BEM NA HORA – O meio-dia era
ela. E eu com insolação para morrer afogado no seu mar. Era quando, bem na
hora, meio dia em ponto, ela me afagava entre os seus domínios. E eu menino
peralta me valia de suas correntes oceânicas para viver além de suas
profundidades. Era o seu corpo de mar e as suas marés me embalando vida adentro
com todos os brinquedos de seus tesouros. Até que me fizesse lua e ficasse
orbitando ao ser redor, walkaround, virando comensal jubarte caçando seus
cardumes de beijos, suas formas totais de encantos e carinhos que me davam a
sua baía para minha invasão, surfando por suas ondas na minha satisfação
frenética de recolher todos as suas mínimas expressões, a ponto de vasculhar
sua lama e me relar no seu lodo e curtir sua imundície e saborear a sua
deletéria emanação num banquete ginofágico que se fazia a terra onde vivo e sou
predador, se fazia o planeta que me abriga, a nave que me leva inimputável, o
porto de todos os meus abrigos. E dentro dela sou barco errante e teimoso a
navegar num cruzeiro hedonista a brincar de luas e marés, marés de lua quando
crescente eu estou rijo no cio para escalpelá-la com minhas sandices
voluptuosas. E na lua cheia ela é madura no ponto para meu regozijo pleno. E na
lua nova ela goza para me fazer o maior entre os mortais. E na minguante ela me
recolhe letárgico no seio de todas as revigorantes paixões avassaladoras. E ela
maré alta, eu rio Amazonas, o gozo em pororoca. © Luiz Alberto
Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui e aqui.
POEMAS DE CHARLES BAUDELAIRE ((1821 - 1867)
AS PROMESSAS DE UM ROSTO
Amo, ó pálida beleza, os teus cenhos curvados
Que dão às trevas todo o império;
Teus olhos, embora negros, me inspiram cuidados
Que não têm nada de funéreos.
Teus olhos, que imitam a negrura dos cabelos,
Da tua longa crina elástica,
Teus olhos langues me dizem: “Amante, se os apelo
Queres seguir da musa plástica
Que infundimos no te seu, ou tudo que contigo
Em matéria de gosto trazes,
Poderás ver, desde as nádegas até o umbigo,
Que nós te fomos bem verazes;
Encontrarás, sobre dois belos seios pontudos,
Dois grandes medalhões de bronze,
E sob o ventre liso, macio como veludo,
Amorenado como bronze,
Um rico tosão que à tua enorme cabeleira
Copia no negrume e na espessura;
De tão sedoso e encrespado, ele te iguala inteira,
Noite sem astros, noite escura!”
(Tradução José Paulo Paes)
FLORES DO MAIL - XXVII
Porias o universo em teu bordel,
mulher impura! O tédio que te faz cruel.
Para treinares os dentes neste jogo singular,
Terás a cada dia um coração a devorar,
Teus olhos a girar assim como farândolas,
De festas de fulgor a imitar as girândolas,
Exibem com insolência uma vã nobreza,
Sem conhecer jamais a lei de sua beleza!
Máquina cega e surda e de um cruel fecundo!
Instrumento a beber todo o sangue do mundo,
Já perdeste o pudor e ao espelho não viste
Tua beleza cada vez mais murcha e triste?
A grandeza de um mal que crês saber tanto
Nunca pôde fazer-te retroceder de espanto,
Na hora em que a natureza em desígnios velados,
De ti se serve, mulher, ó deusa dos pecados,
- A ti, vil animal – para um gênio formar?
Ó grandeza da lama! Ó ignomínia exemplar!
Charles Baudelaire
(Tradução de Pietro Nassetti)
ELEVAÇÃO
Por sobre os pantanais, os vales orvalhados,
Por sobre o éter e o mar, por sobre o bosque e o monte,
E muito além do sol, muito além do horizonte,
Para além dos confins dos tetos estrelados,
Meu espírito, vais, com toda agilidade,
Como um bom nadador deleitado na onda,
Sulcas alegremente a imensidão redonda,
Levado por indizível voluptuosidade.
Bem longe deves voar destes miasmas tão baços;
Vai te puruficar por um ar superior,
E bebe, como um puro e divino licor,
O claro fogo que enche os límpidos espaços.
E por trás do pesar e dos tédios terrenos
Que gravam de seu peso a existência dolorosa,
Feliz este que pode de asa vigorosa
Lançar-se para os céus lúcidos e serenos!
Aquele cujo pensar, como a andorinha veloz
Rumo ao céu da manhã em vôo ascensional,
Que plana sobre a vida a entender afinal
A linguagem da flor e da matéria sem voz!
Charles Baudelaire
(Tradução de Pietro Nassetti)
A UMA DAMA CRIOULA
No país perfumado, a um sol de fogo e pena,
Conheci sob dossel de árvores purpurado,
E de palmas de onde o ócio ao nosso olhar acena,
Uma dama crioula e de encanto ignorado.
De tez pálida e quente, a mágica morena
Tem no seu colo um ar, sempre o mais requintado;
Vai como a caçadora e é imponente e serena,
Seu sorriso é tranqüilo e seu olhar confiado.
AS METAMORFOSES DO VAMPIRO
E no entanto a mulher, com lábios de framboesa
Coleando qual serpente ao pé da lenha acesa,
E o seio a comprimir sob o aço do espartilho,
Dizia, a voz imersa em bálsamo e tomilho:
- "A boca úmida eu tenho e trago em mim a ciência
De no fundo de um leito afogar a consciência.
As lágrimas eu seco em meios seios triunfantes,
E os velhos faço rir com o riso dos infantes.
Sou como, a quem me vê sem véus a imagem nua,
As estrelas, o sol, o firmamento e a lua!
Tão douta na volúpia eu sou, queridos sábios,
Quando um homem sufoco à borda de meus lábios,
Ou quando os seio oferto ao dente que o mordisca,
Ingênua ou libertina, apática ou arisca,
Que sobre tais coxins macios e envolventes
Perder-se-iam por mim os anjos impotentes!"
Quando após me sugar dos ossos a medula,
Para ela me voltei já lânguido e sem gula
À procura de um beijo, uma outra eu vi então
Em cujo ventre o pus se unia à podridão!
Os dois olhos fechei em trêmula agonia,
E ao reabri-los depois, à plena luz do dia,
Ao meu lado, em lugar do manequim altivo,
No qual julguei ter visto a cor do sangue vivo,
Pendiam do esqueleto uns farrapos poeirentos,
Cujo grito lembrava a voz dos cata-ventos
Ou de uma tabuleta à ponta de uma lança,
Que nas noites de inverno ao vento se balança.
Amo, ó pálida beleza, os teus cenhos curvados
Que dão às trevas todo o império;
Teus olhos, embora negros, me inspiram cuidados
Que não têm nada de funéreos.
Teus olhos, que imitam a negrura dos cabelos,
Da tua longa crina elástica,
Teus olhos langues me dizem: “Amante, se os apelo
Queres seguir da musa plástica
Que infundimos no te seu, ou tudo que contigo
Em matéria de gosto trazes,
Poderás ver, desde as nádegas até o umbigo,
Que nós te fomos bem verazes;
Encontrarás, sobre dois belos seios pontudos,
Dois grandes medalhões de bronze,
E sob o ventre liso, macio como veludo,
Amorenado como bronze,
Um rico tosão que à tua enorme cabeleira
Copia no negrume e na espessura;
De tão sedoso e encrespado, ele te iguala inteira,
Noite sem astros, noite escura!”
(Tradução José Paulo Paes)
FLORES DO MAIL - XXVII
Porias o universo em teu bordel,
mulher impura! O tédio que te faz cruel.
Para treinares os dentes neste jogo singular,
Terás a cada dia um coração a devorar,
Teus olhos a girar assim como farândolas,
De festas de fulgor a imitar as girândolas,
Exibem com insolência uma vã nobreza,
Sem conhecer jamais a lei de sua beleza!
Máquina cega e surda e de um cruel fecundo!
Instrumento a beber todo o sangue do mundo,
Já perdeste o pudor e ao espelho não viste
Tua beleza cada vez mais murcha e triste?
A grandeza de um mal que crês saber tanto
Nunca pôde fazer-te retroceder de espanto,
Na hora em que a natureza em desígnios velados,
De ti se serve, mulher, ó deusa dos pecados,
- A ti, vil animal – para um gênio formar?
Ó grandeza da lama! Ó ignomínia exemplar!
Charles Baudelaire
(Tradução de Pietro Nassetti)
ELEVAÇÃO
Por sobre os pantanais, os vales orvalhados,
Por sobre o éter e o mar, por sobre o bosque e o monte,
E muito além do sol, muito além do horizonte,
Para além dos confins dos tetos estrelados,
Meu espírito, vais, com toda agilidade,
Como um bom nadador deleitado na onda,
Sulcas alegremente a imensidão redonda,
Levado por indizível voluptuosidade.
Bem longe deves voar destes miasmas tão baços;
Vai te puruficar por um ar superior,
E bebe, como um puro e divino licor,
O claro fogo que enche os límpidos espaços.
E por trás do pesar e dos tédios terrenos
Que gravam de seu peso a existência dolorosa,
Feliz este que pode de asa vigorosa
Lançar-se para os céus lúcidos e serenos!
Aquele cujo pensar, como a andorinha veloz
Rumo ao céu da manhã em vôo ascensional,
Que plana sobre a vida a entender afinal
A linguagem da flor e da matéria sem voz!
Charles Baudelaire
(Tradução de Pietro Nassetti)
A UMA DAMA CRIOULA
No país perfumado, a um sol de fogo e pena,
Conheci sob dossel de árvores purpurado,
E de palmas de onde o ócio ao nosso olhar acena,
Uma dama crioula e de encanto ignorado.
De tez pálida e quente, a mágica morena
Tem no seu colo um ar, sempre o mais requintado;
Vai como a caçadora e é imponente e serena,
Seu sorriso é tranqüilo e seu olhar confiado.
AS METAMORFOSES DO VAMPIRO
E no entanto a mulher, com lábios de framboesa
Coleando qual serpente ao pé da lenha acesa,
E o seio a comprimir sob o aço do espartilho,
Dizia, a voz imersa em bálsamo e tomilho:
- "A boca úmida eu tenho e trago em mim a ciência
De no fundo de um leito afogar a consciência.
As lágrimas eu seco em meios seios triunfantes,
E os velhos faço rir com o riso dos infantes.
Sou como, a quem me vê sem véus a imagem nua,
As estrelas, o sol, o firmamento e a lua!
Tão douta na volúpia eu sou, queridos sábios,
Quando um homem sufoco à borda de meus lábios,
Ou quando os seio oferto ao dente que o mordisca,
Ingênua ou libertina, apática ou arisca,
Que sobre tais coxins macios e envolventes
Perder-se-iam por mim os anjos impotentes!"
Quando após me sugar dos ossos a medula,
Para ela me voltei já lânguido e sem gula
À procura de um beijo, uma outra eu vi então
Em cujo ventre o pus se unia à podridão!
Os dois olhos fechei em trêmula agonia,
E ao reabri-los depois, à plena luz do dia,
Ao meu lado, em lugar do manequim altivo,
No qual julguei ter visto a cor do sangue vivo,
Pendiam do esqueleto uns farrapos poeirentos,
Cujo grito lembrava a voz dos cata-ventos
Ou de uma tabuleta à ponta de uma lança,
Que nas noites de inverno ao vento se balança.
CHARLES BAUDELAIRE (1821 - 1867)
– o escritor, tradutor, critico de arte e poeta francês, Charles Baudelaire,
teve seus poemas execrados por seus professores, por se tratar de textos que
era exemplo da devassidão precoce. Solitário, ele recheou sua obra de
melancolia, um dândi que se inspirou na Jeanne Duval, a paixão de sua poesia
“La Chevelure”. Extravagante, foi presa fácil para agiotas e bandidos.
Manteve-se com seu temperamento isolacionista e desesperador, fruto de sua
adolescência conturbada e que ele apelidou de "spleen" retornou e se
tornou cada vez mais freqüente. Em outubro de 1845, compilou "As
Lésbicas" e em 1848, "Limbo", obras que representam a agitação e
a melancolia da juventude moderna. Inspirado pelo exemplo do pintor Eugène
Delacroix, ele elaborou uma teoria da pintura moderna, convocando os pintores a
celebrarem e expressarem o "heroísmo da vida moderna". Em 1847, ele
descobriu um escritor norte-americano obscuro: Edgar Allan Poe. Impressionado
pelo que leu e pelas similaridades entre os escritos de Poe com seu próprio
pensamento e temperamento, Baudelaire decidiu levar a cabo a tradução completa
das obras do norte-americano, trabalho este que lhe tomou boa parte do resto de
sua vida. Entre 1852 e 1854, ele dedicou vários poemas à Apollonie Sabatier,
sua musa e amante apesar da reputação de cortesã da alta-classe. Em 1854,
Baudelaire manteve um caso com a atriz Marie Daubrun. Ao mesmo tempo, sua fama
como o tradutor de Poe aumentava. Como toda polêmica sempre é benéfica,
"As Flores do Mal" se tornou um marco por sua obscenidade, morbidez e
devassidão. A lenda de Baudelaire como um poeta maldito, dissidente e
pornográfico nasceu. Em 1861, Baudelaire tentou se eleger à Academia Francesa
mas foi fragorosamente derrotado. Em abril de 1864, ele deixou Paris para se
instalar em Bruxelas, onde tentaria persuadir um editor belga a publicar suas
obras completas. Lá ficou, amargurado e empobrecido até 1866, quando após um
ataque epilético na Igreja de Saint-Loup at Namur, sua vida mudou. Baudelaire
teve uma lesão cerebral que lhe ocasionou afasia (perda da capacidade de
compreensão e de expressão pela palavra escrita ou pela sinalização, assim como
pela fala) e paralisia. O dândi nunca mais se recuperou. Retornou a Paris no
dia 2 de julho, onde ficou em uma enfermaria até sua morte. Em 31 de agosto de
1867, aos 46 anos, Charles Baudelaire morreu nos braços de sua mãe. Quando a
morte o visitou, Baudelaire ainda mantinha vários de seus trabalhos não
publicados e os que já haviam saído estavam fora de circulação. Mas isto
rapidamente mudou. Os líderes do movimento Simbolista compareceram ao seu
funeral e já se designavam como seus fiéis seguidores. Menos de 50 anos após a
sua morte, Baudelaire ganhou a fama que nunca teve em vida: havia se tornado o
maior nome da poesia francesa do século 19. Conhecido por sua controvérsia e
seus textos obscuros, Baudelaire foi o poeta da civilização moderna, onde suas
obras parecem clamar pelo século 20 ao invés de seus contemporâneos. Em sua
poesia introspectivaele se revelou como um lutador a procura de deus, sem
crenças religiosas, procurando em cada manifestação da vida os elementos da
verdade, de uma folha de uma árvore ou até mesmo no franzir das sobrancelhas de
uma prostituta. Sua recusa em admitir restrições de escolha de temas em sua
poesia o coloca num patamar de desbravador de novos caminhos para os rumos da
literatura mundial. Fontes: - Enciclopédia Britannica - Site da Universidade de
Londres. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA - Escrever
bem não é repetir o que já foi bem escrito: é revalorizar os meios de
expressão, juntar ou separar palavras para fazê-las reagir, servir-se do que já
foi dito para dizer pela primeira vez. Pensamento do escritor e jornalista
mineiro Fernando Sabino (1923-2004). Veja mais aqui.
BRASIL ANTENADO - [...] Como
a maior parte dos textos de mídia, as novelas permitem diferentes leituras:
seus textos são permeados por subtextos. Cada novela permite uma gama diferencia
de interpretações. Diferentes segmentos da população relacionam os conteúdos
com os quais não se identiicam, onde não se reconhecem, com outros segmentos da
população [...] enquanto mulheres de
classe media alta vêem novelas como programas diridgidos a suas empregadas,
mulheres de classes populares acreditam que as novelas representam o universo
de suas patroas. Assim, embora as novelas sejam assistidas por todos, não
pertencem a ninguém. [...] Ao
assistir novelas, os telespectadores comparam formas de comportamento, padrões
de decoração, moda, comida e tecnologia médica acessíveis pela tela da
televisão, com o seu cotidiano. E aqui as diferenças de classe social
reaparecem nas escolhas de menus específicos dentre as diversas opções
disponíveis. Alguns casos revelados em pesquisa etnográfica podem ajudar a
explicitar semelhanças e diferenças próprias ao ato de ver novela. Uma dona de
casa de 60 anos, de classe média-alta, por exemplo, mostra-se orgulhosa porque
identifica a mobília da sala de jantar do rei do gado com a sala de jantar da
casa de sua filha. Uma mulher de meia-idade na favela, por sua vez, observa com
nostalgia o fogão a lenha na casa da fazenda do mesmo personagem, que lhe faz
lembrar sua infância no Nordeste. [...] Apesar
da enorme diferença social e educacional que as espera, ambas destacaram o
mesmo detalhe: a mobília. [...] Essas
duas mulheres, quase vizinhas e tão diferentes, encontram, na mesma novela,
elementos que legitimam suas proprias histórias. Ambas inserem o mundo das
novelas em seu mundo privado, reforçando diferenças na maneira pela qual se
apropriam de um repertório comum. Há uma determinada escala de afeição
declarada pelas novelas que segue em linhas gerais o perfil revelado pelos
índices de audiência e, de certa forma, representa uma metáfora sobre as
relações sociais. Homens assistem menos que mulheres. Entre as mulheres, as de
classe média assistem menos que as de classes populares. Meninas adolescentes e
mulheres com mais de quarenta anos constituem o segmento mais leal, entre ricos
e pobres, no campo e na cidade. [...]. Trechos extraídos da obra O Brasil antenado: a sociedade da novela
(Zahar, 2005), da professora do Departamento de
Cinema, Rádio e Televisão da USP, Esther
Hamburger. Veja mais aqui.
OPINIÃO EM PALÁCIO – O rei
fartou-se de reinar sozinho e decidiu partilhar o poder com a Opinião Pública. –
Chamem a Opinião Pública – ordenou aos servilais. Eles percorreram as praças da
cidade e não a encontraram. Havia muito que a Opinião Pública deixava de frequentar
lugares públicos. Recolhera-se ao Beco sem Saída, onde, furtivamente, abria só
um olho, isso mesmo lá de vez em quando. Descoberta, afinal, depois de muitas
buscas, ela consentiu em comparecer ao Palácio Real. , onde sua Majestade,
acariciando-lhe docemente o queixo, lhe disse: - Preciso de ti. A Opinião, muda
como entrara, muda se conservou. Perdera o uso da palavra ou preferia não
exercitá-lo. O Rei insistia, oferecendo-lhe sequilhos e perguntando o que ela
pensava disso e daquilo, se acreditava em discos voadores, horóscopos, correção
monetária, essas coisas. E outras. A Opinião Pública abanava a cabeça: não
tinha opinião. – Vou te obrigar a ter opinião – disse o Rei, zangado – Meus especialistas
te dirão o que deves pensar e manifestar. Não posso mais reinar sem o teu
concurso. Instruída devidamente sobre todas as matérias, e tendo assimilado o
que é preciso achar sobre cada uma em particular e sobre a problemática geral,
tu me serás indispensável. E virando-se para os serviçais: - Levem esta senhora
para o Curso Intensivo de Conceitos Oficiais. E que ela só volte aqui depois de
decorar bem as apostilas. Extraída da obra Contos plausíveis
(Record, 2006), do poeta, contista e cronista Carlos
Drummond de Andrade (1902-1987). Veja mais aqui.
A HORA DO AMOR – O drama romântico Beröringen (A hora do
amor, 1971 - Nórdica, 1977), do dramaturgo e cineasta sueco Ingmar Bergman
(1918-2007), conta a história de um caso entre uma mulher casada com filhos e
marido, e um estrangeiro impetuoso, durante uma visita a um hospital no qual a
sua mãe morreu. Ela reage com tristeza e é vista pelo arqueólogo estrangeiro
que visita, depois, o casal e fala sobre o trabalho dele e a descoberta de uma
estátua da Virgem Maria, trazida para a aldeia e escondida em uma igreja da
Idade Média. Eles se apaixonam, ela o visita e se encontram na casa dele, onde
se entregam, quando ela menciona que é o seu primeiro caso, estando incerta se
está apaixonada por ele que passou a ser importante para ela, quando ele
compartilha sua história familiar durante o Holocausto da Segunda Guerra
Mundial. Veja mais aqui.
Veja mais sobre
O papel da arte no direito à saúde, Hannah Arendt & O cuidado com o
mundo, Francis Scott Fitzgerald, Wolfgang Amadeus Mozart, Gilberto
Mendonça Teles, Pedro Almodóvar, Claudia Riccitelli, Gilda de Abreu, Victoria
Abril, Suzanne Valadon, Arlindo Rocha & Literatura Infantil aqui.
E mais:
Presente de
Natal, Agostino Carracci, Pal
Fried & as previsões do Doro aqui.
Rūmī, Margaret Mead, Martin Page, Tori Amos, Nanni Moretti, Arthur Omar, Pierre Puvis de Chavannes, Laura Morante &
Jeová Santana aqui.
O evangelho do
Padre Bidião, Edmund
Husserl, Dalton Trevisan, Caio
Fernando Abreu, Obviedades Cínicas, Carl
Sandburg, Zé Barbeiro, Anne Desclos, Pilar
Quintana, Corinne Cléry, Ignacio Zuloaga Zabaleta & Ísis Nefelibata aqui.
O toco do
Barnabé,
Mario de Andrade, Franz
Hartmann, Roger Chartier, Felipe Coelho, Rosi
Campos, Laetitia Colombani, Albert
Arthur Allen, Audrey
Tautou, Anna Rose
Bain & Helena Ferreira aqui.