segunda-feira, junho 23, 2014

SHERRY TURKLE, JANICE REBIBO, MURIEL SPARK, AYN RAND & ELZA SOARES

 


ALEGRIA DE POBRE DURA MUITO POUCO... – Doro andava nas nuvens, maior folga. Parecia mais que a coisa ia dar certo definitivamente daquela vez, mesmo. Pois é. Marcialita, a sua pegajosa cônjuge, virou de vez beata de todos os dias. Isso era um prêmio. Contudo, suspeitas precavidas fizeram-no conferir no amiudado. Furtivo, foi lá na paróquia, de soslaio. Aliviou-se: um vestuto pároco ministrando o evangelho pra regozijo dela, acompanhada da escadinha dos cabelinhos de milho. Dos oito bruguelos, até a caçula pirrototinha de mãos postas, prostrada, acompanhando as orações da mãe. Para onde ela ia, a mundiça deles atrás. Por perto, o melhor: nenhum aventureiro ameaçando sua prole nem cornice. Tudo nos conformes até ele botar o pé fora da paróquia e dar de cara com Delicídia requisitando-o aflita. Pensou consigo: uma frochosa dessa dando mole, tô dentro! E foi: botou a cara pro perigo e a zebra que endoide! Não perderia uma dessa jamais. Levado à residência da distinta, de cara cheio de pernas e sem saber onde botar as ventas. Mas logo aprumou a coisa e consertou o troço que deu na TV dela, justo na hora da novela. Uma tragédia pra coitada, não perdia um capítulo. Enquanto dava jeito naquilo com todo cabedal de zis experiências de faz-tudo, aproveitou para tirar uma brechada nas intimidades da gostesuda e, ao mesmo tempo, ardilosamente já programar outras visitas, detectando defeitos nisso e naquilo. A reboculosa mais que assustada foi caindo na lábia dele: as antevisões problemáticas do distinto, deixou-la mais rendida que presa fácil coagida, tornando-se dali por diante a pessoa mais grata, principalmente quando perguntou quanto seria o conserto e ele, mais que categórico, sapecou: Nada não. Como? Ele enrolou no papo e reiterou que o serviço seria gratuito e, se ela quisesse, na noite seguinte voltaria para fazer as caranhas necessárias nos utensílios que ele, visivelmente afetado, antecipou problema a vista. Tudo grátis! Ela até esqueceu a novela e ficou acompanhando o ar doutoral do sujeito sobre as instalações elétricas e hidráluicas, o funcionamento deste e daquele equipamento, a forma inadequada de utilização dos ventiladores, o ar condicionado com vestígios de sujeiras e que ela tivesse cuidado com o uso de tais recursos. Oxe! Estava no papo! Olhos arregalhados, não deu outra. Ela mais alarmada que atenta, já o contratou para começar o serviço ali mesmo e ele saiu desparafuzando coisas, martelando outras, sempre com uma explicação na ponta da língua pela má utilização de tais coisas. Testou tudo, funcionava. E o melhor: Quanto é? Nada. Como assim? A senhora é só me chamar e estarei aqui pronto pra consertar o que precisar. Ela ficou boquiaberta de olhos esbugalhados com a presteza do rapaz em consertar as coisas que logo dedicou toda atenção aos seus conselhos: É de um homem desse que preciso aqui em casa! Não diga? Meu marido me deixou por uma mais jovem. Sujeito traste, hem? Conversa vai, papo vem, era hora do ardiloso puxar o carro e sair fora para deixar a porta aberta, antes que fizesse uma besteira, como de costume. Precavido, orientou da melhor maneira possível e já deixou apalavrado que na noite seguinte voltaria. Daí pras noites seguintes misturando pernas e beijos nos lençóis da beldade, o cabra só no regalo da mancebia, foi em cheio: acertou na mosca. Nunca foi tão fácil na vida dele. Marcialiata que nunca desconfiasse, inferno pronto. Passaram-se meses e uma dia lá, era de manhã, ele resolveu passar pela casa da já dada por ele como amásia. Ele sabia que ela não estaria, pois era funcionária pública e, àquela hora, estava dando expediente. Na veneta, passou por sei lá cargas d’água e qual não foi a surpresa: Florizita atendeu-lo e com todo requinte de visitante assíduo à residência. Você me conhece? Ora, se. Nunca tinha visto aquela boniteza por ali. Logo viu-se dono da casa tomando ciência de que se tratava da doméstica que deixava tudo nos trinques pra visita dele à noite. Uau! Ela nunca falou nessa pessoa, ora! Pensou ele: Empregada dessa é acertar na loteria! Caraminholas no quengo enquanto conferia os glúteos proeminentes que rebolavam ritmadamente na sua frente para providência de sucos e outros quitutes pro seu bel prazer, no bem bom. Encarou firme o par de seios no decote da moça, conferiu as curvas onduladas da jovem e gelou lívido quando flagrou a graciosa acompanhando seus olhares e lambidas de beiços. O senhor deseja mais alguma coisa? Ele endoidou e não teve como esconder a sobressalência que se fazia notar na sua região púbica. Ela não se fez de rogada: O senhor tá de pau duro? Ele procurou um buraco no chão pra se socar, aliviando-se porque a bonitona logo avançou a mão e começou a alisar seu membro incontrolável. Ele abriu os olhos e viu-se surpreendentemente aliviado: Ah, assim tá. Bocas, sexo, coxas, abraços, tudo misturado ali na hora. Não olvidou, partiu pra cima e fez barba, cabelo e bigode nos trabalhos de cama, mesa e banho dela. Era o que precisava! Mais sortudo que nunca, meses na melhor gestão da vida: apascentando Marcialita, de noite lavando a jega na Delicídia com todos os requintes de campeão e, durante o dia, usufruindo das providentes gentilezas da égua no cio, Florizita. Queria mais o quê? Todo dia e o dia todo ele lá, seis ou sete meses depois a bomba: a empregada estava prenha dele e o pipoco com estilhaços além dos limites territoriais. Pense num estouro, perto disso bomba atômica era pinto! O que teve de gente para zoar em seus ouvidos não estava no gibi: padre, juiz, promotor, conselho tutelar, polícia e tudo o mais no seu juízo noite e dia. Florizita era de menor. Fodeu. E bucho já à mostra. Lascou-se. Pensou várias vezes em dar um tiro no pingulin pra ver se resolvia. Melhor logo um suicidio, pronto. Peraí. Pensou melhor: merda por bosta, melhor que ser capado por mim mesmo, pagar a pena é o de menos. Bronca safada, problema mesmo só presta quando esfola e enraba o sujeito de fodê-lo a alma sem saída. Simbora nos peitos. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Você se sente miseravelmente desamparado e quer se rebelar? Rebele-se contra as ideias de seus professores. O amor é a nossa resposta aos nossos valores mais elevados – e não pode ser outra coisa. Deus… um ser cuja única definição é que ele está sozinho com o poder da compreensão humana. Pensamento da escritora, dramaturga, roteirista e filósofa estadunidense Ayn Rand (1905-1982). Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Nunca peça desculpas, nunca explique. Se você vai fazer algo, você deve fazê-lo minuciosamente... Pensamento da dramaturga e poeta britânica Muriel Spark (2918-2006). Veja mais aqui e aqui.

 

JUNTOS SOZINHOS – [...] Bizarramente, quanto mais conectado você está, mais você está isolado. [...] Esperamos mais da tecnologia e menos uns dos outros. [...] A tecnologia é sedutora quando o que ela oferece atende às nossas vulnerabilidades humanas. E acontece que somos realmente muito vulneráveis. Estamos sozinhos, mas com medo da intimidade. As conexões digitais e o robô sociável podem oferecer a ilusão de companheirismo sem as exigências da amizade. Nossa vida em rede permite que nos escondamos uns dos outros, mesmo quando estamos amarrados uns aos outros. Preferimos enviar mensagens de texto do que conversar. [...] As mensagens de texto oferecem a quantidade certa de acesso, a quantidade certa de controle. Ela é uma Cachinhos Dourados modernos: para ela, enviar mensagens de texto coloca as pessoas não muito perto, nem muito longe, mas na distância certa. O mundo agora está cheio de Cachinhos Dourados modernos, pessoas que se confortam em estar em contato com muitas pessoas que também mantêm afastadas. [...] As pessoas estão sozinhas. A rede é sedutora. Mas se estivermos sempre ligados, podemos negar a nós mesmos as recompensas da solidão. [...]. Trechos extraídos da obra Alone Together – Why We Expect More From Technology and Less From Each Other (Basic, 2012), da socióloga e psicóloga estadunidense Sherry Turkle, autora que expressa: As relações humanas são ricas, confusas e exigentes. E nós os limpamos com tecnologia. Enviar mensagens de texto, enviar e-mails, postar, todas essas coisas nos permitem apresentar a nós mesmos como queremos ser. Podemos editar, e isso significa que podemos excluir, e isso significa que podemos retocar o rosto, a voz, a carne, o corpo - nem muito pouco, nem muito, na medida certa.

 

ABASTECENDO-SEO que estou perdendo? \ Uma porta de banheiro,\ uma vidraça\ na porta do banheiro,\ uma haste de cortina de chuveiro,\ a janela entre minha cozinha e a varanda de serviço,\ uma lâmpada fluorescente,\ painéis solares,\ um terço\ do controle deslizante da varanda frontal\ , um apêndice e duas amígdalas – uma história antiga\ (verificação do útero)\ ( e dois seios)\ um carinho\ as crianças\ descontam\ um cartão de crédito…\a grade enfeita\ minha antena\ minha tampa de combustível. Poema da escritora israelense Janice Rebibo (1950-2015).

 

OUTROS DITOS INAUDITOS!

 

Ouvindo o Concerto para piano nº 3, do compositor alemão Carl Reinecke (1824-1910)


O BRASIL E A COPA DO MUNDO
– Perguntaram-me o que eu achava da seleção brasileira nessa copa do mundo. Respondi prontamente: - Torço todo dia e o dia todo por um Brasil melhor paratodos. 


ELZA SOARES – Um furacão! Foi como apareceu Elza Soares, a filha dum operário tocador de guitarra e duma lavadeira, nos meus ouvidos que não despregavam do radiozinho de pilha quando eu ainda era um menino peralta da beira do rio. Oxe! Quando ouvia sua voz cantando “Se acaso você chegasse” e, depois, “Mas que nada”, nossa! Ela acendia a minha libido e haja mão! Viajava eu por todas as galáxias possíveis e inimagináveis embalados por sua voz. Essa pioneira puxadora de samba enredo cativou meu coração, mesmo quando houve até o escândalo com Garrincha, o anjo das pernas tortas da torcida brasileira. Pra quem segurou a barra, cantou de peito aberto e corpo voluptuoso de todas as entregas, é uma dádiva ouvi-la cantando com Chico Buarque “Façamos (Vamos amaaaaaaaar – uma graciosíssima versão do Carlos Rennó pra canção do Cole Porter)”, bãoooooooo demais. Hoje eu festejo o aniversário dela: parabéns, Elza.

PENSAMENTO DO DIA: Já dizia o Salomâo (antes ou depois dos Cânticos dos Cânticos?): O caminho do orgulho é o caminho que leva à desventura. Aquele que confia nas suas riquezas está destinado a sucumbir”. Veja mais aqui.

NALDINHO FREIRE – Conheci o músico-educador, compositor e pesquisador paraibano Naldinho Freire alguns anos atrás, com quem tive a oportunidade e o prazer de conviver e dividir experiências. Virei fã do seu projeto musical Raízes: traços contemporâneos, resultado de uma primorosa pesquisa realizada por ele acerca da arte e cultura nordestina. Parabéns, Naldinho, hoje é seu aniversário! Muita música, paz, saúde & sucesso procê.

PRAS CHICÓLATRAS – Um dia lá, eu conversava sobre músicas com um professor amigo meu de faculdade, quando ele destemperou: - Sabe, Luiz, eu odeio um tal de Chico Buarque! -, confesso gente que na hora fiquei estarrecido, claro, mas disfarcei falando de antipatias (pra não dizer outra palavra) gratuitas que a gente compra na vida. Não sabe ele, coitado, que no show desse rapaz, eu vi ao vivo e em cores, além de muita poesia, palmas duplas (de mãos e bocetas – é que a mulherada bate palma pegando um lado da boceta e batendo na outra com orgasmos múltiplos perenes! Ah, que inveja! Assumo. Por isso Vivagina aqui).

O QUE SÃO AS COINCIDÊNCIAS – Em 1992, no dia de hoje o presidente Fernandinho Ventaloca desmentia que queria renunciar. Quatro anos mais tarde, no mesmo dia, o tesoureiro dele, PC Farinha, era assassinado com Suzana Marcolino. Quando as coincidências não batem, as aparências não enganam não.

HAVERÁ AMOR? – De um verso da poeta acmeísta russa Anna Akhmatova (1889-1966 – pseudônimo de Anna Andreevna Gorenko): “[...] Segunda- feira. É noite! No escuro uns contornos de cidade. Algum vagabundo escreveu que na terra pode haver amor.


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