafinado na cantoria imaculada, no namoro escondido, no casório antecipado, na colhida de Carma quando a fuga era a saída para o sorriso e nas safadezas de Pai Lula ensinando que a vida não é só uma reza boba no cantinho do quarto. Foi preciso mais que 30 anos para saber da reprovação na escola, no ginásio e no colégio doendo nos corredores da faculdade por causa da pressa louca de conhecer o amanhã logo amanhã de manhã. Foi preciso mais que 30 anos para que tudo sinalizasse nos desejos que chegaram muito cedo com as moças e mulheres que rodeavam meu dengo e mimavam minhas vontades. Hoje sigo errante com todos os mitos daquela manhã religiosa comigo, o cérebro azeitado e a cabeça nas nuvens, a ternura fria de todos, a minha embriagues sempre exaltada, o exílio voluntário, a separação, a lâmina cortando a carne, o adulto órfão, o tempo e mais nada. Hoje sigo errante e ainda brotam desejos nas ilusões montadas pelas quimeras que desabam na certeza incontida de vencer o mundo em alta velocidade e já. Hoje sigo errante na penúria e luxo disfarçados. Entre o riso na cara lavada e o choro guardado no peito. Porque quando me vires abatumado pelos recantos de toda geografia deste país, é que estou vigilante eterno do meio onde vivo e da natureza de nossa vida. Quando me vires gritando pelas esquinas é que sustento o choro no peito de milhares de filhos deserdados e amaldiçoados de sempre. Quando me vires marchando nas ruas é que estou cantando o meu canto no futuro. Quando me vires varando de noite é porque não encontrei amparo no dia. Quando me vires chorar é que ainda não fui feliz. Quando me vires rompendo divisas é porque continuo a semear o melhor de ti, lutando incansavelmente pelos caminhos duros do amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui

 Imagem: Mother and Child (detail from The Three Ages of Woman, 1905), do pintor simbolista austríaco Gustav Klimt (1862-1918). Veja mais aqui.

MÃE
(Caetano Veloso)
Palavras, calas, nada fiz, estou tão infeliz
Falasses, desses, visse não, imensa solidão
Eu sou um Rei que não tem fim que brilhas dentro aqui
Guitarras, salas, vento, chão, que dor no coração
Cidades, mares, povo, rio, ninguém me tens amor
Cigarra, camas, colos, ninhos, um pouco de calor
Eu sou um homem tão sozinho, mas brilhas no que sou
E o teu caminho e o meu caminho é um nem vais nem vou
Meninos, ondas, becos, mãe e só porque não estais
És para mim que nada mais na boca das manhãs
Sou triste, quase um bicho triste e brilhas mesmo assim
Eu canto, grito, corro, rio e nunca chego a ti.
Veja mais aqui e aqui.

PESQUISA
Inteligência Emocional e a arte de educar nossos filhos (Objetiva, 1997), do psicólogo e professor John Gottman, que defende que os pais que lidam com as emoções são mais bem-sucedidos na arte de educar e, em conformidade com as ideias de Daniel Goleman, formadoras de pessoas emocionalmente inteligentes. Veja mais aqui.

LEITURAS 
A mãe (Civilização, 2015), do escritor e dramaturgo russo Máximo Gorki (1868-1936). Veja mais aqui e aqui.

Retrato de Mãe (Expressão, 2012), do poeta e jornalista Jorge Tufic (trecho da coletânea de de 15 poemas que se multiplicam em 210 versos de saudade, encanto e nostalgia).
Em tudo, minha mãe, te vejo e sinto.
Neste verniz antigo, neste cheiro
suavíssimo que vinha do teu corpo,
do pólen de tuas mãos, do hortelãzinho.
Em tudo, minha mãe, teu vulto amado
se desenha mais firme, e, lentamente,
vem dizer-me aos ouvidos qualquer coisa
desses anos que pesam sobre mim.
Em tudo, minha mãe, vejo este lenço
que à passagem da dor recolhe o traço
do sorriso que foste a vida inteira.
E, mesmo quando morta, entre açucenas,
ainda ressai de ti, poder divino,
a canção que adormece o teu menino.
Veja mais aqui.


Travessura de mãe (Globo, 2010), da atriz, escritora e mãe Denise Fraga com os relatos da sua maternidade. Veja mais aqui.

AS MÃOS DE MINHA MÃE (para minha mãe Dª Ira, com amor, by Luciah Lopez)
...eram mãos de fada! Mãos pequenas, delicadas e sempre prontas para um carinho. Minha mãe não está mais comigo (fisicamente) há muitos anos, mas ainda sinto o seu carinho e o seu amor. As lembranças sempre ponteiam os meus dias trazendo-a sempre para perto, não apenas no dia das mães, mas muitas vezes ela está comigo no dia a dia em detalhes pequenos que me fazem lembrar do cotidiano em minha casa, quando todos ainda morávamos juntos e dividíamos o seu amor. Infinito era o amor, eu diria. E dentre as minhas lembranças, estão as rosas de papel crepom que minha mãe criava. Flores coloridas de cores suaves que ela delicadamente modelava para depois de prontas, muitas vezes, adornar o altar da Virgem Maria -, quando no mês de Maio, passava a noite em nossa sala. Essas pequenas rosas nunca saíram das minhas lembranças porque junto com elas sempre as mãos delicadas que me faziam carinho e me seguravam firme quando por qualquer motivo, eu sentisse medo. A saudade é um misto de dor e tristeza, mas eu sei que minha mãe deve estar lá céu , ainda fazendo rosas para enfeitar os caminhos de todos que por lá chegarem.
Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA 
PELO DA MÃE-JOANA & O DAS COITADAS DAS MÃES DO GUARDA, DO JUIZ DE FUTEBOL E DOS POLÍTICOS!

Veja mais István Mészarós, Keith Jarret, Aníbal Machado, Pigmaleão & Galatéia, Almeida Junior, André Helbo, J. J. Sobral, Roberto Rossellini, Anna Magnani & Jean-Léon Gérome aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte da artista plástica Lena Gal.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá
Veja aqui.

MARÍA NEGRONI, LEILA MOTTLEY, ELIZABETH BLACKBURN & SOLANO TRINDADE

    Imagem: Zineblog – Acervo ArtLAM . Ao som do Live concert (2024) e do álbum First Prize (Contrastes Music, 2023), da premiada violo...