sexta-feira, agosto 01, 2008

MELVILLE, KOESTLER, , NIKLAS LUHMANN, KOYRÉ, ANTERO DE QUENTAL & ZÉ-CORNINHO


ZÉ-CORNINHO: O PINTUDO MAIS GAIÚDO DO MUNDO!




Zé-corninho era a peste: motorista-de-prefeitura, guará-de-cana, cheleléu-de-seu-Palmeira, caseiro, vigia, garçon-de-bodega, desencaminhador-de-puta, anotador-do-pule-de-bicho, tirador-de-pé-coco, desentumpidor-de-pia-e-similares, aprumador-de-antena, pescador, puxador-de-âncora, sanfoneiro e triangulista, botador-de-gato-na-energia, de jacaré-na-água, de-macaco-no-telefone; desatador-de-nó-cego, atrepador-de-poste, desatolador-de-bug, carregador-de-trouxa-de-roupa e macho de dezesseis trepeças que lhe empenavam o juizo de tanta gaia bem botada, dele num poder ver fio de alta tensão, mode não causar curco-circuito e findar morrendo eletrocutado pela peruca-de-touro. Verdade! Onde passasse, sempre suspendia o fornecimento de energia elétrica. Pronto! Se faltou energia, foi ele! Juro! A ponto da companhia energética já andar doida para pegá-lo pelos gatos e pelas gaias. Um detalhe: é o corno mais bem servido de pêia, merecedor do alcunha Minino de Itu. Quer ver? Escuta só! Um dia seu Palmeira resolveu mandá-lo pra tomar conta da casa de praia. O Zé pra lá de satisfeito com o emprego, levou mulher e uma carreira de bruguelo de num ter mais fim. Uma prole escadinha de amarelinhos, tudo autenticado com as fuças do pai, cagado e cuspido. O sujeitinho agora no bem-bom, deu de pescar de cundunda a tubarão. E de mão. Só usava vara quando estava à sesta, e rede uma vez lá na vida. Seu Palmeira mesmo estava feliz por todo dia chegar peixe fresquinho em sua casa, enviado pelo eficiente empregado. E o patrão que não era besta nada, já tava com intenção de abrir uma peixaria pra dar vencimento ao pescado de casa e ganhar dinheiro com o desinfeliz-das-costas-ocas. Aí, nesse meio termo, eis que certo final de semana, seu Palmeira saiu da capital para a cidade do descanso na casa de praia, não antes acompanhar uma procissão dum santo desse de veneração. A certa altura do cortejo, não se sabe porque a imagem achou de se enganchar num fio-de-alta-tensão, causando o maior caga-raio na bunda dos fiéis. Um rebuliço dos grandes. Foi rabo-de-saia tostado que só, de vê-se a caçola estrupiada e a bunda quase que torrada de beata. O patrão que era sabido demais da conta ficou dando um dengo de compaixão, consolando as descaçoladas e tangendo as quase-pinguins até sua casa para se recomporem da tragédia. Foi quando mal cruzaram o portão se arranchando pelos cantos, eis que surge Zé-corninho providente com garapa na mão para todas, nu da cintura pra cima e expondo uma tanga minúscula com a metade dos culhões e o mondrongo quase todo de fora. Menino, vixe! Foi um deus-nos-acuda delas desmaiarem, uma a uma, ali na hora com tamanha afronta de pervertido. Foi preciso chamar bombeiro, enfermeira, vigilantes-da-fé-de-jesuisis, a cruz-vermelha, benzedeiros, a porra toda para socorrê-las. Quando já se davam por restabelecidas e que viam o volume da trouxa com o pra-te-vai do Zé, eram novos suspiros e desmaios com nova correria da tropa de choque. Foi aí que seu Palmeira se emputeceu e mandou o calhorda ajegado embora daquele jeito mesmo, sem direito nem a tirar nem um só cisco de dentro de casa. - Rua, seu depravado! Fora-daqui! Zé todo entristecido com a injustiça, havia, afinal de contas, prestado um bom serviço com a garapa para acalmar as doentinhas-da-bunda-queimada, mas, destá, juntou os mijados e partiu com sua prole. Ainda vi-lo semana passada atrepado na caçamba de um caminhão-de-lixo, deve de ser sua nova profissão. - E aí, Zé? - gritei. - Desmaiaram pelo culhão, imagine se emborcam em riba da pêia, iam morrer entaladas! Héhéhéhéhéhé! © Luiz Alberto Machado.
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DITOS & DESDITOSJogamos o jogo da vida, obedecendo a livros de regras escritos com letra invisivel ou com um código secreto. Pensamento do jornalista, escritor e ativista húngaro Arthur Koestler (1905-1983). Veja mais aqui.

PENSAMENTO FILOSÓFICO & CIENTÍFICO - [...] O Zeitgeist não é uma fantasia. [...] A história não é inalterável. Modifica-se, à medida que nos modificamos.[...] A história do pensamento científico nos ensina portanto (pelo menos eu tentarei sustentar isso):1° Que o pensamento científico nunca foi inteiramente separado do pensamento filosófico;2° Que as grandes revoluções científicas foram sempre determinadas por subversões ou mudanças de concepções filosóficas;3° Que o pensamento científico –falo das ciências físicas –não se desenvolve in vácuo, mas está sempre dentro de um quadro de ideias, de princípios fundamentais, de evidências axiomáticas que, em geral, foram considerados como pertencentes exclusivamente à filosofia [...]. Trechos extraídos da obra Estudos de história do pensamento filosófico (Forense, 1991), do filósofo francês Alexandre Koyré (1892-1964).

COMPLEXIDADE – [...] Complexidade não é uma operação, não é nada que um sistema faça ou que nele ocorra, mas é um conceito de observação e de descrição (inclusive de auto-observação e autodescrição) [...] A distinção que constitui a complexidade assume a forma de um paradoxo: complexidade é a unidade de uma multiplicidade. Um fato é expresso em duas versões distintas: como unidade e como multiplicidade, e o conceito nega que se trate de algo distinto [...] a forma da complexidade é o limite para a ordem, onde ainda é possível que cada elemento se associe a cada tempo com outros elementos. O que excede a isso, necessita de seleção e produz, assim, um estado contingente, ou seja, toda ordem possível de ser reconhecida depende de uma complexidade, que deixa evidente, que algo diferente também seria possível […]. Trechos da obra A religião da sociedade (Die Gesellschaft der Gesellschft - Frankfurt am Main, 1999), do sociólogo alemão Niklas Luhmann (1927-1998), que em outra obra, Social Systems (Stanford University Press, 1995), expressa que: [...] O sistema da ciência pode analisar outros sistemas desde pontos de vista que não são acessíveis para eles mesmos. Neste sentido, pode descobrir e tematizar estruturas e funções latentes. Em oposição, freqüentemente nos encontramos - e especialmente na sociologia – com a situação na qual os sistemas, autoreferencialmente, desenvolvem formas de acesso a complexidade que não está acessível para a análise e simulação científica. Fala-se então, de “Black Boxes” [...].

BARTLEBY - [...] Apesar de toda sua engenhosidade mecânica, Nippers nunca conseguia fazer com que sua mesa ficasse de seu agrado. Ele usava lascas de madeira como apoio, assim como blocos de diferentes tipos e pedaços de papelão. Chegou ao ponto de tentar um delicado ajuste com restos de papel mata-borrão dobrados. Mas nenhuma invenção correspondia às suas expectativas. Se, para aliviar as costas, ele deixasse a tampa da mesa num ângulo reto em direção ao seu queixo e escrevesse ali como se utilizasse o telhado escarpado de uma casa holandesa como escrivaninha... dizia que aquilo lhe prejudicava a circulação nos braços. Se depois tivesse abaixado a mesa até a cintura e escrevesse inclinado, sentia uma forte dor nas costas. Em resumo, a verdade era que Nippers não sabia oque queria. Ou, se queria alguma coisa, era se livrar completamente da mesa de escriturário. Em meio às manifestações de sua ambição doentia estava o carinho com que recebia certos sujeitos de aparência ambígua em casacos puídos, a quem ele se referia como seus clientes. [...]. Trecho extraído de Bartleby, o Escrivão (Record, 1982), do escritor e aventureiro estadunidense Herman Melville (1819-1891). Veja mais aqui.

A UMA MULHER - Para tristezas, para dor nasceste. / Podia a sorte pôr-te o berço estreito / N'algum palácio e ao pé de régio leito, / Em vez d'este areal onde cresceste: / Podia abrir-te as flores — com que veste / As ricas e as felizes — n'esse peito: /Fazer-te... o que a Fortuna há sempre feito... / Terias sempre a sorte que tiveste! / Tinhas de ser assim... Teus olhos fitos, / Que não são d'este mundo e onde eu leio / Uns mistérios tão tristes e infinitos, /Tua voz rara e esse ar vago e esquecido, / Tudo me diz a mim, e assim o creio, / Que para isto só tinhas nascido! Poema do escritor português Antero de Quental (1842-1891), Veja mais aqui.




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