A arte do gravurista suíço Samuel Amsler (1791-1849).
DITOS &
DESDITOS – Eis-me aqui debruçada sobre o passado
de alguém que não tem mais presente nem futuro. A compulsão ao “balanço” é
inevitável e, ao mesmo tempo, antipática, por ser fácil a prepotência dos vivos
sobre os mortos.
Pensamento da escritora, professora e crítica literária Leyla Perrone-Moisés.
HOMENS INFAMES – [...] que não
tenham sido dotadas de nenhuma das grandezas como tal estabelecidas e
reconhecidas – as do nascimento, da fortuna, da santidade, do heroísmo ou do
génio; que pertencessem àqueles milhões de existên cias que estão destinadas a
não deixar rasto; que nas suas infelicidades, nas suas paixões, naqueles amores
e naqueles ódios, houvesse algo de cinzento e de ordinário aos olhos daquilo
que habitualmente temos por digno de ser relatado; e, contudo, tenham sido atra
ves sa dos por um certo ardor, que tenham sido animados por uma violência, uma
energia, um excesso na malvadez, na vilania, na baixeza, na obstinação ou no
infortúnio [...] uma espécie de
medonha e lamentável grandeza [...] Aquilo
que as arran ca à noite em que elas poderiam, e talvez devessem sempre, ter
ficado, é o encontro com o poder [...]. Trecho extraído da obra O que é um autor? (Les Cahiers du
Chemin, 1992), do filósofo, historiador, filólogo, teórico social e crítico
literário francês Michel Foucault (1926-1984). Veja mais aqui e aqui.
UM BELO DOMINGO ― [...] Estava
tudo silencioso como hoje. Mas não era uma madrugada de junho, era uma tarde de outubro, em 1934. Portanto, não foi o
silêncio da madrugada que me fez escutar o murmúrio das fontes. Foi um silêncio
mais pesado. Um silêncio de morte, como se diz. E pelo menos dessa vez era
verdade. Um silêncio, outrora, depois do estrépito das armas automáticas. Um
cadáver fora deixado na praça. Um homem com um macacão azul de trabalho,
abatido pelas rajadas da Guarda Civil. Uma de suas alpargatas rolou para longe,
quando ele caiu [...]. Trecho extraído da obra Um belo domingo (Nova Fronteira, 1982), do escritor
espanhol Jorge Semprún (1923-2011).
Veja mais aqui.
A arte do gravurista suíço Samuel Amsler (1791-1849).
AUTISMO & EDUCAÇÃO INCLUSIVA - O autismo é visto como um transtorno do
desenvolvimento causado por uma disfunção neurológica de base orgânica, que
acomete o ser humano e incluindo entre os portadores de necessidades especiais
– PNE. Neste sentido, vê-se a necessidade de adoção de ações voltadas para a
educação inclusiva, na qual proporcione à escola atender a todos
indistintamente. Pretende, portanto, abordar a questão do autismo sob a ótica
da educação inclusiva, atendendo a necessidade de que a educação deve promover
a formação humana, sua preparação para a vida e para o trabalho, bem como
propiciar a todos a dignidade humana e o exercício de cidadania.
AUTISMO - O autismo é conceituado, conforme
Goldstein (2009, p. 9), como um transtorno caracterizado pelos “[...] aspectos
da dificuldade na interação social, na comunicação e comportamentos e interesses restritos e/ou repetitivos”. Segundo
a autora mencionada, é classificado pela Organização Mundial da Saúde como uma
síndrome presente desde o nascimento, e se manifesta antes dos trinta meses de
idade e está associada a diversas síndromes, com sintomas que variam, tornando-se
um transtorno que se manifesta de diferentes formas. Ou seja, identificado desordem abrangente do desenvolvimento, definido
pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometimento que se manifesta
antes da idade de três anos e pelo tipo de funcionamento caracterizado por
déficits qualitativos na interação social recíproca e nos padrões de
comunicação e por repertórios de atividades e interesses restritos, repetitivos
e estereotipados. Para Lopes (1997), sob o ponto de Kanner de caráter lingüístico, apenas 1/3 dessas crianças
aprendem a falar e as demais ficam, praticamente, em estado de mutismo. Desta feita, o autismo, segundo Mello
(2004, p. 11), é “[...] um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo
estudado pela ciência há quase seus décadas”, tendo sua primeira descrição dada
em 1943, por Kanner, que entendia sob a nomenclatura de Síndrome, como um
desvio comportamental considerando todas as crianças que apresentassem
inaptidão para desenvolver reações normais co outras pessoas, caracterizado
como um isolamento. Porém, Kanner reconheceu mais tarde que o termo autismo não deveria se referir, nestes
casos, à um afastamento da realidade com predominância do mundo interior, como
se dizia acontecer na esquizofrenia. Também, conforme Mello (2004), em 1944, Hans Asperger
publicou trabalhos com descrições
detalhadas de casos de autismo, que ofereciam os primeiros esforços para
explicar teoricamente tal transtorno. Denominado de transtorno, era vista como
uma síndrome relacionada, caracterizada pelo comprometimento significativo da
interação social e repertório de atividades e interesses restritos. Por esta
razão, o Transtorno ou Síndrome de Asperger fixam seu interesse em um assunto e
quase que vivem em função desse interesse. Enfim, o autismo, com base em Lopes
(1997), é um transtorno de desenvolvimento causado por uma disfunção
neurológica, que afeta a capacidade da pessoa de se comunicar, estabelecer
relacionamentos e responder apropriadamente ao ambiente que a rodeia. Por
sintomas, encontram-se que algumas parecem fechadas e distantes, outros presos
a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Por isso, é
visto como um transtorno de desenvolvimento caracterizado por dificuldades e
anormalidade em várias áreas: habilidades de comunicação, relacionamento
social, funcionamento cognitivo, processamento sensorial e comportamento. Encontra-se
na literatura revisada que o autista possui uma incapacidade inata para
estabelecer relações afetivas, bem como para responder aos estímulos do meio. A
grande dificuldade do autista é em relação à expressão das emoções, sendo,
pois, um transtorno sem fronteira geográfica e social, isto é, pode ocorrer em
qualquer classe social. Várias doenças, conforme Mello (2004), podem ocorrer
associadas ao autismo, como infecções pós-natais (herpes simples), doenças degenerativas
(Doença de Tay-Sachs), infecções pré-natais (rubéola congênita, sífilis
congênita, toxoplasmose, citomegaloviroses, caxumba, herpes), alterações
cromossômicas (Síndrome de Down ou Síndrome do X frágil (a mais importante das
doenças genéticas associadas ao autismo), bem como alterações estruturais
expressas por deleções, translocações, cromossomas em anel e outras); hipóxia
neo-natal (deficiência de oxigênio no cérebro durante o parto), déficits
sensoriais (dificuldade visual (degeneração de retina) ou diminuição da audição
(hipoacusia) intensa), doenças gênicas (fenilcetonúria, esclerose tuberosa,
neurofibromatose, Síndromes de Cornélia De Lange, Willians, Moebius,
Mucopolissacaridoses, Zunich), espasmos infantis (Síndrome de West) e intoxicações
diversas. Lopes (1997) identifica as características do autismo, vista em outros transtornos
do desenvolvimento, tais como a deficiência mental, transtornos de aprendizagem
e transtornos de linguagem. Alguns são vistos em algumas condições
psiquiátricas, tais como transtorno obsessivo-compulsivo, personalidade
esquizóide e transtornos de ansiedade. Muitos deles são vistos em pessoas
consideradas normais, como em nós mesmos. O que distingue o autismo são os
números, gravidade, a combinação e interação de problemas que resultam em
deficiências funcionais significativas, tais como: Falta de conceito de
sentido, Foco excessivo em detalhes, Distratabilidade, Pensamento concreto,
Dificuldade de combinar ou integrar idéias, Dificuldades em organizar e
Seqüenciar e Dificuldade em generalizar. Além dos déficits cognitivos
múltiplos, o autismo apresenta alguns padrões de comportamentos
característicos: Forte impulsividade, Ansiedade Excessiva, Anormalidade
Sensório-perceptuais. Além disso,
assinala Lopes (1997) que entre as características a criança não se mistura com outras
crianças, age como se fosse surda, resiste ao aprendizado, não demonstra medo
de perigos reais. resiste a mudanças de rotina, usa pessoas como ferramentas, tem
risos e movimentos não apropriados, resiste ao contato físico, apresenta
acentuada hiperatividade física, apega-se de maneira não apropriada aos objetos,
gira objetos de maneira estranha e peculiar, às vezes, a criança é agressiva e
destrutiva, não mantém contato visual, olha as pessoas "atravessado"
e isola-se, tem comportamento indiferente ou arredio. Neste sentido,
encontra-se em Mello (2004) e Lopes (1997) alguns aspectos ligados ao autismo
como a Sindrome de Angelman, a Síndrome de Asperger, a Síndrome do X Frágil, a
Hiperlexia, a Síndrome do Landau Kleffner, o Distúrbio Obsessivo-Compulsivo, o
Distúrbio Abrangente do Desenvolvimento, a Síndrome de Rett, a Síndrome de
Prader-Will e todo Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade. Na
revisão da literatura realizada também foi encontrado que não há cura para o
autismo, não existindo um tratamento específico, mas muitas abordagens
individualizadas, e os resultados variam. Para os casos de tensões, alterações,
compressões, disfunções existentes pode-se utilizar a Terapio Craneo Sacral ou
Liberatção Miofacial. As drogas de efeito dopaminérgicos têm demonstrado algum
efeito sobre a sintomalogia do Autismo Infantil. Alguns outros tratamentos são:
psicoterapia individual, psicanálise, terapia familiar, modificação de comportamento,
fonoaudiologia, educação especial, tratamentos residenciais,
eletroconvulso-terapia, estimulação sensorial e isolamento sensorial,
tratamentos medicamentosos com drogas diversas.
A ESCOLA INCUSIVA - A proposta de educação inclusiva,
conforme Carvalho (2004, p. 81), traduz o embasamento dos princípios do direito
à educação, do direito à igualdade de oportunidades, o direito às escolas
responsivas e de boa qualidade, o direito de aprendizagem e o direito à
participação. Tendo por base Sassaki (1997), Bueno (1997) e Stainback e
Stainback (1999), o ensino inclusivo tem referência com crianças com
deficiências, para que estas aprendam eficazmente, quando traz a concepção que
se aproxima de eixos norteadores de educação básica, reconhecendo as diferenças
humanas e tratando a aprendizagem centrada nas potencialidades individuais. Para
Sassaki (1997), na educação inclusiva, todas as crianças aprendem juntas e as escolas
respondem às necessidades diversas de seus estudantes com a incorporação de estilos
e ritmos de aprendizagem por meio de arranjos organizacionais, currículos
apropriados, estratégias de ensino, recursos e parcerias com as comunidades. E,
neste sentido, conforme o autor mencionado, estudantes, professores, pais, técnicos,
especialistas, agentes do poder público e comunidade, assumem o desafio da
descoberta e a superação de limites, construindo novas competências
referenciadas no paradigma da escola inclusiva. Assim, conforme Stainback e
Stainback (1999), compreende-se que o papel da escola inclusiva compatível com
a realidade é, principalmente o de acolher a todos indistintamente, de modo que
todos possam participar do mesmo processo de aprendizagem, efetivando trocas
interativas que fortaleçam a aceitação das diferenças. Na visão de Sassaki (1999, p.87): Dentro deste
novo conceito de escola, o papel do professor já não corresponde àquele que foi
desempenhado no passado. Atualmente vive-se em permanente contato com o
desafio, onde a informação corre por entre os dedos, quer através dos jornais,
livros e revistas, quer pela televisão e outros meios audiovisuais, exigindo a
este profissional uma capacidade de adaptação permanente, o que provoca por
vezes um sentimento de instabilidade, gerando-se freqüentemente “stress
profissional”. Por esta razão é importante conhecer e perceber quais são os
fatores que estão envolvidos no processo de mudança para que de algum modo
possamos usar estratégias que nos ajudem a contrariar a nossa tendência natural
para a “rejeição à mudança”. Mediante o exposto, observa-se que uma escola
inclusiva se mostra disposta ao oferecimento de uma educação de qualidade para
todos, com uma boa organização da sala de aula com regras claras, na qual o processo
de inclusão de portadores de necessidades especiais – PNE, seja amplamente
discutido e reestruturando a sociedade para a possibilidade da convivência
entre diferentes. No caso do Autismo, conforme Assumpção Junior (2010) e
Fonseca (2009), é encontrado o modelo do método Teacch, pautado em principios
educacionais que envolvem padrões cognitivos e comportamentais, desenvolvendo formas
de ajudar as pessoas com autismo a funcionar inseridos na cultura à sua volta. É
um método baseado em muitos princípios, envolvendo áreas de competência e
interesses, avaliação cuidadosa e constante, assistência para a compreensão do sentido,
tratando a resistência como resultante da falta de entendimento e atua com a
colaboração dos pais. Tem por objetivo ensinar ao aluno o conceito de causa e
efeito, a comunicação e planejamento para desenvolver habilidades úteis e
significativas para a vida adulta.
CONCLUSÃO - O autismo, representando a enfermidade
patológica que é, requer da escola uma posição inclusiva. Esta educação
inclusiva traz a necessidade de um sistema que integre e inclua o portador de
necessidades especiais, fazendo intervenções e enfrentando os desafios para
valorização das habilidades e potencialidades destes, reduzindo suas
limitações, apoiando a inserção familiar, social e escolar, bem como preparando
o PNE adequadamente para a dignidade humana, o exercício da cidadania e
formação profissional. A escola inclusiva cumpre sua missão quando sua visão,
política, princípios e ações se destinam a ofertar uma educação para todos.
REFERENCIAS
ASSUMPÇÃO JUNIOR,
Francisco B. Autismo infantil. Emediz, 2009.
BUENO, J. G. S. A
integração social das crianças deficientes: a função da educação especial. In:
MANTOAN, M. T. E. et. Alii. A integração de pessoas com deficiência. São Paulo:
Memnon., 1997
CARVALHO, Rosita Editer. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”.
Porto Alegre: Mediação, 2004.
FONSECA, Maria
Elisa Granchi. O uso de agendas visuais: um guia para pais e educadores.
Brasília: CEDAP, julho 2009.
GOLDSTEIN, Ariela. O autismo sob o olhar da terapia ocupacional. São
Paulo: Casa do Novo Autor, 2009.
LOPES, Eliana
Rodrigues Boralli. Autismo: Trabalho com a Criança e com a Família. São Paulo:
EDICON/AUMA, 1997.
MELLO, Ana Maria S. ios. Autismo: guia prático. São Paulo/Brasília:
AMA/CORDE, 2004.
SASSAKI, R. K.
Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
STAINBACK, S.
& STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 1999. Veja mais aqui, aqui e aqui.
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