Ao som dos álbuns Paris, mon amour (Sony, 2015), Renascimento
(Sony, 2021) e The Courtesan (SY11, 2023), da soprano operística búlgara
Sonya Yoncheva.
Cantiga de curumim no
meio da tarde... – Um dia menino, à sombra benfazeja de um
cajueiro frondoso, a vida sorria e eu conversava sozinho coisas que saltavam das
sensações. Interrompia minhas pensagens com a alegria de longe de um galo peralta,
todo amostrado no terreiro, desde que o dia acontecera: uma felicidade que me
contagiava todas manhãs desde sempre. Já era de tarde e o galo lá cocoricava
como se fosse domingo de festa. E ficava ali entretido com todo aquele alvoroço,
o que me fazia sentir toda a boniteza das paragens. Logo desaparecera, não se
sabe pra onde e eu fiquei no ora, ora: Cadê-lo? Ousei levantar pra buscá-lo e uma
voz diferente interrompeu minha saída arremedando: - Curumin, que é que há? Ali
espantado, um convite: - Chega! Quem era? Do cajueiro ouvi: - Senta, vamos
prosear! A tarde está tão linda... Era dele aquela estranheza. Até então ele e
todas as árvores só me ouviam; agora era minha vez de escutá-lo. E me agachei
atencioso: - Diga lá! Era como se fosse um oráculo e me contou dos segredos mais
íntimos das coisas, o que saía e entrava pelos sete buracos da cabeça de gente.
Como assim? E me falou da maior profundeza das coisas escondidas: que a Terra é
a nossa Mãe, nosso abrigo; e a nossa família, todos ao nosso redor, assim como
tudo e todas as coisas. Mais disse para que eu sentisse o cheiro de Sol por
todos os lugares inundados pelo perfume das flores e delas o aceno alegre nos
galhos: o ar era a vida que nos fazia existir, soprando a raiz de todos os
ventos, o prazer das aragens que levavam e traziam o gosto mais maravilhoso de
viver. Sopravam o fogo ensinando tudo o que passou e o que virá, como se
vingassem nas labaredas das fogueiras e lambiam as estrelas maduradas na noite pela
viagem de outro dia, que depois viria, quando menos se esperasse. Inspiravam o rio
na metáfora do espelho e mexiam as correntes das águas regando o chão, como sobem
as marés – o encontro do rio ao mar era a vida da gente, porque há um lugar e
um tempo, pedaços de hestórias de semear e de colher, de fazer e sonhar. Conduziam
as nuvens que choravam de alegria lavando a alma grata pela comida, pelo
abrigo, pela claridade, pelo trabalho e pela dança dos espíritos invisíveis –
os guardiões da herança de todas as estações e o respeito recíproco na benzedura
da boa-fé de coração puro. As palavras pareciam soltas e soavam de dentro pro
íntimo e era preciso silêncio para senti-las, sim: era o milagre da revelação
do Grande Espírito. De repente o galo reapareceu e, pela primeira vez, entendi
seu cocoricó: convocava o coro de todas as pedras e alturas, todos os troncos e
plantas, todos os morros e estradas, todas as grutas e lonjuras, todos
rastejadores e avoantes, o coro da celebração vital. Sim. Cantavam que todos
temos uma missão: proteger a Mãe Terra e tudo que nela há! E eu felizardo cantei
bebendo da chuva, como se aprendesse devoto das águas a gratidão dos nascidos e
com todas as graças do coração a segui-las sempre adiante horizonte afora.
Assim sou e estou, até mais ver.
Niviaq Korneliussen:
Os devaneios são acompanhados de emoções proibidas... Veja mais aqui.
Eu nunca entro em pânico quando me perco. Eu
apenas mudo para onde quero ir...
Veja mais aqui.
Jodi Picoult: O dano era permanente; sempre
haveria cicatrizes. Mas mesmo as cicatrizes mais raivosas sumiam com o tempo
até que era difícil vê-las escritas na pele, e a única coisa que permanecia era
a lembrança de quão doloroso tinha sido... Depois de juntar os pedaços, mesmo
que pareça intacto, você nunca mais será o mesmo de antes da queda... Veja mais aqui.
DOIS POEMAS
DESEJO – Quão distante você reside \
dos confins do meu, \ não me preocupo. \ Quando as memórias, de \ dias passados
ressurgem; \ com reflexão e reminiscência da \ minha infantilidade casual, \ que
seus olhos umedeçam, \ que seus lábios se transformem em um sorriso \ revelado,
mas oculto. \ Isso é tudo \ o que eu desejo.
POSSO TE CONHECER ALGUM DIA ASSIM – Que eu possa
te encontrar um dia assim que \ não haja pressa em dizer adeus \ que não haja
medo de interrupções \ que todas as emoções sejam derramadas, \ e cada canto e
fenda do meu coração seja esvaziado. \ que eu não guarde arrependimentos dentro
de mim \ que as memórias não nos assombrem mais tarde. \ Que eu nunca me canse
de me expressar \ que eu possa encontrar contentamento em ouvir você \ que não
haja restrições de tempo \ e que possamos estar unidos como um único nó \ você,
o tempo e eu. \ Que eu possa te agarrar e cair em um sono profundo \ que não
haja pressa em acordar \ que não haja medo de perder um momento \ que eu possa
derreter em seu abraço, e \ me fundir em sua totalidade \ assim como a alma se funde com o Ser Supremo
\ Que não haja sonhos não realizados como este \ que haja realidades que me
satisfaçam. \ Algum dia, que eu possa te encontrar \ assim.
Poemas da escritora, letrista e poeta nepalesa Sanu
Sharma.
ONTEM À NOITE - [...]
Os devaneios são acompanhados de emoções
proibidas. [...] Foi uma
honra segurar seu coração, mas minhas mãos estão todas ensanguentadas, então é
melhor você pegá-lo ou eu vou ter que largar esse seu coração pegajoso. [...]
A vida é tão maravilhosa que não vou ficar triste por não poder ter tudo.
[...]. Trechos extraídos da obra Last Night in Nuuk (Grove
Press, 2019), da escritora groenlandesa Niviaq Korneliussen.
Veja mais aqui.
RACISMO &
RESISTÊNCIA - [...] não basta erradicar o racismo e a desigualdade. por razões de género com
reconhecimento nominal e iconográfico, a exposição e exibição grosseira dessas
pessoas e mulheres historicamente invisibilizado, sem modificar a estrutura
organizacional da sociedade em favor do reconhecimento e inclusão
participativa; a diferença deve necessariamente traduzir se transformar
em oportunidade, visibilidade, participação, e só isso pode ser alcançado
através da descolonização, da despatriarcalização, descapitalização e
desracialização das relações sociais. [...]. Trecho extraído da obra Racismo,
endorracismo y resistência (Perro y la Rana, 2017), da poeta e socióloga
venezuelana Esther
Pineda G.,
que ainda se expressa: Sou negra e afirmo meu direito à existência. Afirmo o
meu direito ao entrelaçamento dos meus cabelos encaracolados, à escuridão dos
meus lábios, à escuridão implacável dos meus cotovelos, à escuridão visível da
ponta dos meus dedos... A violência estética se baseia em 4 premissas: sexismo,
gerontofobia, racismo e gordofobia, por isso exigirá sempre das mulheres feminilidade,
juventude, branquitude e magreza. A violência estética faz com que as mulheres
acreditem que elas e seus corpos são os que estão errados, fazendo-as
sentirem-se culpadas, fazendo-as sentir vergonha, dizendo-lhes que só existem
corpos válidos e bonitos e que para se aproximarem dessa beleza e valorização
social devem modificar seus corpos; caso contrário terão que viver as
consequências da desvalorização pessoal e social por não satisfazerem essa
expectativa de beleza. Ela também é autora dos livros Roles de género y sexismo
en seis discursos sobre la familia nuclear (2011) e Machismo y vindicación. La
mujer en el pensamiento sociofilosófico (2017).
CABOCLINHOS
[...] a proteção e
continuidade das manifestações culturais, cujos protagonistas, mesmo diante da
identidade multifacetada, ecoam um grito contido de libertação e emancipação
idealizada do seu lamentável equívoco do passado ancestral. [...]. Trecho do
prefácio Okê caboclo! Calços, percalços e mais aprendizados em favor da
memória cultural, da pianista,
percussionista, compositora e etnomusicóloga Alice Lumi Satomi, extraído
da obra Caboclinhos: subsídios para a salvaguarda e pesquisa (Appris,
2023), organizada por Sandro Guimarães de Salles, Washington Guedes de Souza,
Climério de Oliveira Santos e Lucas Oliveira de Moura Arruda. Veja mais aqui,
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