O DESENLACE DA PAQUERA ENTRE MELZINHA &
BROTHÃO (Imagem: Norah,
do ilustrador japonês Yukari Terakado) – Melzinha, estudante, 17 anos, linda
de morrer, corpo escultural. A cobiça da rapaziada do colégio e da marmanjada
da cidade. Queria namorar, pai não deixava. Às escondidas, ela ficava com um e
outros: namorico adolescente de pega-pega e deixe disso, mas que tá bom, tá.
Permitia, sarrava. Aí aparece o roliúde: quase que ela perde a calcinha na hora
de tanto alvoroço. Era Brothão,
solteirão filhinho de papai ricaço, endinheirado até o tampo, arrogante
folgado, montado na máquina possante, bicho solto de munheca firme. Para ele não
havia lei nem limite, muito menos reconhecia autoridade ou uma reles menina
metida à cu-doce. Caiu na rede, é peixe; vaca vadia só serve pra lavar a jega -
essa a sua ordem. Desbocado, nunca deu um prego numa cocada – tinha tudo às
mãos. Quisesse, possuía. Tudo de seu. Botou mutuca em cima da mocinha: - É ela,
a bola da vez. E foi, não teve jeito. Deu em cima, ela tentou ainda se
desvencilhar, foi em vão: agarrou-lhe o pulso e levou-la pra dar uma volta por
aí. No de menos. Era só um treino, o trato feito estava marcado pra de noite,
19 horas, na praça em frente da escola. – Chegaí, ô! Ela toda saltitante, linda
além da conta e desfilando ao lado do ricaço: matava as coleguinhas de inveja.
Pararam num bar, tomaram umas – ela desacostumada à bebedeira, logo danou a
gargalhar achando graça em tudo. Chegou ao ponto até de levantar a blusa,
mostrando os peitinhos lindíssimos. Ele só amolegando a peia: - Tô amolando, tô
amolando. Uma música, ele puxa pra dança: coladinhos, pernas umas nas outras, mãos
percorrendo seu corpo, sarro pesado, incêndio no tesão. Lá pras tantas, saem e
vão direto pra casa de praia: beijos, desejos e nudez. Ela pra lá de tonta, nem
se dava conta do que acontecia. Mais bebia, anestesiada. Ele não se fez de
rogado: - Cu de bêba não tem dono! E ela berrou ao ser desvirginada. Tapou-lhe
a boca e depois de ronronar seu gozo, deixou-la estirada, completamente
ensanguentada sobre a cama. Saiu pra varanda bebendo e ligou pros amigos
avisando que ela fora abatida. Urros e salvas. Aí convidou a tropa de comparsas
para testemunhar o feito. Ao chegarem viram-na estirada nua na cama: - Tirei o
cabresto, meu! – Que sangreiro, véi! E vou foder-lhe o cu já já, vocês vão ver.
E viram. Apostas e desafios. Emborcou a moça, vergada sobre os joelhos, glúteos
à mostra, o dedão com gel no ânus dela: - Vai levar peia no rabo, mocreia.
Chamou atenção de todos e partiu para a prática anal. Ela gritou, amarrou-lhe a
boca na marra para sufocar os gritos, segurou-la no muque e só parou quando
explodiu seu gozo! Aplausos gerais. –Viram como é que se faz? Comigo é assim. E
quem quer se servir? Eram ao todo uns quinze, um por um mandou ver. Álcool,
fumo, drogas, lá pras tantas, todos já embriagados, resolveram amarrá-la pelas
pernas e pendurá-la de cabeça pra baixo. Brothão sacou do revólver e ameaçou: -
Se gritar morre com um tiro na cabeça, ouviu? Ele então tirou a mordaça,
deu-lhe uma tapa firme nas faces e mandou que abrisse a boca e lambesse seu
pênis na frente de todos. – Lamba direito! E novo tabefe no rosto dela. – Vou
gozar e engula tudo! E começou a puxar seus cabelos enquanto enfiava o pênis
inteiro até à garganta dela. Satisfeito depois do maior remexido, virou-se pros
demais: - Quem quer se servir? Nova fila e cada um mais malvado que o outro não
só lhe esbofeteava, como esmurravam seu corpo, chutavam sua cabeça, enfiavam
garrafas e outros troços na vagina e no ânus dela, até um cabo de vassoura que
empurraram com força até ela desmaiar de dor. – Ih, será que ela morreu? De tão
bêbados não sabiam nada, apenas diziam: - Joga ela na beira da praia e chau.
Joga! Joga! Isso mesmo. Jogaram-na nua ao mar. Imprensa, polícia, escândalo,
choros de familiares: jovem estudante morta é encontrada nua na praia. Todos
sabiam, nenhum réu. Conivência e omissão geral. © Luiz Alberto Machado.
Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
MULHER
Eu sou a mãe da
praça de maio, sou alma dilacerada,
Sou Zuzu Angel,
sou Sharon Tate
O espectro da
mulher assassinada em nome do amor
Sou a mulher
abandonada pelo homem que inventou
Outra mais
menina
Sou Cecília,
Adélia, Cora Coralina, sou Leila e Angela Diniz
Eu sou Elis, eu
sou assim..
Sou o grito que
reclama a paz, eu sou a chama da transformação
Sorriso meu,
meus ais, grande emoção
Que privilégio
poder trazer no ventre a luz capaz de eternizar
Em nós sonho de
criança, tua herança...
Eu sou a moça
violentada, sou Mônica, sou a Cláudia
Eu sou Marilyn,
Aída sou
A dona de casa
enjaulada sem poder sair
Sou Janis
Joplin drogada, eu sou Rita Lee
Sou a mulher da
rua, sou a que posa na revista nua
Sou Simone de
Beauvoir, eu sou Dadá, eu sou assim...
Ainda sou a
operária, doméstica, humilhada, eu sou a fiel e safada
Aquela que vê a
novela, a que disse não
Sou a que sonha
com artista de televisão
A que faz a
feira, sou o feitiço, sou a feiticeira
Sou a que cedeu
ao patrão, sou a solidão, eu sou assim...
PESQUISA
Violência dói e não é direito: a violência contra a mulher, a saúde e os
direitos humanos (Unesp,
2005), de Lilia Blima Schraiber, Ana Flávia Pires Lucas D'Oliveira , Marcia
Thereza Couto Falcão , Wagner dos Santos Figueiredo, livro que aborda a questão
sobre a ótica social e de saúde pública, questionando as causas do problema, os
limites dos serviços de saúde, as mudanças culturais necessárias para alterar
esse quadro e o impacto da violência na saúde da mulher, analisando os aspectos
éticos e jurídicos da agressão e fornecem informações úteis a respeito da rede
de assistência à mulher em situação de violência. Veja mais aqui e aqui.
LEITURA
O romance-reportagem Aracelli, meu amor (Civilização Brasileira, 1975), do escritor e
jornalista José Louzeiro, foi
censurado durante a ditadura militar a pedido de advogados dos acusados
responsáveis pelo estupro e assassinato da criança de 8 anos de idade Aracelli
Cabrera Crespo, ocorrido no dia 18 de maio de 1973, tornando-se símbolo do Dia
Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes,
uma impunidade de décadas.Veja mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA:
A violência
praticada pelos homens contra as mulheres demonstra a intenção explícita de
submeter a mulher às suas vontades. Representa um abuso físico, psicológico e
sexual, deixando marcas profundas no corpo e na vida das mulheres. [...] Os maus tratos
domésticos são uma realidade que afeta uma alta percentagem de mulheres em
nossa sociedade. Geralmente, permanecem ocultos, escondidos no âmbito das
relações familiares por medo ou vergonha e por ter sido trabalhada a idéia de
"roupa suja se lava em casa", e por considerar que os maus tratos são
assuntos privados do casal. [...] Historicamente,
o corpo da mulher, de cada uma em particular, e de todas, é tratado como
propriedade dos homens, que se fundamentam na manutenção da supremacia
masculina e na visão de uma sexualidade constituída a partir dessa supremacia.
Trecho do artigo A violência doméstica e sexual contra as mulheres:
algumas reflexões sobre uma questão complexa (Consejo Latinoamericano de
Ciências Socialis – CLACSO), da assessora jurídica do Programa de Apoio às Mulheres Vítimas
de Violência Doméstica e Sexual - Centro das Mulheres do Cabo – PE., Lucidalva Mª do Nascimento.
Veja mais sobre Espera
na Primeira Reunião,
Karl
Marx, Florbela Espanca, Maki Ishii, Licia
Maglietta, João do Pulo, Silvio
Soldini, Arthur Kaufman, Carl Larsson
& Musicoterapia aqui.
Curtindo Gershwin's 'It Ain't
Necissarily So' - performs
the Heifetz arrangement of Gershwin's 'It Ain't Necissarily So' from Porgy and
Bess for her Bachelor's Recital,
da violinista canadense Geneviève Salamone: The One Woman Symphony.
IMAGEM DO DIA
Marcha das Vadias.
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte da artista plástica Nina Kuriloff.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá