AS CRIANÇAS BRINCAM - Imagem: arte do artista visual honconguês Clement Tsang - O dia azul e a manhã
ensolarada na tarde viva, as crianças brincam alegres e são festas na algazarra
do meu coração enternecido que perdeu o folguedo sem jamais deixar as trelas de
menino nas voltas da vida. Minha alma travessa com as crianças folgazãs não se
esconde e eu estou sempre só e sei o meu país em chamas com a morte nos
noticiários diuturnos que não falam outra coisa senão das tragédias forjadas na
crise de nada espremendo os temerosos, enquanto aviões singram os céus por
múltiplas rotas e os automóveis engolem transeuntes no trânsito congestionado
com as bolsas de valores e suas voláteis sinalizações que encobrem os sinos silenciosos
das bombas que explodem desvalidos invisíveis que nem sabem delas na sala de
estar e são enterrados vivos pela iminência do desastre à espreita na cozinha
de todos os famintos e se dizimam tanto quanto os querem mortos, não há
escapatória. As crianças brincam e eu quase me esvaio sozinho nas cinzas do dia
seguinte agora em pleno meio dia, e a terra treme sem saber que os amantes se
amam e os corpos nus é um escândalo praqueles que desamam ou não sabem amar,
porque a mulher nua é uma ofensa e as crianças nuas estão sujeitas a todo tipo
de perversidade porque os suicidas abriram os olhos para odiarem a loucura deles
e enlouquecendo os outros e todos, enquanto mentem em nome de um deus que é só ódio
e excludência e os enriquecem posudos endinheirados e licitam a matança, o
suborno, a dilapidação, o horror e a violência, a mandar pelo poder em suas
bênçãos. As crianças brincam e eu sou a cidade que desaba com os golpes que
saem dos gabinetes para soterrar os a favor e os do contra, não há como
distinguir o algoz escondido por trás do riso de quem se diz amigo sob o voo da
tanajura, os abraços e a cama de gato, a farra dos gaiatos, a conta corrente e a
bancarrota na esquina, o reincidente desapontamento que ninguém nota e sequer
se mostra de tão comum e banalizado como a maquiagem das mulheres, a sisudez
dos homens, o final de semana na praia, o carnaval e todos os feriados, depois
se pensa no que fazer ou que deva ser feito, por enquanto é arrancar o montante
máximo de numerário para ter as vestes de grife e o bem-estar burguês, para se
destacar entre os demais com seu grupinho de escolhidos, ah que se dane quem
mais e que as crianças brinquem mas não perturbem a sua paz nem os seus
afazeres porque precisam fazer o que podem ou devem para que sejam ricos e a
nação rica e o planeta dos ricos, apenas. Em mim as crianças brincam alegres e
são festas na algazarra do meu coração enternecido que perdeu o folguedo sem
jamais deixar as trelas de menino nas voltas da vida. © Luiz Alberto Machado.
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DITOS & DESDITOS:
A poesia me pega com sua roda dentada,
me força a escutar imóvel
o seu discurso esdrúxulo.
Me abraça detrás do muro, levanta
a saia pra eu ver, amorosa e doida.
Acontece a má coisa, eu lhe digo,
também sou filho de Deus,
me deixa desesperar.
Ela responde passando
a língua quente em meu pescoço,
fala pau pra me acalmar,
fala pedra, geometria,
se descuida e fica meiga,
aproveito pra me safar.
Eu corro ela corre mais,
eu grito ela grita mais,
sete demônios mais forte.
Me pega a ponta do pé
e vem até na cabeça,
fazendo sulcos profundos.
É de ferro a roda dentada dela.
A ARTE DE CLEMENT TSANG
A arte do artista visual honconguês Clement Tsang.
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