Imagem: arte da série Makowe Damy, do artista plástico polonês
Krzysztof Lozowski.
PENSAMENTO DO DIA - A
rosa é sem porquê, floresce porque floresce. Pensamento do poeta místico e
médico alemão Angelus Silesius
(1624-1677).
REFERÊNCIA: FREUD, Sigmund. Gradiva de
Jensen e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago, 1980.
O SEMINÁRIO – AS
PSICOSES, DE JACQUES LACAN – O livro O
seminário: as psicoses, de Jacques Lacan, trata na primeira parte da
introdução à questão das psicoses, abordando sobre esquizofrenia e paranoia, o
Sr. De Ciemrambault, as miragens da compreensão, da Verneinung à Vermerfung,
psicose e psicanálise, doutrina freudiana, o psiquiatra discípulo de Kant,
constituição paranoica, noção de automatismo mental, noção de compreensão, o
simbólico, o imaginário, sentido recalcado, significação do delírio, crítica de
Krapelin, a inércia dialética, Ségias e a alucinação psicomotora, o presidente
Schereber, Elogio da Loucura, a paranoia, a consciência mórbida, memória sobre
a autobiografia de um caso de paranoia delirante, o outro e a psicose,
homossexualidade e paranoia, a palavra e o ritornelo, automatismo e endoscopia,
o conhecimento paranoico, gramática do inconsciente, eu venho do salsicheiro,
do que volta no real, fantoches do delírio, R. S. I na linguagem e a erotização
do significante. Na segunda parte, trata da temática e estrutura do fenômeno
psicótico, abordando de um deus que não engana e de um que engana, a psicose
não é um simples fato de linguagem, o dialeto dos sintomas, como seria belo ser
uma mulher, Deus e a ciência, o deus de Schereber, o discurso da escrivaninha,
o fenômeno psicótico e seu mecanismo, certeza e realidade, Schereber não é
poeta, a noção de defesa, Verdichtung, Verdrangung, a dissolução imaginária,
Dora e seu quadrilátero, Eros e a agressão no carapau macho, o que se chama o
pai, a fragmentação da identidade, a frase simbólica, a noção de defesa, o
testemunho do paciente, o sentimento de realidade, os fenômenos verbais, do
não-sendo e da estrutura de Deus, princípios da análise do delírio, a
interlocução delirante, o abandonar sem mais nem menos, diálogo e volúpia, a
política de Deus, do significante no real e do milagre do uivo, o fato
psiquiátrico primeiro, o discurso da liberdade, a paz do enaltecer, a topologia
subjetiva, da rejeição de um significante primordial, um gêmeo cheio de
delírio, o dia e a noite, a carta. Na terceira parte trata sobre o significante
e o significado, abordando a questão histeria, do mundo pré-verbal, pré-consciente
e inconsciente, signo, traço, significante, uma histeria traumática, o que é
uma mulher, Dora e o órgão feminino, a dissimetria significante, o simbólico e
a procriação, Freud e o significante, o significante como tal não significa
nada, a noção de estrutura, a subjetividade no real, como situar o inicio do
delírio, os entre-eu, dos significantes primordiais e da falta de um, uma
encruzilhada, significantes de base, um significante novo no real, aproximações
do buraco, compensação identificatória, secretários do alienado, a leitura, o
assassinato das almas, as implicações do significante, os homenzinhos, as três
funções do pai, metáfora e metonímia, As gerbe n´etait point avare ni haineuse,
a verdade do pai, a inversão do significante, sintaxe e metáfora, a afasia de
Wernicke, articulação significante e transferência do significado, afasia
sensorial e motora, o vinculo posicional, toda linguagem é metalinguagem,
pormenor e desejo, Freud no século, as imediações do buraco, apelo, alusão, a
entrada na psicose, tomar a palavra, loucura do amor, a evolução do delírio, o
ponto de basta, sentido e escansão, laçada e segmentação, sim eu venho em seu
templo, o temor a Deus, o pai ponto de basta, tu és aquele que me seguirás, o
outro é um lugar, o tu no superego, devolução e constatação, a via média, o
apelo do significante, a estrada principal e o significante ser pai, formar
hiâncias, o verbo ser, do tu ao outro, a tartaruga e os dois patos, a entrada
na psicose, o falo e o meteoro, prevalência da castração, Ida Macalpine,
simbolização material e sublimação, o arco-íris, inserido no pai, entre outros
temas. Veja mais aqui e aqui.
REFERÊNCIA: LACAN, Jacques. O seminário:
as psicoses. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
ANTÍGONA DE SÓFOCLES – O CORO - Amor, invencível Amor, tu que subjugas os
mais poderosos; que repousas nas faces mimosas das virgens; tu que reinas,
tanto na vastidão dos mares, como na humilde cabana do pastor; nem os deuses
imortais, nem os homens de vida transitória, podem fugir a teus golpes; e, quem
for por ti ferido, perde o uso da razão! Tu arrastas, muita vez, o justo à
pratica da injustiça, e o virtuoso ao crime; tu semeias a discórdia entre as
famílias... Tudo cede à sedução do olhar
de uma mulher formosa, de uma noiva ansiosamente desejada; tu, Amor, te
equiparas, no poder, às leis supremas do universo, porque Vênus zomba de nós!” ANTÍGONA
DE SÓFOCLES – Antígona é uma das grandes tragédias escritas há
mais de 2 mil e 500 anos pelo dramaturgo grego Sófocles, colocando o confronto
entre a coragem da princesa Antígona e a tirania do rei déspota Creonte. A
tragédia trata dos filhos de Édipo, os irmãos Polinices e Etéocles, que se
atraiçoam e reciprocamente se matam pelo poder, restando apenas da linhagem
edipiana as duas filhas Antígona e Ismenia. Com a morte dos irmãos, assume
Creonte o poder, uma vez cunhado de Édipo e tio de seus filhos, indignado com
Polinices e honrando a memória de Etéocles. Por isso, lança édito condenando
Polinices ao relento sem sepultamento, o que leva Antígona a se indignar e
descumprir suas ordens. Indignado com Antígona Creonte planeja uma morte
dolorosa e lenta, determinando que fosse levada a sua última morada, para se
juntar com o que ela venerava: os mortos. Após esse desfecho, Creonte ouve do
adivinho Tirésias o que poderia acontecer se concretizasse todo o seu ódio em
relação à filha de Édipo.Com receio que suas premonições se realizassem Creonte
vai ao local onde mandou aprisionar Antígona, chegando à tumba encontra ao lado
do corpo dela o de seu filho, que num ato de revolta volta-se contra seu pai e
não conseguindo aplacá-lo, suicida-se. Não bastando à morte do filho sua esposa
ao tomar conhecimento do fato também suicida. (Tradução de J. B. Mello e
Souza). Veja mais aqui e aqui.
REFERÊNCIA: SÓFOCLES. Antígona. São Paulo: W. M. Jacnson Inc, 1969.
CARTAS NA RUA – [...] Acho que era meu segundo dia como empregado temporário de Natal quando
essa enorme mulher apareceu e ficou me acompanhando enquanto eu entregava
cartas. O que quero dizer enorme é que sua bunda era enorme e suas tetas eram
enormes e que ela enorme em todos os lugares em que devia ser. Ela me pareceu
meio doida mas eu fiquei olhando pro seu corpo e não me incomodei. [...] A porta se abriu e ela veio correndo, usava
umas dessas combinações transparentes sem soutien. E umas calças azul-escuro. O
cabelo desfeito e espetado como se tentando fugir da cabeça. Algum tipo de
creme lambuzava o rosto, especialmente debaixo dos olhos. O seu corpo era
branco como se o sol jamais tivesse tocado sua pele e seu rosto tinha um
aspecto nada saudável. Sua boca se pendurava, aberta. Usava um risco de batom e
era bem torneada de cima a baixo... [...] Ela estava de pé bem junto de mim. Agarrei-a pela bunda e mergulhei de
boca. Os peitos balançando bem junto, ela toda junto de mim. Ela levantou a
cabeça e afastou-a de mim: - Tarado! Tarado! Tarado! Com a boca alcancei um de
seus peitos, fiquei nele um pouco e depois mudei para o outro. – Estupro!
Estupro! Estou sendo estuprada! E ela estava certa. Puxei as calças, abri o meu
zíper e liberei o ganso. Enfurecido, enfiei, e fomos andando até o sofá. Caímos
bem no meio. Ela abriu bem as pernas! – Estupro!, gritou. Acabei logo, fechei o
zíper, apanhei a mala do correio e saí enquanto ela ficava absorta olhando o
teto...[...]. Trechos extraídos da obra Cartas
na rua (Brasiliense, 1983), do escritor estadunidense nascido na Alemanha, Charles
Bukowski (1920-1994). Veja mais aqui.
O CONFESSIONÁRIO DO PADRE
BIDIÃO – Depois da recuperação
da Prazeres do Céu, dada cientificamente como um caso perdido por se encontrar acometida
por uma depressão crônica que lhe corroía a vida, tornando-se, depois de um
eficiente tratamento com o Padre Bidião, na saltitante e feliz mulher de todos
os dias, invejada e sedutoramente transformada numa mulher fatal cobiçada por
todos os marmanjos de queixo caído com sua passagem, afora o resultado exitoso
do retiro realizado no último carnaval, do qual todas as barangas e trubufus inscritas,
retornaram feito mulheres fatais dispostas a tudo no trato com o marido, filhos
e nas lides domésticas, foi o bastante para ventilar-se a plenos pulmões o
boato da terapia salvadora promovida pelo pároco. Oxe, não deu outra. Quem presenciou
já na quarta-feira de cinzas e nos dias subsequentes, o retorno das distintas
senhoras elegantemente felicíssimas aos seus lares depois de cinco dias no
retiro, foi o bastante para que todas as senhoras e senhoritas acorressem em
massa para o templo bidiônico, com o fito de realizarem a qualquer custo o
tratamento ministrado. Foi uma balbúrdia que quase tira do sério a infatigável e
pacienticíssima Prazeres, administrando uma a uma das candidatas. Pra se ter
uma ideia, tinha de tudo: de meninas que mal desabrocharam os peitinhos às
maduras sexagenárias, sem contar com a quase centenária Bastianita, uma
distinta macróbia com as suas longevas noventa e oito primaveras, lá no fim da
fila, levando a Prazeres a inquirir: Mas o que a senhora está fazendo nessa
fila, hem? Ah, minha filha, eu também mereço ser feliz, ora, ora. O ambiente
todo foi coberto por gargalhadas que já imprimiam a qualidade superior de vida que
reinava no recinto, tudo inspirando uma paz interior e uma satisfação de
encontrar ali a realização de todos os seus sonhos. Prazeres atendeu uma a uma
e expôs os requisitos que não eram muitos, bastando que se apresentassem
dispostas a serem curadas de suas enfermidades, ficando incomunicáveis durante
determinado período que seria definido após a primeira sessão com o padre, contanto
que se levassem em suas malas apenas peças que fossem vestidos ou blusas e
saias, nada de calças compridas, nem bermudas. Para o tratamento tornava-se
indispensável e regras irrecorríveis, apenas para aquelas que dispusessem de
vestidos e saias, mais nada. Tudo conforme, cada uma das inscritas foram
dispensadas, regressando no dia seguinte com as exigências atendidas, do
contrário seriam eliminadas e aguardariam uma nova abertura de inscrições ou no
próximo semestre, ou no ano seguinte, apenas. Todas cumpriram à risca. Seis meses
depois, o milagre! Todas reapareceram como se fossem, cada uma, novas mulheres,
cheias de vidas e sorrisos, até a Bastianita havia dispensado a moleta e com
ares de mocinha namoradeira, exibindo uma minissaia e um decote de causar
inveja em debutantes. Os homens entreolhavam-se uns aos outros, todos querendo
saber o segredo do padre. Ah, o segredo, eu mesmo procurei saber e o padre só
mudando de conversa. Não tem quem consiga adivinhar o que seja, já se fez tudo
para descobrir e não se tem a mínima ideia de tão secreto que é. Até hoje o
tratamento é ministrado e sequer uma pista mínima se conseguira para saber como
se processa tal terapia. Esse Padre Bidião tem cada uma. Veja mais aqui e aqui.
POEMA – Havia
um homem com uma língua de madeira / que tentava cantar / e na verdade era
deplorável. / Mas houve um que ouviu / os estalos dessa língua de madeira / e
entendeu o que o homem / queria cantar / e com isto o cantor ficou feliz. Poema
do escritor e jornalista estadunidense Stephen Crane (1871-1900).
A arte do artista plástico polonês Krzysztof Lozowski.
Veja mais sobre
Nascente & Ariano Suassuna, William Faulkner, Anacreonte, Dmitri Shostakovich, Lenio Luiz Streck, David Ives, Robert Bresson,
František Kupka, Dominique Sanda,
Giovanna Casotto & Literatura Infantil aqui.
E mais:
De perto ninguém é normal, Thomas Stearns Eliot, George Gershwin, Martin Heidegger, Luis Fernando
Veríssimo, Elisa Lucinda, Théodore Géricault, Clara Bow, Sérgio Valle Duarte,
Sandra Regina & Literatura Infantil aqui.
Reengenharia:
que droga é nove?, A classificação
da humanidade de Gurdjieff, Olivier Reboul, Isaias Pessotti, Gioacchino
Rossini, Nelly Miricioiu, Reinaldo Maia, Alfonso Cuarón, Ignacio Zuloaga y Zabaleta, Maribel Verdú, Milo Manara, Administração
Financeira & Edna Fialho aqui.