DITOS & DESDITOS - Aprendi
a viver cada dia conforme ele chega e a não pedir emprestado enquanto temo o
amanhã. É a ameaça sombria do futuro que nos torna covardes... A confissão é
sempre fraqueza. A alma solene guarda seus próprios segredos e recebe o castigo
em silêncio... Pensamento da jornalista estadunidense Dorothy Dix (Elizabeth
Meriwether Gilmer - 1861-1951), precursora dos coluniostas de aconselhamento e aderiu
à campanha pelo sufrágio feminino.
ALGUÉM FALOU: O poder
tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os
grandes homens são quase sempre homens maus... A cada passo somos confrontados
com argumentos que servem para desculpar, atenuar, confundir o certo e o errado
e reduzir o homem justo ao nível do réprobo. A história não oferece compensação
pelo sofrimento nem penalidades pelos erros. Tudo o que é secreto degenera,
mesmo na Justiça. Nada é seguro sem que se prove ser capaz de enfrentar
divulgação e publicidade... O verdadeiro princípio democrático, de que
ninguém terá poder sobre o povo, significa que ninguém será capaz de restringir
ou escapar ao seu poder. O verdadeiro princípio democrático, de que o povo não
deve ser obrigado a fazer o que não gosta, significa que nunca será obrigado a
tolerar o que não gosta. O verdadeiro princípio democrático, de que o livre
arbítrio de cada homem deve ser tão irrestrito quanto possível, é entendido
como significando que o livre arbítrio do povo coletivo não deve ser
restringido a nada...Pensamento do historiador britânico John Emerich
Edward Dalberg-Acton (1834-1902), conhecido por Lord Acton.
INDIFERENÇA – [...] O que é indiferença? Etimologicamente, a palavra
significa “não diferença”. Um estado estranho e inatural no qual as linhas se
embaçam entre luz e escuridão, crepúsculo e aurora, crime e castigo, crueldade
e compaixão, bem e mal. Quais são seus percursos e inescapáveis consequências?
É uma filosofia? Existe uma concebível filosofia da indiferença? É possível que
alguém veja a indiferença como uma virtude? Será necessário às vezes praticá-la
simplesmente para manter a sanidade, viver normalmente, saborear uma refeição
fina e um cálice de vinho, enquanto o mundo em volta experimenta angustiantes
convulsões? Claro, a indiferença pode ser tentadora – mais do que isso,
sedutora. É tão mais fácil afastar o olhar das vítimas. É tão mais fácil evitar
essas bruscas interrupções de nosso trabalho, nossos sonhos, nossas esperanças.
É, afinal, inconveniente, problemático, envolver-se na dor e no desespero de
outra pessoa. Afinal, para a pessoa que é indiferente, seu vizinho ou sua
vizinha não têm importância. E, portanto, suas vidas não têm significado. Sua
angústia oculta, ou mesmo visível, não interessa. A indiferença reduz o Outro a
uma abstração. Lá, atrás dos portões negros de Auschwitz, os mais trágicos de
todos os prisioneiros eram os Muselmanner, como eram chamados. Envoltos em seus
cobertores amarrotados, eles ficavam sentados ou deitados no chão, olhando
vagamente para o espaço, sem saber quem eram ou onde estavam – alheios a seu
entorno. Já não sentiam dor, fome, sede. Não tinham medo de nada. Não sentiam
nada. Estavam mortos e não sabiam. Arraigados em nossa tradição, alguns de nós sentimos que ser
abandonados pela humanidade, então, não era o mal definitivo. Sentimos que ser
abandonados por Deus era pior do que ser punidos por Ele. Melhor um Deus
injusto do que um Deus indiferente. Para nós, ser ignorados por Deus era
punição mais dura do que ser vítimas de Sua ira. Homens podem viver longe de
Deus – não fora de Deus. Deus está onde quer que estejamos. Mesmo no
sofrimento? Mesmo no sofrimento. De certa forma, ser indiferente a esse
sofrimento é que faz o ser humano ser desumano. A indiferença, afinal, é mais
perigosa do que a raiva e o ódio. A raiva pode às vezes ser criativa. Fazer
alguém escrever um grande poema, compor uma grande sinfonia. Alguém faz algo
especial em benefício da humanidade porque está com raiva de uma injustiça que
testemunhou. Mas a indiferença nunca é criativa. O ódio pode às vezes até mesmo
suscitar uma resposta. Você luta com ele, você o denuncia, você o desarma. A
indiferença não suscita resposta. A indiferença não é uma resposta. A
indiferença não é um início; ela é um fim. E, portanto, a indiferença é sempre
o amigo do inimigo, pois ela beneficia o agressor – nunca sua vítima, cuja dor
é ampliada quando ele ou ela sente-se esquecido ou esquecida. O prisioneiro
político em sua cela, as crianças famintas, os refugiados sem-teto – não
responder a seu pleito, não aliviar sua solidão oferecendo uma centelha de
esperança é exilá-los da memória humana. E ao negar sua humanidade, traímos a
nossa. A indiferença, pois, não é somente um pecado; é um castigo.
[...] E nosso único e miserável consolo era que acreditávamos que Auschwitz
e Treblinka eram segredos estritamente guardados; que os líderes do mundo livre
não sabiam o que estava acontecendo atrás daqueles portões negros e do arame
farpado; que não tinham conhecimento da guerra contra os judeus que os
exércitos de Hitler e seus cúmplices travavam como parte da guerra contra os
aliados. Se soubessem, pensávamos, certamente esses líderes teriam movido céus
e terra para intervir. Teriam se expressado veementemente com ultraje e
convicção. Teriam bombardeado as ferrovias que levavam a Birkenau, ao menos as
ferrovias, ao menos uma vez. [...] O que aconteceu? Não compreendo. Por
que a indiferença, no mais alto nível, ao sofrimento das vítimas? [...]. Como
alguém pode explicar essa indiferença? [...] Quando adultos travam
guerras, crianças perecem. Vemos seus rostos, seus olhos. Ouvimos seus apelos?
Sentimos sua dor, sua agonia? A cada minuto uma delas morre de doença,
violência, fome. Algumas delas – muitas delas – poderiam ser salvas. [...].
Trechos do discurso Os perigos da indiferença (1999), proferido pelo
escritor, professor e ativista político romeno, Elie Wiesel (1928-2016),
ganhador do Nobel da Paz em 1986, no dia 12 de abril de 1999, na Casa Branca,
Washington D.C. Veja mais aqui.
OS FILHOS DOS HOMENS - [...]
As armas com
que luto também são meu consolo: livros, música, comida, vinho, natureza
[...] Você deseja o fim, mas fecha os olhos para os meios. Você quer que o
jardim seja bonito, desde que o cheiro de esterco fique bem longe do seu nariz
exigente. [...] O igualmente é uma teoria política, mas não
uma política prática [...] Quase toda a
investigação médica moderna é dedicada a melhorar a saúde na velhice e a
prolongar a esperança de vida humana e obtemos mais senilidade, e não menos. Estendendo para quê? Damos-lhes
medicamentos para melhorar a memória de curto prazo, medicamentos para melhorar
o humor, medicamentos para aumentar o apetite. Eles não precisam
de nada para dormir, é tudo o que parecem fazer. O que, eu me
pergunto, acontece nessas mentes senis durante esses longos períodos de
semiconsciência. Memórias, suponho,
orações. [...] Nada nem ninguém nos separará, nem a vida
nem a morte, nem os principados, nem as potestades, nem nada do que é dos céus
nem nada do que é da terra. [...] Estávamos poluindo
o planeta com os nossos números; se estivéssemos
reproduzindo menos, seria bem-vindo. [...]. Trechos extraídos da
obra The Children of Men (Vintage, 2006). da
escritora britânica P. D. James - Phyllis Dorothy James, Baronesa James
de Holland Park (1920-2014). A obra foi levada para as telas do cinema Children
of Men (Filhos da Esperança, 2006), dirigido
pelo cineasta mexicano Alfonso Cuarón Orozco, contando uma história que
se passa em 2027, depois de as atividades humanas terem produzido um ecocídio com
efeitos deletérios generalizados sobre o ambiente e duas décadas depois da
infertilidade humana ter deixado a sociedade à beira do colapso, imigrantes em
situação ilegal buscam refúgio na Inglaterra, onde o último governo em
funcionamento impõe leis opressivas sobre a imigração. O destaque em cena é
para a premiada atriz estadunidense Julianne Moore, pseudônimo de Julie
Anne Smith, prolífica no cinema desde o início da década de 1990, participando
de filmes independentes e de sucesso. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
CANTORA DRAGÃO - As lágrimas que
sinto hoje \ Vou esperar para lançar amanhã. \ Embora eu não vá dormir esta noite \ Nem encontre cessação da tristeza. \ Meus olhos devem manter a visão: \ Não me atrevo a ficar cego pelas lágrimas. \ Eu devo estar livre para conversar \ Não sufocado pela dor, com a mente clara. \ Minha boca não pode trair \ A angústia que eu conheço. \ Sim, guardarei minhas lágrimas até mais tarde: \ Mas minha dor nunca irá embora. II
- Não me
deixe sozinho! \ Um grito no meio da noite, \ De angústia que aperta o coração, \ De medo de matar almas. \ Viva para minha vida \ Ou então devo morrer \ Não me deixe sozinho. \ Um mundo ouviu esse grito. III - A pequena
rainha toda dourada \ Voou sibilando para o mar. \ Para parar cada onda \ Sua embreagem para salvar \ Ela se aventurou corajosamente. \ Enquanto ela atacava o mar com raiva \ Um titular chegou perto \ Ao longo da areia \ Rede de pesca na mão \ E vi a rainha midsky. \ Ele olhou para ela maravilhado \ Muitas vezes lhe disseram \ Que tal como ela \ Nunca poderia ser \ Quem pairou lá, ouro brilhante. \ Ele viu a situação dela e rapidamente \ Ele olhou para o penhasco que enfrentou \ E vi uma caverna \ Acima da onda \ Em que seus ovos ele colocou. \ A pequena rainha toda dourada \ Sobre seu ombro estava \ Seus olhos são todos azuis \ Brilhava com sua verdade Gratidão eterna. Poemas extraídos da
obra Dragonsinger (Aladdin, 2003),
da escritora inglesa Anne McCaffrey (1926-2011), autora da frase:
Uma boa
história é uma boa história, não importa quem a escreveu.