A arte do compositor japonês Maki
Ishii (1936-2003), que compôs obras para instrumentos japoneses
e ocidentais, como para orquestra sinfônica, tendo sua obra interpretada pelo
grupo taiko Kodo.
SÓ A POESIA TORNA A VIDA SUPORTÁVEL - UMA: ENTOO O
POEMA PARA UM PAÍS QUE NÃO EXISTE - O meu povo não sabe o que é direito nem
justiça, escravo que é do passado e do mando escravocrata – símbolo de que nada
aqui é real e a mentira se sobressai na hipocrisia dos que se escondem entre o
certo e o errado. Meu país ainda será um dia uma nação, ainda é colônia imensa
que esconde suas diferenças numa cortesia de jamais. Sou a voz de José Craveirinha: Eu! Homem qualquer / cidadão de uma nação que
/ ainda não existe. E sou todos os brasis! DUAS: CANTO E SOU - Assim eu canto e
nele me levo como num verso de Arseny Tarkovski: Basta-me
minha imortalidade,/ o fluir de meu sangue de uma para outra era,/ mas em troca
de um canto quente e seguro/ daria de bom grado minha vida,/ conquanto sua
agulha voadora/ não me arrastasse, feito linha, mundo afora. E se a
minha voz não chega a lugar algum, pelo menos, é em mim que me faz viver. TRES: JUNTANDO AS COISAS NUMA SALADA DE
CALDEIRÃO – Como sou pouco e muitos,
tudo são pedaços, fragmentos soltos que junto como um quebra-cabeça. Às vezes
sem pé nem cabeça, seguindo Francisco Varela: Estou interessado em estabelecer
correlações empíricas entre um interesse de longa data na prática budista e no
trabalho científico. Se a nada chego, nada sou, nada demais, eu vivo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
DITOS & DESDITOS - A busca é o que qualquer
um empreenderia se não afundasse no cotidiano de sua própria vida. Tornar-se
consciente da possibilidade da pesquisa é fazer algo. Não estar em algo é estar
em desespero. Pensamento do escritor estadunidense Walker Percy (1916-1990).
ALGUÉM FALOU: Uma vez
é acidente, duas é coincidência, e três é ação do inimigo. Você só vive duas
vezes: Uma quando nasce, e outra quando encara a morte. Sou poeta em atos, não
muitas vezes em palavras. Pensamento do escritor e jornalista britânico
Ian Fleming (1908-1964).
ALGUÉM FALOU DE NOVO: Mas
aquele que não se atreve a agarrar o espinho nunca deve almejar a rosa.
Pensamento da escritora britânica Anne
Brontë (1820-1849).
A BIOLOGIA DO AMOR – [...] A biologia do amar é o fundamento biológico
do mover-se de um ser vivo, no prazer de estar onde está na confiança de que é
acolhido, seja pelas circunstâncias, seja por outros seres vivos. No caso dos
seres humanos, isto é central na relação do bebê com sua mãe, com seu pai, com
seu entorno familiar, que o vai permitir crescer como uma criança que vai ser
um adulto que se respeita por si mesmo. [...] Se você observa a história de crianças que se transformam em
seres, chamemos assim, antissociais, vamos descobrir que sempre tem uma
história da negação do amar, de ter sido criado na profunda violação de sua
identidade, na falta de respeito, na negação de seu ser. [...].
Pensamento do neurobiólogo chileno Humberto Maturana, criador
da teoria da autopoiese e da biologia do conhecer, propondo o pensamento sistêmico
e construtivismo radical, na defesa de uma visão
interdisciplinar, integrada e interdependente da realidade: o ser vivo, os
objetos e o ambiente estão em constante relação e devem ser estudados como um
todo. Nessa abordagem, ciência, subjetividade, espírito e o amor caminham
juntos, com proposições que são encontradas em suas obras, tais como Formação humana e capacitação (Vozes, 2000),
Ontologia da realidade (UFMG, 1997) e
Emoções
e linguagem na educação e na política (UFMG,
2009). Veja mais aqui, aqui e aqui.
POEMA DE NATAL - Para
isso fomos feitos: / Para lembrar e ser lembrados / Para chorar e fazer chorar
/ Para enterrar os nossos mortos - / Por isso temos braços longos para os
adeuses / Mãos para colher o que foi dado / Dedos para cavar a terra. / Assim
será a nossa vida: / Uma tarde sempre a esquecer / Uma estrela a se apagar na
treva / Um caminho entre dois túmulos - / Por isso precisamos velar / Falar
baixo, pisar leve, ver / A noite dormir em silêncio. / Não há muito que dizer:
/ Uma canção sobre um berço / Um verso, talvez, de amor / Uma prece por quem se
vai - / Mas que essa hora não esqueça / E por ela os nossos corações / Se
deixem, graves e simples. / Pois para isso fomos feitos: / Para a esperança no
milagre / Para a participação da poesia / Para ver a face da morte - / De
repente nunca mais esperaremos... / Hoje a noite é jovem; da morte, apenas / Nascemos,
imensamente. Poema do poeta, dramaturgo, jornalista, compositor e
diplomata brasileiro Vinicius de Moraes (1913-1980). Veja mais aqui,
aqui, aqui, aqui & aqui.
O PROFESSOR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA - A promulgação da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
estabelecendo as diretrizes e bases da educação nacional, introduziu o art. 59,
correspondente à educação especial, como sendo a modalidade de educação
escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
portadores de necessidades especiais. Conforme trata o art. 2.º, quando
apresenta que a educação é um dever da família e do Estado, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, com a finalidade
voltada para o pleno desenvolvimento do educando, o seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, traz a observância
no item III do art. 59, que assegurará aos educandos com necessidades especiais
"professores com especialização
adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como
professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos
nas classes comuns" (Brasil, 1999:70). Entende-se que os educandos com
necessidades especiais, são aqueles que possuem necessidades incomuns e, que
por isso, diferentes dos outros alunos no que concerne às aprendizagens
curriculares compatíveis com suas idades. Em virtude desta particularidade,
estes alunos necessitam de recursos pedagógicos e metodológicos mais
apropriados. Desta forma, a lei determina que todas estas crianças têm o direito
a um atendimento educacional especializado, ocupando espaço em classes normais,
ao lado das outras crianças, proporcionando uma prática de inclusão. É neste
sentido que se direciona o presente estudo de pesquisa, pautado na temática que
envolve "o professor e a inclusão"
buscando modestamente participar dos debates pertinentes ao assunto em tela,
considerando sua aplicação, peculiaridades e atendimento na rede escolar
pública.
O PROFESSOR - O
professor tem assumido o compromisso pedagógico de participar do processo de inclusão
social através do desenvolvimento de atividades educativas que possibilitem o
preparo de estudantes à vida e ao trabalho. É conveniente observar
preliminarmente, que a inclusão tem sido o desafio daqueles que priorizam a
qualidade do ensino regular com a aprendizagem no centro das atividades e a
meta no sucesso dos alunos, proporcionando-lhes o pleno exercício da cidadania,
conforme preceitua a LDB 9.394/96. Tal compromisso implica na absorção de
mudanças nos papéis desempenhados pelos membros da organização escolar, no
sentido de criticamente articular o estudante à aprendizagem e à vida
participativa na sociedade e no seu meio, através do reconhecimento da
diversidade dos talentos humanos e a valorização do trabalho de cada pessoa,
compartilhando o saber e proporcionando um processo emancipatório de cidadania.
Neste sentido é que se tem buscado viabilizar novas alternativas para melhoria
do ensino, no sentido de se apresentar esforços mais contundente no atual
cenário de competitividade e competência entre a clientela heterogênea que
participa da sala de aula, inclusive, com a inserção de alunos com déficits
temporários ou permanentes, garantindo o direito ao acesso de todos à educação.
É necessário mencionar que trabalhar esta heterogeneidade requer capacitação e
qualificação conveniente. Neste sentido, questiona-se de que forma o professor
foi capacitado, se este se encontra qualificado para desempenhar suas funções,
se a escola oferece recursos e estímulos incentivadores para o melhor
desempenho do trabalho docente com alunos especiais, se a escola está
configurada com o que preceitua os ditames que proporcionam a inclusão de forma
eficiente e eficaz, se se encontram aptas para responder às necessidades de
alunos com deficiência no atendimento através da educação especial, bem como
que alternativas e práticas pedagógicas podem ser adotadas para possibilitar a
inclusão de alunos especiais, dentre outras questões que serão abordadas no
presente estudo de pesquisa.
A EDUCAÇÃO E A
LDB: A CIDADANIA E A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - A educação tem assumido
importante papel nas pautas de discussões mundiais, depois, principalmente, da
Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em março de 1990, em Jontien,
na Tailândia, onde foram debatidas as necessidades de se compreenderem tanto os
instrumentos fundamentais da aprendizagem, como a alfabetização, a expressão
oral, a aritmética e a solução de problemas; quanto o conteúdo básico da
aprendizagem nos conhecimentos,
capacidades, valores e atitudes, de que necessitam os seres humanos para
sobreviver, desenvolver plenamente suas possibilidades, viver e trabalhar
dignamente, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar sua qualidade de
vida, tomar decisões fundamentadas e continuar aprendendo. Essa importância da
educação se reproduz no encaminhamento de propostas, revalorização e
restauração de realidades, possibilitando um refazer paradigmático adequado às
novas realidades proporcionadas pela pós-modernidade, no sentido de acompanhar
a velocidade transformadora que caracteriza o tempo presente com as suas
mutações constantes e peculiares, exigindo de cada um que se encontre antenado
com a habilidade especializada, para que o indivíduo possa agir tanto na
direção de metas individuais, quanto na coletividade e no seu meio. Neste
tocante, observa Arroyo (1999:36) que A
educação moderna vai se configurando nos confrontos sociais e políticos, ora
como um dos instrumento de conquista da liberdade, da participação e da
cidadania, ora como um dos mecanismos para controlar e dosar os graus de
liberdade, de civilização, de racionalidade e de submissão suportáveis pelas
novas formas de produção industrial e pelas novas relações sociais entre os
homens. Desta forma, a educação se reposiciona no sentido de alcançar uma
amplitude multicultural, se propondo a analisar, criticamente, os currículos
monoculturais atuais e procurando formar criticamente os professores, para que
mudem suas atitudes diante dos alunos mais pobres ou com problemas de
aprendizagem, e elaborarem estratégicas instrucionais próprias a educação das
camadas populares, procurando, antes de mais nada, compreendê-las na totalidade
de sua cultura e de sua visão de mundo. Ou seja, como bem diz Gadotti (2000:42)
"uma estratégia de alfabetização,
numa concepção multicultural, deveria partir do relato da experiência do
trabalho e de vida deles mesmos, isto é, da biografia dos próprios educandos e
não do desenho das letras que é uma técnica anticientífica". Além
disso, a educação se articulando com uma política de formação para os direitos
humanos, inicialmente centrada no mero estudo e conhecimento dos direitos
humanos, e em sua difusão, derivando posteriormente para uma necessidade de
aprofundar na matéria. Mais ainda, na ampliação do debate de sua função para a
igualdade, na necessidade de propor mudanças mais profundas, que partam da
aceitação do próprio sexo, dos diferenciais raciais, das potencialidades e das
limitações pessoais, do conhecimento do outro e a convivência enriquecedora de
ambos, em condições reais de igualdade de oportunidades. Isso, enfim, levando a
um processo que se destine ao desenvolvimento, inicialmente ligada ao âmbito da
cooperação, que não se isole dos problemas mais diretamente e amplamente
observados, na tentativa de compreender os conflitos se socorrendo de uma
explicação global, o que demanda uma resposta cultural diferente, um novo
comportamento de indivíduos e sociedades em relação a outras culturas,
opondo-se a toda manifestação de discriminação e violência, em favor da justiça
(Gadotti, 2000; Yus, 1998; Bordenave & Pereira, 1977). Assim, a escola,
neste sentido, na observação de Gaddotti
(2000:41) "(...) precisa atuar num
cenário policultural numa época de globalização da economia e das comunicações,
de acirramentos das contradições inter e intrapovos e nações, época do
ressurgimento do racismo e de certo triunfo do individualismo"
necessitando, portanto, de uma educação, uma ética e uma cultura da
diversidade. Tal colocação chama a atenção para que nesse contexto global, duas
dimensões, a seu ver, devem ser destacadas, dentre as quais, a dimensão
interdisciplinar, experimentando a vivência de uma realidade global que se
inscreva nas experiências cotidianas do aluno, do professor e do povo,
articulando o saber, o conhecimento, a vivência, a escola, a comunidade, o meio
ambiente, que é o objetivo da interdisciplinaridade traduzida na prática por um
trabalho escolar coletivo e solidário; e uma dimensão internacional, engajando
as crianças e adolescentes para viver no mundo da diferença e da solidariedade
entre diferentes, preparando o cidadão para participar de uma sociedade
planetária, sendo local, como ponto de partida, internacional e intercultural
como ponto de chegada (Gadotti, 2000). Neste sentido, defende-se que a escola
não deve apenas transmitir conhecimento, mas, também, preocupar-se com a
formação global dos alunos, numa visão onde o conhecer e o intervir no real se
encontrem. Para isso é preciso saber trabalhar com as diferenças, isto é, é
preciso reconhecê-las, não camuflá-las, e aceitar que para se conhecer,
precisa-se conhecer o outro. Assim, a escola precisa fazer a síntese entre
continuidade e ruptura em relação à cultura de massa, partindo para respeitar a
identidade cultural das crianças e adolescentes populares (Gadotti, 2000). É
nesta direção que se encaminha o processo educacional para exercício da
cidadania, na aquisição de uma consciência de direitos e deveres consignados no
processo democrático, construída como um
processo oriundo da prática social e política das classes. Neste
sentido, Arroyo (1999:79) defende que "a
luta pela cidadania, pelo legítimo, pelos direitos, é o espaço pedagógico onde
se dá o verdadeiro processo de formação e constituição do cidadão. A educação
não é uma precondição da democracia e da participação, mas é parte, fruto e
expressão do processo de sua constituição". O que quer dizer que o
conhecimento, a informação e uma visão mais ampla dos valores, são a base para a
cidadania em sociedades plurais, cambiantes e cada vez mais complexas, nas
quais a hegemonia do Estado, dos partidos ou de um setor social específico
tende a ser substituída por uma pluralidade de instituições em equilíbrios
instáveis, que envolvem permanente negociação dos conflitos para estabelecer
consensos. (Mello: 1998). A necessidade de se voltar as atenções para a
cidadania frente a era de competitividade atual que provoca uma luta desigual
entre os indivíduos, via aprimoramento, competência e qualificação, traz à lume
uma série de questionamentos necessários ao resgate do cidadão mediante as
mudanças implementadas pela política da nova ordem expressa através da
globalização, vez que os mercados precisam de indivíduos preparados que sejam
capazes de desempenhar todo o tipo de atividades e tarefas que definam as novas
formas de trabalho, pelo fato que, indivíduos com um nível mais alto de
formação, são os que melhores se adaptam às exigências de um mercado de
trabalho mutante. O compromisso com a construção da cidadania pede,
necessariamente, uma prática voltada para a compreensão da realidade e dos
direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal inserida na coletividade
e, consequentemente, com o seu meio. Isso se reflete de forma tal, no sentido
de que o homem não pode mais pensar na vida ou no seu bem-estar, prescindindo
de inerências fundamentais que estão peculiarmente interligadas ao seu convívio
social, político, educacional, ambiental, dentre outras. E a educação tem sido
fortalecida nessa busca de encontro entre a realidade e a consciência cidadã. Neste
sentido, observa Bordenave & Pereira (1977:78) que: (...) a educação é um processo social
indispensável à formação da mentalidade dos cidadãos de uma sociedade e, assim,
inequivocamente, fundamental para a construção das estruturas cognitivas (no
nível do indivíduo) e conceituais (no nível da produção social do conhecimento)
que lastreiam o desenvolvimento de uma sociedade. Isto quer dizer que será
necessário um redimensionamento na exploração das potencialidades produtivas
individuais arregimentadas para uma consciência cidadã que qualifique o atual
modelo e consagre a liberdade e a igualdade como meio de alcançar o fim
educacional no desenvolvimento almejado. E, diante desse fato, a educação é
convocada, prioritariamente, para expressar uma nova relação entre o
desenvolvimento e os diversos fatores que possam contribuir para associar o
crescimento econômico à melhoria da qualidade de vida sem prejuízo à
consolidação dos valores humanos. A educação, portanto, vai se dirigindo a
levar o ser a um ato cognoscente, tornando indispensável o diálogo, a crítica
fundada na criatividade, estimulando a reflexão e ação verdadeira dos homens
sobre a realidade, atenta às mudanças e que corresponda à condição dos homens
no contexto do exercício da cidadania. Assim, defende Ferreira (1993:221) que
"a educação para a cidadania
precisaria empenhar-se em expurgar de cada homem as crenças, as fantasias, as
ilusões e, quem sabe, as paixões que em nada contribuem para o desenvolvimento
de uma consciência crítica". Com isso, observa, então, que as pessoas
precisam do conhecimento sistemático para chegar a ser cidadãos, tratando que a
cidadania vai além da aquisição do conhecimento de conteúdos sistematizados,
necessitando a racionalidade técnica, com o interesse de dominação, ligada aos
princípios epistemológicos do positivismo, trabalhando com os pressupostos da
predição e controle, com o pressuposto do consenso social; a hermenêutica, cujo
interesse é a comunicação, filiada à perspectiva da fenomenologia, na qual o
binômio intencionalidade/significação é o ponto fundamental; e a emancipatória,
cujo interesse básico é a libertação do homem, e avança na crítica às relações
sociais, nas quais se estabelecem os óbices à emancipação dos homens: as
relações de poder, as normas e as significações elaboradas pelo próprio
sistema. Assim, a cidadania aparece como o resultado da comunicação
intersubjetiva, através da qual indivíduos livres concordam em construir e
viver numa sociedade melhor (Ferreira, 1993; Giroux, 1986). Mediante isso,
destaca-se que educar o homem para a cidadania, significa, então, prepará-lo
para viver em sociedade de classe, seguindo padrões de uma política necessária
à existência de um mínimo de consenso social. Neste sentido, apreende-se que o
homem precisará estar sintonizado de forma equilibrada consigo e com o seu ser,
enquanto indivíduo coletivo, agindo interativamente e sendo co-responsável por
seus aspectos positivos e negativos advindos das metaformoses da atualidade.
A EDUCAÇÃO PARA
A VIDA E PARA O TRABALHO - Com a promulgação da Constituição Federal do Brasil
de 1988, principalmente, a partir do seu art. 205, que define as regras que
regerão as coisas afeitas à educação e que será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento do cidadão,
preparando-o para a cidadania e qualificando-o para o trabalho. Tais
determinações levaram à Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, estabelecendo as
diretrizes e bases da educação nacional, reafirmando que a educação abrange os
processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos
sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. O que
quer dizer que fica especificado que as práticas sociais e políticas e as
práticas culturais e de comunicação, são integrantes do exercício do cidadão. Inspirada
nos princípios da liberdade e nos ideais de solidariedade humana, a presente
LDB passou a ter a finalidade de desenvolver o educando de forma a prepará-lo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para a vida e para o trabalho.
A sua característica fundamental é tratar a educação delineando princípios
norteadores suficientemente maleáveis para que o ensino aconteça em cada
momento e em cada local de acordo com as condições necessárias e
características próprias, valorizando a integração da escola com o mundo real e
do trabalho, além do aproveitamento pela escola, de todo e qualquer
conhecimento ou habilidade adquiridos pelo educando em sua vida (Dornas,1997). Tal
lei, entretanto, defende que a aprendizagem não esteja condicionada apenas a
conteúdos específicos da pedagogia tradicional, mas que além da instrução
conteudística de um currículo pré-estabelecido, estejam presentes,
transversalmente, temas outros que possibilitem a formação do sujeito, a
globalização do conhecimento, a preparação para o trabalho e o exercício da
cidadania. Neste tocante, comenta Carneiro (1998:10) que: O texto da 9394/96 oferece um espaço de flexibilidade para que os
sistemas de ensino operem, criativamente os seus ordenamentos. A lei respalda a
prática da autonomia pedagógica e administrativa e da gestão financeira como
condição para a escola executar, realmente, o seu projeto pedagógico. A lei
abrangente como se constata, trata dos princípios básicos, da estrutura do
ensino, do calendário escolar, da incumbência de todos, da gestão democrática
no ensino público, da competência do estabelecimento de ensino, da educação
infantil, passando pela educação especial, à distância e experimental, até o
superior, calcada na estética da sensibilidade, na política da igualdade e na
ética da identidade, orientando, assim, as escolas pelos valores apresentados
nos fundamentos de interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, no
respeito ao bem comum e à ordem democrática e no fortalecimento dos vínculos da
família, os laços de solidariedade humana e tolerância recíproca. Com isso, a
escola proposta será aquela que se direcionará a produzir cidadãos e cidadãs
alfabetizadas na compreensão, na atitude crítica e no uso de linguagens várias,
dentre elas as audiovisuais e as da informática, no contexto de indivíduos com
um conhecimento cultural de base que lhes permita situar a informação e dar-lhe
sentido, como, por exemplo, o de integrarem-se a um mercado de trabalho
possibilitando o processo de inclusão, além de se tornarem mais solidários e
tolerantes. E, neste sentido, a LDB se organiza a partir dos princípios da
estética da sensibilidade, que estimula a criatividade, o espírito inventivo, a
curiosidade pelo inusitado, a afetividade para facilitar a constituição de
identidades capazes de suportar a inquietação, conviver com o incerto, o
imprevisível e o diferente; a política da igualdade, no reconhecimento dos
direitos humanos e exercício dos direitos e deveres da cidadania como
fundamento da preparação do educando para a vida civil com condutas de
participação e solidariedade, respeito e senso de responsabilidade, pelo outro
e pelo público; e a ética da identidade, que se constitui a partir da estética
e da política, para o ideal do humanismo num processo de construção de
identidades, pelo desenvolvimento da sensibilidade e pelo reconhecimento do
direito à igualdade, além do reconhecimento da identidade própria e do outro. Sedimentada
a partir destes pressupostos, a LDB dedica do art. 58 ao 60, todo aparato
legislativo para desenvolvimento da educação especial, como sendo a modalidade
de educação escolar oferecida preferencial para educandos portadores de
necessidades especiais. Tais artigos tratam do atendimento educacional, da
oferta, do sistema através de currículos, métodos, técnicas, recursos, dentre
outros, visando a terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir
o nível exigido, bem como da formação para o trabalho visando a efetiva
integração na vida em sociedade e o acesso igualitário aos benefícios. Será,
portanto, desenvolvido, em seguida, todo o processo de desenvolvimento da
educação especial no sentido de que possibilite a inclusão do portador de
deficiências físicas no contexto educacional.
O PROFESSOR NO
PROCESSO DE INCLUSÃO – O professor é o sujeito do processo de produção do
conhecimento e uma referência para o aluno, tendo em vista o seu papel na
construção do conhecimento, na formação de atitudes e valores do futuro cidadão
que se forma dentro de uma sala de aula. Neste tocante, é importante que o
docente esteja desenvolvendo o exercício constante de reflexão e o
compartilhamento de idéias, sentimentos e ações, acompanhado do aprimoramento e
atualização dos seus conhecimentos e formação, que seja capaz de se conceber
como agente de mudanças do contexto social, com uma atuação comprometida com as
condições da escola e com a qualidade de sua formação acadêmica, evitando os
efeitos insatisfatórios das práticas docentes perante a complexidade e
impulsionando a busca de novos saberes que, ao se cruzarem podem emitir sinais
para a melhor compreensão da escola e da prática nela realizada. Nesta tarefa,
o professor vai enfocando o processo de desenvolvimento com o objetivo próprio
do processo de reconstrução e reconstituição da experiência, caminhando na
direção da melhoria do processo permanente da eficiência individual. É preciso,
então, entender que a prática do professor, embora individual, sempre estará
carregada das condições político-sociais e institucionais, acompanhada sempre
da compreensão do contexto, numa visão mais ampla e alargada que deve estar
presente na reflexão sobre sua prática, além de seus esforços objetivando uma
mudança de prática individual que se articule com a mudança de sua situação
profissional. Assim, à medida que reflete sobre a sua ação, sobre sua prática,
sua compreensão se amplia, ocorrendo com análises, críticas, reestruturação e
incorporação de novos conhecimentos respaldando o significado e a escolha de
ações posteriores, sempre com o questionamento intrínseco de se saber por que
ensina, para que ensina, para quem e como ensina, ou sejam, o professor precisa
refletir sobre os objetivos e as conseqüências do seu ensino desde a formação,
robustecido das qualidades essenciais na capacidade de solidarizar-se com os
educandos, a disposição de encarar dificuldades como desafios estimulantes, a
confiança na capacidade de todos de aprender e ensinar, conhecendo os
educandos, suas expectativas, cultura, características e problemas e suas
necessidades de aprendizagem, buscando conhecer cada vez melhor os conteúdos a
serem ensinados, atualizando-se constantemente. É preciso que professor tenha
sempre em mente a necessidade de refletir permanentemente sobre sua prática,
buscando os meios de aperfeiçoá-la, com uma especial sensibilidade para
trabalhar com a diversidade, favorecendo a autonomia dos educandos,
estimulando-os a avaliar constantemente seus progressos e suas carências,
ajudando-os a tomar consciência de como a aprendizagem se realiza. Em sua
prática, é preciso que se mantenha altivo e flexível na condução de
discussões, tornando-se relevante os
aspectos de levantar problemas e questões desafiantes que levem o grupo
discutir e trazer à tona às informações contidas na aula; recuperando
conhecimentos, assuntos e temas já vistos em etapas anteriores, fazendo
conexões entre informações e conceitos; estabelecendo relações com outras áreas
de conhecimentos; contrapondo as hipóteses diferentes dos alunos, fazendo com
que eles defendam seu ponto de vista e argumentem a favor dele utilizando
textos e materiais que sirvam de fonte para intermediar a discussão; trazendo e
comparando hipóteses iniciais apresentadas pelos alunos com as informações
posteriormente pesquisadas e analisadas nos diversos materiais
pesquisados; apresentando e analisando o
mesmo fenômeno ou fato a partir de diferentes interpretações ou pontos de
vista; fazendo generalizações procurando articular diversas informações;
problematizando para que os alunos possam apresentar novas hipóteses. Desta
forma, introduzindo o caráter regional do ensino e o fortalecimento da
cidadania, da solidariedade e do respeito ao outro, para que os alunos
sintam-se cidadãos de seu próprio país e cidadãos do mundo, possibilitando que
eles participem com as características como a cooperação, a interatividade e o
respeito às diferenças que são aspectos que precisam ser priorizados em todas
as instâncias e setores educacionais. Ademais, o professor precisa ter a
consciência de que sua ação profissional competente trabalhando, vez que a
formação de qualidade dos docentes deve ser vista em um amplo quadro de
complementação às tradicionais disciplinas pedagógicas e que, inclui entre
outros, um razoável conhecimento em variadas e diferenciadas atividades de
aprendizagem. Isto quer dizer que é preciso que ele tenha conhecimentos
razoáveis e que esteja preparado para interagir e dialogar junto com seus
alunos com outras realidades fora do mundo da escola. Mais ainda que, em um
mundo que muda rapidamente, o professor deve estar preparado para auxiliar seus
alunos a analisarem situações complexas e inesperadas a desenvolverem suas
criatividades; a utilizarem outros tipos de racionalidades, tais como a
imaginação criadora, a sensibilidade táctil, visual e auditiva, dentre outras. O
respeito às diferenças e o sentido de responsabilidade são outros aspectos
básicos que o professor deve estar preparado para trabalhar com seus alunos,
para aprenderem a ser, ambos, professor e alunos, cidadãos do país e do mundo,
como um dos principais objetivos da educação atual. Essas competências não
excluem a obrigação primordial do professor e do ensino que é a de promover uma
sólida formação nas disciplinas básicas e uma boa cultura geral, encarando a si
mesmo e seus alunos como uma equipe de trabalho com desafios novos e
diferenciados a vencer e com responsabilidades individuais e coletivas a
cumprir no respeito mútuo, na colaboração e no espírito interno de grupo. Assim,
portanto, o professor assume a postura de um incansável pesquisador, que
reinventa a cada dia, que aceita os desafios e a imprevisibilidade da época
para melhorar-se cada vez mais e que procura conhecer-se para definir seus
caminhos a cada instante. Com isso,
precisa saber orientar os educandos sobre onde colher informação, como tratá-la
e como utilizá-la, como um encaminhador de autopromoção e conselheiro da
aprendizagem dos alunos, estimulando o trabalho individual e apoiando sempre o
trabalho de grupos. Numa apropriada observação, Mercado (1999:91/3) traçou o
perfil do professor e as exigências de sua formação, que deve levá-lo a ser: (...)
Comprometido com as transformações
sociais e políticas, com o projeto político-pedagógico assumido com e pela
escola; competente, evidenciando uma sólida cultura geral que lhe possibilite
uma prática interdisciplinar e contextualizada, dominando novas tecnologias
educacionais; crítico que revele, através da sua postura, suas convicções, os
seus valores, a sua epistemologia e a sua utopia, fruto de uma formação
permanente; aberto à mudanças, ao novo, ao diálogo, à ação cooperativa e que
contribua para que o conhecimento das aulas seja relevante para à vida teórica
e prática dos estudantes; exigente e que promova um ensino exigente, realizando
intervenções pertinentes, desestabilizamdo e desafiando os alunos para que
desencadeie a sua ação reequilibradora; e interativo, que concorra para a
autonomia intelectual e moral dos seus alunos trocando conhecimentos com
profissionais da própria área e com os alunos, no ambiente escolar, construindo
e produzindo conhecimento em equipe, promovendo a educação integral, de
qualidade, possibilitando ao aluno, desenvolver-se em todas as dimensões:
cognitiva, afetiva, social, moral, física, estética. E assim, articulado
com uma proposta que se baseie em princípios educacionais construtivistas,
pautada na cooperação, na autonomia intelectual e social, na aprendizagem ativa
e na cooperação propiciando o desenvolvimento global de todos os alunos, bem
como a capacitação e o aprimoramento profissional dos professores, que o
professor desenvolverá importante papel na inclusão que implica no
envolvimento, no fazer parte, no pertencer, de seus alunos. Ou seja, por
inclusão, deve-se entender como ação que envolve quem estar excluído por falta
de condições adequadas, significando trazer para dentro de um conjunto alguém
que já faz parte dele. E como disse Fávero (2002), "a educação é um dos pilares para alcançarmos essa almejada sociedade
inclusiva. É começando pelas crianças, com a conscientização delas sobre as
diversidades que as necessidades especiais de alguns alunos passarão a ser
vistas como devem ser, como algo natural, que faz parte da natureza humana".
Isto de conformidade com a Resolução n.º 2, de 11 de setembro de 2001, do
Conselho Nacional de Educação e Câmara de Educação Básica, que institui as
diretrizes nacionais sobre a educação especial na educação básica. Esta
inclusão ocorrendo, conforme D'Antino (1998:16) observa que: Pode-se dizer que a integração é um processo
bilateral que pressupõe a participação e a ação compartilhada, ao mesmo tempo
dividida e somada. É um movimento de conquista de espaço, interno e externo,
tanto daquele que pertence ao chamado grupo minoritário quanto dos demais
membros participantes da comunidade. Isto quer dizer que é necessário
refletir sobre a integração da pessoa com deficiência mental implica
necessariamente repensar o sentido atribuído à educação e em atualizar as
concepções e dar significado aos propósitos educacionais, compreendendo a
complexidade e a amplitude que envolvem o processo de construção de cada indivíduo,
seja ou não deficiente. Carvalho (1999d:51) trata que: A educação inclusiva é anunciada como a forma mais recomendável de
atendimento educacional para os alunos que apresentam, deficiência, altas
habilidades e condutas típicas de síndrome. É identificada hoje, como o caminho
eficiente para a construção da cidadania e da participação social em
consonância com a perspectiva da educação para todos e com todos. A seu
ver, os parâmetros curriculares nacionais constituem referências válidas para
guiar a educação dos alunos com necessidades especiais e, também, para todos os
demais alunos, tendo em vista que os seus pressupostos, objetivos e indicações
consideram questões pedagógicas atuais, admitindo a pluralidade de concepções
pedagógicas e do fazer educativo, de forma a atender à diversidade dos alunos
na escola e às particularidades de sua cultura. Além disso, a vivência escolar
tem demonstrado que a inclusão pode ser favorecida quando se observam as
seguintes providências: preparação e dedicação dos professores; apoio
especializado para os que necessitam; e a realização de adaptações curriculares
e de acesso ao currículo, se pertinentes. (Carvalho, 1999d). Foi, portanto, a
partir de tais questionamentos que, para melhor embasamento no presente estudo
de pesquisa, foi realizado uma pesquisa de campo, na tentativa de investigar a
real situação do professor que atua com PNE's nas escolas públicas de Alagoas,
com o objetivo de contribuir para uma atuação mais adequada junto à sua
clientela, identificando a problemática significativa apresentada pelos
professores, face a necessidade de adaptação a esta realidade.
CONCLUSÃO - Considerando
o que foi visto no decorrer do presente trabalho investigatório, chegou-se a
entender que a escola precisa ser um espaço de democratização, onde a sua
gestão, o seu fim, o seu serviço à comunidade, a sua horizontalidade nas
relações interpessoais, possibilitem consolidar os eixos norteadores de uma
escola que se possa denominar cidadã, pela integração entre a educação e
cultura, a escola e a comunidade, entre as relações de poder dentro da escola
no enfrentamento das mais diversas questões inclusivas, com uma visão
interdisciplinar e na formação permanente de seus educadores. Neste sentido, se
expressa Mello (1998:36) que "espera-se
da escola, portanto, que contribua para a qualificação da cidadania, que vai
além da reivindicação da igualdade formal, para exercer de forma responsável a
defesa de seus interesses". Isto quer dizer que a a autonomia e a
gestão democrática da escola fazem parte da própria natureza do ato pedagógico,
como uma exigência de seu projeto político-pedagógico exigindo uma mudança de
mentalidade de todos os membros da comunidade escola, mudança que implica
deixar de lado o velho preconceito de que a escola pública é apenas um aparelho
burocrático do Estado e não uma conquista da comunidade. Por outro lado,
torna-se imprescindível que a escola esteja preparada para lidar com as
diferenças, que ofereça oportunidades de atendimento educacional que prevejam
as necessidades, as limitações, as potencialidades e os interesses de cada
aluno, ou seja, individualizando o ensino de acordo com sua necessidade
específica, entendendo que cada indivíduo, com personalidade própria e padrões
específicos de desempenho, é dotado de um potencial que, convenientemente
orientado, pode permitir a sua auto-realização. A construção de uma sociedade
inclusiva que estabeleça um compromisso com as minorias, dentre as quais se
inserem os alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, merecem,
na observação de Carvalho (1999:18) um atendimento capacitado e qualificado, de
formas que: (...) às pessoas portadoras
de deficiência, cujos direitos de cidadania têm sido desrespeitados em
decorrência, entre outros fatores, da desinformação sobre as deficiências e dos
inúmeros preconceitos e estigmas que povoam o imaginário coletivo acerca dessas
pessoas. (...) se constatam inúmeras práticas de exclusão contra as pessoas
portadoras de deficiência, seja do convívio social integrado, seja do acesso e
usufruto dos bens e serviços historicamente acumulados e disponíveis na
sociedade, os movimentos históricos marcados pela exclusão e segregação das pessoas
portadoras de deficiência têm sido substituídos por propostas inclusivas. Isto
quer dizer, que o comportamento atual se direciona para a formulação e a
implementação de políticas públicas voltadas para a inclusão de pessoas
portadoras de deficiência, inspiradas por uma série de documentos contendo
declarações, recomendação e normas jurídicas produzidas por organizações
internacionais e nacionais envolvidas com a temática da deficiência. Exemplo
disso, é a realização do Programa de Ação mundial para as pessoas com
deficiência, aprovado na assembléia geral das Nações Unidas, de dezembro de
1982, com a finalidade servir de fonte permanente de consulta a todos os países
interessados na luta pela defesa dos direitos de cidadania das pessoas
portadoras de deficiência, inspirando a elaboração de inúmeras propostas atuais
referente a prevenção, evitando o surgimento, a proliferação ou o agravamento
de deficiências; reabilitação, entendendo como um processo que visa levar o
portador de deficiência ao alcance de níveis funcionais, mentais, sociais ou
físicos ótimos, de maneira a poder modificar sua própria vida; e equiparação de
oportunidade, processo através do qual a sociedade se torna acessível a todos,
com remoção de barreiras arquitetônicas, reformas legislativas, aumento de
participação comunitária, no âmbito da educação e do emprego para a população
de deficientes das zonas urbanas e rurais (Carvalho, 1999). Normas Uniformes
sobre a linguagem de oportunidades para a pessoa portadora de deficiência,
aprovadas em 20 de dezembro de 1993, na Assembléia Geral das Nações Unidas,
pela resolução n.º 49/96, onde revisam os conceitos de incapacidade e
deficiência à luz da evolução registrada na década das nações unidas para
pessoas portadoras de deficiências; e reutilizam os três preceitos básicos,
adotados no programa de ação mundial para a pessoa portadora de deficiência:
prevenção, reabilitação e conquista da igualdade de oportunidades (Carvalho,
1999). Estes e outros importantes documentos estão sendo elaborados, culminando
no Brasil com a Resolução n.º 2, de 11 de setembro de 2001, do Conselho
Nacional de Educação, já mencionada anteriormente. Para a execução ampla da
inclusão, observa Goffredo (1999:30) que "nosso sistema educacional precisa saber não só lidar as desigualdades
sociais, como também com as diferenças. Precisamos saber, então, associar o
acesso à permanência com qualidade e eqüidade". Isto quer dizer que a
proposta de educação inclusiva recomenda que todos os indivíduos portadores de
necessidades educativas especiais sejam matriculados em turma regular, o que se
baseia no princípio de educação para todos. E que, frente a esse novo paradigma
educativo, a escola deve ser definida não como uma instituição social que tem
por obrigação atender todas as crianças, sem exceção, devendo, entretanto, ser
aberta, pluralista, democrática e de qualidade (Goffredo, 1999). Neste sentido,
a escola deve promover o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, moral e
social dos alunos com necessidades educativas especiais, ao mesmo tempo
facilitar-lhes a integração na sociedade como membros ativos. Para Carvalho
(1999b:35), "(...) Integração
implica reciprocidade. Sob o enfoque escolar, é um processo gradual e dinâmico
que pode adotar formas diferentes de acordo com as necessidades e habilidades
dos alunos". Assim, a seu ver, a integração escolar tem sido
conceitualizada como um processo de educar/ensinar crianças ditas normais junto
com crianças portadoras de deficiência, durante uma parte ou na totalidade do
seu tempo de permanência na escola. Trata-se de um processo gradual e dinâmico,
que assume várias formas segundo as necessidades e características de cada
aluno, sempre levando-se em consideração o seu contexto socioeconômico. Desta
forma, esse conceito traduz o que se conhece como teoria do ambiente o menos
restritivo possível, que é centrada nas aptidões daqueles alunos que devem ser
preparados para a integração total no ensino regular. Isto sim, é a formação de
uma escola inclusiva, ou seja, a escola para todos, que deve estar inserida num
mundo inclusivo sem desigualdades (Carvalho, 1999b). Desta forma, observa
Goffredo (1999b:45) que: A escola, para
que possa ser considerado um espaço inclusivo, precisa abandonar a condição de
instituição burocrática, apenas cumpridora das normas estabelecidas pelos
níveis centrais. Para tal, deve transformar-se num espaço de decisão,
ajustando-se ao seu contexto real e respondendo aos desafios que se apresentam.
O espaço escolar, hoje, tem de ser visto como espaço de todos e para todos.
Este novo desenho da escola implicará a busca de alternativas que garantam o
acesso e a permanência de todas as crianças e adolescentes no seu interior
(Goffredo, 1999b) Isto traduz que a partir do movimento de inclusão, o
professor precisa ter capacidade de conviver com os diferentes, superando os
preconceitos em relação às minorais. Tem de estar sempre preparado para
adaptar-se às novas situações que surgirão no interior da sala de aula. Além
disso, a formação de professores para educação inclusiva carece de: mecanismos
funcionais de cognição das pessoas com deficiência; consciência das suas
próprias condições, conhecimentos pedagógicos e metacognitivos; desenvolvimento
da capacidade de auto-regular e de tomar consciência das etapas do processo de ensino-aprendizagem;
coerência entre sua maneira de ser e ensinar, entre teoria e prática;
capacidade de ministrar aulas sobre um mesmo conteúdo curricular a alunos que
têm níveis diferentes de compreensão e de desempenho acadêmico; respeito ao
ritmo de aprendizagem de cada aluno; utilização flexível dos instrumentos de
avaliação de desempenho escolar, adequando-os às necessidades dos alunos
(Goffredo, 1999c). É importante ressaltar, no entanto, que a formação dos
profissionais da educação deverá estar de acordo com os fundamentos previsto no
capítulo VI da Lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação, a já citada Lei
n.º 9394/96, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e
modalidades de ensino e às características de cada fase de desenvolvimento do
educando. Esta mesma lei prevê, no capítulo V, correspondente à Educação
Especial, que os alunos com necessidades especiais devem ser atendidos por
professores com especialização adequada, de nível médio ou superior, para o
atendimento especializado, bem como professores de ensino regular capacitados
para a integração desses educandos nas classes comuns. É preciso, também
resgatar e exigir o pleno cumprimento da Portaria n.º 1.793/94 do MEC, que
recomenda a inclusão da disciplina "aspectos ético-político-educacionais
da normalização e integração da pessoa portadora de necessidades especiais,
prioritariamente, nos curso de Pedagogia, Psicologia, em todas as
Licenciaturas. Recomenda, ainda, a inclusão de conteúdos relativos à disciplina
acima citada nos cursos de Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia,
Medicina, Nutrição, Odontologia, Terapia Ocupacional e Serviço Social
(Goffredo, 1999c). Assim, observando o cenário encontrado nas escolas públicas,
foram encontrados os problemas que foram eleitos por Sasaki (1999:82),
identificados na situação do "preparo
profissional inadequado dos usuários de instituições especializadas; a
discrepância de atitude, arquitetura e dos programas das escolas para receber
alunos e formar trabalhadores com deficiência". Neste sentido,
prescreve que para cada escola caberá preparar o aluno para o sucesso
profissional e a vida independente: provendo profissionalização (trabalhador
capacitado, produtivo, etc); provendo programa de desenvolvimento de
habilidades e de conhecimentos da vida profissional e da vida independente
(trabalhador responsável, pessoa com habilidades sociais e cidadão
independente). Nesse sentido, Sasaki (1999) ainda trata que é necessário
preparar a própria escola para incluir nela o aluno com deficiência para um
papel mais ativo em prol de uma escola inclusiva e de uma sociedade inclusiva;
em habilidades assertivas na montagem de um programa educativo baseado na
assertividade; e, finalmente. preparar a escola, as empresas e a comunidade
para inserção profissional de alunos com deficiências múltiplas ou mais
severas. : montagem de um programa de emprego apoiado. É preciso, então,
entender, que a inclusão beneficia a todos, uma vez que sadios sentimentos de
respeito à diferença, de cooperação e de solidariedade podem se desenvolver no
recinto escolar. E conforme Carvalho (1999c), as mudanças necessárias estão
pautadas na remoção de barreiras à aprendizagem, na flexibilidade e na abertura
à diversidade consciente das funções sociopolíticas, ao lado das pedagógicas,
formando uma escola sintonizada com os valores democráticos. Veja mais Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
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