A arte do fotógrafo holandês
Henri Senders
LITERÓTICA: A SEDUÇÃO DE MARYNA - Perdi a noção de
tudo, não sei mais nada. Há tempos só penso em Maryna, seu jeito exuberante de
ser altaneira nos meus sonhos e a viver em mim inteira e nua pelas manhãs mais
radiosas dos meus dias sem sossego; por todas as tardes mormaçadas de volúpia
acesa a querê-la de todo jeito e custo; pelas noites enluaradas de lascívias
desprendidas de um infinito desejo indomável; por madrugadas incendiadas de
querências infindas que me fazem ficar em claro imaginando sua vida entre as
minhas mãos desesperadas. Ah, Maryna. Ela disse que viria e eu espero há
milênios que ela chegue inteiramente viva para satisfazer minha loucura
desenfreada de manifestar minha paixão desmedida e abraçar seu corpo imantado
de prazeres. Sabia, um dia ela viria, ah eu sei ela virá para atender os meus
pedidos genuflexos de amor atordoado além da conta, ela virá porta aberta
vestida de negro com as fagulhas dos seus olhos alumiando a minha solidão, decote
cavado a mostrar os seios inflados pela respiração entrecortada de sua tesão
maciça e indomável, mãos na cintura delineando a dimensão do seu ventre
vulcânico a despejar nas pernas abertas torneadas se insinuando no lascão da
saia para me seduzir mais que o impacto inesperado e a me dizer com seus lábios
entreabertos que chegou para me redimir da demora de tantas chegadas. Ao vê-la
estou completamente descontrolado e vou até ela, musa perfeita dos meus versos
aturdidos, para minhas mãos errantes se acomodarem em tocar suas faces, segurar
seu rosto para beijar-lhe a boca mil vezes tantas outras beijações e saborear
seu batom por milhões de ósculos apaixonados infinitamente desencontrado de mim
e de tudo. Beijo-lhe mais e mais e não me canso de beijá-la mais e mais a boca
rubra e seu hálito de fêmea esguia pecaminosa, enquanto apalpo seus ombros,
braços, seios, oh seios que delicadamente aperto acarinhando-os terna e
resolutamente, para firmar minha força aos seus quadris e contorna-los às ancas
e púbis, a saber-me disposta para entrega da minha sanha usurpada. Giro em
torno dela e me espanto com a constatação genuína da sua gostosura assimétrica e
apetitosa por todas as suas curvas, dorso a torso, dos pés à cabeça, o cheiro
dela, mulher faceira e torno a beijá-la a pele, a carne, e a tocá-la como quem
toma pra si os detalhes de suas entrâncias e reentrâncias, sou-me dela e ela a
mim lânguida se descontrai e me deixa tê-la em todas as suas poses e formas
expostas para ser servida unhas e dentes insaciáveis. Ela, então, virou-me as
costas e riu remexendo danada, provocação de quem solta dentro do vestido, me
pede a descobrir seus segredos mais inalcançáveis. E tomo-a a lamber suas
costas, mãos pegadas nos glúteos, até que ela se revira para a façanha de suas
mãos inquietas no meu sexo revirado e a empurrá-la até a mesa, deitada a
remover seu salto alto e esfregar meus lábios aos seus pés estirados e meus
dedos passeando entrepernas enquanto vou lambendo-as pelas coxas até alcançar o
olho do furacão do seu sexo escancarado e eu faça promissora colheita de todos
os seus sabores à minha língua no seu clitóris e o olfato do seu perfume íntimo
a me inebriar de babar todas as frutas do seu pomar saboroso e minhas mãos das
coxas pro polegar brincando de entra e sai a mexer muito doidamente no interior
da sua vagina suculenta e o indicador roçando a rosa do seu ânus lubrificado
por seus fluidos a se enfiar desassossegado para arrancar suspiros e mais
usufruir das minhas investidas pro seu gozo vulcânico nos estertores orgásmicos
e a me eletrizar priápico canibal no seu sexo estrelado até gemer e urrar ensandecida
de prazer banhada em suor. Ela me faz parar e puxa-me os cabelos para alcançar
sua boca trêmula e ávida por zis beijos a sentir meu sexo vivo em riste rente
ao seu em polvorsa. Ela se levanta com sua boca na minha sabedora por ser-me isca
fisgada a exorbitar do prazer ao ser por ela empurrado, obrigando-me a sentar
na poltrona e ela, jeitosa e sedutora, levantando a saia, toma assento sobre
meu sexo e ajeitando-se a alisar o meu no seu, e sentir sua trêmula emulação,
deslizando na sua fenda para ser deliciosamente enfiado gruta adentro e ela
cavalgar amazona ufana que vai para os sem fins de tudo, açoitando-me com sua
marcha cadenciada de quem jamais vai parar de seguir sem rumo por todos os
pontos cardeais e direções inventadas no universo e a qualquer custo me fará
segui-la hirto dentro dela, ao seu comando e palavras de ordem, morro acima,
céu abaixo, eu dentro dela até que ela jorre oceânica sobre o meu gozo astronômico
e interminável. Ah, resfolegante e vencida, ela deita a cabeça ao meu ombro e
eu sussurro que ela tinha que ser minha, jurei, minha, só minha, toda minha, e
única para eu ficar no seu dia, enfiado na sua carne, no conforto da sua vulva,
eu dentro dela e nela só se vive uma vez pra nunca mais, um dia o que eu mais
quero porque ela tem de ser minha e o amor amadureceu e ninguém no mundo será mais
feliz do que sou dentro dela. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
Veja mais
aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA – O
sentido de um acontecimento para a sua posteridade, enquanto se difere de seu
sentido para a sua própria época ou de suas causas, está perpetuamente aberto a
revisões. A História, em suma, é inacabada no sentido de que o futuro sempre
utiliza seu passado de novas maneiras. Pensamento do historiador alemão Peter Gay (1923-2015). Veja mais aqui
A ANGÚSTIA – [...] A completa insignificância que se anuncia no
nada-e-nenhures não indica uma ausência de mundo, mas adverte, ao contrário,
que o estado intramundo perdeu toda a importância em si mesmo e que, sobre o
fundo desta insignificância do intramundo, nada mais há a não ser o mundo que
ainda possa, em sua própria mundanidade, se impor. [...]. Trecho extraído O ser e o tempo (Vozes, 1989), do
filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976). Veja mais aqui, aqui e
aqui.
UM PASSEIO – [...] Minha mãe, anteriormente, não significava
muito para mim. Eu nunca a via sozinho. Estávamos sob tutela de uma governanta,
e sempre brincávamos no andar de cima, no quarto das crianças. Meus irmãos
tinham quatro e cinco anos e meio menos do que eu. Georg, o menor, tinha uma
pequena grade para si. Nissim, o do meio, tinha fama de arteiro. Logo que ficava
só, aprontava uma travessura. Abria as torneiras do quarto de banhos, e quando
se descobria a água já escorria ao andar térreo pela escada; ou desenrolava o
papel higiênico até que o corredor de cima estivesse todo coberto de papel. Ele
sempre inventava novas traquinagens, cada vez piores, e como era impossível
dissuadi-lo, todos acabaram chamando-o de “the naughty boy”. [...] Mas as mais belas conversas daquele tempo
eram as que eu mantive com meu pai. Pela manhã, antes de ir para o escritório,
ele vinha ao quarto das crianças e tinha palavras adequadas a cada um de nós.
Ele era inteligente e divertido, e sempre inventava novas brincadeiras. Essa curta
aparição era feita antes do café da manhã, que ele tomava na sala de refeições
com a minha mãe, quando ainda não havia lido o jornal. Ao anoitecer, voltava
com presentes para cada um de nós, e não houve um único dia em que ele voltou
para casa sem nos trazer algo. Então ficava mais tempo e fazia ginástica
conosco. Do que ele mais gostava era nos sustentar, os três, de pé sobre seu
braço estendido. Ele segurava os dois pequenos, mas eu tinha de aprender a me
equilibrar, e embora eu o amasse mais do que a qualquer outra pessoa, sempre tinha
um pouco de medo dessa parte do exercício. [...]. Trecho do conto Passeio à
margem de Mersey, extraído da obra A língua absolvida: história de uma
juventude (Companhia das Letras, 2010), do
escritor e ensaísta búlgaro e Prêmio Nobel de Literatura de 1981, Elias Canetti (1905-1994). Veja mais
aqui e aqui.
O MALANDRO ARREPENDIDO - Ela tinha uma cintura bem torneada / cadeiras
cheias / e caçava os machos nos arredores da Madeleine. / pelo seu jeito de me
dizer: Meu anjo / te apeteço? / eu vi logo que se tratava de uma debutante. / Ela
tinha talento, é verdade, eu o confesso. / Ela tinha gênio, / mas sem técnica
um dom não é nada. / Certamente não é tão fácil ser puta como ser freira, / pelo
menos é o que se reza em latim na Sorbonne. / Sentindo-me cheio de piedade pela
donzela / ensinei-lhe os pequenos truques de sua profissão / e ensinei-lhe os
meios para fazer logo fortuna / rebolando o lugar onde as costas se assemelham
à lua, / Porque na arte de fazer o trottoir, confesso, / o difícil é saber
mexer bem a bunda. / Não se mexe a bunda da mesma maneira / para um
farmacêutico, um sacristão, um funcionário. / Rapidamente instruída por meus
bons ofícios / ela cedeu-me uma parte de seus benefícios. / Ajudavamo-nos
mutuamente, como diz o poeta: / ela era o corpo, naturalmente, e eu a cabeça. /
Quando a coitada voltava para casa sem nada / dava-lhe umas porradas mais do
que com razão. / Será que ela se lembra ainda do bidê com / que lhe rachei o
crânio? / Uma noite, por causa de manobras duvidosas / ela caiu vítima de uma
doença vergonhosa, / então, amigavelmente, como uma moça honesta / passou-me a
metade de seus micróbios. / Depois de dolorosas injeções de antibióticos / desisti
da profissão de cornudo sistemático. / Não adiantou que ela chorasse e gritasse
feita louca / e, como eu era apenas um canalha, fiz-me honesto. / Privado logo
de minha tutela, minha pobre amiga, / correu a suportar as infâmias do bordel.
/ Dizem que ela se vendeu até aos tiras! / Que decadência! / Já não existe mais
moralidade pública / na nossa França! Poema do poeta, compositor e cantor
francês Georges Brassens
(1921-1981).
A arte do fotógrafo holandês
Henri Senders
NUM É MESMO ZIRALDO!!!! POR ISSO QUE EU DIGO QUE MARCIO BARALDI É O MAIOR ROCKCHARGISTA DO PLANETA!!! - Marcio Baraldi é um dos mais promissores chargistas e cartunistas do país. Cabra inquieto, criativo e criador de uma penca de projetos que vão se constituindo nas mais elogiadas iniciativas de um artista que se preze, ele vai delineando sua carreira com sucesso e muito bom humor. Da sua lavra nasceram as revistas do Adrina-lina e Roko-Loko, do Tatoozinho, Humor-Tifer, sem contar com o primeiro game rock´n´roll do Brasil: Roko-loko no castelo do Ratozinger! E tudo isso primando pelo bom gosto, pela irreverência e pela arte de um dos maiores artistas desta terra. Prova disso? Taí: a publicação do livro “Moro num país tropiacaos”, uma coletânea de charges do Marcio Baraldi, publica em 2001 pela Publisher Brasil. Por isso que eu digo que se trata do maior rockchargista, maior rockcartunista, maior rockamigo & o escambau! E quem diz isso não só sou eu. Veja o que Ziraldo diz dele: "Rebelde com causa e graça! Carcamano brabo, brigador, alma rebelde que começou a ser gerada em Modena, de onde veio o avô, este é o Marcio, de sobrenome Baraldi, caricaturista, chargista, desenhista de historia-em-quadrinhos, comunista perigoso. Ou melhor, só não é comunista perigoso porque esta categoria já saiu de moda há algum tempo. Mas indignado ele é, inconformado, também. E zangado. Suas charges, quando tocam de leve o alvo, deixam a vitima pronta para ir pra UTI. O Baraldi não pega leve, profissional dos mais sérios – mas muito engraçado – ele trabalha como um condenado, fazendo charges diárias para a Folha Bancária e para mais uma dezena de publicações sindicais, afinal ele acredita na vitória da classe obreira. Acontece, porem, que ele tem uma coisa que é fundamental num chargista: a fé no ser humano, esta certeza de que o homem não pode serão... tão... tão assim como esses caras que estão lá nas suas charges são. Ele crê que a gente tem que denunciar, tem que berrar, tem que gritar bem alto, com nosso engenho e arte, para despertar os que, nas charges do Marcio, estão lá levando porrada. Ele fez desta missão – bradar sua indignação e seus propósitos – sua labuta diária e, com a devida paga por sua competência, é um dos poucos profissionais brasileiros – na área – a poder viver de seu desenho e de seu Humor, exclusivamente. O que é uma gloria que merece esta perpetuação que vem através do livro. Pois é aqui que, para sempre, fica gravada a marca do artista. Porque gosto de quem trabalha com afinco e fé e porque gosto do trabalho do Marcio Baraldi, achei uma alegria fazer o prefacio deste Caos Tropical, na certeza de que ele é abençoado por Deus – apesar das injustiças! – e bonito por natureza! Ziraldo, Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 2002”. Veja a entrevista
com Márcio Baraldi aqui e mais aqui
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