A arte da artista sul-africana Marlene Dumas. Veja mais abaixo.
QUANDO ELA PASSA – Quando ela passa tão cheia de graça e
faz que não me vê. E vai toda falsa quando nem disfarça que quer me endoidecer.
Eu fixo o olhar e seu movimento na rua bole fundo em mim: os ombros ondulam e
as alças ameaçam despencar pra meu delírio, os braços às passados sugerem que
eu siga e mais nada eu diga pra lhe perseguir, os quadris ao balanço como me
desse uma chance de nela embalar, e rebola a cadência pra minha sofrência e a
libido a queimar como quem corre pra esquina pra jogar serpentina no seu
carnaval e flertar seu colosso agarrá-la ao pescoço pra meu beijo lhe dar,
enquanto minhas mãos alvoroçadas apalpam sua face trigueira, sua pele macia,
sua carne estradeira na minha euforia, a sentir sua fogueira, seu feitiço e
magia, e segurar seu cangote na maior valentia, e me apossar do decote a tomar os
seus seios e chupar os seus peitos, destino e valia no meio da rua pelo meio
dia, e pegar o seu ventre queimando a minar e tomar suas coxas pras pernas
escancarar e aprumar o meu pênus na sua vagina, encostada e rendida no muro da
esquina, e puxar sua bunda no maior remelexo e meto e remeto pra tudo enfiar,
enquanto espalmada ela remexe e rebola, meu pau sua mola pro frevo na foda
pular a tirar e botar do seu cu esfolar com meu cacete bem dentro, a gritar:
não aguenta! E mais pede e quer trepar e me nega e me abraça e toda tão lassa
de quatro quer ficar e me manda enfiar e mais eu empurro, minha pica é seu
trunfo, e solta um sussurro a querer ainda mais pra mais se foder e tanto
tremer pra muito gozar e toda se estrepa como quem pega fogo, minha peia é seu
logro, ela quer mais sufoco e mais se lascar pro meu caralho ganhar por
consolo, pra nele embocar e chupar bem gostoso e deixa-lo fogoso a se lambuzar
com a língua afiada, enfole e faz bico e me oferece o priquito fervendo preu
botar pra quebrar, arregaço e esfrego, meu caibro nela prego e torno a pregar,
e tome peiada, chega ela gosta a pegada, ô boceta gostosa, na maior gemedeira,
ela quer ser rampeira, toda gemente, a trelosa do cu requerente, e se ajeita
preu enrabá-la e logo picá-la a rebolar, boto pra empenar e ela dadeira, minha
gostosa bundeira, agora é que eu vou gozar, e na sua garupa montar armado até os
dentes e meu pau duro inclemente provar sua gostosura com toda bravura a
fodê-la, danada, toda puta safada, manhosa, sonsa depravada, que me faz ser seu
dono a me dar a alma ao abono e nunca mais me largar. © Luiz Alberto Machado.
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PENSAMENTO DO DIA – Não
serve para nada um amor pedagógico que jamais é levado pela observação da vida
infantil a abdicar do impeto e prazer que sente, na grande maioria dos casos,
ao corrigir a criança, baseado em sua presumivel superioridade moral e
intelectual... Verdadeiramente revolucionário
é o efeito do sinal secreto do vindouro, o qual fala pelo gesto infantil. Pensamento
do filósofo, ensaísta e critico literário
alemão Walter Benjamim (1892-1940).
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QUALI DIVERSI SILENZI
POSSONO EXISTIRE? [...] No mundo há muitos silêncios: quando se
estuda, dorme, está quieto ou inclusive quando se é surdo. O silêncio de quem
ouve Bach ou lê um livro de poesia. o silêncio de como está agora a lua. O
silêncio da morte. O silêncio da solidão, do medo, da dor, da raiva, da
tristeza, da melancolia. Os silêncios que existem podem ser infinitos, como os
silêncios extramos de quem está fechado em si mesmo e o silêncio do amor. O
silêncio de quem quer sentir em si a música e a poesia. [...]. Extraído de Chissà se i Pesci Piangono (Einaudi,
1973), do sociólogo, educador, poeta e ativista social e Danilo Dolci (1924-1997).
AMOR, JOGO & GUERRA - [...] Logo que a viu, o Soldado pensou Que linda mulher, julgamento não muito
correto, posto que a tal mulher, se não era feia, estava longe de ser linda;
porém, como todo julgamento é comparação e naquela multidão havia mais mulas do
que mulheres, aquela lhe pareceu quase uma divindade. [...] Mas, seja pela miopia ou sentimento, cada
olhe vê as coisas ao seu modo, e sendo assim, o Soldado viu uma mulher de rara
beleza, com lábios bem desenhados, pele branca e macia, braços delicados,
cabelos brilhantes e olhos de uma singular cor acastanhada, quase como o mel. E
tantos outros belos detalhes percebeu que eu seu único pensamento era Que linda
mulher! Porém, mais eloquente que o seu cérebro foram o seu coração, que perdeu
o compasso; a sua boca que secou; e suas mãos, que ficaram geladas. Fosse ele
um poeta, passaria a noite a escrever e a choramingar, mas, não sendo dado a
melancolias, achou por bem buscar um remédio que curasse, em parte, o mal do
coração, e interiamente as ânsias da boca e das mãos. Assim, tomou o rumo da
casa das putas. [...] O Capitão, alma
luxuriosa, lembra-se ora das gêmeas estrangeiras com quem passou a noirte, ora
da Condssa, comparando-lhes a rijeza das bundas, o tamanho dos peitos, o
tornear das cinturas, a forma das bocas, os gemidos que dão, o modo como
beijam, e, enfim, pensa em como é superior a fé dos mouros, que permite quatro
mulheres, em vez de uma. [...] O
Soldado então respirou fundo e disse Tenho muita vergonha dos meus sentimentos.
E a Mulher das Cartas respondeu E eu dos meus. Depois ela começou outro
assunto, o que ele aceitou de bom grado. E seguiram assim, cheios de cuidados,
fazendo-se familiares, mudando de lugar aos poucos, aproximando-se, roçando o
braço, a perna, até o fatal momento de um primeiro e curto beijo com o coração
em disparada. Depois deitaram-se, tiraram as próprias roupas e puseram-se
embaixo de uma colcha. Terminaram logo e logo abaraçaram-se, rindo de leve,
pensando em falar coisas carinhosas, mas não conseguindo dizer palavra nenhuma.
[...] Trechos extraídos da obra Xadrez,
truco e outras guerras (Objetiva, 1998), do escritor, roteirista, cineasta,
jornalista e colunista José Roberto
Torero. Veja mais aqui.
QUADRAS - Quando
forrei minha mãe, / A lua saiu mais cedo, / Pra alumiar o caminho / De quem
deixava o degredo! / Minha mãe era pretinha, / Da cor de jabuticaba! / Porém,
mesmo sendo preta, / Cheira que só mangaba! / O nome de mãe é doce, / Que só a
fruta madura! / Mas, passa o doce da fruta, / E o doce do nome atura! Poema
do poeta, tocador de rabeca, cantador e instrumentista Fabião das Queimadas (Fabião Hermenegildo Ferreira da Rosa - 1848-1928).
JEAN-PAUL SARTRE - O filósofo existencialista e escritor francês Jean-Paul Sartre (1906-1980) foi uma figura controvertida e patologicamente dominador daqueles que entrassem em contato intimo com ele, do mesmo modo que queria combater a vida inteira por qualquer tipo de autoridade. Acometido de leucoma no olho direito desde a infância, provocando estrabismo e perda parcial da visão, tornou-se vesgo, um fato que marcou sua vida desenvolvendo uma ambivalência que o perseguiria ao longo de sua existência. Desde cedo começou a escrever histórias românticas de cavalaria e textos autobiográficos, anotações com aforismos e especulações filosóficas com uma combinação de angustia, extremismo mortal e violência que seria caracterizada no escritor maduro. Desde que virou estudante parisiense dispensou a higiene por causa de ser contra os hábitos burgueses: deixou de tomar banho. E passou a fumar cachimbo. Nessa época conheceu Simone de Beauvoir, apelidada por ele de Castor: "Encantadora, bonita, se veste pessimamente... usava um chapeuzinho horrível". Mas, amor à primeira vista, tendo, pois, uma relação aberta. Sartre e Beauvoir tornaram-se professores. Foi à época que ele andava procurando uma filosofia do individuo e do seu envolvimento no mundo constatada na fenomenologia de Husserl. Mas ele vai para o existencialismo do filosofo e pensador religioso dinamarquês do século XIX, Soren Kierkegaard, que acreditava ser o "individuo existente" a única base para uma filosofia significativa. Depois vai para Martin Heidegger. E por ai vai: Kierkegaard, Heidegger e Husserl formando a base intelectual de suas teorias filosóficas. Veio então a II Guerra Mundial e Sartre de uniforme: "A guerra dividiu a minha vida em duas". E partiu para construção de um dos conceitos-chave de Sartre: a má-fé, considerando que agimos de má-fé quando enganamos a nós mesmos, particularmente quando tentamos racionalizar a existência humana impondo-lhe um significado ou coerência. Outro conceito chave do existencialismo de Sartre é que a existência precede a essência: "Isso significa que um ser humano, antes de mais nada, existe, descobre-se, aparece no mundo – e só se define depois". Como parte da sua atitude antiburguesa, Sartre sempre tendeu a posições socialistas radicais, embora insistisse: "não sou marxista". Não demorou e estava afirmando que "o marxismo reabsorveu o homem na idéia, e o existencialismo o procura por toda parte onde ele esteja – no trabalho, em casa, na rua". Com o fim da guerra, Sartre escreve “A idade da razão” publicado em 1945, o primeiro da trilogia “Os caminhos da liberdade” que se completaria com a publicação das obras “Sursis”, em 1945, e Com a morte na alma, em 1949, trilogia esta que levanta o problema da liberdade e do engajamento do individuo, tendo como pano de fundo a história e a política. Em “A idade da razão” predominam as questões individuais tendo a história e a política como pano de fundo. Na obra, Mathieu Delorme, jovem professor de filosofia, procura a liberdade pura, sem compromissos de qualquer espécie. Brunet, ao contrário, personifica a renúncia da liberdade em favor do engajamento político. O homossexual Daniel ilustra a tese bastante difundida nos anos 30 de que o ato gratuito sem qualquer motivo é a única prova concreta da verdadeira liberdade. Na visão de Jacques, irmão de Mathieu, atingir a idade da razão significa abandonar os sonhos juvenis sobre a liberdade e casar-se, ter um trabalho, uma vida regular. Mas nem Mathieu, nem Brunet, nem Daniel podem aceitar tal perspectiva que implica, para eles, uma morte interna. Ao ler o livro encontramos curiosas expressões sartreanas dignas de nota. Por exemplo: “(...) quando a gente está bêbada dá-se ao luxo do patético”. O que o Doro, cheio dos birinaites, plagia com a maior descaradice: “A gente começa tudo no socialmente e, mais tarde, finda tudo no acanalhadamente”. Sobre o ventre, ele tasca: “(...) Tinha no ventre uma pequena maré translúcida que inchava docemente, que logo seria como um olho: E isso se desenvolve no meio das porcarias que ela tem no ventre, e vive”. Sobre os pederastas: “Eles têm, pelo menos, a coragem de não ser como todo mundo”. Sobre a amizade: “(...) A amizade não suporta a crítica. Ela é feita de confiança”. Da necessidade do bom senso: “(...) Era conveniente falar baixo, não tocar nos objetos expostos, fazer uso do espírito crítico com moderação e firmeza e não esquecer nunca, em caso algum, a mais francesa das virtudes: o bom senso”. Sobre os imbecis: “(...) Vale a pena divertir-se um instante com os imbecis, dá-se corda, eles se erguem no ar, enormes e leves como elefantes de borracha, puxa-se a corda e eles voltam, flutuam a baixa altura, aturdidos, estupefatos, dançam a cada sacudidela do barbante, com saltos desajeitados. Mas é preciso mudar constante de imbecis, senão é a náusea”. Finalmente, em 1952, Sartre tornou-se marxista. Mas individualista como sempre, recusou-se a ingressar em qualquer partido político. E perverso como sempre, sua principal bête noire tornou-se o Partido Comunista. Outra curiosidade digna de nota: em 1964 Sartre foi agraciado com o premio Nobel de literatura, especificamente por sua autobiografia da infância, “As Palavras”, mais do que pelas obras filosóficas ou políticas. Por fim, mais uma: em 15 de abril de 1980, aos 74 anos, ele morreu. Seu enterro, quatro dias depois, atraiu um cortejo espontâneo de mais de 25 mil pessoas ao percorrer o Quartier Latin, passando diante dos cafés onde escreveu as suas melhores obras. Os moradores da Rive Gauche, o público mais desrespeitoso do mundo, foram prestar suas ultimas homenagens ao mais desrespeitoso herói deles todos. Veja mais Sartre aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
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