terça-feira, agosto 05, 2014

ELIE WIESEL. P. D. JAMES, ANNE MCCAFFREY, DOROTHY DIX, DALBERG-ACTON & LITERÓTICA


BIZIGA DE AMOR – Insatisfeita ela sempre está. Pudera, não há nada mais que o amor no seu mundo. E parece querer sempre mais do que posso lhe dar. Insaciável, uma fonte inesgotável, sempre recheada e explodindo de prazer. É claro que não me farto de estar o tempo inteiro enfiado nos seus colossais guardados, sempre tirando proveito e me esgueirando sempre mais que meu próprio privilégio, sempre mais que meu merecimento. Confesso, ela é sempre demais. Além da conta. E mais quer, mais exige, mais pede, mais chega com manha, aumentando o dengo, se derretendo carinhosamente para cada vez mais me aprisionar nas suas garras amorosas. Não há como resistir, mesmo quando ela se mostra irritada com a minha inadimplente presença, embora eu sempre esteja à disposição de satisfazê-la, fogo queimando, explosões siderais. Mas, tem sempre um porém: ela quer mais e eu tome, sua danada! Tome, tome! E lascando tudo, quebrando todos os limites, batendo todos os recordes. Quer mais? Besteira perguntar e tome mais! Isso é um poço sem fundo? Inesgotável, reitero. Por isso sempre insatisfeita e resmungona vai ficando. E quanto mais contrariada, mais nua. A cada insatisfação mais cai uma alça da blusa, mais seus passos largos sobem um centímetro a mais na saia acima das coxas, mais o decote vai inflamando minha gula, mais o seu olhar vai ficando aceso de luxuria, mais a sua boca se torna sedenta, mais seus seios incham prazerosos, mais seu ventre se avoluma na minha predileção, tudo mais e muito mais até que eu me enfio e a submeto a todos os meus caprichos que só conduzem ao prazer mútuo e a salvação de nós dois. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aquiaqui.

 


DITOS & DESDITOS - Aprendi a viver cada dia conforme ele chega e a não pedir emprestado enquanto temo o amanhã. É a ameaça sombria do futuro que nos torna covardes... A confissão é sempre fraqueza. A alma solene guarda seus próprios segredos e recebe o castigo em silêncio... Pensamento da jornalista estadunidense Dorothy Dix (Elizabeth Meriwether Gilmer - 1861-1951), precursora dos coluniostas de aconselhamento e aderiu à campanha pelo sufrágio feminino.

 

ALGUÉM FALOU: O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus... A cada passo somos confrontados com argumentos que servem para desculpar, atenuar, confundir o certo e o errado e reduzir o homem justo ao nível do réprobo. A história não oferece compensação pelo sofrimento nem penalidades pelos erros. Tudo o que é secreto degenera, mesmo na Justiça. Nada é seguro sem que se prove ser capaz de enfrentar divulgação e publicidade... O verdadeiro princípio democrático, de que ninguém terá poder sobre o povo, significa que ninguém será capaz de restringir ou escapar ao seu poder. O verdadeiro princípio democrático, de que o povo não deve ser obrigado a fazer o que não gosta, significa que nunca será obrigado a tolerar o que não gosta. O verdadeiro princípio democrático, de que o livre arbítrio de cada homem deve ser tão irrestrito quanto possível, é entendido como significando que o livre arbítrio do povo coletivo não deve ser restringido a nada...Pensamento do historiador britânico John Emerich Edward Dalberg-Acton (1834-1902), conhecido por Lord Acton.

 

INDIFERENÇA – [...] O que é indiferença? Etimologicamente, a palavra significa “não diferença”. Um estado estranho e inatural no qual as linhas se embaçam entre luz e escuridão, crepúsculo e aurora, crime e castigo, crueldade e compaixão, bem e mal. Quais são seus percursos e inescapáveis consequências? É uma filosofia? Existe uma concebível filosofia da indiferença? É possível que alguém veja a indiferença como uma virtude? Será necessário às vezes praticá-la simplesmente para manter a sanidade, viver normalmente, saborear uma refeição fina e um cálice de vinho, enquanto o mundo em volta experimenta angustiantes convulsões? Claro, a indiferença pode ser tentadora – mais do que isso, sedutora. É tão mais fácil afastar o olhar das vítimas. É tão mais fácil evitar essas bruscas interrupções de nosso trabalho, nossos sonhos, nossas esperanças. É, afinal, inconveniente, problemático, envolver-se na dor e no desespero de outra pessoa. Afinal, para a pessoa que é indiferente, seu vizinho ou sua vizinha não têm importância. E, portanto, suas vidas não têm significado. Sua angústia oculta, ou mesmo visível, não interessa. A indiferença reduz o Outro a uma abstração. Lá, atrás dos portões negros de Auschwitz, os mais trágicos de todos os prisioneiros eram os Muselmanner, como eram chamados. Envoltos em seus cobertores amarrotados, eles ficavam sentados ou deitados no chão, olhando vagamente para o espaço, sem saber quem eram ou onde estavam – alheios a seu entorno. Já não sentiam dor, fome, sede. Não tinham medo de nada. Não sentiam nada. Estavam mortos e não sabiam. Arraigados em nossa tradição, alguns de nós sentimos que ser abandonados pela humanidade, então, não era o mal definitivo. Sentimos que ser abandonados por Deus era pior do que ser punidos por Ele. Melhor um Deus injusto do que um Deus indiferente. Para nós, ser ignorados por Deus era punição mais dura do que ser vítimas de Sua ira. Homens podem viver longe de Deus – não fora de Deus. Deus está onde quer que estejamos. Mesmo no sofrimento? Mesmo no sofrimento. De certa forma, ser indiferente a esse sofrimento é que faz o ser humano ser desumano. A indiferença, afinal, é mais perigosa do que a raiva e o ódio. A raiva pode às vezes ser criativa. Fazer alguém escrever um grande poema, compor uma grande sinfonia. Alguém faz algo especial em benefício da humanidade porque está com raiva de uma injustiça que testemunhou. Mas a indiferença nunca é criativa. O ódio pode às vezes até mesmo suscitar uma resposta. Você luta com ele, você o denuncia, você o desarma. A indiferença não suscita resposta. A indiferença não é uma resposta. A indiferença não é um início; ela é um fim. E, portanto, a indiferença é sempre o amigo do inimigo, pois ela beneficia o agressor – nunca sua vítima, cuja dor é ampliada quando ele ou ela sente-se esquecido ou esquecida. O prisioneiro político em sua cela, as crianças famintas, os refugiados sem-teto – não responder a seu pleito, não aliviar sua solidão oferecendo uma centelha de esperança é exilá-los da memória humana. E ao negar sua humanidade, traímos a nossa. A indiferença, pois, não é somente um pecado; é um castigo. [...] E nosso único e miserável consolo era que acreditávamos que Auschwitz e Treblinka eram segredos estritamente guardados; que os líderes do mundo livre não sabiam o que estava acontecendo atrás daqueles portões negros e do arame farpado; que não tinham conhecimento da guerra contra os judeus que os exércitos de Hitler e seus cúmplices travavam como parte da guerra contra os aliados. Se soubessem, pensávamos, certamente esses líderes teriam movido céus e terra para intervir. Teriam se expressado veementemente com ultraje e convicção. Teriam bombardeado as ferrovias que levavam a Birkenau, ao menos as ferrovias, ao menos uma vez. [...] O que aconteceu? Não compreendo. Por que a indiferença, no mais alto nível, ao sofrimento das vítimas? [...]. Como alguém pode explicar essa indiferença? [...] Quando adultos travam guerras, crianças perecem. Vemos seus rostos, seus olhos. Ouvimos seus apelos? Sentimos sua dor, sua agonia? A cada minuto uma delas morre de doença, violência, fome. Algumas delas – muitas delas – poderiam ser salvas. [...]. Trechos do discurso Os perigos da indiferença (1999), proferido pelo escritor, professor e ativista político romeno, Elie Wiesel (1928-2016), ganhador do Nobel da Paz em 1986, no dia 12 de abril de 1999, na Casa Branca, Washington D.C. Veja mais aqui.

 

OS FILHOS DOS HOMENS - [...] As armas com que luto também são meu consolo: livros, música, comida, vinho, natureza [...] Você deseja o fim, mas fecha os olhos para os meios. Você quer que o jardim seja bonito, desde que o cheiro de esterco fique bem longe do seu nariz exigente. [...] O igualmente é uma teoria política, mas não uma política prática [...] Quase toda a investigação médica moderna é dedicada a melhorar a saúde na velhice e a prolongar a esperança de vida humana e obtemos mais senilidade, e não menos. Estendendo para quê? Damos-lhes medicamentos para melhorar a memória de curto prazo, medicamentos para melhorar o humor, medicamentos para aumentar o apetite. Eles não precisam de nada para dormir, é tudo o que parecem fazer. O que, eu me pergunto, acontece nessas mentes senis durante esses longos períodos de semiconsciência. Memórias, suponho, orações. [...] Nada nem ninguém nos separará, nem a vida nem a morte, nem os principados, nem as potestades, nem nada do que é dos céus nem nada do que é da terra. [...] Estávamos poluindo o planeta com os nossos números; se estivéssemos reproduzindo menos, seria bem-vindo. [...]. Trechos extraídos da obra The Children of Men (Vintage, 2006). da escritora britânica P. D. James - Phyllis Dorothy James, Baronesa James de Holland Park (1920-2014). A obra foi levada para as telas do cinema Children of Men (Filhos da Esperança, 2006), dirigido pelo cineasta mexicano Alfonso Cuarón Orozco, contando uma história que se passa em 2027, depois de as atividades humanas terem produzido um ecocídio com efeitos deletérios generalizados sobre o ambiente e duas décadas depois da infertilidade humana ter deixado a sociedade à beira do colapso, imigrantes em situação ilegal buscam refúgio na Inglaterra, onde o último governo em funcionamento impõe leis opressivas sobre a imigração. O destaque em cena é para a premiada atriz estadunidense Julianne Moore, pseudônimo de Julie Anne Smith, prolífica no cinema desde o início da década de 1990, participando de filmes independentes e de sucesso. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 

CANTORA DRAGÃO - As lágrimas que sinto hoje \ Vou esperar para lançar amanhã. \ Embora eu não vá dormir esta noite \ Nem encontre cessação da tristeza. \ Meus olhos devem manter a visão: \ Não me atrevo a ficar cego pelas lágrimas. \ Eu devo estar livre para conversar \ Não sufocado pela dor, com a mente clara. \ Minha boca não pode trair \ A angústia que eu conheço. \ Sim, guardarei minhas lágrimas até mais tarde: \ Mas minha dor nunca irá embora. II - Não me deixe sozinho! \ Um grito no meio da noite, \ De angústia que aperta o coração, \ De medo de matar almas. \ Viva para minha vida \ Ou então devo morrer \ Não me deixe sozinho. \ Um mundo ouviu esse grito. III - A pequena rainha toda dourada \ Voou sibilando para o mar. \ Para parar cada onda \ Sua embreagem para salvar \ Ela se aventurou corajosamente. \ Enquanto ela atacava o mar com raiva \ Um titular chegou perto \ Ao longo da areia \ Rede de pesca na mão \ E vi a rainha midsky. \ Ele olhou para ela maravilhado \ Muitas vezes lhe disseram \ Que tal como ela \ Nunca poderia ser \ Quem pairou lá, ouro brilhante. \ Ele viu a situação dela e rapidamente \ Ele olhou para o penhasco que enfrentou \ E vi uma caverna \ Acima da onda \ Em que seus ovos ele colocou. \ A pequena rainha toda dourada \ Sobre seu ombro estava \ Seus olhos são todos azuis \ Brilhava com sua verdade Gratidão eterna. Poemas extraídos da obra Dragonsinger (Aladdin, 2003), da escritora inglesa Anne McCaffrey (1926-2011), autora da frase: Uma boa história é uma boa história, não importa quem a escreveu.

 

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiLogo mais, a partir das 21hs, acontecerá mais uma edição do programa Tataritaritatá, com apresentação de Meimei Corrêa e com as seguintes atrações na programação: Naná Vasconcelos, Keith Jarret, Jimmy Page & Robert Plant, Caetano Veloso, Airto Moreira, Os candangos & Antonio Miranda, Xulio Formoso, Carlos Careqa, Mariana Avena & muito mais! Veja mais aqui.

SERVIÇO:
O que? Programa Tataritaritatá
Quando? Hoje, terça, o5 de agosto, a partir das 21hs
Onde? Aqui no blog do Programa Domingo Romântico
Apresentação: Meimei Corrêa


Veja mais sobre:
Os encantos de Valkyria Freya, Paulo Freire, Daniel Goleman, a literatura de Pierre Michon,o teatro de Mario Viana,o cinema de Ferenc Moldoványi, a música de Vânia Abreu, a pintura de Carolyn Weltman, a arte de Alexis Texas, Merari Tavares, Saúde no Brasil, Fracasso Escolar & Professor e aluno aqui.

E mais:
A poesia de Benhjamim Péret, Dolls & Cátia Rodrigues aqui.
Paixão, a literatura de Francis Scott Fitzgerald & Djuna Barnes, o teatro de Sarah Kane, o cinema de Ken Loach, a música de Regina Carter, a pintura de Pal Fried & Carolyn Weltman & Jane Graverol, a fotografia de Wang Huaxiang, Jurema Barreto de Souza, Gestão em Saúde, A relação entre professor & aluno aqui.
A música de Kylie Minogue, a poesia de Cláudio Manuel da Costa, o teatro de Michael Frayn,o cinema de Michel Gondry, a fotografia de Jeanine Toledo, a pintura de Carl Larsson, Lucilene Machado, Kate Winslet, Hope 2050, aecamepa, Administração Hospitalar & Síndrome de Burnout, Transtornos & Distúrbios da Aprendizagem aqui.
O alvo do pódice, Cervantes, Márcia Tiburi, Giovanni Sartori, a literatura de Rick Moody, o teatro de Mário Prata & Fernando Rojas, o cinema de István Szabó, a música de Ferruccio Busoni & Gertrud Schilde, a pintura de Omar Ortiz & Emerico Imre Toth, Rachel Weisz, Ádila J. P. Cabral, A Trajetória da Mulher & O cérebro na escola aqui.
Solfejo de uma ária amanhecida & a pintura de Max Klinger aqui.
Cecília Meireles, Pablo Milanés. Pedrinho Guareschi & O mistério da Consciência, o cinema de Jean-Luc Godard, a pintura de Johan Christian Dahl, Juliette Binoche e Myriem Roussel, Costinha, O sufrágio feminino & Programa Tataritaritatá aqui.
Leibniz, Manoel Bentevi, Alceu Valença, Helena Cristina & Programa Tataritaritatá aqui.
Hermann Hesse, a poesia de Wislawa Szymborska, a literatura de Evelyn Lau, a música de Christoph Willibald Gluck & Daniella Alcarpe, a fotografia de Bárbara Angel aqui.
Franz Kafka, a pintura de Anna Chromý, a música de Leoš Janáček & Karyme Hass & Ibys Maceioh aqui.
Adolfo Casais Monteiro, Roberto Burle Marx, a música de Astor Piazzola, a poesia de Antonio Miranda, Adriana Garambone & Doro na Copa do Mundo aqui.
O cinema de Jean Cocteau & Elizabteh Lee Miller, a música de Márcia Novo & Felipe Cerquize aqui.
Frida Kahlo, Alberto Nepomuceno & Luciah Lopez aqui.
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Fritz Perls, Procópio Ferreira, Moraes Moreira, Doro na Copa & Programa Tataritaritatá aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
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