A arte da
pintora britânica Evelyn De Morgan
(1855-1919)
BATISMO DE FOGO – Há muito
que o meu coração espera! Por um cêntuplo de vezes evitei, não abjurei meus
sonhos, nenhum perjúrio lavou-me o pecado. A minha inquisição, quem me acolherá?
Que direi assim tão só, compungido, minguando nas cinzas. Da primeira vez, do
primeiro amor, da primeira. Há muito que o meu coração poreja na pia, no nome,
aniquilado e só. Não serei consagrado em meu sacramento, apenas confirmado
entre os humanos na minha pletora alucinação. © Luiz
Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS – Somente quando você estiver perdido pode
amar e se encontrar sem perder o seu caminho. O pensamento sempre funcionou por
oposição. Pensamento da escritora francesa Hélène
Cixous. Veja mais aqui, aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: Há um
tempo de adaptação com o outro para saber como jogar com ele. Depoimento ao
Centro de Estudos de Crítica Genética (PUC/SP, 1993), de Luis Mello.
NIKETECHE - [...] Ruínas
de uma família. A Lu, a desejada, partiu para os
braços de outro com véu e grinalda. A Ju, a enganada, está loucamente apaixonada por um velho
português cheio de dinheiro. A
Saly a apetecida, enfeitiçou o padre italiano
que até deixou a batina só por amor a ela. A Mauá, a amada, ama outro alguém. Só fiquei eu, a
rainha, a principal, para lhe salvar a honra de macho. Todas elas vieram e pousaram no meu teto, uma a uma, como aves
de rapina. Agora levantaram voo
uma atrás da outra. Todas amaram
o meu homem, sugaram-lhe todo o mel e partiram. Agora está à beira do abismo.
Treme, pede socorro. Meu Deus,
eu sou poderosa, eu sinto que posso salvá-lo desta
queda. Tenho nas mãos a fórmula mágica. Dizer sim
e resgatá-lo. Dizer não e perdê-lo. Mas eu o perdi muito antes de o
encontrar. Ignorou-me muito antes de me
conhecer. [...] Os seus braços
caem como um fardo. As três trovoadas que um dia tentou encomendar contra o
noivo da Lu hoje atacam-lhe o
cérebro, o coração e o sexo e fazem dele
um super-homem calcificado no éden da praça. Ele só
vê o escuro e a chuva. Fica uns minutos intermináveis a contemplar o vazio. Era uma ilha de fogo
no meio da água. Solto-o. Não
cai, mas voa no abismo, em direção ao
coração do deserto, ao inferno sem fim. Trechos da obra Niketche: uma história dc poligamia (Companhia
das Letras. 2004), da escritora moçambicana Paulina Chiziane. Veja mais aqui.
OCASO - flecha pra
dentro do mar / sumindo como esperança / pesada tal zarcão / uma luz é apagada
/ mão pra dentro dum bolso / um fundeamento de barco / o escafandrista imerge /
um pensamento se afunda / um olho se fecha / um pássaro se afoga / um gigante
desvanece / último pulso de um coração. Poema do poeta e editor
estadunidense Harry Crosby (19898-1929).
A arte da
pintora britânica Evelyn De Morgan
(1855-1919)
Ela é mineira de Pernambuco.
É cantora de forró, xote, baião e de coisas lindas de morrer.
Primeiro ela lançou Mistura Brasil, 1999.
Canto do Rouxinol, 2001.
Irah Caldeira Canta Maciel Melo, 2004.
Entre o Calango e o Baião, 2006.
Dela, diz o escritor pernambucano Luiz Berto: “A estrela de todos nós”: “(...) Irah Caldeira insere-se com extraordinária luminosidade em constelação onde fulguram talentos de rara virtuosidade entre as mulheres cantadeiras de uma nação chamada Nordeste. Com brilho e trajetória que fazem do seu desempenho estupenda demonstração do vigor da arte desse peculiar recanto de mundo.Tendo a seu crédito três CDs – impossível salientar qual o melhor deles – essa mineira, assim como o Rio São Francisco, seu conterrâneo, se deu por inteira à Nação Nordestina, na qual se instalou com fidalguia e na qual foi recebida com a honraria da benquerença e a calidez do aplauso dos seus cidadãos. À riqueza propiciada pelas águas do Velho Chico nos sertões da Nação Nordestina ajunta-se agora a borbulhante riqueza do talento dessa mineira vigorosa e bonita, que bateu asas das Gerais e aqui pousou em vôo sereno e cheio de majestade. Quando de suas apresentações, a figura imponente da artista mais e mais se agiganta e preenche cada espaço e cada recanto do palco, despejando brilho, luz, energia e alegria por sobre a platéia, um público fiel e atento, que não se cansa de prestigiar os espetáculos dessa ave encantada e sublime. Além da beleza física e do talento invulgar, Irah Caldeira é uma alma apaixonante, que encanta à primeira vista e que alia à sensibilidade de artista a sensibilidade da pessoa humana que adotou a Nação Nordestina como sua segunda pátria e dela fez a seara onde lavora seu talento, sua arte e sua dedicação de intérprete dos nossos ritmos, de embaladeira dos nossos sonhos e de apascentadora do nosso rebanho de esperanças. Vai t’embora, Irah, te dana por esse mundão nordestino e brasileiro de Deus, espalhando teu canto e tua alegria, forrozando e preenchendo os ares do palco do mundo com tua arte, teu sorriso de meiga onça sertaneja, tua boniteza e teu talento. Que Deus te proteja e te ilumine, estrela de todos nós! “.
E sexta-feira, dia 08 de agosto, é aniversário dela. Por isso: Feliz aniversário Irahlinda!!!!!
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